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domingo, julho 03, 2011

Um partido travesti

Sebastião Nery

Ramos de Freitas, delegado e arbitrário, entrou para a história de Pernambuco, nos anos 20, como o terror das minorias marginalizadas. Ladrões, prostitutas, gays, desempregados e vadios pobres sofriam horrores nas mãos calvinistas do Dr. Freitas.

Era um delegado Padilha de Recife. Quem não trabalhava, apanhava. Quem não tinha carteira profissional, xadrez. Saía pelas ruas, dia e noite, catando gente de arrastão. Uma tarde chegaram à delegacia, presos, dois travestis. Dr. Freitas mandou buscar a palmatória enorme, grossa como um filé mal-passado, para dar uma dúzia de bolos em cada um.

***
O DELEGADO

Chamou o primeiro:

- Seu nome?

- Valquíria.

- Você não tem vergonha?

- Vergonha eu tenho, doutor. Eu não tenho é gosto de mulher.

- Vocês dois trabalham? O que é que vocês são?

- Nós “semos” homossexual, Dr. Freitas.

- Nós “semos”, não. Nós somos.

- Perdão, doutor Freitas, eu não sabia que o senhor também era.

- O que, seu sem-vergonha? Duas dúzias de bolos em Valquíria.

***
ITAMARACÁ

Houve pancadaria em um baile de travestis no carnaval de Recife. Todo mundo preso. A delegacia ficou florida de remelexos, lantejoulas e paetês. O delegado Freitas foi fichando um a um e mandando embora:

- Seu nome?

- Greta Garbo.

- Seu nome?

- Marilyn Monroe.

- Seu nome?

- Lourdes.

- O que, seu sem vergonha? Lourdes é o nome de minha avó. Vai ficar seis meses na prisão de Itamaracá.

Seis meses depois, o delegado mandou buscar o Lourdes para soltar:

- Seu nome?

- Freitinhas.

- O quê, seu sem vergonha? Mais seis meses na prisão de Itamaracá.

***
ALKMIN

Na democracia, cada um vai para o partido que quer e ninguém tem nada com isso.Mas o partido tem que ter uma cara, um rosto, um programa.

Como bem diz o governador paulista Geraldo Alkmin, “partido é como religião. Não há religião sem fé, não há partido sem programa, sem idéias”.

A degenerescência das instituições nacionais está chegando a tal nível de desfaçatez publica que mais de 100 governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos, todos recém-eleitos na oposição, de repente resolvem sair de seus partidos para apoiar o governo. E não usam uma frase sequer para alegarem suas razões.

***
PSD

O “comprador-mor” dos tempos de Vila Rica no Brasil Colônia, que vinha de Portugal para fiscalizar a extração e compra do ouro, também não alegava nada. Pegava o ouro o carregava. O prefeito Kassab, de São Paulo, “comprador-mor” do novo partido, está tão seguro da insensibilidade moral do pais, que se sente dispensado de falar em qualquer programa:

- O partido não é de direita, nem de esquerda, nem de centro.

Deve ser de fundos. E ele sai pelo pais, de maleta na mão, como um mascate da política nacional, adquirindo gente com seu farnel partidário. A isso eles chamam de “novo partido”. Um partido travestido de partido.

***
O “FILÓSOFO”

Essa é mais uma invenção do pais das jaboticabas. Quando não sabe bem o que a pessoa é ou faz, a imprensa o chama de “filósofo”. Um “professor” gaúcho, também não sei de quê (advogado ou lobista?), diz esta semana nas “Paginas Amarelas” da “Veja” :

- “A tentativa de proibir a publicidade de cigarro, de bebida e de alimentos parece inofensiva, mas sem publicidade a imprensa se torna dependente do governo, o que compromete a liberdade de expressão”.

É uma dose cavalar de cinismo. O pais sabe, e sabe sobretudo a saúde publica, que o controle da propaganda de cigarro diminuiu em 30% o consumo e as doenças do fumo. Agora, quando se quer limitar a propaganda de bebida para jovens e crianças,como é nos países civilizados, vem uma anta magisterial e diz que “compromete a liberdade de expressão”

“Liberdade de expressão” de quem? De um faturador de câncer?

Fonte: Tribuna da Imprensa

A República proclamada por acaso

Carlos Chagas

O saudoso e incomparável Hélio Silva, dos maiores historiadores brasileiros, titulou um de seus múltiplos livros de “A República não viu o amanhecer”. Contou em detalhes, fruto de muita pesquisa, que a República foi proclamada por acaso. As lições daquele episódio não devem ser esquecidas. Vale lembrá-las com outras palavras e um pouquinho de adendos que a gente colhe com o passar do tempo, junto a outros historiadores e, em especial, pela leitura dos jornais da época.

Desde junho que o primeiro-ministro do Império era o Visconde de Ouro Preto. Vetusto, turrão, exprimia os estertores do chamado “poder civil” da época, muito mais poder do que civil, porque concentrado nas mãos da nobreza e dos barões do café, com limitadíssimas relações com o cidadão comum. O Brasil havia saído da Guerra do Paraguai com cicatrizes profundas, a começar pela dívida com a Inglaterra, mas com novos personagens no palco. O principal era o Exército, composto em maioria por cidadãos da classe média, com ênfase para os menos favorecidos. Escravos aos montes também haviam sido libertados para lutar nos pântanos e charcos paraguaios. Nobres lutaram, como Caxias e Osório, mas a maioria era composta daquilo que se formava como o brasileiro médio.

Ouro Preto, como a maior parte da nobreza, ressentia-se daqueles patrícios fardados que começavam a opinar e a participar da vida política. Haviam sido peça fundamental na abolição da escravatura, em 1888. Assim, com o Imperador já pouco interessado no futuro, o governo imperial tratou de limitar os militares. Foram proibidos de manifestações políticas, humilhados e punidos, como Sena Madureira e tantos outros.

