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sexta-feira, junho 03, 2011

Lula, de novo!

“É natural que Lula se reúna com seus companheiros de partido e participe das discussões que estão na ordem do dia. Estranha seria a omissão do ex-presidente. É também natural que Lula empreste essa sua experiência à presidenta Dilma Rousseff"

Walter Pinheiro*

A aparição pública do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que veio a Brasília para reuniões com deputados e senadores do PT, provocou o maior frisson na mídia e desesperados muchochos da oposição.

Para quem não sabe, faz bem lembrar: o ex-presidente Lula deixou a Presidência da República, mas não se aposentou da vida pública. Ao contrário, eleito por aclamação, Lula é o presidente de honra do PT.

Nessa condição e com a liderança que possui, é natural que Lula se reúna com seus companheiros de partido e participe das discussões que estão na ordem do dia. Estranha seria a omissão do ex-presidente.

Com a experiência de quem governou o país por oito anos, e deixou o governo com os maiores níveis de aprovação de toda a nossa história republicana, é também natural que Lula empreste essa sua experiência à Presidenta Dilma Rousseff. Um eventual aconselhamento à sua sucessora, senão rotina, deve ser encarado como fato absolutamente normal.

Os críticos da visita de Lula a Brasília estão calejados de saber que ele não fez nenhuma sombra ao governo nem diminuiu a autoridade da presidenta Dilma. Deram essa interpretação ao fato, com estardalhaço descabido, para esconder outro temor.

De volta à ribalta, o ex-presidente mostrou disposição invejável para o exercício da política. Está atualizado e comprometido com o crescimento do PT. Tem os olhos voltados para as eleições municipais de 2012.

Lula já disse que vai percorrer o país para ajudar ao PT a ampliar a sua presença nos municípios brasileiros. O partido tem pela frente o desafio de buscar a vitória em prefeituras que são ícones do processo eleitoral.

Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis. Essas importantes capitais estão carentes de uma administração do PT. O partido tem o desafio de voltar a governar a prefeitura paulistana e de conquistar as demais. E a liderança do presidente Lula é um facilitador para vencer esse desafio.

Essa possibilidade preocupa a muita gente. Mais que preocupa, assusta, arrepia, como mostrou a reação da mídia. Porque o modelo PT de governar tem se mostrado um caminho seguro. Os municípios brasileiros que experimentaram a administração participativa rejeitam a volta a um passado de administradores que nunca visaram o interesse público.

É isso o que está por trás da volta triunfal de Lula. Seu retorno mais cedo do que muitos imaginavam está sendo explorado com um viés negativo. Tentam até associar o nome do ex-presidente a novos escândalos numa vã tentativa de macular sua liderança agora, para que ela não frutifique adiante.

Mas essas intrigas de aluguel não passarão. Resistiremos a elas sempre que forem colocadas. Se não se sustentaram durante uma semana no noticiário, não terão validade daqui a um ano quando o país estará imerso em um debate sobre o seu desenvolvimento.

À frente das candidaturas do PT estará o presidente Lula com sua visão da floresta ajudando a plantar novas árvores. É com essa dura realidade, que se apresentou mais cedo do que muita gente imaginava, que os empedernidos do atraso terão de conviver daqui para frente.

*Walter Pinheiro, 52, é senador pelo PT da Bahia

Fonte: Congressoemfoco

Tiririca dá R$ 75 de gorjeta no cabeleireiro

Fábio Góis

Em outras épocas, R$ 75 poderiam mudar (para melhor) o dia do deputado Tiririca (PR-SP). Hoje (quinta, 2), foi essa a quantia que o parlamentar de primeira viagem deixou só de gorjeta para um cabeleireiro e um engraxate do Senado. Como uma quinta-feira por volta das 19h não costuma significar trabalho para deputados e, diante do tempo vago na agenda, Tiririca resolveu “dar um tapa” no visual. Em seguida, uma lustrada nos sapatos de couro.

O corte de cabelo no Senado custa R$ 20. Para deixar o par de sapatos brilhando, apenas R$ 5. Depois de aparar a cabeleira (“Aparar as pontinhas”, como definiu uma manicure ouvida pela reportagem), Tiririca deu uma nota de R$ 100 e pegou de volta R$ 40 – ou seja, R$ 60 ficaram com o especialista em cortes, conhecido como Omar “Gaúcho”, que embolsou R$ 40, descontado o preço do serviço. O troco de R$ 40 foi integralmente para o engraxate Procide – como mostrou o Congresso em Foco em 2009, há longas décadas a serviço dos senadores, servidores, profissionais de imprensa e visitantes zelosos com seus sapatos.

Procide, que encerrou o expediente logo após a visita de Tiririca, saiu feliz da vida com seus R$ 35 de ganho extra. Omar, ainda mais bem “remunerado”, também já havia deixado o local quando a reportagem compareceu ao local para entrevistá-lo.

Quem presenciou a cena disse que foi tudo muito rápido – Tiririca não passou mais de 20 minutos no local, que fica no andar inferior ao Salão Azul, próximo ao Plenário do Senado. Para variar, o deputado recebeu solicitações para posar para algumas fotos, deu um ou outro autógrafo e, com seu jeito humilde, manteve-se “sério” durante todo o serviço, como relatou a manicure.

Fonte: Congressoemfoco

Bancos pegam dólares (a baixos juros) no exterior e emprestam no Brasil em reais (a altos juros). Com isso, estão elevando a dívida externa para quase US$ 400 bilhões.

Carlos Newton

Não é de espantar que a dívida externa dos bancos brasileiros tenha dobrado nos últimos 15 meses – de US$ 63,6 bilhões em dezembro de 2009 para US$ 122 bilhões em março deste ano. É um ritmo bem superior ao endividamento externo total do País, incluindo empresas e governos, que saiu de US$ 277,6 bilhões para US$ 381,3 bilhões no mesmo período, uma alta de 37%.

Muita gente ainda pensa que o governo Lula pagou a dívida externa, mas não é bem assim. O governo apenas pagou antecipadamente a dívida com o Fundo Monetário Internacional (o que não foi um bom negócio, porque os juros cobrados pelo FMI são baixos, o governo poderia ter quitado outras dividas). E não apenas pagou, como depois ainda emprestou dinheiro ao FMI (outro péssimo negócio, pois o FMI paga juros muito baixos).

