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segunda-feira, novembro 02, 2020

Maia rompe com o governo e afirma que não permitirá que os tetos de gastos sejam descumpridos


Rodrigo Maia está mais forte do que imaginávamos", dizem assessores de Bolsonaro

Rodrigo Maia tenta evitar que haja nova crise econômica

Luiz Calcagno
Correio Braziliense

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) mandou um recado para o governo. Disse que não pautará prorrogação do decreto de calamidade pública ou da Emenda Constitucional do Orçamento de Guerra, que deu poderes ao Executivo para burlar a regra de outro e o teto de gastos. Para o parlamentar, a base do governo obstrui a votação na Câmara para tentar esvaziar a pauta e sua presidência, mesmo que isso prejudique matérias de interesse do próprio Executivo. “Quem precisa da pauta da Câmara é o governo e a sociedade”, disparou o deputado.

“Se querem esvaziar a pauta que eu faço, está resolvido. Nenhum dos dois assuntos (decreto de calamidade ou Emenda Constitucional do Orçamento de Guerra) será pautado na Câmara até 1º de fevereiro. O governo esqueça isso”, descartou o presidente da Câmara.

SEM “JEITINHO” – “Aqueles que sonham com o jeitinho na solução do teto, aproveitem a partir do dia 2 ou 3 de fevereiro com o novo presidente da Câmara, que tenha coragem de ser responsável por uma profunda crise econômica e social no país”, acrescentou Rodrigo Maia, sobre a importância do cumprimento da Lei do Teto de Gastos e da Regra de Ouro, que limita gastos governamentais .

“Não haverá prorrogação da emenda constitucional do Orçamento da Guerra, que sou primeiro signatário, e não haverá hipótese nenhuma de votação de mensagem prorrogando o estado de calamidade”, disse.

Entre os projetos de interesse do governo que travaram com a obstrução na pauta da Câmara, estão medidas provisórias e o Projeto de Lei Complementar 159/2020, que transfere lucros cambiais semestrais do Banco Central (BC) para o Tesouro Nacional durante a pandemia de coronavírus.

ESVAZIAMENTO DA GESTÃO – Rodrigo Maia disse ter lido notícias de que a estratégia do governo era não deixar a pauta da Câmara andar, para esvaziar sua gestão, E acrescentou: ”Quem está se esvaziando é o governo. Quem vai explodir se a pauta não andar, não é meu mandato, que acaba dia 1º de fevereiro. Quem explode é o governo”, disparou.

“Tem muitas questões importantes que precisam vir à pauta que precisam ser votados. MPs vão perder a validade, e não vai ter tempo de votar, por falta de prioridade do governo. Acho que a contaminação de uma matéria no Congresso na pauta da Câmara é ruim”, completou

Maia alertou que a inflação está saindo de controle e que a taxa de juros subiu no longo prazo. “O governo teve que encurtar 65% do que renovou de dívida para abril do próximo ano. Tem uma pressão enorme para o 1º quadrimestre com renovação de dívida. Então, quem está desorganizando com essas obstruções na Câmara e lentidão na PEC Emergencial é o governo. E quem vai pagar a conta é o Brasil. O país paga a conta. Recorde no desemprego. A pauta da Câmara está à disposição para resolver problemas polêmicos, difíceis”, garantiu.

DEIXAR O DESGASTE – “Talvez, eu, que não sou da base do governo, fosse mais fácil não tratar de PEC Emergencial. Deixar o desgaste com o governo. Mas tenho responsabilidade com a Câmara e com o país. Jurei respeitar a Constituição quando assumi mais um mandato como presidente da Casa, e tenho a responsabilidade de alertar e ajudar, como ajudei e comandei em um primeiro momento com o Paulo Guedes, a aprovação da reforma da Previdência. A pauta da Câmara não funcionar prejudica o Brasil e o governo, que tem cada vez menos espaço para resolver os problemas”, avisou.

Tentar resolver os problemas econômicos do país furando o teto de gastos, segundo Maia, significará a explosão da taxa de juros e o encurtamento da dívida pública, o que provocaria uma recessão ainda maior.

“A conta chega. Chegou para a Dilma. A Dilma aprovou projetos muito populares. O Fies saiu de R$ 1 bilhão para R$ 13 bi. A conta veio em 2015 com uma recessão de dois anos, profunda. A conta chega para quem sinaliza que não vai respeitar o equilíbrio fiscal, a trajetória da dívida pública”, insistiu.

ESTÁ À DISPOSIÇÃO – Maia falou sobre a pauta da Câmara e as dificuldades com o governo durante uma live do Valor. Disse que tem alertado e se colocado à disposição, inclusive, do senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC emergencial, para participar do anúncio do texto.

“Não haverá prorrogação de estado de calamidade e nem da emenda constitucional. O governo precisa organizar as contas. Nós fizemos uma emenda e demos um prazo final para a execução dessas políticas com recurso extraordinário. O erro que não cometemos hoje, cometemos em 2008 e 2009. Fizemos bons projetos, boas políticas para enfrentar aquela crise, mas não colocamos prazo de vencimento. Foram aumentando as despesas públicas ao longo dos anos. O grande mérito do parlamento, a emenda tem prazo e deu segurança para o investidor”, afirmou.

“Como a pauta é minha, esvaziada ou não, estou colocando mais dois temas que não serão votados. Precisamos ter responsabilidade, que significa cortar gastos mal alocados. A sociedade já paga 35% do PIB das riquezas em carga tributária. Ninguém aguenta mais pagar tantos impostos. Então, a solução é cortar no músculo. Vai doer. Mas vai doer menos que o gasto fora do teto, que já vimos para onde foi a taxa de juros, desemprego e recessão no governo Dilma”, comparou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 –  Em tradução simultânea, Maia rompeu com o governo para evitar a irresponsabilidade de permitir que o governo descumpra as regras constitucionais, como é o sonho de consumo da gestão Bolsonaro. (C.N.)

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