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sexta-feira, setembro 02, 2022

Guerra interna na PF envolve briga por vaga de diretor-geral no próximo governo Uma disputa interna pelo poder na Polícia Federal deflagrou, antes mesmo do resultado da eleição presidencial, a briga pelo cargo de diretor-geral da instituição a partir de 2023. O delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues, que atua na equipe que faz a segurança da campanha presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto, busca apoio para seu nome caso o petista vença a eleição. Do outro lado, o atual diretor-geral, Marcio de Oliveira, se movimenta para permanecer no posto se o presidente Jair Bolsonaro se reeleger. Como mostrou o Estadão, Oliveira perdeu o controle dos delegados que prometem operações em série no período eleitoral. Nesta terça-feira, 30, o jornal O Globo revelou que, em documento, a PF acusa a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), dominada por bolsonaristas, de atrapalhar uma investigação contra Renan Bolsonaro, um dos filhos do presidente. Na semana passada, a PF pediu busca e apreensão contra empresários que apoiam o presidente por terem trocado mensagens no WhatsApp defendendo um golpe caso ele perca a eleição para Lula. Seria só o começo. Nesta quarta-feira, 31, a PF decidiu investigar a ex-mulher de Bolsonaro Ana Cristina Valle pela compra de uma casa em Brasília declarada por R$ 829 mil, mas que vale R$ 2,9 milhões. Ela disse inúmeras vezes que a casa era alugada, mas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou ser própria. Depois da operação contra os empresários criticada publicamente por Bolsonaro, o atual diretor-geral procurou interlocutores na polícia em busca de conselhos para se segurar no cargo. Foi orientado a dar maior exposição às operações da PF de combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado para retomar a credibilidade que a instituição tinha na época da Lava Jato. Em sentido oposto, o delegado Andrei Passos Rodrigues conseguiu chegar na campanha do ex-presidente Lula com o apoio da ex-presidente Dilma Rousseff e trabalha nos bastidores. Dilma e o delegado se conheceram em 2010, quando ele também atuou na segurança da candidata. A ambição fez com que Andrei Passos passasse a ser alvo de críticas internas. O Estadão viu grupos de WhatsApp de delegados em que ele é descrito como policial que não teria preparo para a função. Na segurança da campanha de Lula, pedidos de reforço e coletes à prova de bala foram creditados na conta do delegado. Segundo o blog da jornalista Andréia Sadi, o coordenador de proteção à pessoa da PF, Thiago Ferreira, ficou incomodado com o fato de Passos não ter adotado procedimentos corretos para a requisição do material. Na época da campanha de Dilma, Passos também chegou a ser cotado para diretor-geral, mas perdeu a disputa para Leandro Daiello, o mais longevo diretor da PF. A proximidade dos policiais que fazem a segurança da campanha com os candidatos costuma render bons frutos. Alexandre Ramagem fez a segurança do presidente Bolsonaro em 2018 e só não virou diretor-geral porque o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu alegando que ele iria interferir em processos de interesse do presidente. Bolsonaro então o manteve como diretor-geral da Abin e hoje o apoia como candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro. A ação de interferência da agência na investigação contra Renan Bolsonaro se deu na gestão de Ramagem. O delegado que atua na segurança de Lula divide a função com a chefia da Divisão de Relações Internacionais da Polícia Federal. Cabe a ele intermediar e organizar as demandas da segurança do ex-presidente, que tem hoje o nível máximo de proteção. Antes disso, Andrei foi responsável pelo planejamento e coordenação da segurança da Copa do Mundo e coordenador nacional de segurança da Olimpíada. Ao todo, 90 profissionais foram destacados. Fazem parte da equipe ainda os delegados Rivaldo Venâncio e Alexsandro Castro, considerados experientes. O Gabinete de Segurança Institucional tem uma equipe com oito integrantes na equipe de segurança de Lula. Um dos representantes é o tenente da reserva Valmir Moraes da Silva. Procurada, a Polícia Federal não se manifestou. Estadão / Dinheiro Rural Postado há 10 hours ago por Brasil Soberano e Livre




Uma disputa interna pelo poder na Polícia Federal deflagrou, antes mesmo do resultado da eleição presidencial, a briga pelo cargo de diretor-geral da instituição a partir de 2023. O delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues, que atua na equipe que faz a segurança da campanha presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto, busca apoio para seu nome caso o petista vença a eleição. Do outro lado, o atual diretor-geral, Marcio de Oliveira, se movimenta para permanecer no posto se o presidente Jair Bolsonaro se reeleger.

Como mostrou o Estadão, Oliveira perdeu o controle dos delegados que prometem operações em série no período eleitoral. Nesta terça-feira, 30, o jornal O Globo revelou que, em documento, a PF acusa a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), dominada por bolsonaristas, de atrapalhar uma investigação contra Renan Bolsonaro, um dos filhos do presidente.

Na semana passada, a PF pediu busca e apreensão contra empresários que apoiam o presidente por terem trocado mensagens no WhatsApp defendendo um golpe caso ele perca a eleição para Lula. Seria só o começo.

Nesta quarta-feira, 31, a PF decidiu investigar a ex-mulher de Bolsonaro Ana Cristina Valle pela compra de uma casa em Brasília declarada por R$ 829 mil, mas que vale R$ 2,9 milhões. Ela disse inúmeras vezes que a casa era alugada, mas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou ser própria.

