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quarta-feira, outubro 10, 2007

O Rei está Nu

Se nossos olhos estão cada vez mais acostumados a vislumbrar nudez por toda a parte - nas praias, nas bancas de jornais, nas novelas, nos programas de auditório, no carnaval - parece-me questão de tempo até finalmente darmos conta que também o rei está nu. Todos conhecem a fábula: o rei desfilava peladão pelas ruas, mas como ele era muito poderoso, ninguém tinha coragem de abrir o bico. Todos fingiam enxergar vistosos trajes de seda e brocados cobertos de ouro e pedras preciosas. Até que apareceu um menino, muito jovem ainda para discernir o que se deve ou não falar. Vê a cena grotesca e brada: MAS ELE ESTÁ NU!!! Isso teve o efeito de quebrar o encanto, e os demais criaram coragem a apontaram o óbvio: ele está nu! Ao rei só restou pagar o mico e ir para a casa.
Entre nós aqui neste país, a grande maioria ainda pode se dar ao luxo de repousar sob o véu da ignorância: afinal, nunca irão ao exterior, por absoluta falta de meios pecuniários, e tampouco dispõem de uma cultura geral que permita fazer idéia da imagem do brasileiro que foi construída lá fora. Mas há um grupo que não pode dar-se a este luxo, e tal como os malfadados súditos do rei da historieta, têm que fingir que estão vendo belas roupas onde só há nudez. Refiro-me aos brasileiros que vivem no exterior, ou que tem que se deslocar com freqüência a outros países por motivos pessoais ou profissionais. No forum um site mantido pela comunidade brasileira na Alemanha (Viver-na-Alemanha) encontrei um assunto assim:
"A verdade é que a imagem do Brasil no exterior está péssima.Quando pensam em Brasil,pensam na vulgaridade do Samba e do Axé,dos mercenários do futebol,em Favelas e Violência.O filme Cidade de Deus nos fez o favor de dar ao mundo a idéia de que aquele inferno é o Brasil de todos nós. (...) O que mais me choca,é que temos os talentos dos Teuto-brasileiros na moda internacional e no esporte:Ana Hickman,Gisele Buendchen,Mariana Weickert,Gustavo Kuerten,Robert Scheidt,Fernando Scherer.Mas não,ao invés de aproveitá-los,preferimos fazer papel de palhaço nos festivais de Cinema....Mas aos que insistem em dizer que o Brasil tá na Moda,vou lembrá-los do seguinte:o Seu Creisson também já esteve (...).Amaria que meu país fosse conhecido por Gramado,Joinville,Blumenau,Santa Cruz do Sul,Goiania,Jardins de SP,Alphaville e pela Barra,mas desafortunamente são muitos no Brasil que lucram muito com a destruição do nosso cartão de visitas"
Uma cópia do tópico inteiro pode ser encontrada aqui. As primeiras réplicas limitaram-se a colocar os usuais panos quentes. Mas como na fábula, sempre aparece um garoto intrometido para dizer que o rei está nu - neste caso, uma garota de 14 anos, que entrou de sola:
"É CORRETO ISSO MESMO, ESSE PAAIS SÓ MOSTRA O SEU LADO PESSIMO, SÓ GENTE PRETA SAMBANDO ESSE CARNAVAL QUE É NO MEU PONTO DE VISTA UMA PROMISCUIDADE, E ESSA VIOLENCIA... EM VEZ DE ELES MOSTRAREM O LADO BOM DO PAIS A REGIAO SUL, E OUTRAS COISAS BOAS, NAO SÓ MOSTRAM FAVELAS E UM PRETINHOS LÁ ASSALTANDO OS OUTROS AI ISSO É RIDICULO!!!! NAO PODE SÓ SABEM MOSTRAR AQUELAS MAKUMBEIRAS DE ARAKE LÁ KE FICAM SÓ POLUINDO OS MARES E FAZENDO PAKTO COM O DIABO... ISSO É UMA POKA VERGONHA!!!!!!!!!! DAKI UNS DIAS VAO CHAMAR ISSO AKI DE AFRIKA POR QUE É O QUE PARECE... E AS PESSOAS BRANKAS QUE FAZXEM ESTE PAIS ANDAR PRA FRENTE!!!!!! AKI NO SUL NOS KEREMOS A INDEPENDENCIA.... QUEREMOS NOS DESMEMBRAR DO RESTO...."
Pânico na galera! Dali em diante a discussão descambou para o "racismo" da menina, que só não levou uma surra porque na internet tudo é virtual. Que audácia!
O assunto deste tópico já foi abordado por mim na crônica Nossa Imagem Culpada, e levantei as causas remotas deste fenômeno no ensaio Brasil, Paraíso do Sexo. Mas há uma pergunta que, por assim dizer, "não quer calar". Queixar-se da imagem supostamente má que enviamos ao exterior é ser racista? Se a resposta é "sim", então temos que concluir que aquilo que nós somos, fazemos e exibimos ao exterior emana de uma determinada raça. O nosso retrato oficial seria, portanto, a cara de nossa raça oficial. E por conseguinte, o retrato que recusamos enviar ao exterior - motivo da queixa da autora do tópico que mencionei - seria o retrato de uma raça espúria, não-brasileira, não-representativa de nossa gente e de nossos usos e costumes.
Mas se gostamos de alardear que somos um país multirracial, multicultural e tolerante, por que motivo somos tangidos a exibir uma "imagem oficial" tão racializada, a ponto de muitos europeus considerarem o Brasil como um país negro dominado por uma minoria branca? E por que esta imagem, além de racializada, tem que ser tão grosseira, vulgar e sobretudo irreal, sem nenhum lastro na cultura popular brasileira? O jornal NY Times, quando da última visita do Papa ao Brasil, mencionou que João Paulo II viria defender os valores da família em um país onde "a dança mais popular consiste de rebolar o quadril sobre a boca de uma garrafa". A famigerada Dança da Garrafa, de qual quase ninguém se lembra mais, é apontada não só como popular, mas como "a mais popular" - segundo o mais prestigioso jornal do planeta, ela seria ainda mais praticada que o samba. O que fizemos para merecer isso?
A resposta é menos simples do que parece. Poderíamos dizer que isso tudo "não passa de uma imagem estereotipada" e rapidamente ir cuidar de outra coisa. Mas cumpre fazer distinção entre Imagem Estereotipada e Imagem de Exportação. A primeira consiste de uma simplificação grosseira da realidade - é um retrato muito deturpado, sem dúvida, mas tirado a partir de um modelo real. A segunda é uma coisa completamente diferente. A Imagem de Exportação não tem compromissos com a realidade, ela destina-se meramente a suprir uma demanda. Há um determinado grupo que deseja consumir aquela imagem, e outros cuidam de oferece-la ao gosto do freguês. Desde que, é claro, haja interesse em fazê-lo. O "retrato oficial" do Brasil claramente inclui-se naquilo que defini como uma Imagem de Exportação. Ele não tem nada a ver com o que nós realmente somos, em termos históricos, étnicos e culturais. Mas é uma mentirinha que, por algum motivo, nós adoramos contar, e o resto do mundo adora acreditar. Não pretendo discutir aqui as origens históricas desta obsessão em torno do país "sensual", por já havê-lo feito no meu ensaio Brasil, Paraíso do Sexo. Limitar-me-ei a falar sobre os efeitos que ela nos causa, os quais se manifestam com freqüência cada vez maior neste mundo crescentemente globalizado.
Quem viaja com freqüência ao exterior sabe disto. O estrangeiro, muito embora nem saiba ao certo em que continente fica o Brasil ou que língua é falada aqui, tem uma noção bastante precisa sobre como nós somos ou devemos ser. Seguidamente confrontado com viajantes brasileiros que não só não se enquadram neste modelo, como demonstram ignora-lo totalmente, é natural que tenha a impressão de estar diante de uma espécie de embuste. Um brasileiro branco e de bom nível cultural transitando pela Europa costuma causar certa surpresa, nem sempre dissimulada. Se ele/ela não tem sua nacionalidade posta em dúvida logo de cara, é comum ouvir ressalvas tipo "Ah, mas você deve ser rico", já que dispõe de recursos para uma viagem. Ser considerado rico, a princípio, não é uma ofensa, mas em se tratando de um cidadão de um país conhecido por sua distribuição de renda notóriamente desigual, este qualificativo adquire uma certa carga pejorativa. Isto está implícito em nossa Imagem de Exportação: nossos filmes que concorrem ao Oscar invariavelmente mostram a miséria e a violência, ao mesmo tempo em que inocentam os marginais e apresentam-nos como vítimas inocentes de uma sociedade "injusta", construída a partir da opressão da elite rica sobre o povo. Se no passado, um viajante brasileiro na Europa era visto como um dono de escravos, hoje em dia é visto como um exterminador de florestas e matador de crianças de rua - não há ninguém que não esteja convencido de que o Massacre da Candelária foi executado por uma divisão da Polícia Militar especialmente constituída para exterminar crianças de rua, e que o passatempo dos garimpeiros na amazônia é atirar ao alto uma criança índia e espeta-la no facão. Um brasileiro "rico", portanto - epíteto que se aplica a todos os brasileiros que podem arcar com uma viagem internacional, ou mesmo aos que são donos de um Chevette 1985 em estado razoável - não apenas é culpado a priori da miséria dos meninos de rua, como não é considerado um modelo representativo da identidade étnica e cultural do povo brasileiro - retratado como sendo negro, índio e exótico, dado a comportamentos bizarros como praticar magia negra nas praias e passar o ano inteiro a dançar nu pelas ruas.
