Pedro do Coutto
O governo Bolsonaro encontra-se diante de uma questão que não permite vacilações, pois estão em jogo centena de milhares de vidas humanas e milhões de pessoas que podem ser contaminadas e sofrer sequelas.
O Ministério da Saúde até hoje não confirmou a compra de vacinas chinesas e, em consequência, o Instituto Butantan ameaça vender o produto seja para dentro do país ou exportar. A meu ver, a omissão do ministro da Saúde torna-se um problema gravíssimo.
IMPORTANTE MATÉRIA – O Globo publicou matéria nesta quinta-feira, assinada por um grupo de repórteres: Ana Letícia Leão, Dimetrius Dantas, Giuliana de Toledo, Sérgio Roxo e Victor Farias.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse esperar uma resposta do governo até hoje, sexta-feira. O Instituto já forneceu 46 milhões de doses e possui 54 milhões, que ofereceu ao Ministério da Saúde. Mas o ministro Pazuello ainda não se posicionou, o que está preocupando o Butantan e a própria campanha de imunização.
Setores do Ministério da Saúde disseram que o governo está tendendo a adiar até maio a aquisição. Será tarde demais. O governo está demonstrando falta de interesse. Um absurdo.
E AS EMPRESAS? – Os repórteres Silvia Fontes, Ivo Ribeiro, Adiana Mattos, Chiara Quintão e Rodrigo Carro, no Valor, publicaram reportagem sobre o recuo de empresas particulares que pretendiam adquirir vacinas para administrar em seus empregados. É o caso do Itaú, Santander, Gerdau, Vale e Petrobrás, além da MRV, maior incorporadora do país. Rubens Mendes, diretor da MRV, disse que a empresa se desinteressou. O governo parede estar mais desinteressado ainda.
Na tarde de ontem o RJ-TV Globo destacou que a desorganização na aplicação das vacinas na Zona Oeste do Rio está levando ao desperdício, pois elas só podem durar até seis horas quando retiradas da estocagem.
TROCA DE MINISTROS – Mourão diz que Ernesto Araújo pode ser demitido do Itamaraty na reforma ministerial que o presidente Bolsonaro projeta fazer depois da eleição para as presidências do Senado e da Câmara Federal.
Penso que a saída de Araújo está praticamente certa, sobretudo em função da forma com que tratou o novo governo dos EUA com a vitória de Joe Biden sobre Trump.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que Bolsonaro quer transformar o Congresso num anexo do Palácio do Planalto. É o que tudo indica, e Camila Tortori assina reportagem sobre o assunto no Estado de São Paulo.