Depois da operação contra os empresários criticada publicamente por Bolsonaro, o atual diretor-geral procurou interlocutores na polícia em busca de conselhos para se segurar no cargo. Foi orientado a dar maior exposição às operações da PF de combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado para retomar a credibilidade que a instituição tinha na época da Lava Jato.

Em sentido oposto, o delegado Andrei Passos Rodrigues conseguiu chegar na campanha do ex-presidente Lula com o apoio da ex-presidente Dilma Rousseff e trabalha nos bastidores. Dilma e o delegado se conheceram em 2010, quando ele também atuou na segurança da candidata.

A ambição fez com que Andrei Passos passasse a ser alvo de críticas internas. O Estadão viu grupos de WhatsApp de delegados em que ele é descrito como policial que não teria preparo para a função. Na segurança da campanha de Lula, pedidos de reforço e coletes à prova de bala foram creditados na conta do delegado. Segundo o blog da jornalista Andréia Sadi, o coordenador de proteção à pessoa da PF, Thiago Ferreira, ficou incomodado com o fato de Passos não ter adotado procedimentos corretos para a requisição do material. Na época da campanha de Dilma, Passos também chegou a ser cotado para diretor-geral, mas perdeu a disputa para Leandro Daiello, o mais longevo diretor da PF.

A proximidade dos policiais que fazem a segurança da campanha com os candidatos costuma render bons frutos. Alexandre Ramagem fez a segurança do presidente Bolsonaro em 2018 e só não virou diretor-geral porque o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu alegando que ele iria interferir em processos de interesse do presidente. Bolsonaro então o manteve como diretor-geral da Abin e hoje o apoia como candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro. A ação de interferência da agência na investigação contra Renan Bolsonaro se deu na gestão de Ramagem.

O delegado que atua na segurança de Lula divide a função com a chefia da Divisão de Relações Internacionais da Polícia Federal. Cabe a ele intermediar e organizar as demandas da segurança do ex-presidente, que tem hoje o nível máximo de proteção. Antes disso, Andrei foi responsável pelo planejamento e coordenação da segurança da Copa do Mundo e coordenador nacional de segurança da Olimpíada.

Ao todo, 90 profissionais foram destacados. Fazem parte da equipe ainda os delegados Rivaldo Venâncio e Alexsandro Castro, considerados experientes. O Gabinete de Segurança Institucional tem uma equipe com oito integrantes na equipe de segurança de Lula. Um dos representantes é o tenente da reserva Valmir Moraes da Silva. Procurada, a Polícia Federal não se manifestou.

Estadão / Dinheiro Rural

TSE cria núcleo de inteligência para combater violência nas eleições




O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou, nesta quinta-feira (1°), a criação de um núcleo de inteligência para combater a violência política nas eleições de outubro. 

De acordo com portaria publicada pelo tribunal, o núcleo será responsável pela coleta de dados e pelo processamento de informações de segurança pública durante o pleito. 

O grupo será composto pelo presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, três representantes do tribunal e três representantes  do Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares.

A forma de atuação e demais medidas serão definidas na primeira reunião do núcleo, que ainda não foi marcada. 

A implantação do grupo foi definida em julho, após reunião de Moraes com os comandantes-gerais das polícias militares para discutir a segurança das eleições.

Agência Brasil / Dinheiro Rural

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Meyer Nigri pede a Moraes que desbloqueie suas contas

A defesa do empresário Meyer Joseph Nigri - alvo da Polícia Federal que investiga aliados do presidente Jair Bolsonaro por suposta defesa de golpe em caso de uma vitória do ex-presidente Lula nas eleições de outubro - pediu ao ministro Alexandre de Moraes o desbloqueio de suas contas bancárias, o cancelamento da ordem que quebrou seus sigilos bancário e telemático e a devolução de bens que foram apreendidos durante as diligências cumpridas no último dia 23.

Os advogados que representam o empresário, Alberto Zacharias Toron e Michel Kusminsky Herscu, pedem ainda, em caráter de urgência, que ao menos seja autorizada a movimentação e uso de valores nas contas bancárias em montante suficiente para "viabilizar o custeio de suas despesas e subsistência, que estima em cerca de R$ 75 mil mensais".

O bloqueio de contas dos empresários foi decretado por Alexandre, embora nem a Polícia Federal, nem a Procuradoria- Geral da República - que alega não ter tido acesso aos autos antes da operação sair às ruas - tenham solicitado tal medida. Em sua decisão, o ministro cita solicitação do senador Randolfe Rodrigues pelo congelamento de ativos dos empresários bolsonaristas. Alexandre afirma que tomou a medida espontaneamente, uma decisão exclusivamente sua.

Nigri, Presidente do Conselho de Administração da Tecnisa, foi um dos oito alvos das cautelares cumpridas na semana passada. Além dele, as medidas atingiram Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu; Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, do grupo Multiplan; José Koury, dono do shopping Barra World; Luciano Hang, da rede de lojas Havan e Luiz André Tissot, da Sierra Móveis.

A defesa de Nigri entrou com agravo contra a decisão proferida por Alexandre de Moraes no último dia 19. Com relação às mensagens que embasaram a representação da Polícia Federal pelas buscas cumpridas na semana passada, os advogados argumentam que o empresário bolsonarista ‘jamais concordou com qualquer mensagem teor antidemocrático que, eventualmente, tenha sido enviada por terceiros’.

"Quanto às mensagens, o Agravante explicou prontamente que tinha o hábito de encaminhar as de terceiros - muitas vezes, como é comum, sem ler com detida atenção - com a única finalidade de promover o debate ou a crítica a respeito delas dentro do grupo, sem que elas reflitam a sua posição pessoal a respeito dos temas tratados", diz trecho da petição.