A confusão pagou-não-pagou a dívida externa se deve também ao fato de que hoje o Governo tem reservas cambiais que são suficientes para pagar quase toda a dívida externa do país, mas nem precisaria, porque do total de 381,3 bilhões de dólares, somente são devidos pela União cerca de 100 bilhões. O resto são dívidas de governos estaduais, prefeituras, empresas privadas, estatais e bancos.

Os bancos pegam dólares emprestados lá fora, a baixos juros, cerca de 6% por ano, convertem em reais e aplicam no Brasil em títulos públicos (12% ao ano) ou em operações financeiras (onde o céu é o limite em matéria de juros).

O governo se preocupa com a dívida externa dos bancos, porque isso contribui para derrubar a cotação do dólar. Além disso, ao transformar o dinheiro lá de fora em empréstimo aqui dentro, os bancos estimulam o consumo, justamente quando são adotadas medidas para conter a escalada da inflação por meio da desaceleração da economia. Nos últimos 12 meses, o crédito total na economia brasileira se expandiu 20,7%, um ritmo superior ao que os próprios bancos esperavam, pois no fim do ano passado, a expansão estava entre 13% e 16%.

Mas se essa situação preocupa o governo, os bancos não estão nem aí. O endividamento externo não lhes oferece maior risco, porque as instituições financeiras são obrigadas a se proteger das eventuais variações cambiais recorrendo a uma operação do mercado chamada de “hedge cambial”. Com isso, os riscos de que uma brusca oscilação do real ante o dólar provoque uma crise são reduzidos.

Quem sempre corre muito risco são os clientes dos bancos, que pagam tarifas em tudo, basta entrar na agência e operar o caixa eletrônico que já está pagando. Hoje o risco maior é a chamada bolha imobiliária. Nos 12 meses encerrados em março, o crédito imobiliário às pessoas físicas avançou 49,6%. Nas pessoas jurídicas, 48,3%. Os imóveis aumentaram de preço artificialmente, o mercado está eufórico, mas muita gente vai ter prejuízo quando a situação normalizar. Os alugueis, por exemplo, já estão caindo de novo. Numa economia estabilizada, tudo que sobe muito, depois desce. Podem crer.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Na marca do pênalti

Carlos Chagas

A sucessão de episódios, esta semana, relacionados com Antônio Palocci, leva a crer um desfecho próximo para a crise eclodida a partir das informações sobre o súbito enriquecimento do chefe da Casa Civil. Tudo indicava, ontem, que Palocci dificilmente entrará a próxima semana como ministro do governo Dilma. Está na marca do pênalti, ainda que a experiência demonstre a hipótese de o goleiro defender ou de a bola ir para fora.
A dúvida é saber quem baterá a falta. Pode ser o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, pedindo ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito contra o ministro, pode ser a própria presidente da República, exigindo seu afastamento, mas o mais provável é que o próprio Palocci tome a iniciativa de abandonar a meta.

Do jeito que estão é que as coisas não poderão continuar. Senão o país, ao menos o governo parou, bastando registrar a dificuldade que tiveram os jornais para manter na primeira página o noticiário sobre o lançamento do plano “Brasil Sem Miséria”. Tudo gira em torno do caso Palocci, com direito à chantagem desenvolvida por grupos parlamentares contra o governo, a leniência da base oficial em evitar sua convocação, a divisão no PT a respeito da questão, a vigarice do PMDB em exigir mais espaços na administração federal para depois definir-se, a crescente influência do vice-presidente Michel Temer na questão e até os conselhos dados pelo ex-presidente Lula para que o chefe da Casa Civil se explique.

Virou praxe a hesitação dos governos dos companheiros ao enfrentar crises. Lula perdeu tempo no afastamento do próprio Palocci do ministério da Fazenda, no episódio do caseiro, depois ao não aceitar a evidência do mensalão e na demissão de José Dirceu da chefia da Casa Civil. Dilma segue pelo mesmo caminho, perdendo tempo. É tolice supor que o governo dela acabou e que o Lula já é o candidato para 2014, mas, continuando o processo como vai, não demora para as suposições virarem realidade.

***
GREVE CONTRA O POVO É CHANTAGEM

Dois milhões e meio de paulistanos prejudicados e imobilizados, paralisação das atividades comerciais e industriais em boa parte da capital, escolas fechadas e hospitais funcionando pela metade, caos no trânsito e iminência de aumento das tarifas de trens e ônibus urbanos. É esse, até agora, o saldo da greve dos ferroviários da Companhia Paulista de Trens e dos rodoviários da Companhia de Transportes Urbanos. Mais uma vez atropela-se a máxima de que “greve se faz contra patrão”, porque essa que assola São Paulo vem sendo feita contra o povo. Por que os líderes do movimento não providenciaram para os trens circularem sem que os usuários pagassem passagem? Ou os ônibus do ABC não trafegarem com as catracas abertas?

Salvo engano, assiste-se outra vez a chantagem explícita acertada entre os líderes dos trabalhadores e os patrões. Estes, mesmo controlados pelo poder público, sustentam que para atender as reivindicações dos grevistas, só com aumento das tarifas. Aqueles apenas voltarão ao trabalho com suas exigências atendidas.

E o cidadão comum, necessitado de deslocar-se para o trabalho, para casa, para o hospital e a escola? Que se dane. Depois do prejuízo da greve, ainda pagará mais para continuar vivendo.

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SE ARREPENDIMENTO MATASSE…

Marta Suplicy já era candidata à prefeitura de São Paulo antes mesmo de eleger-se para o Senado. Imaginou que exercendo a primeira vice-presidência da casa aumentaria sua exposição na mídia e sedimentaria a candidatura para voltar à função que já exerceu. Concorreu e ganhou. Deve estar arrependida, pois só aparece em situações que a prejudicam.
Ainda agora precisou fazer cara de Barbie quando a senadora Marinor Brito investiu aos tapas contra o deputado Jair Bolsonaro, mas esta semana ficou pior: diante da baderna promovida pelas oposições durante a tentativa de votação de duas medidas provisórias, cassou a palavra de senadores inscritos para falar e foi submetida a vaias monumentais e a palavrões vindos do plenário, reagindo aos gritos quando presidia a sessão. Votos para prefeita, propriamente, não conseguiu nenhum, mas pode ter perdido alguns, se eleitores paulistanos estiveram ligados nas telinhas.

