Carlos Newton
Cada vez mais barrigudo e envelhecido (ou envilecido, como dizia Rubem Braga), em apenas dois anos de gestão o presidente Jair Bolsonaro exibe uma impressionante decadência física e mental. O lendário ex-governador Amaral Peixoto costumava dizer que o poder rejuvenesce, mas no caso de Bolsonaro é visível que está acontecendo exatamente o contrário.
O fato concreto é que o presidente se transformou numa contradição ambulante, porque deseja ardentemente continuar no poder e tudo faz para se reeleger, porém deixa claro que não gosta de governar, inclusive alegando que não consegue fazê-lo.
IMAGEM DESTROÇADA – Por enquanto, ainda tem chances de se reeleger, devido à fraqueza dos adversários, especialmente porque nos últimos tempos o Brasil se tornou um deserto de homens e ideias, como dizia Oswaldo Aranha.
Sua imagem está mais destroçada no exterior do que internamente no Brasil, e a situação tende a piorar com Donald Trump fora da política, porque Bolsonaro ficará sozinho na missão de alimentar os jornalistas com notícias exóticas. Nessa especialidade, aliás, ele é imbatível, ninguém consegue superá-lo.
Como a pandemia não dá sinais de arrefecimento, a tendência é de que sua popularidade vá diminuindo, como já começou a acontecer nas redes sociais e com os primeiros panelaços.
IMPEACHMENT DA VEZ – Nesse clima, a pressão pelo impeachment aumenta cada vez mais. O presidente já foi muito ajudado pelo engavetador Rodrigo Maia e agora luta desesperadamente para eleger à Presidência da Câmara o rachadista Arthur Lira, líder do corrupto e antiético Centrão. Com isso, evitaria qualquer possibilidade de impeachment via Câmara, que esta semana chega ao 62º pedido, apresentando pela bancada da Oposição.
Mas a eleição de Lira não garante um feliz ano novo a Bolsonaro, porque no Supremo tramitam quatro inquéritos contra ele e que podem motivar processos de impeachment. Dois estão interligados (fake news e atos antidemocráticos), porque as investigações chegaram até o gabinete do ódio, que funciona no terceiro andar do Planalto.
Os outros dois (interferência na Polícia Federal e atuação da Abin na blindagem de Flávio Bolsonaro) também acabaram se interligando, porque o advogado do ex-ministro Moro pediu a anexação das provas sobre a Abin.
DIA 15 DE MARÇO – As investigações de fake news, atos antidemocráticos e interferência na Polícia Federal (caso Moro), relatadas por Alexandre de Moraes, terminam diz 15 de março. O ministro então decidirá se vai pedira abertura de processo ao procurador Augusto Aras.
O outro processo (caso Abin) está com Cármen Lúcia e também não deve demorar a decisão.
Há quem não acredite que Aras dê seguimento aos processos, pois pode arquivá-los, mas é preciso lembrar que se trata daquele procurador que foi enganado por Bolsonaro – pensou que iria para o Supremo, mas preterido por um desclassificado “jurista” do Centrão.
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P.S. – Como se sabe, a vingança é um prato que se come frio, e Bolsonaro não tem mais nenhum motivo para confiar em Aras. (C.N.)