Estes argumentos podem parecer grotescos na forma como foram expostos, mas efetivamente representam a idéia que o europeu médio faz do povo brasileiro: não-branco, não-ocidental, não-civilizado, sem nenhuma herança cultural européia, que age mais movido pelo instinto do que pelo costume, oprimido por uma elite maléfica e fútil. A outra extremidade deste fenômeno pode ser vista aqui no Brasil mesmo, em um tour organizado para levar turistas a uma visita à Favela da Rocinha. É preciso reservar com antecedência, pois o passeio é muito concorrido. Aboletados em jipes e devidamente paramentados com seus trajes de safari, os turistas vão ver os "selvagens" em seu ambiente natural. Dizem que até atores foram contratados para representar os traficantes (quantos aos traficantes de verdade, é evidente que foram devidamente pagos para autorizar a farsa em seus domínios). Muitos brasileiros ficam chocados com o que consideram uma manifestação de sadismo e deboche da parte dos turistas estrangeiros. Mas eu entendo a real motivação destes. Eles não são sádicos. Eles simplesmente estão visitando aquilo que consideram o Brasil genuíno; afinal, se eles vieram para cá, nada mais natural que desejem ter contato com o "verdadeiro" povo brasileiro, pois turismo também é cultura. Quanto à urbe que rodeia as favelas, esta seria, quando muito, a construção de uma elite de colonizadores estrangeiros que encasquetou de ir aos trópicos oprimir e escravizar aos povos nativos. Que interesse haveriam de ter por esta gente pretensiosa? Não é por causa deles que os turistas aqui vieram.
A exaltação da favela como ambiente gerador de manifestações artísticas e culturais genuinamente brasileiras vem de longa data. É certo que a favela já deu coisas belas, como certos sambas que até hoje são tocados. Mas isto foi no passado. Hoje em dia a favela só produz horrores como tráfico de drogas e funk. Há alguma verdade na crença de que o habitante das favelas seria o brasileiro mais genuíno? Em termos históricos, étnicos, culturais e sócio-econômicos, nenhuma. É certo que a renda média do brasileiro não corresponde à da classe média que habita ao redor da favela, mas tampouco corresponde à do favelado. Mesmo que, em cidades como Rio e São Paulo, a população favelada se conte aos milhões de indivíduos, está muito longe de ser a maioria. O modelo "Minoria de Colonizadores X Maioria de Nativos" é um modelo pertinente ao colonialismo do século XIX, e pouco tem a ver com o Brasil, que é produto do colonialismo do século XVI, onde o colonizador se misturou ao nativo. Entre nós, a diferença entre a classe média e os pobres é enorme, mas é uma diferença puramente econômica, que diz respeito somente à renda, e não a nenhum outro fator. O Brasil não é a Índia, a Argélia, a Rodésia ou a África do Sul, ex-colônias européias que viveram conflitos étnicos entre o dominador e o dominado. Aqui, a classe média e os pobres não possuem identidades étnicas distintas, ambos são misturados. Tampouco as diferenças culturais vão além daquilo que é conseqüência de um grau de escolaridade diferente: a favela brasileira não é um enclave, um gueto onde esteja confinado um "outro povo"; não é como um acampamento palestino na Cisjordânia, ou um bantustão na África do Sul, ou um bairro árabe em Marselha; na verdade, não é sequer como um gueto negro em Nova Iorque. Nestes, um branco que se intrometa por ali é hostilizado; aqui, independente da cor da pele, quanquer estranho que entre em uma favela corre o risco de ser morto pelo traficante de plantão. A favela brasileira é, simplesmente, um reduto de pobres, e eventualmente de marginais.
Por que, então, continuamos a enviar ao exterior a imagem de uma mulata passista de escola de samba? Dir-se-ia que com isso queremos reparar uma injustiça. Os negros foram escravos, e seus descendentes vivem nas favelas; alivia um pouco a nossa culpa coloca-los em evidência e exaltar as "manifestações culturais" desta raça, não é verdade? É bom lembrar que o carnaval, embora festejado tanto pela elite como pelos pobres, era tido como coisa marginal até meados do século XX, quando desembarcou por aqui um Orson Welles com uma equipe de cineastas a serviço da Política da Boa Vizinhança. Foi o início do interesse estrangeiro pelo carnaval brasileiro - Carmen Miranda já estava nos EUA havia 4 anos, mas não servia; o que cantava não era samba e sim rumba, e além disso ela era branca. Foi Orson Welles quem subiu aos morros, entrou nos barracos, conversou com os moradores e filmou as primeiras imagens originais do nascedouro do samba - e a partir daí formou-se o amálgama que junta carnaval + samba + favela + negros, que dura até hoje (nas imagens de Welles, eventuais figurantes brancos eram pintados de preto). O documentário, denominado "É Tudo Verdade", acabou não sendo lançado comercialmente (o estúdio americano declarou que não daria um tostão por um bando de negros pulando) mas algumas de suas imagens foram garimpadas e exibidas anos depois. Foi este o marco inicial. A partir daí, o governo brasileiro, os artistas e os intelectuais subitamente "descobriram" que o carnaval era a mais cara manifestação de nosso ser, a chave imprescendível para se desvendar a alma do brasileiro, a fórmula da convivência pacífica entre raças e classes sociais, o resgate dos genuínos valores culturais do povo oprimido pelas elites dominantes, nossa própria razão de viver...
Mas após décadas de comercialização, é duvidoso que este carnaval dos dias de hoje, basicamente feito para turistas, ainda tenha alguma coisa a ver com a cultura popular brasileira. Como duvidoso é que alguma vez tenha de fato tido a importância que lhe quiseram atribuir. É irônico que tenha sido tão ostensivamente apresentado como sendo uma exaltação da negritude: primeiro de tudo, o carnaval nada tem de africano, é uma tradicionalíssima festa européia. E segundo, a figura da mulata a rebolar as nádegas nuas não transmite nada de elogioso para ela. Na prática, apenas chancela o papel de objeto sexual que lhe tem sido assinalado desde os tempos coloniais: a branca para o altar, a preta para o fogão, a mulata para a cama. Na visão do sinhozinho comedor, a mulata era o que havia de ideal: parecia-se com uma branca, mas era tão escrava quanto a preta. Foi esta mulata rebolando na avenida a isca que despertou para o Brasil o interesse do turista sexual, que é o sinhozinho comedor da era globalizada.
Que estrangeiros gostem de traseiros rebolantes de mulatas, isto é compreensível, pois na opinião dele trata-se da maneira como devem se comportar as mulheres da região tropical, vistas como repletas de energia sexual. Menos compreensível é que brasileiros façam de tudo para reforçar esta imagem sabidamente deletéria, ao invés de combate-la e procurar expor em seu lugar aquilo que temos de bom e louvável. Não me refiro a todos os brasileiros, é óbvio; falo daqueles que tem o poder de gerar imagens, idéias e teses, e assim influenciar a opinião externa a respeito do Brasil: funcionários do governo, como os da repartição oficial de turismo; e notadamente artistas, intelectuais, escritores, jornalistas. Toda essa gente vem há anos exaltando as "virtudes" brasileiras; a Embratur produz posteres de mulheres de fio dental nas praias, pseudo-sambistas desconhecidos por aqui levam à Europa trupes de "mulatas que não estão no mapa", a Globo esporta para Portugal novelas que parecem produções pornográficas, sociólogos exaltam a mestiçagem e o suposto "caráter generoso" daí advindo. Jorge Amado já chegou a ser acusado de promover o turismo sexual na Bahia, ao apresentar em seus romances a mulher baiana como lasciva e doida para arrumar um "coronel"... Onde foi que erramos?