Havia, nos quartéis e em certos círculos políticos, um anseio por mudanças. Até o Partido Republicano tinha sido criado no Rio e depois em São Paulo, mas seus integrantes estavam unidos por um denominador comum: República, só depois que o “velho” morresse, pois era queridíssimo pela população. E quem passaria a mandar no Brasil seria um estrangeiro, o Conde d’Eu, francês, marido da sucessora, a princesa Isabel.

Cogitava, aquele poder civil elitista, de dissolver o Exército, restabelecendo o primado da Guarda Nacional, onde os coronéis e altos oficiais careciam de formação militar. Eram fazendeiros, em maioria. Os boatos ganhavam a rua do Ouvidor, no Rio, onde localizavam-se as redações de jornal.

Na tarde de 14 de novembro movimentam-se um regimento e dois batalhões sediados em São Cristóvão. Com canhões e alguma metralha, ocupam o Campo de Santana, defronte ao prédio onde se localizava o ministério da Guerra, na região da hoje Central do Brasil. Declararam-se rebelados e exigiam a substituição do primeiro-ministro, que lá se encontrava com seus companheiros. Comandados por majores, estava criado o impasse: não tinham como invadir o prédio, por falta de um chefe de prestígio, mas não podiam ser expulsos, já que as tropas imperiais postadas nos fundos do ministério não se dispunham a atacá-los.

O Secretário-Geral do ministério da Guerra era o marechal Floriano Peixoto, que quando exortado por Ouro Preto a investir à baioneta contra os revoltosos, pois no Paraguai haviam praticado feitos muito mais heróicos, saiu-se com frase que ficou para a História: “Mas no Paraguai, senhor primeiro-ministro, lutávamos contra paraguaios…”

Madrugada do dia 15 e os majores, acampados com a tropa revoltada, lembram-se de que ali perto, numa casinha modesta, morava o marechal Deodoro da Fonseca, há meses perseguido pelo governo imperial, sem comissão e doente. Dias atrás o próprio Deodoro recebera um grupo de republicanos, com Benjamim Constant, Aristides Lobo e outros, aos quais repetira que não contassem com ele para derrubar o Imperador, seu amigo.�

Acordado, Deodoro ouve que dali a poucas horas Ouro Preto assinaria decreto dissolvendo o Exército. Não era verdade, mas irrita-se, veste a farda e dispõe-se a liderar a tropa. Não consegue montar a cavalo, tão fraco estava. Entra numa carruagem e acaba no pátio fronteiriço ao ministério da Guerra. Lá, monta um cavalo baio e invade o prédio, com os soldados ao lado, todos gritando “Viva Deodoro! Viva Deodoro!” Saudando-os com o agitar o boné na mão direita, grita “Viva o Imperador! Viva o Imperador!”. Apeia e sobe as escadarias, para considerar Ouro Preto deposto. Repete diversas vezes:

“Nós que nos sacrificamos nos pântanos do Paraguai rejeitamos a dissolução do Exército.” Estava com febre de 40 graus. O Visconde, corajoso e cruel, retruca que “maior sacrifício estava fazendo ele ouvindo as baboseiras de Vossa Excelência!” Foi o limite para Deodoro dizer que estava todo mundo preso.

O marechal já ia voltando, o sol ainda não tinha nascido e os republicanos, a seu lado, insistem para que aproveite a oportunidade e determine o fim do Império. Ele reluta. Benjamin Constant lembra que se a República fosse proclamada naquela hora, seria governada por um ditador. E o ditador seria ele, Deodoro. Conta a lenda que os olhos do velho militar se arregalaram, a febre passou e ele desceu ao andar térreo, onde montou outra vez o cavalo baio. A tropa recrudesceu com o “Viva Deodoro! Viva Deodoro!” e ele agradeceu com os gritos de “Viva a República! Viva a República!”

Não havia populares nas proximidades, muito menos operários. Aristides Lobo escreverá depois em suas memórias que “o povo assistiu bestificado a proclamação da República.”

Preso no Paço da Quinta da Boa Vista, com a família, o Imperador teve 48 horas para deixar o Brasil. Deodoro quis votar uma dotação orçamentária para que subsistissem no exílio. D. Pedro II recusou, levando apenas pertences pessoais. A República estava proclamada.

A História do Brasil é feita de episódios como esse…

Fonte: Tribuna da Imprensa

Adeus a Itamar Franco, exemplo e emblema para a história

Pedro do Coutto

De repente no último verão, para recorrer a um título de Tennessee Williams, depois de mais uma vitoria nas urnas, o senador Itamar Franco descobriu que a leucemia o estava torpemente apunhalando. Lutou com bravura, como sempre fez ao longo de sua bela vida política, mas não pode resistir a essa cilada do destino. Morreu no alvorecer de sábado, deixando para a história do Brasil um exemplo raro de integridade absoluta, sobretudo nos dias de hoje quando se torna pouco nítida a linha que separa os interesses públicos de objetivos particulares, e um emblema eterno de espírito público.

Apresentado a ele por nosso grande amigo comum, o saudoso José Aparecido de Oliveira, durante um almoço em sua casa, percebi logo seu caráter. Um homem honesto, sobrevivente de uma espécie de políticos do passado que me parece em processo de extinção. Os fatos concretos que estão aí comprovam minha afirmativa.

Era um sábado. Ele estava assumindo interinamente a presidência da República numa viagem ao exterior de Fernando Collor. Um ano depois, assumiria em definitivo o Palácio do Planalto, consequência do desabamento interior do titular eleito em 89.

Teve visão. Assumiu em momento de crise aguda, dignificou o posto, dignificando-se a si mesmo e resgatando espaços decisivos da ética e da moral pública. Foi o autor da emenda constitucional 33/1993 que criou a CPMF, cuja receita para a Saúde seria dividida com os bancos a partir de 95 para assegurar o pagamento dos juros para rolar a dívida interna.

Dívida interna? Itamar a deixou na escala de 62 bilhões de reais.
Itamar tornar-se-ia também – ele sim, e não Sarney (art. Folha de São Paulo de 02/07) – o verdadeiro autor e responsável pela elaboração e pelo lançamento político do Plano Real, que mudou para melhor a face da economia brasileira. Não só da economia, mas da sociedade brasileira.

