Na terra da Jurema em Flor, eleição fora de época é marcada por indícios de uso da máquina pública e assédio a eleitores para favorecer candidatura do interino à prefeitura da cidade do norte baiano.
Domingo (29/04), em Jeremoabo, é início da noite quando chega um ônibus escolar financiado pelo governo federal unicamente para transporte de alunos da rede pública. Mas, longe dos olhos da lei, a cidade vive um faroeste das urnas, em que vale tudo para comandar a prefeitura pelos próximos dois anos e meio. Mesmo que seja usar em eventos eleitorais veículos exclusivos para estudantes.
O episódio, registrado um popular flagrou a caminhada do prefeito interino Antônio Chaves (PSD) compõe o balaio de ilegalidades que caracterizam o processo eleitoral de Jeremoabo. No município que um dia foi pujante na agricultura e na produção de leite contrasta com a dureza da vida de pequenos agricultores em seca, um popular viu, ouviu e flagrou cenas e depoimentos que revelam o uso da máquina pública para favorecer o grupo político liderado pelo ex-prefeito João Batista Melo de Carvalho e sua esposa, igualmente ex-prefeita, Anabel de Sá.
Para entender a escalada que transformou a cidade em terra de ninguém, é preciso voltar ao fim de 2016, quando a Justiça cancelou as eleições para prefeito. Como em quase todos os pequenos municípios do Brasil, o bolo do poder em Jeremoabo é dividido em duas fatias. De um lado, estava Derí do Paloma (PP) e Lula de Dalvinho. Do outro, Anabel de Tista, que disputou a reeleição eleições naquele ano pelo PSD. Embora respaldada por uma liminar, Bebela teve a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral.
Por efeito em cadeia, foram considerados nulos os votos dados a candidata do PSD. Quinhentos e poucos votos a mais que o rival do PP, Derí do Paloma. Contudo, o percentual invalidado pela Justiça superou 50% da votação total. Índice que, pela lei, exige a realização de eleições suplementares, marcadas para 3 de junho
É nesse ponto que começa a montagem de um esquema de utilização da máquina pública com finalidade de vencer o duelo travado entre o 11 e o 55, como se denominam os grupos envolvidos na disputa, em referência ao número dos partidos nas urnas.
Décimo no ranking dos treze vereadores eleitos em outubro de 2016, com 888 votos, Antônio Chaves (PSD), aliado de Tista e Anabel, conseguiu apoio para se tornar presidente da Câmara Municipal. Com a cidade sem prefeito, Chaves herdou o cargo até que se definisse o prazo para finalizar a eleição suplementar, na qual os mesmos candidatos de 2016 se lançaram às urnas, em um tipo de segundo tempo. Só que, dessa vez, é o time do 55 que manda no campo do jogo, com regras feitas ao arrepio da lei.
Imagens
É o que revela o vídeo gravado em 29 de abril de 2018, em que um ônibus escolar com a logomarca do governo federal chega ao local de um evento de campanha de Chaves. Obtido através do programa Caminho da Escola, o veículo é um dos que foram financiados pelo município com recursos do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE), exclusivamente para atender alunos da rede básica de ensino.
Menos em Jeremoabo. Dele, desembarcam eleitores e militantes de campanha, transportados para acompanhar a comício do 55. Essa imoralidade eleitoral é respaldada pelo senador da república Otto Alencar, presente no palanque oficial.
É noite e ninguém, especialmente o Ministério Público parece preocupado com o rosário de ilegalidades à vista de todos. Sem contar com as que ocorrem sob o silêncio das planícies de um cenário de faroeste eleitoral.
Nota da redação deste Blog - Espera-se que os advogados do PV juntamente com os advogados de DERI DO PALOMA, ingressem com uma AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. CONDUTA VEDADA. ART. 73 , INCISOS I E IV DA LEI N. 9.504 /97. ABUSO DE PODER ECONÔMICO E POLÍTICO. ART. 22 DA LC 64 /90.
Além de ser um ato ilícito, é o dinheiro do povo sendo usado de forma ilícita na aquisição de combustível, pagamentos extras ao motorista e depreciação do veículo oficial.