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domingo, fevereiro 17, 2008

As promessas da nova gen-ética

Cristine Gerk
Nem carteira de identidade, nem mapa astral, nem curriculum vitae. Agora, e cada dia mais, o código genético será a forma mais comum de determinar quem é uma pessoa e qual será o seu futuro. Já é possível descobrir com antecedência se um indivíduo terá filhos saudáveis, responderá bem a tratamentos, sofrerá com efeitos colaterais a drogas ou terá determinadas doenças. Enquanto a genética se torna o carro-chefe da medicina, a perspectiva é de que num futuro breve as terapias sejam personalizadas, e os remédios feitos especialmente para um bom processamento em cada organismo.
Para Sérgio Pena, do Laboratório Gene - Núcleo de Genética Médica, é possível que em 10 anos andemos com o nosso mapa genético num pendrive.
- O médico fará o download do mapa e usará softwares especiais para decidir a dose do remédio - prevê Pena. - A genética fará com que a medicina deixe de ser arte e se torne ciência.
Atualmente, no contexto da medicina genômica, duas áreas merecem menção pelos avanços e promessas de benefícios a curto-prazo: a farmacogenômica e a nutrigenômica. A primeira usa o mapeamento genético para descobrir a capacidade individual de metabolizar drogas. Ela revela a propensão do paciente a sofrer efeitos colaterais e quais as doses mais indicadas para cada tratamento. Os maiores avanços são em oncologia, infectologia, transplantes e psiquiatria. Na nutrigenômica, testes de DNA permitem prescrever dietas ideais e únicas, prevenindo doenças como câncer, obesidade, diabetes e hipertensão.
- Você genotipa algumas enzimas cruciais para a metabolização de diversas drogas. Se a pessoa metaboliza rápido, a dose deve ser maior - explica Marcelo Allevato, coordenador do departamento de psicofarmacologia da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro. - As pessoas correm menos riscos e a terapia é mais eficiente.
No caso do câncer ou de transplantes, a inciativa é importante porque muitos não têm sucesso com a quimioterapia ou com o transplante por problemas de metabolização. Há provas científicas de que a técnica prevê diabetes, doenças infecciosas e hereditárias e reações adversas a vacinas, como da febre amarela.
Preço do mapa
Segundo Allevato, a genotipagem em indicações já aprovadas pela FDA custa menos de US$ 300 nos EUA, e uma genotipagem mais abrangente, que inclui características ainda não formalmente aprovadas, custa por volta de U$ 1.000. Algumas companhias já oferecem mapas genéticos diretamente ao consumidor. O serviço mais completo é o da empresa islandesa deCODE Genomics, que oferece mapeamento de 1 milhão de variações genômicas por US$ 985. Pelo preço, a deCODE faz uma avaliação de risco genético para 20 males comuns. A cada dia se descobrem novos genes responsáveis por doenças. Logo, a amplitude dos testes só aumenta.
Diversas pesquisas estão em curso para identificar a quantidade de receptores de membrana de cada pessoa para saber se ela responderá bem a determinado remédio, em termos de eficácia terapêutica.
- Não há drogas projetadas segundo as características genéticas individuais ainda - pondera Allevato.
No Brasil, serviços universitários de ponta e uma Rede Nacional de Farmacogenética e Farmacogenômica já coordenam pesquisas para a implantação da genotipagem.
- O avanço da farmacogenômica é uma tendência irreversível, que pode ser retardado por contrariar interesses financeiros. A identificação de pessoas incapazes de metabolizar bem uma droga geraria redução dos lucros ligados à sua comercialização - lembra Allevato.
Outros desafios à implementação da técnica incluem a divulgação do conceito, sua incorporação nos currículos de instituições de ensino e a consolidação dos avanços necessários à sua difusão. Para que seja viável, os testes individuais têm de baratear muito.
- Os testes para doenças incomuns e para países em desenvolvimento demorarão mais para chegar - opina o biólogo e professor da UFMG, Fabrício Santos.
Para Allevato, as técnicas devem ser realidades rotineiras na prática médica entre 2015 e 2020. Santos lamenta a demora, já que hoje "há inúmeros casos em que o tratamento piora o quadro e diminui as chances de sobrevivência":
- Doenças com várias drogas e terapias, que podem trazer efeitos diferentes para cada um, seriam melhor combatidas. Só ficamos sabendo se a terapia não é indicada depois do paciente tomar a medicação e sofrer os danos.
Este ano, três cientistas ganharam o prêmio Nobel por descobrirem formas de "restaurar" genes defeituosos. Enquanto as técnicas ficam cada vez mais aprimoradas, alguns imaginam como será o futuro em que a genética será considerada o Norte da identificação pessoal.
- Alterar genes, com certeza, envolve uma questão ética. Mas a verdadeira atitude anti-ética é privar um indivíduo de ter uma vida melhor no futuro, desligando um gene que causaria uma doença até fatal - opina Allevato. - Se seguíssemos um falso moralismo religioso e não interferíssemos na natureza não usaríamos antibióticos, por exemplo.
Fonte: JB Online

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