Estava esquecendo de dizer, mas preencho a lacuna: FHC recebeu a dívida interna em 62 bilhões e multiplicou por onze vezes aos juros de 26%. Um desastre. Itamar empenhou-se a fundo em sua vitória sobre Lula. Não fosse seu apoio, FHC dificilmente chegaria ao poder. Reeleito então com seu próprio esforço, nele FHC permaneceu por oito anos.

Na alvorada de 2002, outra atuação decisiva de Itamar Franco, então governador de Minas, para a vitória de Lula. Abriu mão da reeleição em favor de Aécio Neves, que se elegeu por larga margem de votos. Com isso, Itamar não só forneceu a Lula 50% dos votos mineiros, como – detalhe essencial – imobilizou o próprio Aécio, indiretamente impedindo que pudesse apoiar José Serra, seu companheiro do PSDB na época. Hoje Serra e Aécio encontram-se em pólos opostos na estrada da oposição a Dilma Roussef. Mas este é outro problema.

No adeus a Itamar, tenho certeza de que, nesta altura, ele já se encontrou com José Aparecido e Juscelino na eternidade. Viajou para o céu numa nuvem de honestidade, de integridade de compromisso social. Não fossem tais características, não teria sido responsável pela indicação do engenheiro José Pedro Rodrigues para presidir Furnas no primeiro mandato do presidente Lula.

No momento em que Itamar parte e segue seu destino, escrevo este artigo convencido de sua grande dimensão política. Ele mudou a rota do país quando este parecia que ia mergulhar numa catástrofe e num abismo sem volta.

A Nação deve isso a ele.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Adeus a Itamar Franco, exemplo e emblema para a história

Pedro do Coutto

De repente no último verão, para recorrer a um título de Tennessee Williams, depois de mais uma vitoria nas urnas, o senador Itamar Franco descobriu que a leucemia o estava torpemente apunhalando. Lutou com bravura, como sempre fez ao longo de sua bela vida política, mas não pode resistir a essa cilada do destino. Morreu no alvorecer de sábado, deixando para a história do Brasil um exemplo raro de integridade absoluta, sobretudo nos dias de hoje quando se torna pouco nítida a linha que separa os interesses públicos de objetivos particulares, e um emblema eterno de espírito público.

Apresentado a ele por nosso grande amigo comum, o saudoso José Aparecido de Oliveira, durante um almoço em sua casa, percebi logo seu caráter. Um homem honesto, sobrevivente de uma espécie de políticos do passado que me parece em processo de extinção. Os fatos concretos que estão aí comprovam minha afirmativa.

Era um sábado. Ele estava assumindo interinamente a presidência da República numa viagem ao exterior de Fernando Collor. Um ano depois, assumiria em definitivo o Palácio do Planalto, consequência do desabamento interior do titular eleito em 89.

Teve visão. Assumiu em momento de crise aguda, dignificou o posto, dignificando-se a si mesmo e resgatando espaços decisivos da ética e da moral pública. Foi o autor da emenda constitucional 33/1993 que criou a CPMF, cuja receita para a Saúde seria dividida com os bancos a partir de 95 para assegurar o pagamento dos juros para rolar a dívida interna.

Dívida interna? Itamar a deixou na escala de 62 bilhões de reais.
Itamar tornar-se-ia também – ele sim, e não Sarney (art. Folha de São Paulo de 02/07) – o verdadeiro autor e responsável pela elaboração e pelo lançamento político do Plano Real, que mudou para melhor a face da economia brasileira. Não só da economia, mas da sociedade brasileira.

Estava esquecendo de dizer, mas preencho a lacuna: FHC recebeu a dívida interna em 62 bilhões e multiplicou por onze vezes aos juros de 26%. Um desastre. Itamar empenhou-se a fundo em sua vitória sobre Lula. Não fosse seu apoio, FHC dificilmente chegaria ao poder. Reeleito então com seu próprio esforço, nele FHC permaneceu por oito anos.

Na alvorada de 2002, outra atuação decisiva de Itamar Franco, então governador de Minas, para a vitória de Lula. Abriu mão da reeleição em favor de Aécio Neves, que se elegeu por larga margem de votos. Com isso, Itamar não só forneceu a Lula 50% dos votos mineiros, como – detalhe essencial – imobilizou o próprio Aécio, indiretamente impedindo que pudesse apoiar José Serra, seu companheiro do PSDB na época. Hoje Serra e Aécio encontram-se em pólos opostos na estrada da oposição a Dilma Roussef. Mas este é outro problema.

No adeus a Itamar, tenho certeza de que, nesta altura, ele já se encontrou com José Aparecido e Juscelino na eternidade. Viajou para o céu numa nuvem de honestidade, de integridade de compromisso social. Não fossem tais características, não teria sido responsável pela indicação do engenheiro José Pedro Rodrigues para presidir Furnas no primeiro mandato do presidente Lula.

No momento em que Itamar parte e segue seu destino, escrevo este artigo convencido de sua grande dimensão política. Ele mudou a rota do país quando este parecia que ia mergulhar numa catástrofe e num abismo sem volta.

A Nação deve isso a ele.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Na quadrilha montada por Cabral para roubar o Estado, um destaque especial para Sergio Côrtes, o secretário de Saúde, que Dilma quase nomeou ministro.

Carlos Newton

É impressionante o volume de denúncias que chegam à Tribuna pela internet, contra o governador Sergio Cabral e a quadrilha que ele instalou na administração do Estado do Rio de Janeiro. O mais notável é que as denúncias vêm acompanhadas de reproduções de documentos oficiais, como escrituras públicas, carnês de IPTU, publicações em Diário Oficial e tudo o mais.

Essa reação da sociedade é altamente positiva, porque demonstra que a união dos cidadãos cria uma extraordinária força complementar, que pode até atingir importância superior à da atuação dos Ministérios Públicos, dos Tribunais de Contas, das Comissões Parlamentares de Inquérito e da própria Justiça, como um todo.