Já com relação às demais cautelares decretadas contra os investigados, os advogados sustentam que a Polícia Federal não representou pelo bloqueio de contas-correntes, nem pela quebra de sigilo bancário, o que indicaria a ‘desnecessidade’ das medidas.

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O argumento da defesa é o de que, quanto à Nigri, ‘verifica-se a inexistência de indicativo de que tenha destinado recursos financeiros a qualquer empreitada contra a democracia’.

Como mostrou o Estadão, além da representação da Polícia Federal, Alexandre de Moraes usou um parecer do juiz instrutor de seu gabinete para decretar as medidas cautelares contra os empresários bolsonaristas. O documento identificou elos entre alguns dos investigados e inquéritos que tramitam ou tramitaram no STF, como o das milícias digitais, o dos atos antidemocráticos e o das fake news.

A defesa de Nigri alega que o empresário ‘não participou nem foi referido em qualquer das conversas obtidas’ nas apurações, ‘nem mencionado por qualquer testemunha’.

Estadão / Dinheiro Rural

Lula recebe adventistas em Manaus e campanha busca avanço no eleitorado religioso




Em passos graduais em direção ao voto religioso, um dos pilares da campanha do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), o candidato do PT ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu na noite de quarta-feira, 31, em Manaus, um grupo de adventistas que orou por sua saúde e vitória eleitoral.

O encontro foi registrado pelo fotógrafo pessoal de Lula, Ricardo Stuckert, e a foto foi cedida com exclusividade ao Estadão/Broadcast. Ela mostra os religiosos em imposição de mãos sobre o candidato, em oração, e ele de cabeça abaixada e olhos fechados.

A agenda reservada aconteceu no início da noite de quarta-feira em um hotel na capital do Amazonas, entre a atividade de Lula com povos indígenas e lideranças do setor ambiental, e o comício com aliados políticos, que atrasou e se estendeu até as 22 horas, pelo horário local.

A campanha petista tenta conter a campanha difamatória contra si protagonizada por bolsonaristas sobre o eleitorado evangélico. A princípio resistente a embarcar na "guerra santa", o PT resolveu reagir, embora o caráter mais incisivo sobre o tema, por enquanto, deva ficar restrito às redes sociais para o horário eleitoral focar na seara econômica. "Ataque no submundo se responde no submundo", disse à reportagem uma fonte da área de comunicação da campanha.

Já circula entre petistas vídeo para contestar a narrativa de Bolsonaro e lembrar que Lula foi quem sancionou a Lei da Liberdade Religiosa, em 2003, e a Lei da Marcha Nacional para Jesus, em 2009. "Lula governou por oito anos e foi o tempo de maior liberdade para as igrejas", diz a peça, compartilhada nas redes sociais pela mulher do candidato, a socióloga Janja.

Genocida

No segundo dia de seu giro pelo Norte, nesta quinta-feira, 1º, Lula voltou a chamar Bolsonaro de genocida durante um discurso de campanha em Belém (Pará). A declaração foi dada no mesmo dia em que a ministra Cármen Lúcia, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rejeitou um pedido do PL para tirar do ar vídeos em que Lula usa essa expressão contra Bolsonaro.

No discurso desta quinta-feira, Lula estava criticando o presidente por seus ataques a Cuba, Paraguai, Venezuela e Nicarágua. "Os americanos vão nos respeitar porque no nosso governo vai ser abolido o complexo de vira-latas", afirmou o ex-presidente, em novo sinal de como seria a política externa de seu governo caso seja eleito novamente ao Palácio do Planalto.

Na área econômica, ainda sem apresentar qual seria a âncora fiscal em um eventual novo governo petista, Lula reforçou críticas ao teto de gastos. "Não aceito a ideia de criar teto de gastos. Teto de gastos é o compromisso moral que a gente tem com esse País. A gente não pode gastar mais do que arrecada, mas é preciso saber o que é gasto e o que é investimento para não ficar ‘tudo é gasto’", seguiu o candidato.

Dono de relação tensa com agentes do setor financeiro, o candidato ao Palácio do Planalto afirmou que se interessa pelo mercado que as mulheres entram para comprar comida. "Só se fala em mercado, mercado, mercado. O mercado que me interessa é aquele que as mulheres entram para comprar comida e que muitas vezes não conseguem levar aquilo que têm o direito de levar", declarou, em evento com lideranças culturais em Belém.

Gil e Juca

Reiterando a promessa de um governo melhor que seus anteriores, o candidato também afirmou que, se eleito, vai achar "gente melhor" que os ex-ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira para comandar o Ministério da Cultura. A recriação da pasta é um compromisso do petista nessas eleições.

"A gente não vai achar um Gilberto Gil todo dia para colocar no Ministério da Cultura, a gente não vai achar um Juca Ferreira todo dia para o Ministério da Cultura. Eu vou ter que achar gente melhor, mais ousada", declarou Lula.

No pronunciamento, após duas horas e meia de discursos de artistas e aliados, Lula reconheceu que precisa economizar a voz, que tem ficado rouca e exigido um espaçamento maior nas agendas políticas. "Vou ser curto porque toda hora que eu levanto, a Janja fala: ‘Economiza a voz, economiza a voz’. Eu preciso parar de falar por um mês para recuperar minha voz", declarou o candidato.