Bem, trata-se de uma pergunta cuja resposta nunca é confortável de enunciar. Se exaltamos o que temos de ruim, e escondemos o que temos de bom, temos aí uma óbvia deformação de caráter. Não é uma coisa acidental, um mero equívoco. Por caminhos tortuosos, chegamos a este ponto. Que caminhos foram estes? Como isto começou? Reunindo os elementos que aqui expus, tirei algumas conclusões:
- Na raiz de tudo, está uma rejeição ao elemento europeu como formador de nossa identidade. Ele é identificado como sendo o dominador, o opressor; cumpre então exaltar os elementos não-europeus (negros e mestiços) e as contribuições que estes supostamente deram ao Brasil;
- Exaltamos a mestiçagem como sendo a fórmula que descobrimos para renegar nossas raízes européias e gerar uma nova raça, que supostamente é a raça brasileira. A mestiçagem é tão boa que chega a apagar a nódoa da escravidão, substituindo a exploração do trabalho alheio pelo amor carnal;
- Uma acentuada inclinação marxista de nossa intelectualidade, que também atinge o meio artístico, induz à vitimização dos elementos não-europeus, identificados com o povo oprimido, e à condenação do elemento europeu, identificado com a elite rica. O imigrante europeu, apesar de pobre, não é exaltado, porque sua ação se deu no sentido de prosperar por meio do trabalho árduo e fomentar o surgimento do capitalismo.
A mensagem que desejam transmitir é essa: nossa história é uma história de conquista e opressão, e nossa sociedade consiste de uma minoria européia dedicada a espoliar uma maioria negra e mestiça. Afirmar nossa "brasilidade", portanto, seria renegar tudo aquilo que temos de europeu, e afirmar o que temos de não-europeu. Mas a contradição fundamental desta premissa está no fato de que os promotores desta idéia são, em geral, letrados e artistas descendentes dos europeus que condenam, e não dos africanos e índios que defendem. Ao procurar exaltar o nosso lado "popular", tudo o que conseguem é projetar sobre estes elementos mestiços os preconceitos que nutrem em relação a eles. Assim, se querem apontar valor em um indivíduo mulato, o exemplo escolhido não é Machado de Assis, mas o sambista do morro e a macumbeira da praia. Isto vai precisamente de encontro ao que os estrangeiros via de regra desejam ouvir a respeito de um povo tropical como o brasileiro: exótico, instintivo e não cognitivo, sensual e não intelectual, emocional e não racional, expansivo e não reprimido, natural e não civilizado; enfim, alguém que está lá para trepar com ele, e não para discutir Goethe ou ouvir Chopin. É por este motivo que a pretensa exaltação que fazemos a nossos elementos "populares" é tão bem recebida na Europa: nós dizemos o que eles querem ouvir. A mestiçagem que tanto exaltamos é, para um estrangeiro típico, nada mais que um sinal da sexualidade desbragada que acreditam ser peculiar aos brasileiros.
Com certeza, a esta altura, já estarei ouvindo brados de protesto: o que você tem contra o samba e a macumba? Nada, respondo. Mas também não tenho nada a favor. Só acho que a letra de um samba não pode ser comparada a um texto de Machado de Assis. E é bom lembrar que na maior parte do mundo, as religiões animistas já foram substituídas por religiões monoteístas que pregam valiosos preceitos morais, excluem rituais mágicos para causar malefícios, e também não sujam as praias. Sei que dizer estas coisas não é "politicamente correto". Mas renegar nossa herança européia desperta aplausos, aqui e lá fora. É um desejo mútuo. No Brasil, isto é sentido sobretudo nos estados do sul, que costumam ser desconsiderados quando se trata de fazer um retrato do país. Um dos raros a chamar a atenção para o fato é o jornalista gaúcho Janer Cristaldo, que comentou na crônica A Difícil Travessia do Uruguai:
"O 'Sul maravilha' pouco diz a um europeu como parte integrante do Brasil. O exemplo mais sintomático desta exclusão do Sul no imaginário europeu, encontrei-o em uma declaração de um repórter do Le Monde, que acompanhava o Papa em sua primeira visita ao Brasil. Quando João Paulo se dirige a Porto Alegre, não interessa mais ao jornalista. 'Segundo meus colegas brasileiros, lá não é mais Brasil', disse. Ou seja, eram jornalistas brasileiros que reforçavam, no correspondente francês, o preconceito que este já nutria em relação ao país"
Se são os próprios brasileiros que expulsam o sul de seu conceito de brasilidade, por que haveriam de estranhar que a garota do forum venha a clamar pela separação política dos estados do sul do resto do país?
A outra extremidade deste divórcio entre o Brasil e sua herança européia encontra-se na própria Europa, onde certa vez eu observei um belo painel representando o mapa-mundi, feito por uma importante organização de ambientalistas. Nele, cada região do globo era representada pela foto de uma criancinha em trajes típicos da região. Sobre a América do Sul, uma indiazinha de longos cabelos. Muito justo. Só que, sobre a Austrália, não havia nenhum aborígine australiano de pele cor de chocolate. Havia uma criancinha loura de olhos azuis. Ao que parece, a substituição de uma população nativa por uma população de colonos é permitida para certas regiões do globo, mas não para outras... De modo geral, o europeu típico não aprecia que um viajante brasileiro proclame sua origem européia, por ser este viajante a priori identificado como membro de uma elite colonial invasora, escravizadora, exterminadora de índios e opressora do povo miserável. Mas com um mínimo de conhecimentos gerais e uma pitada de malícia, percebe-se que esta idéia pré-concebida deriva do conceito que eles nutrem a respeito da região tropical, vista como economicamente estéril, inerentemente incapaz de gerar riquezas, onde só se pode prosperar espoliando aos outros. Sob esta ótica, um brasileiro ou é um pobre ou é um canalha. Não pode ser as duas coisas, nem pode ser nenhuma delas. Assim, um europeu quetenha, no passado, voluntariamente deliberado se transferir para o Brasil, só pode haver tomado esta decisão movido por algum propósito inconfessável: se ele é alemão, é um fugitivo nazista; se é italiano, é um mafioso, etc. O europeu contemporâneo rejeita seu passado de colonizador, e no fundo acha um absurdo que algum compatriota seu tenha desejado "corromper" os trópicos com a transplantação para ali de sua população e de sua cultura. Na visão atual, "norte" e "sul" são diferentes e têm papéis distintos: norte é lugar de trabalho e construção, sul é lugar de dissipação e prazeres. Não se trata de uma imposição arbitrária, mas de uma vocação natural supostamente derivada dos traços culturais peculiares às regiões temperada e tropical. Afinal, não são eles mesmos, os brasileiros, que não se cansam de afirmar isto?
Nestes dias de globalização, é notório o desastre que foi causado pela Imagem de Exportação que fizemos tanta questão de produzir. Para ver isso, nem é preciso ir ao exterior, basta entrar na internet. Esta caracterização grotesca irá cair sobre os brasileiros como uma maldição que durará um tempo indefinido, e cairá inclusive sobre brasileiros que nunca foram racistas, nunca sambaram na avenida, nem fazem qualquer idéia do conceito que o mundo tem de nós. Por hora, é esperar que a bomba está vindo. Poucos se animam a falar alguma coisa, como a moça que colocou seu protesto no forum. Quanto aos literatos, artistas e pretensos sociólogos que tão orgulhosamente ergueram o ícone do povo sensual e miscigenado, estes têm exibido a cara de tacho de cachorro que fez xixi na sala. Mais ou menos como deve ter ficado o rei da fábula, quando descobriram que estava nu.
Fonte: http://www.pedromundim.net/ReiNu.htm