No caso das aberrações registradas no governo do Estado do Rio de Janeiro, a internet na verdade está passando por uma espécie de teste de força, porque não se pode confiar plenamente nas outras instituições que deveriam agir em nome do interesse público.

Como se sabe, o Tribunal de Contas do Estado está contaminado pela nomeação de políticos de currículo péssimo e caráter idem. O Ministério Público também tem envolvimento direto com o Executivo. E a Assembléia Legislativa do Rio vive seu pior momento, com uma bancada de oposição formada por apenas 11 deputados (em 70).

Portanto, para organizar de imediato uma movimentação de repúdio aos desmandos de Sergio Cabral na administração do Estado do Rio de Janeiro, só restou a internet, que felizmente já se tornou no Brasil uma arma política de grande alcance, cuja importância só tende a aumentar progressiva e velozmente, através da chamada democratização da banda larga.

Paradoxalmente, Sergio Cabral ainda pensa que poderá escapar ileso dessa situação. A desculpa da inexistência de um Código de Conduta, sugerida após dias e dias de incessantes reuniões da cúpula do governo, demonstra uma desfaçatez realmente inacreditável. Ao usar essa desculpa inconcebível, na verdade, Cabral simplesmente confessou sua “má conduta” e agora quer criar um Código especial para que nossos governantes possam saber o que é certo ou errado, 2.500 anos depois da instituição da democracia na Grécia.

Então, alguém realmente acredita que seja preciso criar um Código para que o governador enfim saiba até onde pode ir sua intimidade com um empresário? Nosso dedicado governador vai mesmo pesquisar “nos outros estados, no Brasil e no mundo”, para aprender a se portar como um homem público? Será que ouvimos bem?

Na realidade, trata-se de um governante que “adora Direito Comparado”, mas não sabe o que é certo e o que é errado. E agora, quando já está no segundo mandato como governador, subitamente ele decidiu discutir “regras sobre o assunto” com o secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, como se todos fossem engolir essa cortina de fumaça.

Cabral julga que Fichtner, por ser procurador de carreira, conseguirá convencer seus colegas do Ministério Público Estadual a não abrirem o inquérito contra o governador, como base nas denúncias publicadas pela imprensa. O procurador-geral, Claudio Lopes, fez sua obrigação, enviando ao governador, na última quarta-feira, um pedido de explicações sobre seu relacionamento íntimo com diversos empresários e também sobre a bilionária e inexplicável renúncia fiscal beneficiando até “empresários” de termas, que a vox populi chama diretamente de puteiros.

Como o MP lhe concedeu 30 dias para se explicar, Cabral espera que o tempo corra a seu favor e até lá o escândalo já tenha sido superado. Aposta também que, nesse intervalo, as conversações de seu chefe da Casa Civil, Regis Fichtner, já tenham surtido efeito, abortando a abertura da investigação da Procuradoria sobre o enriquecimento ilícito de Cabral e suas ligações íntimas com empresários de grande envergadura.

A abertura desse inquérito seria o primeiro passo para uma ação civil pública por atos de improbidade administrativa, a ser dirigida contra o governador e os beneficiários diretos dos seus favores ilícitos (empresários Arthur Cesar e Fernando Cavendish, o secretário de Saúde Sergio Cortes e muitos outros), pela configuração, em tese, de diversos crimes, principalmente tráfico de influência e corrupção.

O que o governador não está levando em conta, nessa equação, é a importante variável da internet, que continua a despejar e fazer circular cada vez mais denúncias e documentos contra a quadrilha de Cabral, demonstrando que, certamente devido à falta desse tal Código de Ética, ele não somente ainda não sabe distinguir o que é interesse público e privado, com também costuma misturar suas relações na vida pública e na privada.

Do farto material que circula na internet contra Cabral, o mais impressionante, não há dúvida, são as denúncias contra o secretário de Saúde, Sergio Côrtes, seu vizinho no luxuoso Condomínio Portobello, em Mangaratiba. E pensar que Cabral quase conseguiu que a presidente Dilma Rousseff nomeasse Sergio Côrtes para o Ministério da Saúde. Que sorte que ela deu.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Eleitores de duas cidades paranaenses voltam às urnas neste domingo

Eleitores de dois municípios paranaenses, Kaloré e Bituruna, vão para escolher os novos prefeitos

02/07/2011 | 11:08 | Ismael de Freitas, especial para a Gazeta do Povo, e Marcus Ayres, da Gazeta Maringá

Eleitores de dois municípios paranaenses –Kaloré (Centro Norte) e Bituruna (Centro Sul) – voltam às urnas neste domingo (3) para escolher os novos prefeitos. O município de Kaloré, a 70 quilômetros de Maringá, vai trocar de prefeito pela quinta vez em um ano. A disputa entre o ex-presidente da Câmara André Pereira (PT) e o candidato derrotado nas últimas eleições, Edmilson Stencil (PDT), é apenas mais um capítulo de uma extensa novela que começou após a corrida eleitoral de 2004. O prefeito eleito naquele ano, Eleomil Fuzetti (na época filiado ao PL), foi afastado do cargo pelo TRE, acusado de ter usado dinheiro público na realização de um rodeio às vésperas da eleição.

Quem assumiu o cargo foi o segundo colocado naquele pleito, Adinan Canelo (PMDB), que em 2008 venceu as eleições. No entanto, ele e o vice Mauro Lebegaline (PT) foram cassados em 2010, acusados de irregularidades na contratação de funcionários.

No lugar de Canelo, assumiu o candidato derrotado em 2008, Edmilson Stencil, que ficou no cargo por dez dias. Com uma liminar, Adinan Canelo voltou ao comando da prefeitura, até perder o cargo definitivamente, em dezembro de 2010, por decisão da Justiça Eleitoral.

Depois disso, quem assumiu o Executivo foi o atual candidato André Pereira, que presidiu o Legislativo no ano passado. Hoje, a prefeitura vem sendo conduzida interinamente pelo atual presidente da Câmara, Osni Aparecido da Silva (PT).

