BRASÍLIA - O governo federal teve despesas de R$ 6.215.880,31 no mês de janeiro com seus cartões corporativos. A maioria das despesas registradas no Portal da Transparência do governo mostra gastos efetuados ainda no fim do ano passado, mas incluídos apenas na contabilidade de janeiro. Se for mantido esse ritmo de gastos nos próximos 11 meses, o ano poderá terminar com uma despesa total de aproximadamente R$ 74 milhões. Isso praticamente repetiria a alta conta dos cartões em 2007, que somou cerca de R$ 75,6 milhões.
No balanço de janeiro, a Presidência da República foi a responsável pelo gasto mais elevado, com R$ 1.814.378. Mas esses recursos incluem as atividades de diversos órgãos lotados na sua estrutura. Assim, na prática, a maior despesa dentro da rubrica Presidência vem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), com R$ 1.307.553,98.
Por exercer atividades consideradas de segurança do Estado, os gastos com os cartões corporativos da Abin são protegidos por sigilo, não permitindo, portanto, que sejam conhecidas suas destinações. A rubrica Secretaria da Administração da Presidência da República, que inclui os gastos referentes aos assessores do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da Casa Civil, entre outros órgãos, teve uma despesa de R$ 449.187,30.
Quase todos esses recursos também são considerados como de segurança do Estado e, portanto, são protegidos pelo sigilo, somando R$ 428.562,88. Entre os ministérios, o Planejamento aparece com o maior total de despesas. Por conta ainda dos gastos provocados pelo censo agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ministério teve despesas registradas em janeiro de aproximadamente R$ 1,1 milhão.
Logo depois, os principais ordenadores de gastos com o cartão corporativo são o Desenvolvimento Agrário, com cerca de R$ 680 mil; Educação, com R$ 490 mil; Saúde, com R$ 488 mil; Agricultura, com R$ 333 mil; e Fazenda, com R$ 310 mil. Os dados referentes a janeiro ainda apontam as últimas despesas efetuadas pelo cartão corporativo da ex-ministra de Promoção de Políticas da Igualdade Racial Matilde Ribeiro.
Ela se demitiu do posto, na semana passada, depois de ter feito gastos em 2007 de cerca de R$ 171 mil, considerados muito elevados até pelo governo. Ao todo, os últimos registros do uso do cartão pela ex-ministra mostram um total de R$ 13.995,05. Isso inclui 13 aluguéis de carros da Localiza, com motorista, repetindo as despesas registradas pelo Portal da Transparência em 2007.
Somente com esses últimos aluguéis, todos referentes a despesas feitas no fim do ano passado, Matilde gastou cerca de R$ 11,6 mil. Se forem somadas as suas despesas com a locação de automóveis com o cartão corporativo, desde 2006, quando passou a usar esse instrumento, os gastos de Matilde com carros somam R$ 175,4 mil.
O primeiro balanço de 2008 ainda registra gastos de outros ministros com os cartões. São todos gastos pequenos. O ministro de Esportes, Orlando Silva, teve despesas de R$ 3.507,59 em hotéis e restaurantes. Silva anunciou, durante o Carnaval, que faria a devolução de R$ 30 mil por conta de despesas com os cartões durante 2007.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, gastou R$ 3.126,13 em hotéis e num restaurante. Já o ministro da Pesca, Altemir Gregolin, gastou R$ 1.461,45 em despesas feitas em restaurantes e hotéis. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, gastou R$ 630,75 também com hotéis e restaurantes.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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