Mapa Renan o Brasil É Isso Aí...

Editado por Giulio Sanmartini



... O RESTO QUE SE DANE.



Fonte: prosa&política

OHL domina leilão de rodovias e empresa de dono da Gol leva BR-153

YGOR SALLESda Folha Online
A espanhola OHL Brasil dominou o leilão de trechos de rodovias federais e arrematou cinco editais, que somam 2.078 quilômetros. Passou a ser, em extensão, a maior empresa concessionária de rodovias do país, passando a CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias). Porém, a CCR continua a líder por tráfego e receita.
A empresa BRVias --que tem a família Constantino, dona da Gol Linhas Aéreas, como uma das sócias-- ficou com um trecho da BR-153, de 321,6 quilômetros e a espanhola Acciona do Brasil arrematou trecho de 200,4 quilômetros da BR-393, último lote do leilão.
Foram consideradas vencedoras as empresas que ofereceram o menor preço de pedágio. A concessão é de 25 anos.
A OHL Brasil conseguiu o trecho da BR-116 (Régis Bittencourt) por R$ 1,364, com um deságio (em relação ao preço inicial proposto pelo governo federal) de 49,2% e a BR-381 (Fernão Dias), por R$ 0,997, com deságio de 65,43%. Na Régis serão construídas seis praças de pedágio, e na Fernão Dias, oito.
A companhia também ficou com o trecho que abrange as rodovias BR-101, BR-116 e BR-376 entre Curitiba e Florianópolis por R$ 1,028 --cobrados em cinco pedágios--, com deságio de 62,67%, e com o lote da BR-101, da ponte Rio-Niterói à divisa do Rio com Espírito Santo, por R$ 2,258, com deságio de 40,95% e cobrado em cinco praças.
A empresa arrematou, ainda, o trecho da BR-116 entre Curitiba e a divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul por R$ 2,54, com deságio de 39,35%. Este trecho terá cinco praças.
A BRVias arrematou a BR-153, no trecho de São Paulo, com tarifa de R$ 2,45 a ser cobrado em quatro praças de pedágio. Ao todo, foram 10 propostas a este quinto lote. O deságio foi de 40%.
A Acciona Brasil --que entrou na Justiça para participar do leilão-- arrematou o trecho da BR-393 da divisa entre Minas e Rio até a entrada da BR-116 (rodovia Dutra) por R$ 2,94, com deságio de 27,17%.
O leilão foi interrompido depois do quarto edital (de um total de sete). A Acciona passou a concorrer, então, pelos últimos três. Dos quatro editais que a Acciona deixou de participar, a empresa realizou oferta para dois (Fernão Dias e BR-101 da ponte Rio-Niterói até divisa de ES e RJ).
Nos dois casos, o preço apresentado pela empresa foi maior ao da vencedora, a OHL. Portanto, a ANTT considerou que os quatro editais estão válidos e a OHL permanece com os trechos.
Segundo a ANTT, a Acciona pode perder o lote que venceu caso a liminar seja derrubada. Neste caso, a TPI (Triunfo Participações e Investimentos) assumirá a concessão da BR-393 no Rio de Janeiro com tarifa de R$ 3,851 --deságio de 4,61%-- a ser cobrado em três praças de pedágio.
Fonte: Folha Online

CGU sorteia novos municípios que serão fiscalizados




Amontada, Nova Russas e Barroquinha foram sorteadas entre os 60 municípios que sofrerão fiscalização



Em sorteio público realizado na manhã desta terça-feira, 9, no auditório da Caixa Econômica Federal, em Brasília, foram definidos os 60 municípios que receberão fiscalização especial da Controladoria-Geral da União (CGU). Nos municípios com mais de 20 mil habitantes, serão fiscalizadas as seguintes áreas: Educação, Saúde, Assistência Social, Habitação, Saneamento e Urbanismo. Já nos municípios com mais de 100 mil habitantes, serão fiscalizadas as áreas de Educação, Habitação, Saneamento e Urbanismo. Confira abaixo a lista dos 60 municípios sorteados. 1º Xapuri (AC) 2º Teixeirópolis (RO) 3º Careiro da Várzea (AM) 4º Santana do São Francisco (SE) 5º Areal (RJ) 6º Água Clara (MS) 7º Colatina (ES) 8º Pindoba (AL) 9º Coqueiro Seco (AL) 10º Porto Alegre do Tocantins (TO) 11º São Geraldo do Araguaia (PA) 12º Marabá (PA) 13º São Félix do Xingu (PA) 14º Matupá (MT) 15º São Fernando (RN) 16º Baía Formosa (RN) 17º Presidente Juscelino (RN) 18º São Caitano (PE) 19º Sairé (PE) 20º Capoeiras (PE) 21º Amontada (CE) 22º Nova Russas (CE) 23º Barroquinha (CE) 24º Primeira Cruz (MA) 25º Carutapera (MA) 26º Imperatriz (MA) 27º Angical do Piauí (PI) 28º Campo Largo do Piauí (PI) 29º Canavieira (PI) 30º Araruna (PB) 31º Itabaiana (PB) 32º Brejo do Cruz (PB) 33º Cromínia (GO) 34º Araguapaz (GO) 35º Descanso (SC) 36º Piratuba (SC) 37º Boa Esperança do Iguaçu (PR) 38º Primeiro de Maio (PR) 39º Santa Cecília do Pavão (PR) 40º Érico Cardoso (BA) 41º Lagoa Real (BA) 42º Camamu (BA) 43º Tanque Novo (BA) 44º Iraquara (BA) 45º São Jerônimo (RS) 46º Centenário (RS) 47º Manoel Viana (RS) 48º Candelária (RS) 49º Ribeira (SP) 50º Aramina (SP) 51º Cunha (SP) 52º Parisi (SP) 53º Jardinópolis (SP) 54º Raposos (MG) 55º Chapada Gaúcha (MG) 56º Machado (MG) 57º Alagoa (MG) 58º Pouso Alegre (MG) 59º Nova Lima (MG) 60º Heliodora (MG)
Agência Brasil
Fonte: O POVO