As novas eleições deveriam ter ocorrido em 1.º de maio deste ano, mas o diretório municipal do PT entrou com um mandado de segurança contra a resolução do TRE-PR que fixou eleição direta, por meio dos votos dos eleitores. O partido alegava que a convocação de eleição direta contraria o artigo 81 da Constituição Federal e o artigo 45 da Lei Orgânica de Kaloré. Segundo o diretório, seria obrigatória a eleição indireta, com a escolha do novo prefeito pela Câmara de Vereadores, sempre que o pleito for realizado no segundo biênio do mandato.
O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Marco Aurélio chegou a suspender o pleito até o julgamento do mérito do mandado, que ocorreu no dia 16 de junho. A liminar foi revogada e a eleição marcada para este domingo. Kaloré conta com cerca de 3,6 mil eleitores.

Bituruna

Em Bituruna, 12 mil eleitores devem comparecer novamente às urnas para escolher seu novo prefeito, numa eleição que vai custar R$ 49,8 mil aos cofres públicos. Isso porque o prefeito Remi Ranssolin (PTB) e seu vice Carlos Roberto de Oliveira Silveira, tiveram seus diplomas cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) em 17 de março deste ano.

Além disso, as contas prestadas pelo prefeito em 2008, correspondentes ao período de 2000 a 2004, receberam parecer irregular do Tribunal de Contas do Paraná (TCE) e a Câmara de Vereadores acatou a avaliação, cassando seu mandato. Desde então, o presidente da Câmara de Vereadores de Bituruna, Eduardo Conrado (PP), está no comando da cidade.

Agora, o vice de Ranssolin, conhecido com Robertinho (PPS), disputa novamente a eleição contra Rodrigo Rossoni (PSDB) e Vilmar Isoton (PMDB). No entanto, pela movimentação nos comitês e pela propaganda distribuída na cidade, a eleição parece estar polarizada entre Robertinho e Rodrigo.

O curioso é que os dois candidatos são parentes. Robertinho é casado com a irmã de Valdir Rossoni, presidente da Asssembleia Legislativa do Paraná, e é tio de Rodrigo, seu principal adversário nas urnas neste domingo. Todos faziam parte de um mesmo grupo político até as convenções que definiram os nomes que concorreriam nesta eleição.

Segundo Robertinho, isso aconteceu porque o presidente da Assembleia impôs a candidatura do filho. Já Rodrigo explica que não imaginava ser candidato, mas que o fez porque muitas lideranças da cidade, incluindo todos os ex-prefeitos, com exceção de Ranssolin, pediram para que ele se candidatasse.

Fonte: Gazeta do Povo

Presos 11 suspeitos de roubar caixas eletrônicos, três são policiais

Entre os presos estão policiais militares e civis. A quadrilha seria especializada em usar maçaricos para arrombar as agências

02/07/2011 | 16:12 | Gazeta do Povo

Uma operação da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba resultou na prisão de 11 pessoas suspeitas de integrarem uma quadrilha que praticava assaltos a caixas eletrônicos. A ação foi realizada na madrugada deste sábado (2). Entre os detidos estão um policial civil e dois policiais militares.

De acordo com a investigação, a quadrilha usava maçaricos para arrombar os caixas eletrônicos na capital e na região metropolitana. Parte do grupo, entre eles os policias, foram presos no município de Palmeira, nos Campos Gerais.

A quadrilha se preparava, segundo a polícia, para arrombar uma agência do Banco do Brasil na cidade. Os policiais foram acionados e houve troca de tiros com os bandidos. Três suspeitos ficaram feridos e foram encaminhados para o hospital.

A polícia encontrou com o grupo grande quantidade de equipamentos que seria usada para os roubos, tais como maçaricos e botijões de gás. Foram apreendidos ainda dois carros e duas armas.

O delegado Guilherme Rangel, da Delegacia de Furtos e Roubos, disse que outras informações sobre a operação serão divulgadas na segunda-feira (4).

Fonte: Gazeta do Povo

Economia

Domingo, 03/07/2011

Fábio Dias / Gazeta do Povo

Fábio Dias / Gazeta do Povo / A crise de crédito interrompeu a expansão da indústria de álcool. Depois de dobrar entre 2003 e 2008, a produção quase não cresceu desde então A crise de crédito interrompeu a expansão da indústria de álcool. Depois de dobrar entre 2003 e 2008, a produção quase não cresceu desde então
Projeções

Falta de investimentos mantém preços acima da média histórica

Estável desde 2008, produção de etanol não acompanha crescimento da frota de carros flex – situação que inflaciona também a gasolina

Publicado em 03/07/2011 | Fernando Jasper

Desde o surgimento dos carros flex, em 2003, o brasileiro se acostumou a pagar mais caro pelos combustíveis durante o verão e, nos meses seguintes, ver os preços caírem conforme o avanço da colheita da cana-de-açúcar. Mas, desta vez, o característico recuo das cotações após o início da produção de álcool não foi tão grande assim, deixando os preços “de inverno” – geralmente os menores do ano – em níveis bem acima da média histórica. Na comparação com os valores médios cobrados pelos postos de Curitiba em junho de 2010, por exemplo, o etanol está 33% mais caro e a gasolina, 11%. E a situação não parece ser momentânea.

O problema tem origem na estagnação da produção de etanol, que, a partir da crise financeira mundial, em 2008, não conseguiu mais acompanhar o aumento da frota de veículos bicombustíveis. Esse descompasso entre oferta e demanda eleva não apenas o preço do álcool, mas também o da gasolina, de duas formas: além de o derivado de petróleo levar 25% de etanol em sua composição, a inflação do combustível de cana também estimula donos de carros flex a “migrar” para a gasolina, que, mais procurada, é reajustada por distribuidoras e postos – muito embora esteja “congelada” nas refinarias da Petrobras há vários anos.