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RETROCESSO

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou o projeto da Lei da Mordaça, punindo agentes do poder público envolvidos na liberação de informações sobre processos que correm sob segredo de justiça e até sem esse segredo. Promotores públicos, delegados e polícia e simples amanuenses correrão o risco de ir parar na cadeia, mas pior fica para os meios de comunicação e os jornalistas que divulgarem essas informações. Poderão pegar até quatro anos de cadeia. Os doutos deputados atropelaram a Constituição e a liberdade de expressão, imagina-se que por revanchismo contra a imprensa, sempre a grande culpada por cada crise acontecida. Tomara que o plenário da Câmara corrija essa aberração.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Adeus a Abdias

Sebastião Nery

RIO – O general Otávio Costa era comandante da 6ª Região Militar na Bahia. Estava em Sergipe, no fim de semana, visitando a cidade histórica de Laranjeiras, terra dos dois históricos jornalistas Paulo e Joel Silveira. Sábado, recebeu um telefone urgente de Brasília.

Era o general Otavio de Medeiros, chefe do SNI do governo Figueiredo, que acabava de assumir seu posto no palácio do Planalto: “General, segunda-feira o professor Abdias do Nascimento, líder negro, que está chegando dos Estados Unidos, vai fazer uma palestra no Centro Cultural Brasil-Alemanha, em Salvador, e lançar o Movimento de Libertação da Raça Negra. A ordem é melar.”

O general Otávio Costa já estava há dois anos na Bahia. Sabia que o Centro Cultural Brasil-Alemanha de Salvador ficava em um local pequeno, apertado, movimentado. Tentar melar seria exatamente promover. Ligou para Salvador, mandou para o local um sargento negro, do Serviço Secreto do Exercito, com a ordem de telefonar urgente. se necessário.

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EXERCITO

Segunda-feira, 10 da manhã. Abdias do Nascimento abria sua conferência no Centro Cultural Brasil-Alemanha apinhado de escritores, professores, intelectuais de todos os setores. Todos brancos. Lá no fundo, de pé, um senhor negro. Abdias levantou-se:

- Quero começar prestando uma homenagem a meus irmãos de cor. Convido meu irmão negro, que está lá ao fundo, a presidir esta solenidade.

O sargento do Serviço Secreto do Exercito, o irmão de cor, foi e presidiu com inteira competência. Até o fim. Sem melar.

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NEGRO

Para comemorar um 13 de maio, a revista “Veja” fez uma matéria de capa sobre os negros no Brasil. Mandou ouvir os negros mais ilustres do país: Pelé e o sortilégio de seus pés; Grande Otelo, o menino mais encantado que já nasceu nestas terras de Santa Cruz.

Ouviu também Abdias do Nascimento, o líder consciente que mostrou aos seus irmãos que discriminação racial não é literatura, é economia mesmo; Ruth de Souza, a atriz maravilhosa que jamais negociou a cor; Raimundo Souza Dantas, embaixador da nova política brasileira na África, no governo Janio; Luísa Maranhão, a divina atriz. E outros.

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NUNES FREIRE

No Congresso, “Veja” mandou ouvir o deputado José Camargo, líder negro da baixada santista (MDB), e o deputado Nunes Freire, do Maranhão, depois governador, simpático senhor acaboclado, nítido representante da bela mistura do negro com o índio, formado pela Escola de Medicina da Bahia. Nunes Freire fez o anti-racismo:

- Não falo, não posso responder. Não sou negro, sou um amazônida.

Abdias, que o conhecia desde os tempos da Bahia, ficou sabendo:

- O que é isso, Nunes? Soube de sua resposta à “Veja”. Não existe isso. Raça é branco, negro. Amazônida não é raça. Só se for peixe-boi.

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LIDER

A morte no Rio do jornalista, teatrólogo, escritor, artista plástico, cineasta, professor, ex-senador Abdias do Nascimento, deixou o Brasil sem seu mais importante e atuante embaixador da negritude nacional Ainda bem que viveu 97 anos, quase um século, e teve tempo de ver que valeram a pena suas lutas de décadas em defesa dos negros e suas causas.

Nascido em Franca (SP) em março de 1914, em 1936, plena ditadura Vargas, com apenas 22 anos já se rebelava contra o racismo e era preso, por negar-se a entrar pela porta dos fundos, por ser negro, em uma boate paulista. Economista pela universidade do Rio, fundou em 1944 o Teatro Experimental do Negro onde estreou sua primeira peça em maio de 1945.

Foi um dos organizadores da Convenção Nacional do Negro, no Rio e em São Paulo, que propôs à Constituinte de 1946 a definição da discriminação racial como crime de lesa-pátria. Foi também um dos organizadores do primeiro Congresso do Negro Brasileiro, em 1950.

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ESTADOS UNIDOS

Com o golpe militar de 1964, exilou-se nos Estados Unidos, onde foi professor conferencista da “School of Drama” na Universidade de Yale e professor visitante da “Wesleyan Center of the Humanities”. Entre 70 e 82, foi professor da universidade de Nova York e diretor do Centro de Estudos Portorriquenhos da mesma universidade, da qual foi professor emérito.

Sua longa experiência internacional ajudou-o a criar instrumentos de luta contra o racismo no Brasil como o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros na PUC São Paulo. Já como deputado (PDT) em de 83 a 86 e senador de 91 a 92 e 97 a 99, criou o feriado de 20 de novembro como dia Nacional da Consciência Negra, homenagem a Zumbi dos Palmares.

Amigo morto é uma luz sempre, na beira da estrada. Adeus, Abdias.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Por que Serra, Aécio e Alckmin não atacam Palocci, se o próprio PT não aguenta mais o ministro? É porque todos são iguais, e a política brasileira realmente vive uma fase de invulgar decadência.

Carlos Newton

É triste a situação de Antonio Palocci, que vai sendo cozinhado a fogo brando, no estilo Martinho da Vila, “devagar, devagarinho”. Para continuar no governo, ele se humilha de tal maneira que chega a provocar constrangimento. Agora, está procurando os líderes da base aliada para buscar apoio, enquanto o governo luta agressivamente para cancelar a convocação do ministro pela Comissão de Agricultura da Câmara. É tanta mobilização, até parece que Brasília hoje vive por conta de Palocci.

Em meio a essa crise, é de estranhar o fato de que os três maiores líderes da oposição – os tucanos José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin – até agora não abriram o bico para atacar Antonio Palocci, que está acuado nas cordas, com a guarda baixa, pronto para ser nocauteado. As referências desses tucanos a Palocci são feitas com ressalvas, eles defendem o ministro com mais eficácia do que os próprios petistas.

