Pedro do Coutto
A tragédia em Manaus é o resultado da incompetência, omissão e da absoluta ineficácia que o governo federal vem demonstrando, juntando-se a ele o governo do Amazonas e a prefeitura de Manaus, que assistiram a anunciada escassez de oxigênio hospitalar sem sequer se moverem para evitar o desencadeamento da tragédia, que poderia ter sido evitada na dimensão que ocorreu, se houvesse resposta aos dramáticos pedidos até ao governo americano para um suprimento extremamente urgente colocado entre a linha que separa a vida e a morte.
Absolutamente incrível, o caso não tem precedentes até porque se desenrolou dentro de um panorama de uma pandemia que começou a se tornar evidente há cerca de um ano atrás.
SOLUÇÃO SIMPLES – A empresa White Martins comunicou ao governo brasileiro que está pronta a fornecer o oxigênio excedente da Venezuela para o Brasil. O presidente Nicolas Maduro informou que não vetará essa transferência ajudando assim para impedir que tragédia ainda maior poderia ocorrer caso não houvesse uma intervenção tão urgente como evitável.
Os jornais brasileiros focalizaram com grande destaque o episódio da verdadeira catástrofe resultado da falta do simples acompanhamento dos equipamentos na luta por salvar vidas ameaçadas pelo Corona Vírus.
Não se consegue explicar a inércia das autoridades responsáveis que uma vez informadas teriam obrigação de agir a tempo. O ministro Pazuello anunciou o início da vacinação no dia 20, quarta-feira. O governador João Dória assegurou o início da vacinação em São Paulo para o dia 19.
À MODA DE CHAPLIN – O fato lembra uma sequência do filme “O Grande Ditador”, de Charles Chaplin, quando Hitler e Mussollini empenham-se na busca de um lugar mais alto. A sequência é hilariante mas que tanto no nazifascismo quanto no drama de Manaus significa uma ausência de empatia humana.
Nesse caso parece que a vontade de um sobrepor-se ao outro esquece o ser humano para quem a vacinação se destina. Um jogo entre o presidente e o governador com os olhos voltados para as eleições de 2022.
A vacinação começa na próxima semana. Mas no plano federal, responsabilidade do ministro-general Eduardo Pazzuello, à primeira vista parece necessitar de um planejamento racional e adequado. Afinal de contas o país em 5600 municípios que têm de ser incluídos no mapa da vacinação. Até agora esperamos esse plano. É desanimador.