Conteúdo regional

Luz fez ainda críticas à suposta falta de conteúdos regionais nas televisões do Brasil, que, segundo ele, fariam apenas retransmissão de conteúdos a partir de matrizes instaladas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Por outro lado, disse que não pode resolver a questão, por se tratar de assunto do Congresso.

"Tem uma coisa que não posso dizer que vou fazer, porque não vai depender do presidente da República, depende do Congresso. É que não é mais possível, no século 21, a gente ter emissoras de televisões retransmissoras das matrizes que normalmente estão em São Paulo ou no Rio de Janeiro, que não têm programação estadual", avaliou o ex-presidente.

"Por que as grandes cadeias de televisão não mostram artistas do Pará, de Pernambuco?", seguiu o petista, em encontro com lideranças do setor de cultura em Belém. "Não é aceitável não ter uma política de nacionalização da cultura."

Estadão / Dinheiro Rural

Alzheimer: Cientistas descobrem método para prever risco antes dos sintomas




Cientistas apresentaram um novo método para identificar pessoas com maior risco genético de desenvolver a doença de Alzheimer antes que qualquer sintoma apareça. A pesquisa, publicada nesta quinta-feira, 1º, abre caminhos para acelerar a criação de novos tratamentos e aprimorar o rastreio e diagnósticos de pacientes.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa caracterizada pelo comprometimento da memória e da capacidade de realizar tarefas cotidianas. O diagnóstico clínico geralmente ocorre tarde (quando o paciente já apresenta lapsos de memória), embora os mecanismos de ação da doença estejam presentes anos antes do aparecimento dos primeiros sintomas.

Os tratamentos disponíveis, por sua vez, ainda não têm bons resultados para reverter os prejuízos causados pelo Alzheimer. Cientistas em todo o mundo têm buscado respostas para acelerar o diagnóstico de Alzheimer e oferecer medicamentos capazes de paralisar o avanço da doença ou reduzir a velocidade de progressão.

Uma das frentes de atuação científica é a análise genética. Pesquisas anteriores já haviam identificado três genes que seriam responsáveis pelo desenvolvimento de uma forma rara de Alzheimer, de início precoce. Os cientistas expandiram a varredura genética para criar uma pontuação poligênica para o Alzheimer - ou seja, uma estimativa, com base em variantes genéticas, de que a doença apareça.

A pesquisa foi realizada por cientistas ligados ao Broad Institute of MIT (Massachusetts Institute of Technology) e Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e publicada na revista científica PLOS Genetics.

Os pesquisadores analisaram os dados de 7,1 milhões de alterações na sequência de DNA obtidos em um estudo anterior com milhares de pessoas com e sem Alzheimer. Eles usaram esses dados para desenvolver um novo método que prevê o risco de uma pessoa desenvolver Alzheimer dependendo de quais variantes de DNA ela possui. Depois, refinaram e validaram o método com dados de outras 300 mil pessoas.

Além disso, os cientistas analisaram a concentração de 3 mil proteínas no sangue de pessoas classificadas como de alto e de baixo risco na pontuação genética para o Alzheimer. O objetivo era saber se a concentração de determinadas proteínas no sangue era maior ou menor dependendo do risco genético para Alzheimer. Essa análise revelou 28 proteínas que podem estar ligadas ao risco de Alzheimer, incluindo algumas que nunca foram estudadas.

A identificação de proteínas que podem estar associadas ao Alzheimer é importante porque essa informação pode oferecer pistas para o desenvolvimento de tratamentos eficazes. Descobrir biomarcadores da doença pode ser um caminho para desvendar os mecanismos biológicos do Alzheimer- e, consequentemente, avançar em pesquisas com medicamentos.

"Os dados destacam o potencial de uma pontuação baseada em DNA para identificar indivíduos de alto risco durante a fase pré-sintomática prolongada da doença de Alzheimer e para permitir a descoberta de biomarcadores com base no perfil de indivíduos jovens nos extremos da distribuição de pontuação", destacaram os pesquisadores, no estudo.

Apesar do potencial das descobertas para pesquisas futuras, os pesquisadores recomendam cautela no uso dos dados. Eles ponderam que a pontuação poligênica foi determinada usando dados de um banco britânico - o método pode não ser preciso para populações não europeias.

Além disso, afirmam, as diretrizes atuais não recomendam a avaliação de risco genético para o Alzheimer de forma ampla (apenas o rastreio de genes ligados a formas raras). Em parte porque uma avaliação desse tipo pode ter implicações como aumento da ansiedade, sem que ainda seja possível oferecer opções de tratamento e prevenção aos pacientes.

Estadão / Dinheiro Rural

Em Manaus, Lula chama Bolsonaro de ‘demente’ e agradece Venezuela por oxigênio




Em comício em Manaus, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, chamou o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) de "demente" por não ter enviado a tempo oxigênio à capital do Amazonas no auge da pandemia. Com ligações históricas com a Venezuela, o ex-presidente agradeceu ao país vizinho pelo envio do oxigênio à época.

"Quero agradecer o embaixador da Venezuela que mandou oxigênio a Manaus para salvar vidas. Apesar de o presidente da República ofender tanto a Venezuela, eles mandaram oxigênio que o demente não teve coragem de mandar", declarou Lula no ato político na noite desta quarta-feira, 31. Por erros de logística do Ministério da Saúde, à época comandado pelo general Eduardo Pazuello, a entrega de oxigênio a Manaus atrasou, e pacientes com covid-19 morreram asfixiados.