Restrição

Oferta de álcool abastece menos de 50% da frota flex, diz Unica

A produção de etanol da safra de cana que está sendo colhida deve somar 25,5 bilhões de litros, volume apenas 0,5% superior ao da safra anterior, segundo previsão da Unica. Esse volume, de acordo com a associação, é suficiente para abastecer apenas 45% da frota de carros flex – no ano passado, o setor diz ter atendido a 50% da frota. Mantido o atual ritmo de expansão da oferta e da demanda, estima a Unica, esses porcentuais tendem a cair ainda mais, chegando a 37% em 2020.

Para garantir o abastecimento nos próximos anos, o setor precisa urgentemente renovar os canaviais, substituindo plantas antigas por novas, avalia o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues. Nesta safra, a idade média do canavial é de quatro anos, contra 3,7 anos no ciclo passado.

“Uma lavoura estabilizada é composta por 60% de cana nova e mais produtiva e por 40% de cana envelhecida, acima de quatro cortes. Para a safra atual, esse cenário está invertido, e o impacto negativo desse envelhecimento do canavial sobre a produtividade é expressivo”, disse Rodrigues em entrevista coletiva no início da colheita, há três meses. (FJ)

Queda das exportações garantiu o abastecimento

Endividada e abalada pela crise global, que secou o crédito para novos investimentos – e, em alguns casos, até para capital de giro –, a indústria sucroalcooleira interrompeu em 2008 um vigoroso movimento de expansão. O patamar a que os preços chegaram agora é, em grande parte, efeito retardado da crise; eles só não dispararam antes porque as exportações do produto caíram justamente a partir de 2008, o que deu um respiro à oferta no mercado interno.

Leia a matéria completa

Governo evita alta mais forte da gasolina

O cenário para os preços da gasolina indica que, se o combustível não tende a subir muito além dos níveis que alcançou recentemente, também não tem muitos motivos para cair. Na verdade, a gasolina só ficará mais barata por consequência de eventuais quedas do álcool; se seguisse estritamente a lógica de mercado, o derivado do petróleo já estaria bem mais caro.

Leia a matéria completa

As projeções sugerem que, pelo menos nos próximos dois ou três anos, o consumidor terá de se habituar a uma realidade na qual os preços de etanol e gasolina serão maiores que os vistos até 2010 e a diferença entre as cotações dos dois combustíveis, mais estreita. Com isso, a vantagem competitiva do álcool sobre a gasolina não será mais tão grande, nem mesmo durante o auge da safra de cana, como ocorre agora.

Inflação

Embora os preços dos dois combustíveis tenham baixado consideravelmente desde abril, quando atingiram picos históricos, eles continuam bem acima dos níveis de antes da entressafra. E desbancam, com sobras, os valores praticados nesta mesma época em anos anteriores (veja gráfico nesta página).

O preço médio do álcool, que nos meses de junho raramente se aproximava de R$ 1,50 por litro, agora passa de R$ 1,70. E o litro da gasolina, normalmente situado na casa dos R$ 2,30 ou R$ 2,40 em meados do ano, agora sai por R$ 2,61, segundo os levantamentos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio­combustíveis (ANP).

Os valores que o consumidor observa nas bombas refletem a disparada do álcool nas usinas. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o custo do etanol hidratado está quase 60% mais alto que há um ano. No mesmo intervalo, o anidro, que é misturado à gasolina, subiu cerca de 50%.

Déficit estrutural

“Excluindo as sazonalidades, o atual patamar de preços, da gasolina e do etanol, é um novo patamar, e veio para ficar. Não há motivo para esperar menos. Não vejo cenário de queda relevante no médio e no longo prazo”, diz Marco Saravalle, analista da corretora Coinvalores. O economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, tem opinião semelhante. Segundo ele, o nível alcançado pelos preços não tem nada de ocasional. “Este patamar é estrutural, e vamos ter de nos acostumar a ele por alguns anos”, prevê.

A própria União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), representante máxima do setor, admitiu em várias ocasiões neste ano que existe um “déficit estrutural na oferta de cana”, que só começará a ser revertido quando houver um “novo ciclo de investimentos na produção” – não só na renovação dos canaviais mais antigos, que ficam menos produtivos a cada safra, mas também na ampliação do cultivo e na construção de novas usinas.

Pacote

O governo estuda oferecer incentivos para a expansão da produção – espera-se para o segundo semestre um pacote de crédito e novas regras para o setor –, mas os efeitos não serão imediatos, prevê Pessoa, da LCA. “Estímulos seriam bem-vindos. Mas não é de uma hora para outra que o setor vai retomar o crescimento rápido. Montar um canavial e uma usina é um processo de uns dois anos.”
fonte: Gazeta do Povo

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Lei da prisão em flagrante divide especialistas

Josmar Jozino e Folha de S.Paulo

A mudança no Código de Processo Penal que, a partir de amanhã, restringirá prisões em flagrante ainda divide a opinião de especialistas.

Pela nova regra, autores de crimes punidos com até quatro anos de reclusão, como furto, receptação, porte de arma, homicídio culposo (sem intenção), lesão corporal e formação de quadrilha poderão pagar fiança e responder ao processo em liberdade, sem ter a prisão preventiva decretada. A lei também prevê a imposição de medidas cautelares no lugar da prisão.

O desembargador Fausto de Sanctis classificou a alteração de "desnecessária". Para ele, a mudança significa também tirar do juiz a possibilidade de analisar as particularidades de cada caso.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora neste domingo,

Justiça dá mais atrasados em revisão por invalidez

Luciana Lazarini
do Agora

A Justiça Federal do Paraná aumentou os atrasados de um segurado do INSS que tem direito à revisão da aposentadoria por invalidez concedida entre 2001 e 2009.

Os atrasados são a bolada paga aos segurados pela correção dos benefícios de anos anteriores ao pedido da ação. Tradicionalmente, são levados em conta os cinco anos antes de a Justiça ser acionada.