Só há uma explicação: todos têm telhado de vidro, não podem atirar pedras na casa do vizinho. Serra também é enriquecido com “consultorias”, Aécio nasceu rico, mas tem feito tanta besteira que chega a ser inacreditável, e Alckmin é um carreirista, que não tem escrúpulos e faz aliança com qualquer um, está aí o Paulo Maluf que não nos deixa mentir.

Na quarta-feira, Palocci foi almoçar com o líder do PR, senador Magno Malta (ES), um dos mais irritados porque até agora não tinha sido recebido pelo ministro, a quem chamou de “playboy”. Palocci evitava recebê-lo, porque Malta é pastor evangélico e está “por aqui” com o governo, devido ao projeto 122 e ao kit educacional gay, que uns dizem serem anti-homofobia e outros classificam de pró-homossexualismo. Mas agora, no desespero, sem saber mais a quem apelar, Palocci recebe e convida qualquer um. Mesmo assim, sua agenda está vazia, ninguém quer ser visto com ele.

O problema de Palocci na verdade nem é apenas a oposição. Cada vez aumenta mais o número de petistas que exigem explicações dele. Como sabem que não tem explicações a dar, na verdade querem é vê-lo fora do governo, o que não seria nada mal, pois acalmaria a crise e o governo poderia tocar o barco para a frente, já que ninguém é insubstituível. Mas Lula alega que Dilma não se aguentaria sem Palocci e insiste em preservar o chefe da Casa Civil. Lula deve ter lá suas razões, Palocci é o homem que sabia demais, se for derrubado e resolver se vingar, abrindo o verbo, fará um estrago enorme, até mesmo definitivo. Lula, portanto, sabe o que faz.

Ninguém sabe ao certo o que está se passando. Há outras informações em Brasília dizendo que, nos bastidores, o governo Lula Rousseff até já teria desistido de blindar Palocci e agora estaria pouco ligando para ele, mas na boca de cena aparece o ministro Gilberto Carvalho anunciando que Palocci vai se defender antes mesmo de intimado pela Procuradoria-Geral da República, veremos se é realidade. O certo é que nada acontecerá enquanto Lula estiver no exterior, com os companheiros Raúl Castro e Hugo Chávez.

No PT a batata de Palocci está assando. Depois dos senadores Walter Pinheiro (PT-BA), José Pimentel (PT-CE) e Wellington Dias (PT-PI), e do governador baiano Jaques Wagner, agora é a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que confirma ter pedido explicações de Palocci, porque o processo está prejudicando o governo.

“Foi uma reunião fechada em que defendi que tivéssemos todos os esclarecimentos da situação, em razão de ser um fato pessoal que está prejudicando o governo. Não defendi a saída de Palocci. Eu confio que ele vai dar todos os esclarecimentos aos órgãos competentes”, tentou amenizar a senadora, porque é suspeita de querer colocar na Casa Civil o próprio marido, ministro Paulo Bernardo, que hoje está na pasta das Comunicações.

Na verdade, o que se diz em Brasília é que a bancada do PT no Senado só tem dois integrantes a favor de Palocci: Delcídio Amaral (MS) e Marta Suplicy (SP). E os demais, como Jorge Vianna (PT-AC), não se manifestam nem contra nem a favor, o que é péssimo para Palocci. Vianna, embora ninguém saiba, é também candidato à Casa Civil. Quando José Dirceu foi demitido, Lula o convidou, mas Vianna não quis abrir mão do emprego na Helibrás. Lula então chamou Dilma, vejam como o destino é algo impressionante.

Assim, pouco a pouco, vai surgindo no PT uma campanha aberta para derrubar Palocci. A maior evidência dessa situação foi a convocação do chefe da Casa Civil para se explicar, aprovada pela Comissão de Agricultura da Câmara. Vários deputados petistas sabiam que a oposição se preparava para aprovar a convocação, mas faltaram à sessão propositadamente.

No desespero, a presidente Dilma Rousseff agora se volta para o PMDB na tentativa de seguir blindando Palocci. O Planalto ainda tem muitos cargos importantes a oferecer. Quem sabe a estratégia dá certo? Mas o ideal mesmo é que o governo Lula Rousseff se livre logo do incômodo ocupante da Casa Civil. Mas a parte da frente do governo ainda não quer, e a parte de trás vem só a reboque. Por enquanto a coisa está assim, e Palocci torce para o fim de semana começar logo e a pressão diminuir, como se isso fosse adiantar alguma coisa.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Palocci tem dia de derrotas e desgaste é cada vez maior - Vida Pública - Gazeta do Povo

Palocci tem dia de derrotas e desgaste é cada vez maior - Vida Pública - Gazeta do Povo: "Vida Pública

Sexta-feira, 03/06/2011

Roberto Stuckert Filho/Presidência
Roberto Stuckert Filho/Presidência / Antônio Palocci, com a presidente Dilma e José Sarney: petistas admitem que situação de ministro é delicada Antônio Palocci, com a presidente Dilma e José Sarney: petistas admitem que situação de ministro é delicada
Crise no Planalto
Palocci tem dia de derrotas e desgaste é cada vez maior

Senador governista pede saída de chefe da Casa Civil. Executiva do PT se recusa a emitir nota pela permanência do ministro no governo
Publicado em 03/06/2011 | Das Agências



O dia ontem foi de derrotas para o ministro chefe da Casa Civil, Antônio Palocci. No Senado, Pedro Simon, filiado a um partido da base de Dilma Rousseff, o PMDB, pediu da tribuna que Palocci se afastasse do cargo. Na Câmara, deputados governistas falavam à imprensa, ainda que pedindo para não ser identificados, que a hora de Palocci sair realmente já chegou. E em seu próprio partido, o PT, o ministro não teve o apoio que poderia esperar: a Executiva nacional decidiu não fazer uma nota pela permanência do coordenador político do governo.

VÍDEO: O correspondente André Gonçalves analisa crise Palocci

Saiba mais

Rodolfo Stuckert/ABr
Rodolfo Stuckert/ABr / Maia: “sindicância” sobre votação Ampliar imagem

Maia: “sindicância” sobre votação
Explicações

Silêncio deve ser rompido hoje à noite

Pressionado por todos os lados, Antônio Palocci deverá dar sua primeira entrevista sobre o aumento de seu patrimônio. O ministro provavelmente aparecerá no Jornal Nacional, da Rede Globo, na noite de hoje, segundo fontes informaram a agências de notícias. Oficialmente, porém, ninguém no PT ou no governo confirmava a presença do chefe da Casa Civil no programa.