Promotor pede afastamento de prefeito

Em uma ação civil pública por ato de improbidade administrativa, o Ministério Público baiano requereu à Justiça a concessão de medida liminar determinando o afastamento do prefeito municipal de Eunápolis, José Robério Batista de Oliveira, e da procuradora-geral do Município, Priscila Barbalho Milholo. Os dois são acusados de praticar atos contrários ao dever de lealdade às instituições, no caso ao Município de Eunápolis, uma vez que a procuradora-geral foi designada pelo prefeito para defender servidores públicos apontados como envolvidos em desvio de verbas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS). O titular da Secretaria de Comunicação de Eunápolis, Josemar Marinho Siquara, o servidor lotado naquela secretaria, Rui Miranda do Nascimento, e o diretor do Departamento de Limpeza Pública, João Alves dos Reis, são, juntamente com o chefe do executivo, objeto de ação de improbidade junto à Justiça Federal por utilização de verba do Fundo Municipal de Saúde para abastecimento de veículos particulares, inclusive um trio elétrico de propriedade do prefeito.
Fonte: Tribuna da Bahia

Sucessão municipal vai deslanchar cedo

Encerrado o prazo de filiações partidárias, agora é a hora de arrumação dos partidos, visando às eleições do próximo ano. Em Salvador, com várias pré-candidaturas já nas ruas, a tendência é que o processão da sucessão de João Henrique seja antecipado, com muitas discussões, reuniões e conversas nos quatro cantos da cidade. Assim, mesmo contrariando alguns, a eleição ganha corpo e tende a ocupar os espaços nas agendas dos políticos e, via de regra, na mídia. Tão logo foi encerrado o prazo para as filiações partidárias, na última sexta-feira, dia 5, o processo da sucessão municipal de Salvador começou a deslanchar, haja vista a postura adotada por alguns candidatos. Embora ainda não admita totalmente, é quase certo que o deputado federal ACM Neto deverá disputar a sucessão de João Henrique pelo Democratas. Nos últimos dias, as mudanças adotadas pelo político evidenciaram que o que falta para ele assumir a sua candidatura à prefeitura de Salvador é uma questão de tempo. E de tática. Neto tem ampliado o seu discurso crítico em relação à administração do prefeito João Henrique, concede entrevistas à imprensa constantemente, e as suas aparições públicas nos bairros são cada vez mais freqüentes. Ontem, ele concedeu uma entrevista à Rádio Nova Salvador FM, no programa Linha Direta, quando voltou a admitir a possibilidade de disputar a prefeitura de Salvador no próximo ano. Segundo declarações do parlamentar, ele já está montando uma equipe de trabalho para organizar um estudo sobre Salvador, o que, no fundo, é uma forma de viabilizar a sua candidatura. “Temos que dissecar a cidade nas áreas que consideramos prioritárias - saúde, educação, infra-estrutura e outras -, conhecer a fundo seus problemas, abrir um debate e apresentar as soluções adequadas a cada uma delas”, disse. Neto admitiu que vai ampliar a sua movimentação pela cidade, notadamente pelos bairros mais populosos, para discutir e conhecer os problemas da população. O parlamentar falou ainda que pretende conversar com outros partidos, visando ampliar uma aliança em torno da sua possível candidatura. Um dos partidos que poderão participar deste bloco é o PTN, que conta com o deputado estadual João Carlos Bacelar, um dos principais incentivadores da candidatura do neto do senador Antônio Carlos Magalhães. “O deputado ACM Neto precisa assumir a sua candidatura por várias razões, principalmente porque é o melhor nome entre os que estão aí”, declarou Bacelar recentemente. (Por Evandro Matos)
Imbassahy acha cedo para começar
A entrada no PR não foi apenas para o senador César Borges ter um novo abrigo eleitoral. Definitivamente, não. Borges tem se movimentado e conversado. E muito. Primeiro, com a bancada estadual, numa reunião na última segunda-feira, na Assembléia Legislativa. Em Brasília, o senador também tem conversado bastante com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, principal avalista da sua entrada no seio dos republicanos. Mas, aqui na Bahia, Borges já tem adiantado também algumas conversas com outros partidos, certamente visando às eleições de 2008 e 2010. Os primeiros entendimentos estariam acontecendo com o conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios Otto Alencar, antigo filiado do PR e que ainda teria influência com alguns deputados na Assembléia Legislativa. Mas Borges teria conversado também com o PSDB, que tem o ex-prefeito Antônio Imbassahy como um dos principais postulantes à prefeitura de Salvador em 2008. Contudo, Imbassahy nega, afirmando que “está muito cedo para se ter qualquer conversa neste sentido”. O ex-prefeito de Salvador disse que, ultimamente, estava cuidando das filiações partidárias, já que ele é o atual presidente do diretório estadual do PSDB. “Agora, o fato de estar fora de tempo, não impede de se conversar com qualquer pessoa, mas não leva a uma conclusão disso”, afirmou. Imbassahy disse que o quadro sucessório ainda está indefinido, principalmente em relação aos nomes que poderão ser lançados. “Os partidos estão robustecidos pelo valor dos seus componentes e nós temos que aguardar se eles vão colocar candidaturas próprias ou não”, concluiu. Contudo, embora ache cedo para que o processo sucessório de Salvador seja deslanchado, Imbassahy mantém uma agenda de pré-candidato, visitando e recebendo visitas.(Por Evandro Matos)
Nelson Pelegrino também abre candidatura
O deputado federal Nelson Pelegrino, pré-candidato à sucessão de João Henrique pelo PT, não nega para ninguém o seu desejo de administrar Salvador. Mesmo com o seu partido fazendo parte da atual administração comandada por João Henrique (PMDB), notadamente depois da recente repactuação, Pelegrino e outros militantes petistas entendem que a vez é agora, já que o PT encabeça os governos estadual e federal. Ontem o deputado esteve na Rádio Metrópole, onde concedeu uma entrevista ao radialista Mário Kertész, e confirmou que é pré-candidato do PT à Prefeitura de Salvador. Pelegrino admitiu ter sido um erro o partido ter mantido apoio à administração João Henrique. “O PT não influencia nos rumos estratégicos do governo e pode pagar um preço por isso”, disse ele. Sobre a confusa participação no governo municipal e a manutenção da unidade dos partidos da base, o parlamentar disse que tanto o presidente Lula quanto o governador Jaques Wagner, apesar de defenderem a unidade, acham que a candidatura em Salvador é uma decisão do PT. Sendo a sua pré-candidatura uma perspectiva de poder que nutre há muitos anos, o deputado entende que o fato de neste momento o País e a Bahia serem governados pelo PT abre uma grande chance para Salvador, que poderia estar deslanchando. “As pessoas me cobram: como o PT não vai disputar a Prefeitura agora?”, declarou Pelegrino, na entrevista concedida à Rádio Metrópole.(Por Evandro Matos)
Só suplente do partido pode assumir
Especialista em direito eleitoral fez ontem uma advertência: a decisão do Supremo Tribunal Federal é explícita: o mandato pertence ao partido e não ao candidato. Em sendo assim, não será o primeiro suplente da coligação quem assumirá a cadeira do parlamentar infiel. Um exemplo concreto: caso a deputada federal Jusmari Oliveira tenha que ceder sua vaga, quem a ocupará será o primeiro suplente do DEM, seu ex-partido, Jairo Carneiro, e não o bispo Marinho, que elegeu-se pelo PR. A cassação de Jusmari por infidelidade partidária, no entanto, é tida como improvável. Ela possui em mãos um comunicado expedido pelo então presidente nacional do Democratas, Jorge Bornhausen, informando que estaria desligada do partido desde o dia cinco de março. Para o STF, só estão propensos a perderem seus mandatos os parlamentares que trocaram de legenda depois do dia 27 de março quando, na prática, o Tribunal Superior Eleitoral definiu a fidelidade partidária determinando que o mandato pertence à sigla e não ao candidato. (Por Janio Lopo - Editor de Política)
Fonte: Tribuna da Bahia