No discurso, realizado com atraso de mais de duas horas, Lula destacou conquistas sociais de seus governos, mas disse ter consciência de que foi feito "pouco" perto das necessidades do povo brasileiro. "Eu quero provar que se um tenente expulso do Exército não tem coragem de tratar o povo com respeito, um metalúrgico vai voltar para tratar o povo com a decência que o povo merece", afirmou, em tom elevado e sob aplausos da militância. Bolsonaro, na verdade, foi capitão do Exército.

"O atual presidente já veio aqui a Manaus, mas fazer motociata. Eu não vim fazer motociata, eu fui visitar a fábrica que os trabalhadores produzem motocicletas", acrescentou, sobre a primeira agenda que teve na cidade nesta quarta-feira, uma visita à sede da Honda. "Tenho 76 anos, mas não quero deixar a vida antes de consertar esse país e a vida do povo".

Lula voltou a prometer que, se eleito, não haverá desmatamento ilegal ou invasão de terras indígenas. "Eu vim aqui para dizer para vocês que vamos consertar o País", prometeu o petista. "Peço a Deus que nos dê força para conter as mentiras do nosso adversário", finalizou.

O petista estava acompanhado de seus candidatos a governador do Amazonas, Eduardo Braga (MDB), e ao Senado pelo Estado, Omar Aziz (PSD), que foi presidente da CPI da Covid. Os dois são considerados fundamentais para o PT atrair o MDB e o PSD em um eventual segundo turno contra Bolsonaro.

Estadão / Dinheiro Rural

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Randolfe pede bloqueio de bens dos Bolsonaro por compra de imóveis em dinheiro

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para que seja investigada a compra de imóveis com dinheiro em espécie por familiares do presidente Jair Bolsonaro (PL). A ação pede medidas como bloqueio de contas e busca e apreensão dos celulares e computadores utilizados pelos compradores. O parlamentar é um dos coordenadores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela Presidência.

Randolfe argumenta que é de interesse público saber a origem do dinheiro utilizado nas transações. "O salário de um parlamentar não justifica esse patrimônio milionário. Por isso, é direito de todos os brasileiros a transparência sobre o uso indevido do dinheiro público", afirmou.

Reportagem publicada pelo UOL esta semana afirma que metade dos imóveis adquiridos pelo clã Bolsonaro foi comprada total ou parcialmente com dinheiro em espécie. A prática levanta suspeitas de lavagem de dinheiro por ser considerada "altamente atípica", como disse ao Estadão o chefe da seção brasileira da Transparência Internacional, Bruno Brandão.

Ao ser questionado sobre o assunto, o presidente não negou o teor da reportagem e perguntou "qual o problema" de comprar imóveis com dinheiro vivo.

Randolfe aciona com frequência o Judiciário contra o chefe do Executivo. Como mostrou o Estadão, partiu do senador, e não da Polícia Federal, o pedido que embasou a decisão do ministro Alexandre de Moraes pela quebra do sigilo bancário dos empresários bolsonaristas que defenderam um golpe de Estado em conversa no WhatsApp.

O parlamentar foi criticado por aliados do presidente, que o acusaram de assumir função que seria do Procurador-Geral da República. "Combater todos aqueles que querem atentar contra a maior conquista que os brasileiros tiveram nos últimos 30 anos não tem identidade profissional", afirmou o senador.

Estadão / Dinheiro Rural

Itamaraty busca informações sobre autor de tentativa de atentado contra Cristina Kirchner e vê 'violência injustificável'




Brasileiro aponta arma para a vice-presidente da Argentina mas não consegue efetuar o disparo. Ele foi detido pela polícia.

Por Andréia Sadi

O ministro Carlos França disse ao blog nesta quinta-feira (1º) que o Itamaraty busca confirmar informações sobre o autor da tentativa de atentado na Argentina contra Cristina Kirchner.

As primeiras informações do Itamaraty são de que o atirador seria de São Paulo, filho de mãe argentina e pai chileno - pai que teria sido expulso do Brasil em 2021.

As informações estão sendo levantadas e ainda precisam ser confirmadas, segundo o Itamaraty.

A embaixada do Brasil e consulado-geral em Buenos Aires estão acompanhando o caso.

Procurado, o ministro Carlos França disse ao blog que aguarda mais informações e que vê a tentativa de atentado como uma “violência injustificável”.

G1

Modus operandi




Na crônica política e criminal do Brasil, escândalos e processos anulados são a regra

Por Malu Gaspar (foto)

O caso das rachadinhas e o fascínio da família de Jair Bolsonaro por operações em dinheiro vivo um dia merecerão um estudo antropológico. Por enquanto, o que temos é uma crônica política e criminal típica do Brasil. Desde o primeiro mês do mandato de Jair Bolsonaro até hoje, a novela segue ganhando novos capítulos.

Primeiro, soubemos que um sujeito chamado Fabrício Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão em salários devolvidos por funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro quando era deputado estadual. Desde então, o Ministério Público do Rio reuniu evidências de que o dinheiro desviado ajudou a pagar mensalidades escolares das filhas de Flávio e a financiar a compra de imóveis.

Graças a investigações de vários repórteres, mas principalmente por Juliana Dal Piva, soubemos depois que a ex-mulher de Jair Bolsonaro Ana Cristina Valle empregou pelo menos 17 parentes em gabinetes do capitão e de seus filhos; e que o próprio Jair ameaçou demitir um cunhado que se recusou a entregar parte de seu salário ao esquema.

Agora, uma reportagem publicada pelo UOL dá a dimensão da importância do dinheiro em espécie na trajetória dos Bolsonaros. Segundo Dal Piva e Thiago Herdy, desde os anos 1990, o presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram pagos parcial ou integralmente em espécie. Em valores corrigidos pela inflação, teriam sido gastos R$ 26,5 milhões em cash.

