por Ailma Teixeira
Com poucas doses da Coronavac disponíveis no Brasil, a vacina está sendo aplicada apenas em profissionais da saúde que atuam na linha de frente do combate à Covid-19 e em idosos em instituições de longa permanência. Ainda assim, começam a surgir casos de pessoas fora desses grupos "furando fila". Uma delas foi o prefeito de Candiba, cidade no interior da Bahia, Reginaldo Martins Prado.
O gestor foi um dos primeiros do município a receber a primeira dose da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, nessa terça-feira (19). O ato, divulgado pela própria prefeitura, rendeu uma série de críticas a ele, que se defendeu dizendo que se vacinou para incentivar a população.
"Tomei a vacina não preocupado com meu bem-estar, preocupado em encorajar, e incentivar as pessoas que pudessem tomar a vacina", justificou o gestor.
De acordo com Prado, foram os profissionais de saúde do posto que sugeriram que ele fosse o primeiro a ser imunizado, já que muitos temiam eventuais efeitos. "Ao chegar lá [no posto onde a campanha foi iniciada], aquele pessoal mesmo do combate à saúde, estava preocupado em tomar a vacina. Eu respondi: 'não tem nada demais, gente, pode tomar a vacina despreocupados. (...) Nós estamos assegurando a nossa vida e a vida das pessoas que estão próximas a nós", afirmou, em vídeo publicado no Instagram da prefeitura, nesta quarta-feira (20).
Ainda assim, diante da repercussão do caso, Martins se desculpou pelo ato. Ele reforçou ao longo do vídeo que fez tudo “pensando no melhor”.
VACINA SEGURA
Já em curso no país, a vacinação com a Coronavac foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que reconheceu a segurança do imunizante, liberando seu uso em caráter emergencial. A Anvisa também liberou o uso da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com o laboratório AstraZeneca, mas ela ainda não está disponível no Brasil.
ALERTA CRIMINOSO
O prefeito "furou fila" com divulgação às claras e tem uma justificativa para isso, mas, diante do atual cenário, com doses insuficientes de vacina para a população, passar na frente dos grupos prioritários pode ser considerado crime. O advogado Luiz Gabriel Neves, especialista em Direito Penal, concedeu uma entrevista ao Bahia Notícias em que explica que, a depender do caso, infrações do tipo podem ser configuradas como prevaricação, corrupção ativa ou passiva. Ele destaca que é necessário avaliar caso a caso, mas deixa o alerta para a população (saiba mais aqui). (Atualizada às 13h35)