Porém, na decisão da Justiça, foi entendido que esse prazo pode ser maior porque o INSS reconheceu, por meio de um memorando de 15 de abril de 2010, o direito à revisão de todos esses segurados.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora neste sábado,

sábado, julho 02, 2011

Infelizmente esta é a realidade de Jeremoabo, tudo só termina em ruinas

As ruinas da Caritá do Barão

Fazenda Caritá - Barão de Jeremoabo. - Foto de Biu Vicente

Fazenda Caritá - Barão de Jeremoabo. - Foto de Biu Vicente

Em minhas andanças pelo Brasil algo que me trouxe uma profunda emoção foi olhar o enorme lago onde está sepultado o que restara da cidadela criada por Antonio Vicente Maciel e os seus seguidores que o chamavam de Conselheiro. Aquela imensidão de água, estancando a passagem do Rio São Francisco, era a vitória definitiva sobre o sonho louco de quem se pusera em confronto com gente muito poderosa. Mas, ali, perto daquelas águas que esconderam a “Velha Canudos” foi erguido um monumento, uma enorme estátua do Conselheiro que, lá de cima, olha sobranceiro, vitorioso sobre os seus vencedores.

Mas, surpresa maior eu tive na visita que, em Jeremoabo, à Fazenda Caritá, local de nascimento de Cícero Dantas Martins, que é mais conhecido como Barão de Jeremoabo, uma das ilustres personalidades da Bahia imperial e das primeiras décadas da República. O Barão de Jeremoabo foi proprietário de imensos territórios que herdou de seu pai, administrador das terras da Casa da Torre, e fez crescer graças às suas habilidades de comerciante e empresário inovador. Ele inaugura o período das usinas de açúcar, em uma de suas fazendas. Nos dias atuais seus descendentes continuam atuando e influenciando os destinos da Bahia e do Brasil.

Barão de Jeremoabo - Wikpédia

Barão de Jeremoabo - Wikpédia

Morto em 1903, o Barão tem notoriedade nos livros de História por sua participação na fase inicial da Guerra do Fim do Mundo, a Guerra de Canudos. Recente publicação das Cartas do Barão – homem de letras, estudos e comércio – se diz que Cícero Dantas Martins tentou convencer a Antonio Conselheiro desistir de seus projetos em organizar um povoado. O Barão teria auxiliado a idéia da organização da primeira tropa que acometeu os Conselheiristas. Claro que a atuação de um “desorganizador” da mão de obra na região criou instabilidade na Bahia dos latifúndios e na República dos Coronéis da “Guarda Nacional”, instituição que deveria ser extinta com a República, mas que se manteve no imaginário e cotidiano dos mais pobres. A surpresa que tive, entretanto é que nessa terra que nada guarda, nada conserva de sua história, também está deixando ser destruída o conjunto que forma a Fazenda Caritá: 3 casas de moradores, a Casa Grande e sua cozinha externa (com um dos primeiros serviços de água aquecida para o banho), o engenho de tração animal e a casa de banhos da família. Tudo isso está sendo reduzido a cinzas sob a proteção do INCRA e o silêncio do IPHAN. Esse conjunto nem mesmo está tombado pelo Patrimônio Histórico, ele está tombando.

Engenho de Tração Animal na Fazenda Caritá - foto de Biu Vicente

Engenho de Tração Animal na Fazenda Caritá - foto de Biu Vicente

É fácil entender que uma república de latifundiários não queira mostrar as ruínas das vidas arruinadas dos trabalhadores rurais, por isso Canudos está sob as águas de uma barragem, mas será que essa república se envergonha dos latifundiários do passado, e quer esconder no esquecimento os que destruíram Canudos para construir o Brasil de Hoje? Nós queremos nossa História. O INCRA não tem o direito de deixar virar cinzas um dos conjuntos arquitetônicos e residencial que explicam a nossa história. O IPHAN tem que ser acionado.

Sagrado e profano na Santa Cruz do Vaqueiro.

Capela do Morro da Cruz do Vaqueiro

Capela do Morro da Cruz do Vaqueiro, Jeremoabo, BA

Ao longo do processo de formação do Brasil, a distância existente entre o cotidiano do homem comum e as instituições de comando sempre foi acentuada, sendo-as de repressoras ou controladoras do comportamento. Claro que as distâncias não impediam que os valores desejáveis pela convivência social terminassem por alcançar todos os estratos sociais, embora não da maneira que inicialmente esperada pelos grupos de dominância social. A aceitação do sofrimento, quase como marca das sociedades de tradições ibérias, é um desses valores assumidos pelos grupos “menos favorecidos”, como se dizia antigamente. Assim é que a veneração do Senhor Morto, morto após intenso sofrimento e abandono, que ocorre desde o final da Sexta Feira Santa, parece ter-se tornado uma marca da religiosidade popular no Brasil.

Em tempos de maior uniformidade religiosa, como nos tempos de domínio português, ou mesmo mais recentemente até à “romanização” promovida pelas reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II, as ruas das principais cidades eram tomadas por tais manifestações externas de fé. Ainda hoje as procissões podem ser encontradas em algumas cidades que mantém essa tradição, algumas antigas capitais. É verdade que se uma pesquisa for realizada podem vir a ser encontrados, ainda, sentimentos de manutenção da tradição, mas com pouco embasamento religioso ou teológico por parte de seus seguidores. Entretanto, ali também se perceberá que tais tradições estão relacionadas com a aceitação, quase fatal, do sofrimento.

A procissão do Senhor Morto sempre foi organizada por uma Irmandade ou Confraria leiga, entretanto nela sempre esteve presente o padre, as orações foram institucionalizadas. Vindas do povo, muitas devoções tornaram-se parte da tradição da instituição. É sempre assim. Mas às vezes, o que começa como uma iniciativa de alguma forma de poder acaba por ser assumido pelo povo, de tal maneira que já não se pode mais dele separar. Pois imagine se é possível por termo a instituições, a tradições pequenas que saem quase do nada, sem história documental para lhe dar veracidade? Claro que pode ser enfraquecida, mas não demolida em pouco tempo e, como sabemos, o tempo corre favorável às tradições.

