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sábado, fevereiro 23, 2008

E o "risco-Estados Unidos"?

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Sábado, dia de ir ao cinema, com a obrigação de ocupar as últimas fileiras da sala de sessões para obter visão ampla da semana, acima e além dos detalhes de cada episódio, transcorridos e acompanhados de perto nos dias anteriores.
As bolsas de valores do mundo inteiro continuam oscilando. Há semanas que caem mais do que sobem. Dão prejuízo a investidores, tanto aqueles que ingenuamente colocaram suas economias nesse sofisticado jogo de roleta quanto aqueles que, malandros, pretendem ganhar sem trabalhar. Pouco importa, porque a verdade é que tudo vem acontecendo por conta do perigo de recessão nos Estados Unidos. Ninguém duvida de que a economia americana balançou e ainda balança.
A partir dessa evidência vem a pergunta que ninguém faz: não estaria na hora de criarmos, por aqui, o "risco-Estados Unidos"? Valeria a pena continuarmos colocando a nossa economia, que vai de vento em popa, segundo o presidente Lula, na dependência dos percalços e terremotos acontecendo lá em cima?
Por que aceitarmos a prevalência do "risco-Brasil", que empresas americanas, algumas até à beira da falência, continuam nos impondo? A hora seria de um pouco de coragem e de muita independência. Dependerão nossas exportações, em imensa maioria, das oscilações do dólar e dos juros que o Federal Reserve manipula? Ou o preço da soja subordinado a decisões da bolsa de Chicago? Deveremos ficar à mercê de vetos ou de permissões americanas para vendermos à Venezuela aviões construídos pela Embraer só porque um componente foi importado dos Estados Unidos? Nesse relacionamento entre os dois países existem imposições que não seriam aceitáveis sequer em clima de normalidade econômica, quanto mais na confusão atual.
Prioridades trocadas
Qual a primeira preocupação de todo ser humano, exceção, é claro, daqueles que por berço ou por preguiça não precisam ou não se preocupam com a própria subsistência? Dirão todos: trabalhar. Arranjar emprego.
Por isso Getúlio Vargas criou o salário mínimo, há décadas, como forma de prover o trabalhador de meios para ele e sua família se alimentarem, morarem, vestirem-se, educarem-se, cuidarem da saúde e até poderem dedicar-se a algum lazer. A palavra diz tudo: trata-se do mínimo. Do imprescindível.
Se uma coisa é a teoria, outra será a prática, porque o trabalhador não consegue sustentar-se, e à sua família, com a miséria de R$ 380,00 mensais. Algo está errado e exige correção. E nem se fale da aberração de existirem onze milhões de brasileiros vivendo à custa do bolsa-família, de R$ 90,00 mensais, a maioria por impossibilidade de encontrar emprego, alguns por se sentirem acomodados.
O importante é demonstrar que o modelo econômico neoliberal inverteu as prioridades. Faz muito tenta-se transmitir a várias gerações ser essencial preparar-se para competir e encontrar emprego. Ora, competir e preparar-se para melhorar de emprego deve ser a segunda fase. A cada um segundo a sua necessidade e, depois, segundo a sua capacidade. A primeira prioridade constitui-se num direito sagrado, o de trabalhar, a ser garantido pelo estado. Pelo poder público. É o direito de todos, sem exceção, possuírem um emprego, por mais modesto que venha a ser, ainda que jamais tão miserável quando aquele hoje remunerado pelo salário mínimo.
O resultado dessa inversão é que a competição degrada o ser humano, porque se não competir, ficará à míngua. Morrerá de fome ou viverá da caridade pública, quando ela existe. Será levado, então, a transformar-se em fera, num mundo de feras. Vale tudo porque sem competir, não vive.Será que algum dia o presidente Lula participou dessa visão a respeito do trabalho?
Grito de independência do Congresso
Foi inaugurada esta semana uma nova forma de relacionamento entre Câmara e Senado, capaz de produzir proveitosos resultados. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, foi ao gabinete do presidente do Senado, Garibaldi Alves. Lá, reuniram-se os dois com os líderes de todos os partidos no Senado. Dois dias depois aconteceu o contrário: Garibaldi Alves foi ao gabinete de Arlindo Chinaglia para entendimentos com os líderes dos partidos na Câmara.
O entrosamento entre as duas casas é essencial para a tramitação rápida de projetos de interesse nacional, há muito paralisados na Câmara ou no Senado. Um exemplo está sendo o compromisso de todos para a aprovação de mudanças sensíveis na essência das medidas provisórias que o governo produz em cascata.
Ficou acertado que a Câmara promoverá em poucos dias ao menos uma alteração fundamental no projeto que lá se encontra: o acúmulo de medidas provisórias em qualquer das duas casas não mais trancará as respectivas pautas, impedindo, como acontece hoje, a votação de outras matérias de grande importância. Os líderes no Senado concordaram por unanimidade, acontecendo o mesmo com os líderes na Câmara. E tanto faz se o governo não vai gostar.
Tomara que esse diálogo entre Câmara e Senado não esmoreça e prossiga até a votação, este ano, de reformas como a política, a eleitoral, a tributária e outras de igual importância para as instituições.
Um raciocínio fundamental ganha o Congresso, inclusive por conta das reuniões promovidas pelos presidentes do Senado e da Câmara: chegou a hora da independência, quer dizer, a hora de o Poder Legislativo deixar de ser um apêndice do Poder Executivo.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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