A compra de imóveis com dinheiro vivo é uma das formas mais manjadas de lavar dinheiro, porque os dados repassados ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) pelo setor imobiliário não são transparentes, e há muitos contratos de gaveta que dificultam o rastreamento dos recursos. No entanto a revelação sobre o rico patrimônio imobiliário dos Bolsonaros provavelmente não terá nenhuma consequência política ou jurídica.

Quem acompanha a novela sabe: desde que o Coaf produziu o primeiro relatório listando as movimentações atípicas, o Ministério Público do Rio de Janeiro investigou e denunciou Fabrício Queiroz, Flávio Bolsonaro e outras 15 pessoas por crimes como organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita.

O juiz da primeira instância autorizou diligências e mandou prender Queiroz. A partir daí, sucessivas decisões do Tribunal de Justiça do Rio, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubaram, um a um, os pilares da investigação.

Primeiro, o ministro do STF Dias Toffoli suspendeu não só o inquérito da rachadinha, mas todos os outros que tivessem usado relatórios do Coaf sem prévia autorização da Justiça — algo que nunca havia sido colocado em xeque, porque se entendia que a função do Coaf era justamente produzir relatórios de inteligência para alertar os órgãos de fiscalização.

Ao longo de 2021, o ministro do STJ João Otávio Noronha também mandou soltar Queiroz e ainda suspendeu toda a investigação por entender que o MP usara prova “nula” (o tal relatório do Coaf que Toffoli considerou inválido). No final do ano, Flávio ainda ganhou o direito de ser julgado no STF, que driblou sua própria jurisprudência para atendê-lo. Ao julgar o recurso impetrado pelo MP do Rio, o ministro Gilmar Mendes deu ganho de causa a Flávio, alegando que os promotores fluminenses tinham perdido o prazo para recorrer no TJ — e nisso foi acompanhado pela maioria da Corte.

Nenhum desses magistrados disse que não houve rachadinha, que não havia indícios de lavagem de dinheiro ou que os Bolsonaros não se beneficiaram do desvio de recursos públicos. Fixaram-se, todos, em questões processuais.

Ao reduzir a pó as investigações, desobrigaram Flávio e os outros investigados de responder a processos, da mesma forma que fizeram com diversos outros casos envolvendo corrupção e desvios de recursos públicos entre 2019 e 2021.

Era uma época em que os interesses do governo se casavam com os da oposição, mutilada pela Lava-Jato. Juntos, os dois lados trabalharam firme para desmontar o aparato institucional de combate à corrupção.

A pretexto de corrigir abusos — alguns dos quais ocorreram e precisavam ser reparados —, abriu-se a porteira para toda uma boiada passar. Nada disso foi feito às escondidas, pelo contrário. Todos sabiam o que faziam e, cada um a seu tempo, colheram os benefícios.

Nesse contexto, seria de se espantar que os bolsonaristas enxovalhem tanto o Supremo, enquanto a oposição reclama que as investigações sobre a rachadinha dos Bolsonaros não tenham dado em nada. Só não espanta mesmo porque estamos no Brasil.

O Globo

O bloqueio de Lula




Não é pela alegação de suposta superioridade moral que se reage a ataques por corrupção, mas com propostas

Por Maria Cristina Fernandes (foto)

Ao longo de duas horas, 23.352 palavras foram pronunciadas no debate da Band. Por 18 vezes apareceu a palavra “fome”, ditas por Ciro Gomes (8), Jair Bolsonaro (5), Felipe d’Ávila (3), Simone Tebet (1) e Soraya Thronicke (1). Luiz Inácio Lula da Silva foi o único a não juntar as quatro letras.

O ex-presidente paralisou ante a exploração do tema da corrupção pelo presidente da República, o mais prolífico no termo, mencionado 39 vezes no debate: Bolsonaro (11), Simone (10), D’Avila (9) e Ciro (4). Lula e Soraya empataram com uma única menção.

A militância e seus próprios correligionários reclamam da lerdeza de Lula. Seja com um “alto lá”, “tenha paciência”, “para com isso” ou “dá licença”, cobra-se uma atitude de superioridade moral do ex-presidente sobre o atual titular do cargo.

Por outro lado, Lula é instruído por seus marqueteiros a não tocar no assunto. No jargão dessa turma, corrupção não é um “preditor” de voto positivo para o ex-presidente, que se beneficia mais da exploração daquilo que melhorou em seu governo.

Como o combate à fome está nesta lista de melhorias e o Lula foi o único a pular o tema, não é um exagero falar de apagão. Petistas costumam dizer que ele é bom de palanque e entrevista mas nunca se deu bem em debates. O que aconteceu no domingo, porém, foi mais do que inadequação de meio e mensagem.

Todo mundo sabia que Bolsonaro vinha com perguntas sobre corrupção. É o que lhe resta para reeditar o antipetismo de 2018. Lula havia sido treinado para responder sobre o tema no “Jornal Nacional”, mas recusou-se a passar por novo treinamento. E a dúvida é se recusou apesar de saber que no debate não haveria reconhecimento da anulação das condenações ou porque o sabia.

Todo o discurso de Lula sobre corrupção é matizado pela defesa moral de um ex-presidente vítima de uma injustiça. O candidato parece querer convencer o eleitor de que a corrupção, já admitida, não voltará a acontecer porque ele é, ao mesmo tempo, autor e avalista da promessa.