Só falta privatizar o oxigênio

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Além da vaidade, da arrogância e das tradicionais goelas abertas, qual a diferença entre o governo do PT e o governo do PSDB? Nenhuma. Lula e Fernando Henrique são faces da mesma moeda, especialmente quando se compara a administração de ambos. Nada mais igual.
O governo tucano foi o responsável por estarem as rodovias nacionais em frangalhos, caracterizadas por crateras e buracos. Exceção, é claro, dos trechos privatizados que ele doou a grupos empenhados em lucrar com os abomináveis pedágios. Nesse caso, parte dos recursos arrecadados serve para recuperar um pouco do asfalto, ainda que o principal sirva para engordar suas contas bancárias.
Pois não é que o governo Lula reza pela mesma cartilha? Ainda agora se anuncia a entrega de mais sete trechos importantes das estradas federais aos urubus do pedágio. Começa que a população já paga a extorsiva "contribuição" que deveria servir para a recuperação e ampliação das rodovias, mas que sistematicamente é desviada para o pagamento de juros da dívida pública. Não estivesse o cidadão comum premido pela imensa carga fiscal e nem assim se justificaria a "contribuição" fajuta.
Mesmo assim, mais rodovias estarão sendo privatizadas, ou seja, submetidas ao pagamento de pedágios equivalentes a assaltos a mão armada.
Terá o governo calculado o quanto custa a um caminhoneiro, além do combustível e do desgaste das viaturas, para transitar pelos estados de Minas, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e outros? Depois não encontram explicação para o aumento dos gêneros de primeira necessidade.
Nem haverá que falar na falta total de segurança nas estradas, com o aumento vertiginoso do roubo de caminhões e de cargas, a maioria destas negociada com os mesmos de sempre, ou seja, comerciantes e proprietários de supermercados que melhor estariam alojados em alguma penitenciária.
Em suma, e aqui se apresentou só um exemplo, a estratégia dos companheiros é a mesma dos tucanos: sugar a população com impostos e negar a obrigação de promover serviços públicos de mínima qualidade. Não demora e privatizarão o oxigênio que a gente respira: um dólar por aspirada...
Devendo explicações
Entendeu o Tribunal Superior Eleitoral que também perdem os mandatos os senadores, prefeitos, governadores e o presidente da República, se deixarem os respectivos partidos. Claro que a decisão precisará ser confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, com as ressalvas de que perseguição ou mudança de diretriz programática justificam as mudanças. Ficam no ar, porém, algumas dúvidas. Se o mandatário for expulso de sua legenda, tendo manifestado o desejo de não abandoná-la, ficará submetido à perda do mandato?
Seria uma festa para certos caciques empenhados em livrar-se de correligionários incômodos, ainda mais se puderem substituí-los por amiguinhos. Da mesma forma, deixar um partido para participar da fundação de outro em formação, ainda inexistente, justifica a perda do mandato? Melhor faria o Congresso caso se antecipasse a essas revelações em conta-gotas que a Justiça Eleitoral começou a promover, votando com rapidez uma lei de fidelidade partidária.
Ventilador
A mãe de todos os escândalos, este ano, seria a investigação sobre as Organizações Não Governamentais em funcionamento no País. Com a óbvia ressalva de que há ONGs excepcionais, de relevantes serviços prestados às causas sociais, ambientais e educacionais. Mas num universo de 62 mil, quanta lama escorre de boa parte delas? Não são públicas nem privadas.
Não necessitam submeter-se ao controle de Tribunais de Contas nem comprovar a utilização de recursos recebidos dos cofres públicos. Seus dirigentes reservam-se retiradas ilimitadas. De acordo com o partido que estiver no governo, tucanos já foram beneficiados, como companheiros estão sendo. Vale tudo, desde a falsa prestação de serviços à mentirosa preparação de profissionais e a distribuição de benesses inexistentes.
Meses se passaram desde que o senador Heráclito Fortes apresentou o pedido de constituição de CPI para investigar as ONGs. O governo Lula fez de tudo para evitar o início das investigações, o que já constitui curioso sintoma. Agora a ordem é compor a comissão com gente morna, incapaz de levar a bom termo a elucidação de denúncias. Se a caixa-preta for aberta, não haverá ventilador que baste para espalhar seu conteúdo.
Fonte: Tribuna da Imprensa