Morro da Santa Cruz, Jeremoabo, BA

Morro da Santa Cruz, Jeremoabo, BA

Neste final de semana subi o Morro da Santa Cruz do Vaqueiro, no município de Jeremoabo. BA. Começamos a subida depois das oito horas da manhã da Sexta Feira Santa e já encontrávamos no retorno aqueles que subiram o morro durante a madrugada. É uma penitência feita em torno do morte de um vaqueiro que, seguindo uma rês durante a noite, caiu em precipício de mais de trezentos metros. Perderam-se no escuro da noite a rês, o cavalo e cavaleiro. Tradição antiga, quase centenária. No alto do morro foi posta uma cruz, construiu-se uma capela. Alguns anos atrás grupos de jovens encenavam a Paixão de Cristo, puseram um novo cruzeiro e padre celebrava missa.

O povo, sempre tem dificuldade em afastar o sagrado do profano e foi seduzido por algumas barracas de bebidas que não foram reprimidas no devido tempo. Depois, verificou-se que o espaço no alto do morro era pequeno para as devoções e as bebidas. O padre deixou de celebrar, os jovens católicos sem a liderança do padre deixaram de ir, o prefeito perdeu o interesse, o local ficou deteriorado. A falta de segurança levou à morte uma adolescente, o que fez temer pela vida de outros.

Mas o povo continua indo fazer penitência, pagar promessa, soltar fogos em plena Sexta Feira Santa. Parece ser um atentado à religião tradicional, mas é a vivência do sagrado e do profano, que agora convivem sem o padre e sem a bebida, mas com o povo e a sua fé.

O Morro da Santa Cruz do Vaqueiro é um belo lugar de observar o espetáculo de beleza formado pelos montes e vales do Jeremoabo, antes de penetrar na secura do Raso da Catarina.

Fonte: http://www.biuvicente.com/blog/?page-id=513&paged=11

Ex-presidente Itamar Franco morre aos 81 anos em São Paulo

O senador e ex-presidente Itamar Franco, 81, morreu neste sábado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 21 de maio, quando foi diagnosticado com leucemia.

Itamar se licenciou do Senado poucos dias depois para realizar o tratamento contra a doença e, segundo os médicos, vinha respondendo bem às sessões de quimioterapia.

No dia 27 de junho, porém, boletim médico mostrou que o senador havia contraído uma pneumonia grave e foi transferido para a UTI (Unidade de Tratamento Intensiva) do hospital. A leucemia havia sido detectada após o ex-presidente realizar exames devido a uma forte gripe.

O ex-presidente, que governou o país de 1992 a 1994, após a renúncia de Fernando Collor de Mello, completou 81 anos no último dia 28 de junho. Itamar também governou o Estado de Minas Gerais entre 1999 e 2003 e foi eleito senador no ano passado, com 5.125.455 votos.

PERFIL

O engenheiro Itamar Augusto Cautiero Franco nasceu em 28 de junho de 1930 a bordo de um navio. Ele foi registrado em Salvador (BA). Sua carreira política teve início no MDB (Movimento Democrático Brasileiro), legenda pela qual foi eleito prefeito de Juiz de Fora em duas gestões, entre 1967 e 1971 e entre 1973 e 1974.

Também representando o MDB, Itamar chegou a Brasília para seu primeiro mandato como senador em 1974. Ele se reelegeu em 1982, já como militante do PMDB.

Quatro anos depois, Itamar migrou para o PL, após divergências com o diretório mineiro do PMDB. Ele chegou a concorrer ao governo de Minas, mas perdeu a disputa para a antiga legenda.

Em 1989, durante as primeiras eleições diretas para presidente depois da ditadura militar, Itamar foi eleito vice-presidente do Brasil pelo PRN, na chapa de Fernando Collor de Melo. Collor recebeu 20 milhões de votos no primeiro turno e 35 milhões no segundo turno, contra o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

PRESIDÊNCIA

Itamar Franco assumiu a Presidência da República em 2 de outubro de 1992, depois da renúncia de Collor e do processo que levou ao seu impeachment. O mineiro nascido na Bahia permaneceu no cargo de comandante em chefe da nação durante dois anos, três meses e 29 dias.

Seu governo foi marcado por uma coalizão de partidos com o objetivo de garantir a governabilidade e a estabilidade democrática após o processo de impeachment que mobilizou a sociedade e os crescentes problemas econômicos, como a escalada da inflação.

Entre os feitos de Itamar como presidente está a aprovação do IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira) que, em 1996, passou a se chamar CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

Em 1993, o governo realizou um plebiscito previsto na Constituição de 1988 para escolher a forma e o sistema de governo brasileiros. O resultado confirmou o regime republicano e o sistema presidencialista.

Ainda durante a gestão de Itamar, em 1993, Fernando Henrique Cardoso foi nomeado ministro da Fazenda, e incumbido com a tarefa de combater a inflação. No mesmo ano, o Brasil adotou o Cruzeiro Real, e foi lançado o Plano de Estabilização Econômica, que preparava o país para a introdução de uma nova moeda.

Em julho de 1994, o real começou a circular.

A estabilidade econômica do Plano Real garantiu a FHC a vitória na disputa presidencial daquele ano.

VIDA PÚBLICA

DE SÃO PAULO

Desde que passou a faixa de presidente a FHC, em 1º de janeiro de 1995, Itamar seguiu na vida pública. Ele se tornou embaixador do Brasil em Portugal entre 1995 e 1996 e, depois, representou o país na OEA (Organização dos Estados Americanos) de 1996 a 1998.

Neste ano, depois de não ter conseguido a indicação do PMDB para disputar a Presidência, Itamar venceu as eleições para o governo de Minas Gerais.

Ele tentou concorrer nas eleições presidenciais de 2002 e 2006, mas perdeu a indicação do partido novamente para outros candidatos. Em 2009, Itamar anuncia sua filiação ao PPS e, no ano seguinte, disputa as eleições para o Senado.

O ex-presidente foi eleito senador por Minas com 5.125.455 votos. Seu primeiro suplente é José Perrela de Oliveira Costa.

Fonte: Folha.com

Morre o ex-presidente Itamar Franco aos 81 anos

Atual senador pelo PMDB de Minas estava internado com câncer em São Paulo.

Fonte: G1

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