Ontem, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse apenas que Palocci iria dar uma entrevista para a imprensa “em data própria”. Na saída de uma reunião da Executiva do partido, Falcão defendeu Palocci, afirmando que ele vem dando explicações à Procuradoria-Geral da República.

Desde que o jornal Folha de S.Paulo revelou que Palocci multiplicou por 20 seu patrimônio no período de quatro anos, há mais de duas semana, o ministro não falou publicamente sobre o assunto.
Marco Maia cogita anular convocação de ministro

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), deverá anular a votação da convocação de Palocci, apro­­­vada na quarta-feira pela Co­­­missão de Agricultura da Casa. Os líderes da base estão convictos de que, após analisar as imagens e fa­­­zer uma espécie de “sindicância” so­­bre a reunião, Maia vai invalidar a convocação e determinar a realização de nova votação – a ideia é que isso ocorra na quarta-feira.

Para anular a convocação de Palocci, o presidente da Câmara está trabalhando em duas linhas. Ele está levando em consideração o fato de o presidente da Comissão, Lira Maia (DEM-PA), ter ensaiado um recuo momentos depois de ter proclamado o resultado. Lira chegou a propor uma nova votação, mas foi impedido pelo líder do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA). Outro argumento se baseia na questão de ordem pedindo a anulação da votação, assinada por 30 dos 40 integrantes da Comissão de Agricultura. “É público e notório que a maioria dos deputados não aprovou o requerimento”, afirmou Maia.

Diante da provável anulação da votação, os partidos de oposição se preparam para recorrer da decisão ao Supremo.

Agência Estado
Entrevista

“A solução é vir a público e esclarecer”

Único paranaense na reunião de ontem da executiva nacional do PT, o deputado federal André Vargas admitiu que as conversas internas sobre conjuntura política foram focadas na crise que envolve o ministro Antonio Palocci. “É um problema pessoal que tomou proporções políticas”, avaliou o parlamentar.

Leia na íntegra

Os problemas de Palocci, que começaram no dia 16 de maio, quando a Folha de S. Paulo divulgou que o ministro aumentou seu patrimônio em 20 vezes durante os últimos quatro anos, se tornaram mais graves nesta quarta-feira, quando a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, num cochilo dos deputados governistas, conseguiu aprovar uma convocação para que o ministro se explique no Congresso.

Ontem, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, liderava uma operação para tentar realinhar o PT em defesa do ministro. No entanto, pode ser tarde demais. No Rio Grande do Sul, o presidente regional do partido, deputado estadual Raul Pont, pediu em público a saída de Palocci. E a tentativa de fazer com que a cúpula petista declarasse oficialmente apoio ao chefe da Casa Civil fracassou.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse na saída da reunião da Executiva que o partido não produziu uma nota de apoio ao ministro porque, segundo ele, parlamentares e ministros já vêm fazendo a defesa de Palocci publicamente. Falcão afirmou que o caso Palocci não foi tratado durante a reunião. No entanto, a reportagem apurou que o assunto fez parte da pauta do partido e provocou mal-estar.

Mais cedo, Carvalho negou que a crise envolvendo Palocci esteja paralisando o governo. “A crise para nós tem um peso, uma importância, mas ela é muito relativa. A ordem da presidente é que a gente continue trabalhando”, disse ele.

Questionado se a situação de Palocci no governo é “delicada”, Carvalho respondeu: “Mas continua firme”. “Nós não perdemos o nosso norte”, disse Carvalho, acrescentando que “as crises são importantes, a gente enfrenta com maturidade”.

Simon

Em seu discurso na tribuna do Senado, ontem, o peemedebista Pedro Simon disse que está “ficando feio” para o PT e para o PMDB impedirem que Palocci seja convocado para prestar esclarecimentos na Casa. “Ministro, Vossa Excelência deveria se afastar. Se afastar hoje ou amanhã, antes de se criar CPI ou antes do Ministério Público se posicionar. A grande saída é o senhor se afastar.”

Simon disse que não está condenando o ministro por antecipação, mas que o coordenador político do governo deveria se explicar à sociedade comparecendo ao Congresso para depor, como deseja a oposição.

Dos diversos senadores do PT, que acompanharam o discurso de Simon, nenhum se manifestou para defender o ministro. Por outro lado, nenhum parlamentar endossou as críticas de Simon.

O senador Pedro Taques (PDT-MT), governista, tentou comentar as palavras do peemedebista, mas acabou impedido depois que Simon extrapolou seu tempo na tribuna. Taques disse que defende a convocação do ministro para se explicar ao Congresso.

Reforma

Incomodados com a paralisia do governo, petistas já defendem mudanças na estrutura de articulação política do governo. Há, porém, o medo de que os escolhidos para a condução das costuras políticas sejam alvos de ataque.

Além dos nomes de Paulo Bernardo, Fernando Pimentel e Gilberto Carvalho para a Casa Civil, há quem defenda a volta de Alexandre Padilha para a vaga de Luiz Sérgio, que hoje responde pelas Relações Institucionais.



Interatividade

– Enviado usando a Barra de Ferramentas Google"

Políticos terão 30 dias para se filiar a novas legendas, decide TSE

Tribunal respondeu consulta feita pelo deputado do DEM. Campos confirmou adesão ao PSD, sigla que está sendo criada por Kassab

02/06/

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu nesta quinta-feira (2) que os políticos interessados em se filiar a um partido criado recentemente terão 30 dias, após o registro do estatuto da nova sigla na Justiça, para deixar as siglas de origem e formalizar a nova filiação. Caso esse prazo não seja cumprido, os políticos que possuem mandato eletivo podem ser considerados infiéis.

A lei eleitoral não considera infidelidade os casos de mudança de legenda, por causa da criação de uma nova sigla. Dessa forma, quem respeitar o prazo estabelecido pelo TSE não poderá ser considerado infiel.

A decisão do tribunal foi tomada em resposta a consulta feita pelo deputado federal Guilherme Campos (DEM-SP).

O parlamentar já confirmou que irá migrar para o PSD, nova legenda em fase de criação por iniciativa do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM).

Entre os deputados federais que devem migrar para o PSD estão filiados do DEM, PPS, PMN e PDT.

Ao responder as perguntas do deputado, os ministros definiram também que só podem ser considerados filiados as pessoas que formalizarem a adesão à legenda depois do registro do estatuto do novo partido pelo TSE.