O Supremo precisa decidir DEMOCRATICAMENTE

Por: Helio Fernandes

Os partidos não são donos de nada
Não é possível que em 3 meses não tenham encontrado a fórmula de cassação do mandato de Renan Calheiros. Enxovalharam as Instituições, desprestigiaram os parlamentares, demoliram a confiança que o cidadão-contribuinte-eleitor tinha ou devia ter naqueles que ele mesmo escolheu. Só que não escolheu voluntária ou deliberadamente, foi levada pela "onda" manipulada pelas cúpulas partidárias.O Supremo ainda não percebeu o equívoco colossal que cometeu, "decidindo que os mandatos pertencem aos partidos". Nunca pertenceu nem no Império nem na República. Mas aqui, muito mais grave, pois embora todos gritem "somos republicanos", o voto continua não sendo.O que se chamou de "revolução de 30" (e que não foi Revolução coisa nenhuma) era uma farsa, uma fraude, solução farisaica, se aproveitando de um povo analfabeto, faminto e inteiramente abandonado. Só havia então um partido, o Republicano, que ganhava complementos em cada estado.Mas se essa falsa "revolução" pudesse ter alguma autenticidade, era rigorosamente eleitoral, e no mais alto sentido, o presidencial. Basta recordar a frase que serviu de bandeira: "Precisamos acabar com o monopólio odioso dos presidentes da República escolherem seus sucessores". Era legítimo, perfeito, relevante, importantíssimo.Mas o homem que aparentemente "chefiou ou liderou" essa "revolução" assumiu a presidência, logo traiu a frase base que movimentara. Era para "não escolher seu sucessor", Vargas levou a frase ao máximo, não indicou ninguém, ficou ele mesmo durante 15 anos. Só sairia pela força, voltaria 5 anos depois, e como não sabia governar democraticamente acabou matando os melhores anos da República, e no final matando a ele mesmo.Nos 118 anos de República, jamais tivemos nem democracia nem partidos. Até 1930 eram os paulistas que dominavam tudo, como dominam até agora. De tal maneira, que para a eleição de 2010 se organiza ou se movimenta uma articulação política-eleitoral, na frase "chega de paulistas dominando o País". Será mais uma frase?Em 1965, Carlos Lacerda pediu para este repórter redigir um texto que ele podia mas não queria redigir. Quando acabei, ele leu, e como ia assinar, quando viu a palavra REDEMOCRATIZAÇÃO, riscou duramente, dizendo: "Você tem a mania de usar essa palavra, quando é que tivemos democracia?".É possível, provável, uma eventual e fugaz realidade. Nos 118 anos de República, talvez tenhamos tido quase 18 de democracia, de setembro de 1946 a abril de 1964. A bela Constituição de 1946 foi assassinada antes de completar 18 anos. Mas se alguém pode contestar o fato, é este repórter.Em 23 de julho de 1963, recebi e publiquei uma dura, violenta e antidemocrática circular do ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro. Eu tinha não só o DIREITO mas principalmente a OBRIGAÇÃO de publicá-la. Fui preso incomunicável no mesmo dia, meus advogados, Sobral Pinto, Adauto Cardoso, Prado Kelly e Prudente de Moraes Neto (dois advogados que terminaram no Supremo e dois que recusaram o Supremo), entraram com habeas corpus no Supremo.O caso era simplíssimo, não havia qualquer dúvida, eu publicara um documento sem nenhuma importância assinado pelo arrogante ministro. E a democracia era (e continua sendo) tão contestada no Brasil que 4 ministros votaram a meu favor, mas 4 votaram contra. Me condenavam a 15 anos de prisão, INCURSO NA LEI DE SEGURANÇA, apenas por cumprir minha obrigação jornalística. O extraordinário Ribeiro da Costa, que já votara a meu favor como relator, como presidente desempatou me absolvendo e libertando.PS - Estas recordações têm o objetivo de ajudar o Supremo a "SE ABSOLVER". A decisão de que os MANDATOS PERTENCEM AOS PARTIDOS não pode se manter na história do Supremo. Tem que decidir DEMOCRATICAMENTE. Os partidos, que não existem, não são donos de nada.
Governador Requião
Este ano ainda não foi a Brasília, não conversou com Lula. Não quer saber de Renan nem do partido dele.
Na questão da indenização e da promoção a general do guerrilheiro Lamarca, a juíza Cláudia Maria Pereira Bastos Neiva foi direta no ponto e não pode ser questionada. A anistia ampla, geral e irrestrita, que pretendia "tranqüilizar o País, acabar com a rivalidade entre civis e militares", estabelecia indenizações aos que foram cassados. Esse era o ponto inicial e principal, partia daí.
A juíza constatou logo que Lamarca jamais fora cassado, portanto não se enquadrava nos benefícios da ditadura já no fim. Depois referendados pela Constituição de 1988, a Constituição Cidadã.
A propósito: a indenização, qualquer que seja o seu valor ou o seu total, está longe de representar compensação. Pois o que se tirou de milhares de cidadãos, atingidos discricionariamente, não se pode comparar em miseráveis valores financeiros.
Em muitos casos, perdida foi a vida. Em outros, um projeto que servia à pátria, à coletividade, aos interesses comuns.
E arbitrariamente com mão e contramão alguns que tinham e têm todo direito não receberam coisa alguma.
E outros que, como Lamarca, não foram cassados recebem mensalmente fortunas que não mereceram. Nem cassados, nem presos, nem perseguidos.
Complicadíssima a situação nos municípios para a eleição de 2008. O Supremo criou um problema insolúvel. E os candidatos que trocaram de partidos têm que ir ao TSE, "justificar" a razão de terem mudado de partido. Ha! Ha! Ha! Depois de grande vitória, decepção.
Sérgio Cabral e Marcio Braga agendando almoço. Razão: chorarem um nos braços do outro pelo mesmo motivo. Marcio não pode construir o shopping do Flamengo. Sérgio, o do 8º GEMAC.
Estão tentando criar um grupo no PMDB para ver se conseguem descobrir o paradeiro de Germano Rigotto. Governador do Rio Grande por acaso, pensou (?) logo na presidência. Não foi nem candidato.
E perdeu o governo do estado. Dizem que agora, sem mandato, pertence à tropa de choque de Renan Calheiros. Faz sentido.
Começa o barulho na CPI das ONGs antes mesmo de se iniciarem os trabalhos. Motivo: alguns membros da CPI querem convocar imediatamente representantes da Fundação Roberto Marinho.
Já receberam a comunicação extra-oficial: ninguém da Organização ou da Fundação (Afundação, royalties para Romero Machado) irá depor. Como intimado ou convidado. Faz sentido.
O governador Requião não sai do Paraná por nada. Principalmente se for para ir a Brasília. Não pretende tomar posição na cassação de Renan, embora esteja convencido de que ele não escapa.
O ex-governador Roriz (4 vezes, a morte da representatividade) voltou a falar em morar nos EUA. Quando acabou o primeiro mandato, viajou para lá, garantiu: "Não volto mais ao Brasil".
Que pelo menos agora seja verdade, já que não se elege coisa alguma. Já foi vaiado várias vezes em lugares diferentes.
A vingança da pedra. Convencido de que precisa apoiar de qualquer maneira a candidatura Alckmin a prefeito, Serra tem tentado conversar com ele. Certo de que tem a legenda e a vitória, Alckmin nem responde.
No jogo de Aécio para 2010, fazem parte Fernando Pimentel para governador e Itamar para senador. Cabral, longe de qualquer aceno.
O presidente Lula publicou no Diário Oficial decreto criando o Ministério de Assuntos Estratégicos.
Para Mangabeira Unger. Pela Constituição não podia reeditar, este ano, a MP que criava o mesmo cargo. Trocou de nome, fácil.
A CVM aplicou multa de 100 mil reais à Vale. Motivo: não avisou aos acionistas participação da Vale na Usiminas. Tem 30 dias para se explicar ou pagar. A Vale vai pagar.
O Banco Central está espalhando que "vai garantir o piso de 1,80 para o dólar". O que o BC (Meirelles) fala não se escreve. Ele é da escola de FHC, os dois sem constrangimentos.
Pelo menos 80 por cento das empresas de seguros são desonestas. Ou melhor: DESONESTÍSSIMAS. A Porto Seguro moveu ação ignoniminiosa, esdrúxula, incoerente e inconveniente contra a Petrobras. Queria receber 2 BILHÕES de reais, nenhuma explicação.
Surpreendentemente ganhava no Superior Tribunal de Justiça por 3 a 2. Era um absurdo, verdadeiro assalto. O advogado da Petrobras descobriu que o voto decisivo fora do ministro Carlos Alberto Direito, lógico, antes de ir para o Supremo.
Investigando, constatou que o filho desse ministro que deu o voto que deveria ser decisivo estagiava nessa mesma Porto Seguro. Recorreu, anulou o voto de Carlos Alberto Direito. Não aconteceu nada a ele nem à poderosa seguradora.
Acho que não devo citar o nome do advogado, ele agora está do lado mais frágil ou vulnerável da cerca.
Defende Naji Nahas, quer indenização de 10 BILHÕES. Não vai ganhar. Mesmos porque, se ganhasse, quem deveria pagar? O ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, demitido desonrosamente
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Curiosidade: a ministra-chefe da Casa Civil demitiu o assessor especial Nelson Fugimoto e nomeou para o cargo Leonilse Fracasso. Acertou antes ou agora?
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Pesquisa da Rádio Haroldo de Andrade: o mandato pertence aos partidos? SIM, 63%. NÃO, 37%.
Você vota mais no candidato ou no partido? No candidato 61%, no partido 39%. Uma evidente contradição.
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Mario Sergio está coberto de razão: pediu demissão, não podia comandar o Botafogo da forma que pretendiam. E mais razão ao dizer que faltou ética ao Cuca. Pediu demissão em Buenos Aires mas não deixou o clube.
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Geralmente, no último capítulo as novelas batem recorde de audiência. O que não aconteceu com "Paraíso tropical". Ficou nos índices em que estava, nos últimos 10 ou 12 capítulos não acontecia nada. A própria Globo espalhou o suspense em cima da indagação "quem matou Tais?". Como todos sabiam que "surgiria" uma constatação tola, que foi o que aconteceu, muita gente se desinteressou.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Bancas do Congresso vendem bem revista com Mônica


