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terça-feira, abril 02, 2019

Onyx contesta Guedes e quer separar os dados da Previdência e da Assistência Social


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Onyx não aceitar misturar os números para “engordar” o déficit
Carlos Newton
É impressionante a desfaçatez da equipe econômica, que continua a manipular e misturar os dados da Seguridade e da Assistência Social, fazendo uma confusão dos diabos e confirmando nossa tese de que “a estatística é a arte de torturar os números até fazer com que eles confessem o resultado que se pretende”, uma teoria que vive sendo citada hoje na imprensa, sem menção de autoria nem pagamento de royalties.
Sobre a reforma, o ministro-chefe Onyx Lorenzoni, colocou as coisas em seu devido lugar, em entrevista ao Correio Braziliense neste domingo. Embora não tenha citado os números, o chefe da Casa Civil deixou claro que o déficit da Previdência Social não é tão assustador quanto apregoa a equipe econômica de Paulo Guedes.
DISSE ONYX – “Pela primeira vez na história republicana, desde o século XIX, separamos Previdência de Assistência, para a sociedade ter clareza. Quando lembramos de ‘João 8:32’, é a verdade. E a verdade é que Previdência é sistema de seguridade. O Brasil tem sistema de repartição, e a Assistência Social é de outra natureza, tem que ser coberta com taxas, impostos e contribuições. A sociedade tem que ter clareza do custo e de como se faz essa rede de solidariedade, que tem que existir.  Então, a conjugação desses aspectos, a mistura de Previdência e Assistência, e a irresponsabilidade da gestão fizeram um buraco no navio”, disse Onyx.
Com isso, o chefe da Casa Civil reconhece que os números da Previdência e da Assistência Social não podem ser misturados, conforme ardilosamente é feito pela equipe econômica, para aumentar de forma artificial o déficit previdenciário, alarmando o país.
JESUS E A VERDADE – Na entrevista, Onyx Lorenzoni citou “João 8:32”, cuja frase completa na Bíblia é a seguinte: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará“, dita por Jesus aos judeus que se diziam filhos de Abrahão e queriam apedrejá-lo até a morte no templo.
Onyx, que é luterano, disse a verdade que o libertará e pode libertar o governo, pois é preciso parar com o embuste de misturar o déficit de Assistência Social com as contas da Previdência.
O próprio Bolsonaro, que também é evangélico, deveria respeitar a palavra de Deus e determinar que a equipe econômica pare de torturar a estatística previdenciária e passe a propor uma reforma que se baseie nos números verdadeiros, sem incluir aposentadorias e pensões de trabalhadores rurais, idoso e deficientes que jamais contribuíram com o INSS.
DÍVIDA PÚBLICA – Onyx também tentou ser verdadeiro sobre a dívida pública, mas mostrou que continua iludido pela equipe econômica, ao afirmar que “a nova Previdência é o caminho da prosperidade”. E acrescentou:
O Brasil tem US$ 380 bilhões de reserva externa e um déficit primário que conseguimos administrar. O nosso problema é que o buraco vai aumentar. O Brasil tem um cenário que nos permite, com muita dificuldade, conduzir o país nestes quatro anos se eventualmente a reforma não passar. Agora, é um cenário muito ruim para os brasileiros”, disse ele.
Em tradução simultânea, Onyx sabe da gravidade da dívida, mas ainda confia nas palavras de Paulo Guedes, um ministro que está longe da verdade de “João 8:32”, mas muito longe mesmo. A reforma da Previdência, se for aprovada nos termos propostos pela equipe econômica, sem qualquer alteração, ainda assim não resolverá nada, será apenas um paliativo, porque o verdadeiro dragão da maldade é a dívida pública, aquela que todos tentam desesperadamente esconder.
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P.S.
 – Onyx Lorenzoni agiu como um homem de caráter e defendeu exatamente a mesma tese da auditora Maria Lucia Fattorelli. Mas o ministro Paulo Guedes se comporta como um crápula, um inimigo do povo, que se dedica a defender os interesses dos banqueiros. É tão pretensioso que se recusa a prestar depoimento sobre crimes cometidos no mercado financeiro, julgando-se acima da lei e da ordem, por estar agora protegido sob o manto imundo do foro privilegiado. (C.N.)

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