Nem o próprio Lula parece estar convencido disso. Tanto que, orador capaz de improvisos de duas horas, precisa de uma colinha para recitar cinco medidas de seu governo.

O eleitor está mais calejado do que nunca. Os que perderam parentes e amigos e enfrentam sequelas físicas e emocionais, tendem a rejeitar o governo de plantão. Os que perderam empregos e viram falir seus negócios, tendem a aprová-lo.

Não será fácil captar este eleitor que sobreviveu à pandemia com apelos morais. O combate à corrupção que lhe interessa é aquele que pode melhorar sua vida. Não basta rebater Bolsonaro da próxima vez que ele mentir sobre o veto ao “orçamento secreto”.

Lula vai remontar a CGU de Jorge Hage? A Controladoria Geral da União, que Lula cita como se todo mundo soubesse o que é, ganhou status de ministério em seu governo e, por oito anos, foi dirigida por Hage.

Prefeito biônico de Salvador pela Arena, deputado constituinte pelo MDB e juiz no Distrito Federal, Hage foi braço direito e sucessor do primeiro ministro da CGU, Waldir Pires, com quem montou o programa de fiscalização das prefeituras. As gestões sorteadas passavam por um pente fino. Seus relatórios, enviados para o Ministério Público Federal e para a Polícia Federal, geravam investigações que rastreavam os caminhos da dinheirama federal nas prefeituras.

A CGU de Hage começou a ser desmontada no governo Dilma Rousseff por pressões do Centrão ao PT. Antes de deixar o órgão, em 2014, Hage foi inflexível nas condições para os acordos de leniência das empreiteiras da Lava-Jato. Hoje a CGU é comandada por um lugar-tenente de Bolsonaro, conivente com os desmandos da gestão federal da pandemia.

O que restou da CGU de Hage permitiu o rastreio de informações que levou ao inédito bloqueio judicial de verbas do orçamento secreto no Maranhão, cujo desvio foi radiografado por Breno Pires na reportagem da Piauí sobre a cidade com 19 extrações dentárias por habitante. Com a retração da CGU, o Tribunal de Contas da União, com todas as suas alas, passou a tomar conta do pedaço.

Os petistas têm dito que uma vitória em 1º turno tornaria um eventual governo Lula menos dependente do Centrão. As negociações com o Congresso, porém, terão que acontecer, seja num 2º turno, seja sob novo governo do PT. E são relatórios como os da CGU que permitiriam ao Executivo retomar o controle sobre recursos destinados aos municípios via Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação ou SUS, por exemplo.

Uma história dessas todo mundo entende, assim como uma proposta de fortalecimento de delegacias da Polícia Federal relevantes para o cumprimento de seu programa de governo.

Nenhum candidato mencionou a palavra “indígena” no debate de domingo e apenas Lula citou a Amazônia - quatro vezes. Nenhuma delas, porém, para dizer como pretende coibir o garimpo ilegal, a grilagem de terras e o desmatamento.

O compromisso com o combate à corrupção não pode se restringir à lista tríplice do MPF. Fortalecer a delegacia da PF contra crimes ambientais, por exemplo, levaria o MPF a correr atrás, dando mais condições de trabalho aos parcos cinco procuradores da República que hoje atuam na área.

Nada disso vai prosperar no PT enquanto o tema continuar a ser guiado pela abordagem moral da corrupção, como defende a extensa banca de advogados que sustenta a candidatura Lula. É a existência de propostas concretas que pode destravar o bloqueio de Lula sobre o tema.

Não foi o primeiro. Em 14 de dezembro de 1989 aconteceu coisa parecida. Era o último debate daquela campanha. O ex-presidente Fernando Collor havia levado para o horário eleitoral gratuito a existência de Lurian, a filha fora do casamento de quem poucos amigos de Lula tinham conhecimento à época.

Seus assessores mais próximos tentaram prepará-lo para a possibilidade de o tema ser levantado por Collor no debate. Ele chegara ao ponto de levar Miriam Cordeiro, a mãe de Lurian, à TV para dizer que fora pressionada a abortar. Lula, porém, resistiu a ser treinado para responder sobre o tema.

Quando o debate começou, todo mundo esperava que Lula virasse a mesa para responder às seguidas investidas de Collor, mas o temor de que o assunto viesse à tona ali o bloqueou. A Globo acabaria por reconhecer ter pesado a mão favoravelmente a Collor na edição seguinte do JN. Já dá para concluir, 33 anos depois, que a edição piorou o que já era ruim. Até porque só faltam 28 dias para o próximo debate.

Nota "Brasil Soberano e Livre": Lula já foi condenado por corrupção por vários juízes diferentes e até em terceira instância judicial. O STF cometeu uma barbaridade jurídica ao cancelar suas penalidades por absurdas filigranas jurídicas. No Brasil pessoas com mais de 70 anos tem os seus prazos processuais reduzidos à metade. Os processos por corrupção que Lula ainda está respondendo estão prescrevendo e sendo arquivados. Não por sua inocência. Os ministros do STF que cancelaram as penalidades de Lula, mas não o inocentaram, foram em sua maioria indicados por Lula ou por Dilma que governaram o Brasil por 14 anos com uma enorme quantidade de casos de corrupção.