“Enquanto não tiver o registro no TSE temos uma espécie de ONG, de organização da sociedade civil”, afirmou o presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski.

Das sete perguntas formuladas pelo parlamentar, duas não foram respondidas pelos ministros. Uma delas foi a que questionava a hipótese de o político que propôs a criação da nova sigla sobre retaliação por parte do partido de origem. Os ministros entenderam que a questão era muito genérica e precisaria ser avaliada no caso concreto.

Essa orientação do TSE demonstra a necessidade de que todos os parlamentares que já manifestaram adesão ao PSD permaneçam em suas legendas de origem.

" O registro de um novo partido não implica a desfiliação automática, continuam vinculados aos partidos de origem até que se efetive o estatuto [da nova legenda] no TSE. Só depois do registro do estatuto torna-se possível a filiação partidária, a qual constituiria justa-causa para desfiliação”, afirmou a ministra Nancy Andrighi, relatora da consulta no TSE.

As consultas podem ser feitas por parlamentares ao TSE e servem como orientação aos demais tribunais para aplicação da lei eleitoral.

Fonte: Gazeta do Povo

Líderes mundiais afirmam que guerra contra drogas fracassou

Líderes mundiais afirmam que guerra contra drogas fracassou

Relatório internacional e documentário reacendem debate sobre qual a melhor maneira de os países lidarem com a questão das substâncias psicotrópicas

Publicado em 03/06/2011 | Osny Tavares e Rafael Costa, especial para a Gazeta do Povo

Uma comissão internacional que reúne lideranças políticas e intelectuais de renome fez ontem uma contundente declaração sobre o combate às drogas: “A guerra contra os narcóticos fracassou, com consequências devastadoras para indivíduos e sociedades pelo mundo afora”. A análise faz parte de um relatório da Comissão Global sobre Política de Drogas, da qual faz parte o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e diversos líderes mundiais, como o ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan. A divulgação do relatório coincide com a estreia do documentário brasileiro Quebrando o tabu, que defende a descriminalização das drogas.

A entrada em campo de pesos-pesados da inteligência internacional reacende o debate sobre qual é a melhor maneira de os países lidarem com a questão das substâncias psicotrópicas. A ideia por trás da criação de uma comissão global é, justamente, incentivar a tomada de posturas transnacionais sobre o assunto. Como os narcóticos constituem um mercado bilionário e globalizado, com estimados 300 milhões de usuários e US$ 320 bilhões de receita anual, a adoção de novas políticas precisa ser sincronizada entre os países, defende o grupo.

Tratamento Médico

Brasil não dá conta nem de tratar as lícitas

Profissionais que atuam no tratamento a dependentes químicos temem que, caso a hipótese da descrimininalização ganhe força, os investimentos em recuperação clínica não acompanhem a mudança radical. “O Brasil não dá conta nem de tratar as drogas lícitas, como o álcool, imagine o cenário em relação à droga permitida. Poderíamos pensar nesse caso [mudança na lei] somente após investimentos em educação e prevenção aos males causados pelos narcóticos”, pondera o psicólogo Dionisio Banaszewski, membro do Conselho Estadual Antidrogas.

Flávio Roberto Almeida Lemos, diretor técnico da Casa de Recuperação Água da Vida (Cravi), tem posição semelhante. “O Brasil não tem estrutura política ou social para isso”, avalia. “Hoje o enfrentamento do crack é feito com uma vaga de internação para cada mil viciados. Não temos política pública diante de algo que pode ser considerado uma epidemia”, alerta.

A definição legal sobre as drogas, avaliam os especialistas, não vai impactar a forma como os pacientes serão tratados. “O desafio da recuperação está muito mais ligado ao grau de dependência e à condição psicossocioespiritual do indivíduo do que ao fato de a substância ser legal ou não”, afirma o psicólogo Guilherme do Valle, especialista em dependência química.

Ele avalia ser importante a mudança no foco do debate. “Temos como posição consolidada que as drogas sempre existiram. A discussão deve se pautar pela forma com que as pessoas usam substâncias químicas na atualidade. A droga deixou de ser problema isolado, ou de uma família, ou mesmo de saúde. É uma questão cultural”, diferencia.

A comissão global diferencia, em sua pauta, os conceitos de descriminalização e legalização. No primeiro caso, estariam liberados a posse de pequenas quantidades e o consumo de narcóticos. No segundo, mais abrangente, toda a cadeia seria retirada da ilegalidade – da produção da matéria-prima até a venda e o uso.

Membro da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD), o coronel reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro Jorge da Silva avalia que a descriminalização possa ser um primeiro passo para que a sociedade encare o problema de forma mais franca e aberta. “Os jovens não vão ter que esconder de suas famílias [o vício] e não terão o estigma de criminosos ou párias da sociedade. Poderão falar com seus pais e mães, orientadores educacionais nas escolas, pastores, padres, médicos”, afirma.

Experiência

A Holanda tem, possivelmente, a experiência de descriminalização mais conhecida no mundo. Drogas leves, como maconha e haxixe, são permitidas para uso pessoal. Os cidadãos holandeses podem comprar até 5 gramas do produto em coffee shops – locais autorizados para a venda que não podem ter estoques maior que 500 gramas. As drogas pesadas continuam proibidas, assim como a produção e o comércio de grandes quantidades de qualquer tipo de narcótico (leve ou pesado). Para Fernando Henrique Cardoso, a solução holandesa é “hipócrita”, por permitir o uso ao mesmo tempo em que proíbe a produção.

O professor de Direito Penal da Universidade de São Paulo (USP) Pierpaolo Bottini se diz amplamente a favor da mudança. Ele entende que as drogas são uma questão médica, e não judicial. “As estruturas do crime – incluindo o tráfico de armas, violência e poder paralelo de Estado – são resultado da política proibicionista”, defende.

Como contrapartida ao uso, Bittini sugere que o Estado passe a investir na política de redução de danos e internação voluntária de dependentes. “Esse paternalismo [criminalização do uso] não tem mais que existir em um Estado de Direito. A legislação penal é para agressões graves, em que o indivíduo não pode se defender. Um tratamento forçado não tem sucesso. O tabagismo, por exemplo, caiu brutalmente sem ninguém ser obrigado a nada”, compara.

