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quinta-feira, junho 24, 2021

Bomba política: Vacina da Índia e demissão de Salles explodem o governo Bolsonaro

Publicado em 24 de junho de 2021 por Tribuna da Internet

Charge do Nando Motta (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

As edições de hoje do O Globo, da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo não deixam dúvidas de que os fatos dramáticos das últimas 24 horas explodiram o governo Jair Bolsonaro de forma arrasadora. Não vejo a possibilidade de o presidente da República se recuperar do impacto e manter o poder na administração do país.

A reportagem de O Globo, assinada por Natália Portinari, Julia Lindner e Thiago Bronzatto, revelam a impossibilidade de o governo prosseguir como se nada tivesse ocorrido no cenário nacional.  Em sua denúncia, Luis Ricardo Miranda, funcionário do Ministério da Saúde, revelou ter comunicado diretamente a Bolsonaro as suspeitas que envolveram a compra encomendada da Covaxin, empresa da Índia produtora de vacina destinada a combater a Covid-19.

DESESPERO – Isso foi tão arrasador que o Planalto está tentando de forma desesperada acionar simultaneamente a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e a Controladoria Geral da União para impedir o depoimento de Miranda previsto para amanhã, sexta-feira, à CPI do Senado Federal.

Outra reportagem de Daniel Gullino e Paulo Cappelli, também no O Globo, atestam diretamente o clima de pânico  que, como uma nuvem de tempestade, envolve o centro do poder. Se o depoimento de Luis Carlos Miranda não se revestisse de um efeito extraordinário, não haveria razão para que Onyx Lorenzoni, ministro da Secretaria Geral, se mobilizasse maciça e intensamente contra o depoimento que se desenha como terrível para a administração federal.

Várias ofertas de vacinas, uma delas da Pfizer, se sucederam e não despertaram a atenção do governo. Mas a atenção governamental, na área da Saúde, se voltou para a aquisição da Covaxin, cujos preços superam de várias vezes o valor das unidades das demais vacinas.

SUSPEITA –  O que se pode dizer sobre isso? Nada a não ser lançar-se à sombra da suspeita o governo que, por outro lado, foi capaz de nomear e se esforçar para manter Ricardo Salles no Meio Ambiente, mesmo quando a pasta política tornou-se irrespirável para o Executivo e incapaz de manter o antiministro.

Bolsonaro demite ministros, como no caso de Eduardo Pazuello e Ricardo Salles, elogiando ambos como se não fossem culpados de nada, como se fossem eficientes auxiliares de um projeto falido. Se os ex-ministros fossem realmente extraordinários no sentido positivo, por que demiti-los?

Aconteceu também com o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub que, após perder o cargo, foi nomeado para o Banco Mundial. Não há como definir a realidade do período Jair Bolsonaro que ficará para sempre incorporado à história do país como a pior passagem de alguém pelo poder e que, ao invés de agir procurando algo construtivo, faz questão tacitamente de traçar a linha sinuosa da desconstrução e, portanto, também da destruição.

NEGACIONISMO –  A destruição é a política da terra arrasada pela incompetência, pelo negacionismo em relação ao coronavírus.  Uma falta de sensibilidade mínima para adquirir vacinas imunizantes. Bolsonaro deixou cair a máscara, não só a de proteção, mas da incapacidade absoluta de governar.

A carga contrária ao governo, na minha opinião, revela a impossibilidade de Bolsonaro permanecer mais tempo na Esplanada de Brasília, transformada por ele em um ponto de contestação tanto ao Congresso Nacional quanto ao Supremo Tribunal Federal. Um desastre cujos efeitos a cada dia aumentam. Parecia incrível que alguém fosse capaz de cometer tantos erros e omissões, com tanto rancor e desprezo pelos homens e mulheres que trabalham em nosso país.

Depois que o episódio Luis Ricardo Miranda se concretizar amanhã na CPI, a população brasileira estará à espera de uma solução e do preenchimento de um espaço democrático e construtivo para recuperar o país da explosão bolsonarista.


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