Valor Econômico

Brasil, 200 anos – o eterno país do futuro




Por Hubert Alquéres (foto)

Quando aportou pela primeira vez no Rio de Janeiro, o austríaco Stefan Zweig, um dos maiores escritores da primeira metade do século XX, teve um caso de amor à primeira vista com o nosso país. Inspirado pelas ideias de Gilberto Freire, Sérgio Buarque e Roberto Simonsen, escreveu em 1941 o livro “Brasil, o país do futuro” que fez a cabeça de muita gente. Sua tese central era de que estávamos fadados a ser uma potência mundial em virtude de vários ativos de nosso país: unidade linguística e territorial, ausência de grandes conflitos com os países vizinhos, um povo multicolor, conflitos internos resolvidos pela via da conciliação e riquezas naturais imensas.

Stefan Zweig, de origem judaica, deixou a Áustria e viveu por dois anos em Petrópolis, onde, juntamente com sua esposa Lotte, suicidou-se um ano após a publicação do seu livro em vários idiomas. Seu encanto pelo Brasil se deveu ao fato de não ter encontrado aqui o mesmo conflito racial que levou a Europa a ser palco da II Guerra Mundial.

Duzentos anos depois da independência, a concretização do Brasil como uma nação desenvolvida econômica, socialmente justa e com peso no concerto internacional das nações continua sendo projetada para um futuro distante do nosso horizonte.

É verdade, houve momentos em que o futuro parecia estar ao alcance de nossas mãos e o Brasil chegaria a seu destino de grande potência. Entender por que o sonho escapou dos brasileiros é o primeiro passo para finalmente deixarmos de ser o país do futuro para ser o país do presente.

As quatro décadas após a primeira edição do livro de Stefan foram um desses momentos mágicos. Entre 1930 e 1980 a economia Brasileira foi a que mais cresceu no mundo, com a média anual de expansão acima de 6%. Éramos uma nação com crescimento superior à média mundial e dos demais países emergentes. Em 1980 a economia brasileira tinha o status de décima do planeta, com 4,3% do PIB mundial.

De país emergente nos transformamos em país submergente, nos últimos quarenta anos. Crescemos menos do que a média mundial ou de outras economias similares. Entre 1980 e 2021 a média anual de expansão do PIB brasileiro girou em torno de 2% e nos últimos 25 anos de 1,1%. Nossa participação no PIB mundial encolheu pela metade nesse espaço de tempo, devendo ser apenas de 2,3% em 2022. Em quarenta anos, o Brasil enfrentou nada menos do que dez recessões!

Perdemos o bonde da história no mesmo período em que a China se afirmou como a segunda economia do mundo e a Coreia deu um salto extraordinário por meio de fortes investimentos na educação básica, na inovação tecnológica e na integração com o mercado mundial por meio da exportação de bens de alto valor agregado.

A imagem do Brasil hoje não é a do Cristo Redentor decolando para o espaço, tal qual a ilustração da revista The Economist, de 2009. Quatro anos depois, a mesma revista deu uma capa com a pergunta “O Brasil estragou tudo?”. Nossa imagem passou a ser a de um gigante que encolheu.

Por trás desse encolhimento há razões históricas, como a profunda desigualdade social – uma herança que vem dos tempos do escravismo -, e nosso atraso educacional, consequência de um sistema excludente de quase dois séculos. Apenas na última década do século Xx o Brasil iniciou suas reformas educacionais.

A base do nosso atraso está, contudo, no modelo que turbinou o desenvolvimento entre os anos 30 e 80, pautado na substituição de importações por meio de fechamento da economia, reserva de mercado, financiamento da industrialização via endividamento externo, subsídios e privilégios, e, sobretudo, de forte ativismo e presença do Estado na economia. O modelo nacional-desenvolvimentista criou uma indústria de base, mas seu parque produtivo teve baixíssima produtividade, voltando-se para o mercado interno, sem competitividade no mercado mundial.

Esse modelo esgotou-se com o advento da Terceira Revolução Industrial, responsável pelo advento da globalização. Ao contrário da Coreia do Sul e da China, o Brasil não conseguiu se inserir nas cadeias globais de forma competitiva, a exceção do agronegócio. Desindustrializou-se e ficou sem um projeto de nação, apesar das tentativas de abertura e modernização da sua economia, das quais o Plano Real foi um marco. Mas afundamos emrecidivas do nacional-desenvolvimentismo, como a “nova matriz econômica” dos últimos anos do governo Lula e no período Dilma Rousseff.

Não se trata de ter uma visão catastrofista dos 200 anos de nossa existência como nação independente. O Brasil ingressou no século XXI com uma população dez vezes maior e com uma economia cem vezes maior do que tínhamos no início do século anterior. E mesmo nos últimos quarenta anos houve avanços civilizatórios significativos, como redução da mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida, universalização do ensino básico, a construção do Sistema Único de Saúde e a consagração dos direitos sociais e políticos dos brasileiros em sua Constituição-cidadã.

Nosso país continua detentor dos mesmos ativos que levaram Stefan Zweig a se apaixonar por ele. Até hoje é impossível um visitante não ficar atraído pelo Brasil, como o diplomata austríaco Proskesch-Osten que nos definiu, em 1868: ”um país novo, um porto magnífico, um novo horizonte político, uma terra do futuro, um passado quase desconhecido e uma natureza esplêndida”.

Mas não podemos nos contentar a ser eternamente o país do futuro. É imperioso identificar as alavancas capazes de transformar o nosso presente, para, em sintonia com a nova onda tecnológica, alcançarmos o desenvolvimento sustentado e promovermos crescimento com equidade. Nosso desafio é ingressar no terceiro centenário com uma nova comunhão de destino entre os brasileiros, unidos em torno de um novo projeto nacional.

Jornal Metrópoles

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