Análise viciada

O deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR), ex-delegado da Polícia Federal e autor da ação que suspendeu a Marcha da Maconha em Curitiba, acusa FHC de analisar o problema a partir de uma visão excessivamente acadêmica. “Ele não viveu o que eu vivi nas ruas, convivendo com pais e mães de dependentes químicos”, diz. O deputado defende que o uso deve continuar sendo crime, sem pena de prisão, mas com obrigatoriedades como o comparecimento a casas de recuperação e reabilitação. “O dependente, principalmente de rua, passa a ser um incapaz. Nos casos de crack e cocaína, o tratamento tem que ser obrigatório”.

Francischini afirma não ver a possibilidade de ocorrer um acordo global para a legalização das drogas. E teme que, caso a maconha seja descriminalizada no Brasil, o país passe a ser destino do tráfico internacional, já que cerca de 70% da maconha consumida no Brasil é importada e o país não é produtor de coca.

O promotor de justiça do Centro de Apoio Operacional das Promotorias Criminais do Júri e de Execuções Penais do Ministério Público do Paraná, Paulo Lima, entende que a amenização da repressão penal aos consumidores já aconteceu com a atual lei antidrogas. Ele acredita que a descriminalização total pode estimular o consumo. “O direito vem como o último bastião de defesa contra as drogas. Primeiro vamos ver o efeito de medidas adotadas na saúde pública, para depois pensarmos em mudanças na área penal”, afirma.

João Kopytowski, desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná, julgou por vários anos crimes de porte, posse e tráfico de drogas, principalmente nas fronteiras do país. É favorável a um aumento dos efetivos policiais e do aparato penitenciário para a repressão às drogas, aliado a medidas educativas. Mas a descriminalização, para ele, está fora de questão. “Nosso nível cultural não permite um esclarecimento tão moderno, tão grande assim”, diz.

Fonte: Gazeta do Povo

Receita não vai mais emitir cartão plástico do CPF

Em nota, a Receita esclarece apenas que os órgãos públicos e pessoas jurídicas não devem solicitar ao cidadão a apresentação do cartão do CPF em formato plástico para efeito de comprovação da inscrição

02/06/2011 | 15:15 | Agência Estado

A partir de segunda-feira a Receita Federal deixará de emitir o cartão CPF em formato plástico. O comprovante de inscrição no CPF será emitido somente no ato do atendimento pelas entidades conveniadas à Receita (Banco do Brasil, Correios e Caixa Econômica Federal) ou poderá ser impresso a partir da página da Receita na internet. O motivo da suspensão da emissão não foi explicado.

Em nota, a Receita esclarece apenas que os órgãos públicos e pessoas jurídicas não devem solicitar ao cidadão a apresentação do cartão do CPF em formato plástico para efeito de comprovação da inscrição. A comprovação poderá ser feita por qualquer documento que registre o número do cadastro, ou pelo comprovante emitido por órgãos competentes ou por impressão via internet.

Fonte: Gazeta do Povo

Embargo russo à carne do PR custará US$ 8 milhões por mês

Economia

Sexta-feira, 03/06/2011

Marcos Labanca/Gazeta do Povo

Marcos Labanca/Gazeta do Povo / Produção de suínos no Oeste do Paraná: decisão russa agrava a situação de um setor que já alega perdas e teme desestímulo à atividade Produção de suínos no Oeste do Paraná: decisão russa agrava a situação de um setor que já alega perdas e teme desestímulo à atividade
pecuária

Frigoríficos de outros dois estados também não podem mais vender à Rússia; missão brasileira irá a Moscou para reverter decisão

Publicado em 03/06/2011 | Maria Gizele da Silva, da sucursal, e José Rocher, com Agência Estado

A Rússia vai bloquear a entrada de carne bovina, suína e de frango nos portos do país a partir do próximo dia 15, alegando problemas sanitários. O anúncio foi feito ontem pelo porta-voz do órgão de segurança alimentar, Alexei Alexeyenko, à agência de notícias russa Interfax. A decisão pegou de surpresa o governo brasileiro, produtores e indústria, e afeta 89 frigoríficos do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. O impacto no mercado paranaense deve ser de US$ 8 milhões – cerca de R$ 12,6 milhões – por mês, conforme estimativa do Sindicarne, que representa a indústria.

O embargo descredencia 27 frigoríficos do Rio Grande do Sul, 39 no Paraná e 23 no Mato Grosso. Com isso, a maior parte dos US$ 2 bilhões arrecadados pelo Brasil por ano na comercialização de carnes ao mercado russo será afetada. O mercado suíno será o mais prejudicado, pois a Rússia compra 43% da carne exportada pelo Brasil e 33,5% do que o Paraná ex­­porta (veja quadro nesta página).

Mercado doméstico

Consumidor nacional é beneficiado

As entidades exportadoras acreditam que outros mercados internacionais e o próprio mercado interno vão absorver a produção barrada pelos russos. A maior oferta de carne no mercado interno pressiona os preços para baixo e pode tornar o alimento mais barato ao consumidor final. No entanto, o setor produtivo e industrial ainda não faz projeções sobre o impacto do bloqueio russo. O que ficou evidente ontem é que existe um temor de que a receita de empresas e produtores caia, desestimulando a atividade.

Nos supermercados de Curitiba, os preços das carnes estão abaixo dos picos registrados no fim de 2010. O quilo da picanha, que chegou a R$ 50, agora pode ser facilmente encontrado na faixa de R$ 30. O frango congelado varia entre R$ 3 e R$ 4,99 por quilo, o que mostra que, mesmo que não haja oferta extraordinária dessa carne, há margem para reduzir o preço nas etiquetas se a carne suína, concorrente indireta, começar a baixar.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, acredita que o embargo seja revertido e que, por isso, não haverá impactos prolongados no mercado brasileiro. Já o presidente do Sindicarne no estado e da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, diz que o risco de outros países usarem a avaliação russa para questionar a qualidade da carne brasileira é pequeno. Em sua avaliação, existe um consenso internacional de que o governo de Moscou age de forma temperamental. (MGS e JR)

Rússia duela com Brasil sobre OMC

A imposição de restrições às carnes brasileiras pela Rússia pode ter relação com as negociações do país para entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC). Após dez anos de negociações, a Rússia quer concluir o processo ainda neste ano. Na terça-feira, houve uma reunião em Genebra entre autoridades russas e de países membros da OMC para tratar do tema, mas não houve progressos na relação entre Brasil e Rússia.

Leia a matéria completa

Dentro de um ano, de acordo com a tendência dos anos anteriores, a balança comercial paranaense terá R$ 150 milhões a menos nas exportações devido ao embargo. “O impacto é praticamente o mesmo de quando o Brasil teve as importações interrompidas pela Rússia por causa da febre aftosa em 2005”, considera o presidente do Sindicarne no estado e da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar.

Desconfiança

As razões alegadas para a interrupção da importação são vistas com desconfiança no Brasil. “Não existe razão técnica para o embargo, outros mercados mais exigentes são nossos parceiros, não aceitamos essa alegação de problemas sanitários. O que também é estranho é o prazo que nos deram. Até o dia 15 a nossa carne é boa, e depois não é mais?”, questiona o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra. “Parece muito mais que a Rússia está tentando aumentar a produção interna com o fechamento das importações porque os critérios usados por eles são muito subjetivos”, acredita o médico veterinário do Departamento Técnico e Econômico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Fabrício Amorim Monteiro.

Como os bloqueios à carne brasileira já estavam sendo adotados pelo governo russo, uma comitiva liderada pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) visitou no mês passado as entidades representativas em Moscou. Na ocasião, foram apresentadas todas as informações técnicas solicitadas. “Pela segunda vez, a notificação chega sem nem mesmo ter sido enviado ao governo brasileiro o relatório técnico das inspeções russas feitas no Brasil”, destaca o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Francisco Jardim. A assessoria de imprensa do ministério informou que, na próxima segunda-feira, haverá uma reunião entre os técnicos do ministério e todas as entidades exportadoras de carne para avaliar o impacto da medida. Além disso, está prevista uma nova visita a Moscou ainda neste mês.

Mercado de suínos é mais prejudicado

A decisão russa de suspender a compra de suínos do Paraná e outros estados caiu como um “balde de água fria”, segundo o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores, Carlos Francisco Geesdorf. Ele afirma que o setor já vem sendo prejudicado pelos bloqueios do mercado russo e que outros fatores, como o baixo consumo da carne no Brasil em relação aos concorrentes (bovinos e aves) e o alto custo de produção, desestimulam os produtores.

“O produtor já está perdendo R$ 70 por suíno produzido”, aponta Geesdorf. A situação é tão preocupante que, na quarta-feira, um dia antes do anúncio do embargo, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos já havia se reunido para discutir medidas emergenciais de auxílio ao setor, como a diminuição da oferta de suínos para o abate, um preço mínimo de comercialização e a redução do plantel em 10% das matrizes.

O suinocultor João Conrado Schmidt Junior, de Ponta Grossa, tem 300 matrizes e não é exportador, mas reclama que as condições já são difíceis. “O nosso custo de produção está em torno de R$ 2,30 a R$ 2,50 o quilo, enquanto o preço pago é de R$ 1,80 a no máximo R$ 2,10 por quilo”, ressalta. “Com o embargo, acho que vai ter mais carne no mercado interno e o preço vai ficar ainda pior para nós, produtores”, acrescenta.

O perfil do consumidor brasileiro de carne mostra que há menos espaço para o porco que para o boi e o frango. A suinocultura faz campanha para convencer a população de que a carne suína não é mais sinônimo de colesterol alto, mas os resultados custam a aparecer nas estatísticas. Em média, o brasileiro consome 14 quilos de suíno, 35 quilos de bovino e 40 quilos de ave anualmente. No caso da carne bovina, o consumo interno é bem maior e ficará mais fácil para os distribuidores diluírem o excedente. Em relação à carne de frango, o volume das exportações também ajuda. Os embarques são pelo menos 25 vezes maiores que a quantidade barrada por Moscou.

Além do baixo consumo, a ração está mais cara. No Paraná, conforme a Secretaria de Estado da Agricultura, a saca de 60 quilos de milho subiu 43% de abril de 2010 para o mesmo mês deste ano, enquanto que o farelo de soja teve alta de 40% no mesmo período. O Paraná tem cerca de 30 mil suinocultores, sendo que a produção em 2010 ficou em 5,2 milhões de cabeças abatidas.

Fonte: Gazeta do Povo

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Não sou refém do medo, diz Dilma em meio à crise

Folha de S.Paulo

BRASÍLIA -- No momento em que o governo federal está imerso na crise política envolvendo o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que "não será refém" ou se "imobilizará" por desafios e dificuldades.

A frase fez parte do discurso de lançamento do programa Brasil Sem Miséria, no Palácio do Planalto. Dilma evitou a imprensa no evento.

A poucos metros de Palocci, a presidente disse que ninguém "pode se dar ao luxo de ser refém do medo ou da timidez". "Os desafios não me imobilizam, os desafios não me tornam refém, ao contrário, sempre foram eles que me fizeram avançar na vida, sempre", afirmou ela.

O lançamento do programa foi uma forma de mostrar que o governo não está paralisado com a crise no governo. O evento ocorre na semana em que o governo marcou uma série de eventos na tentativa de transmitir uma "agenda positiva". Hoje Dilma inaugura uma plataforma de petróleo no Rio de Janeiro.

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) também afirmou que a crise envolvendo Palocci não está paralisando o governo.

"A crise para nós tem um peso, uma importância, mas ela é muito relativa. A ordem da presidente é que a gente continue trabalhando", disse Carvalho. Questionado se a situação de Palocci no governo é "delicada", ele respondeu: "Mas continua firme".

Palocci ouviu de Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que cabe a ele falar o mais rápido possível sobre seu aumento de patrimônio. A reportagem revelou que o chefe da Casa Civil aumentou seu patrimônio em 20 vezes num período de quatro anos, quando tinha a consultoria Projeto. Palocci negou, por meio de comunicado, irregularidades.

Fonte: Agora

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Ministro quer novo fator para as aposentadorias

Ana Magalhães, enviada especial
do Agora

BRASÍLIA - O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, afirmou ontem que, para substituir o fator previdenciário (índice que reduz o benefício de quem se aposenta mais cedo), prefere o fator 85/95 à criação de uma idade mínima para as aposentadorias.

O fator 85/95 garantiria aposentadoria integral quando a soma da idade com o tempo de contribuição desse 95, no caso dos homens, e 85, no caso das mulheres. "A proposta favorita é a do fator 85/95 porque ela está mais avançada", disse o ministro. "Há uma resistência maior em relação à criação de uma idade mínima."

Apesar disso, a reunião realizada ontem entre governo e centrais sindicais para discutir a substituição do fator acabou sem acordo. Segundo sindicalistas, o governo não fez uma proposta oficial.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta sexta, 3

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