BRASÍLIA - Suas excelências usaram "laranjas" para manter o decoro. As duas bancas de jornal do Congresso registraram ontem um elevado quorum de anônimos funcionários do Legislativo que se apressaram para comprar a revista "Playboy" que trouxe na capa a jornalista Mônica Veloso, pivô da crise que envolve o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A banca principal, da Chapelaria, na entrada do Parlamento, vendeu 40 edições - o dobro da média mensal - em apenas quatro horas. Ao todo, apenas ontem 150 dos 200 exemplares disponíveis ali foram vendidos.
"Foi um verdadeiro fuá. Nunca pensei que a chegada da revista da Mônica fosse gerar tanta curiosidade aqui", resumiu um dos funcionários da banca da Chapelaria, José Erinaldo Silva Pereira, prevendo reabastecimento para os próximos dias.
Pessoalmente, afirmaram os funcionários tanto da banca da Chapelaria quanto a do Anexo 4, nenhum senador ou deputado comprou a revista. "Eles mandaram os assessores, né? Fica chato aparecerem aqui para fazer esse tipo de compra", analisou um deles.
De parlamentar, apenas o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) esteve na banca ontem, mas constrangido, saiu de mãos abanando. Sobre se tinha visto a revista, o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), se saiu com esta: "O assunto é tão perigoso que nem na revista quero ver. Uma foto minha vendo a revista já dá uma pensão (alimentícia)".
Nos corredores do Congresso, no dia mais tenso desde o início da crise envolvendo Renan, o assunto também foi um dos mais comentados. Elogios - a maior parte dos homens e críticas - quase todas de mulheres invejosas da boa forma de Mônica - foram ouvidos aos quatro cantos.
Nem quem estava no plenário do Senado, apesar da tensão da sessão de ontem, deixou de dar uma espiada. Sem poder correr até a banca, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), como foi flagrado, recorreu à internet para conferir as curvas da mulher que abalou o Congresso.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Renan afasta servidor mas continua no cargo

Renan bate-boca e corta a palavra de senadores que pediam sua saída
BRASÍLIA - Isolado e sem o apoio até mesmo da tropa de choque, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), enfrentou ontem a mais tensa sessão desde o início da crise envolvendo o mandato dele. Confrontado por discursos de senadores que pediram o afastamento da presidência do Senado, Renan, num pronunciamento vacilante, frustrou àqueles que esperavam o anúncio da exoneração do assessor Francisco Escórcio, acusado de armar um esquema para bisbilhotar os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO). O servidor foi apenas afastado.
Também ficou na retórica ao se defender da acusação de ter investigado as prestações de contas da verba indenizatória dos 81 senadores. Escudado na acusação de que tudo não passou de uma campanha mentirosa da mídia, Renan gerou no plenário um clima típico de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Ali, mesmo na cadeira de presidente do Congresso, ouviu apelos crescentes, de senadores do PDT, PSDB, PMDB, DEM e até do PT para que se licenciasse do cargo. Por fim, foi provocado por Torres a ouvir uma fita em que um dos envolvidos, o advogado Heli Dourado, dizia a um jornalista da "Folha de S.Paulo" ter conversado com Escórcio sobre a tentativa de arapongagem.
Depois de ter sido submetido ao constrangimento de escutar por cinco minutos a gravação, o senador do PMDB de Alagoas cassou o direito de voz do senador do DEM de Goiás, acusando-o de transformar o Senado em delegacia de polícia.
"Seu tempo está esgotado. A Mesa não vai debater com Vossa Excelência. O sr. transformou o Senado em delegacia de polícia. Não lhe concedo mais a palavra", ditou. Torres ainda pediu isonomia com o tempo de Renan, que momentos antes usara a tribuna por mais de 20 minutos para se defender.
Irredutível, o senador do PMDB voltou usar o poder de presidente da sessão para calar o senador do DEM. Diante da rigidez de Renan, Torres retrucou: "Quem transformou essa Casa em delegacia de polícia foi Vossa Excelência, que, aliás, agora ainda está sendo grosso".
O bate-boca entre eles, nos moldes de uma acareação de CPI, não foi o único da sessão marcada por cobranças abertas que deixaram o senador alagoano fora de si. Era tudo o que Renan não desejava. O parlamentar peemedebista foi aconselhado pela assessoria a não conceder apartes aos colegas.
Pelo script, traçado durante a manhã em sua residência, Renan deveria fazer se limitar a dar o recado, negar irregularidades e sair de cena. Porém, aberta a exceção para que o senador Marconi Perillo (PSDB-GO) falasse, o parlamentar alagoano deu a senha para ouvir os mais ferrenhos críticos.
Revezamento
Ainda assim, na tentativa de demonstrar domínio da situação, Renan sorriu amarelo e fingiu tranqüilidade. Disse que se sentia "absolutamente confortável" no comando da sessão ontem. Irritou ainda mais os 54 parlamentares que registraram presença e levou o plenário ao riso.
Ali, oito senadores se revezavam no microfone para pedir a saída da presidência. "Não é mais direito de Vossa Excelência permanecer na presidência da Casa. Apelo em nome de uma instituição desgastada, afrontada e vilipendiada", afirmou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Na mesma linha, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), lamentou a avalanche de denúncias contra o peemedebista e afirmou: "Me indisponho de Vossa Excelência ficar na presidência". Virgílio afirmou que bisbilhotar colegas era o "pior dos remédios".
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) foi ainda mais duro. Falou em falta de credibilidade. "O problema, senador Renan, não é só a verdade. É a credibilidade. Neste momento, a credibilidade esvaiu-se", afirmou. Renan se irritou mais uma vez quando o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) relatou uma conversa telefônica em que teria recomendado a ele que deixasse a presidência do Senado logo após o resultado da votação, no dia 12.
Com a face ruborizada, Renan se retirou da tribuna, pediu ao presidente em exercício, senador Papaléo Paes (PSDB-AP), que cassasse a palavra de Mercadante e, diante do titubeio do tucano, Renan apertou o botão para cortar o som do microfone do petista.
Foi uma demonstração de como Renan tem usado as prerrogativas de presidente para se defender a qualquer custo. Os assessores dele não esconderam constrangimento diante do comportamento do chefe. Fora ouvir apelos pela saída do comando do Senado, Renan também levou críticas à decisão, considerada "insuficiente" de apenas afastar o assessor Francisco Escórcio até que seja feita uma investigação sobre a suposta participação do auxiliar na bisbilhotice de senadores goianos.
Até a líder do PT na Casa, Ideli Salvatti (SC), cobrou a exoneração imediata de Escórcio. "Ele não pode ter mais sua confiança. É caso de demissão". Renan ficou ainda mais azedo quando ouviu Torres demonstrar contradição no comportamento.
"O sr. fala em afastamento do funcionário até que sejam concluídas as investigações, mas, no seu próprio caso, o sr. não se afasta". Sem graça, Renan apenas disse que não queria "prejulgar" o funcionário e que a atitude era a "possível".
Sem a presença de aliados como José Sarney (PMDB-AP), Roseana Sarney (PMDB-MA), Wellington Salgado (PMDB-MG), ou mesmo Almeida Lima (PMDB-TO), Renan se viu embaraçado e sozinho. Resolveu, então, deixar a sessão. Foi conferir uma exposição de artistas brasileiros no Senado.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Fim do vaivém nos municípios

A infidelidade federal sempre retumba mais do que a estadual. A municipal geralmente não ecoa além das fronteiras das cidades. Justamente por isso são em maior número e mais clamorosas. Entre 2.500 e 3 mil edis mudaram de partido desde 27 de março, calcula o presidente da União dos Vereadores do Brasil, Joabs Sousa Ribeiro, como revela reportagem publicada na edição de ontem do Jornal do Brasil. Naquele dia, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que o mandato é do partido, posição referendada pelo Supremo Tribunal Federal na semana passada.
Ora, como a vaga pertence à legenda, não ao eleito, os infiéis estão todos pendurados na balança da Justiça eleitoral. E em apuros. Trocaram de sigla para resolver pendengas locais e tentar manter a cadeira nas câmaras municipais nas eleições de outubro do ano que vem. A batalha dos partidos traídos pela recuperação das vagas está apenas começando, e deve englobar quase a totalidade dos 5.564 municípios brasileiros. Promete ser longa e estressante.
PT e PPS fecharam questão: vão tentar reaver cada mandato perdido. PSDB e DEM tendem a seguir a trilha, até porque foram as legendas que provocaram a polêmica no TSE e a levaram ao STF. Há siglas que aceitam o retorno dos infiéis, desde que jurem arrependimento eterno, como filhos pródigos. E até aquelas que insistem em contradizer a interpretação dos ministros do Supremo.
Quem saiu terá de provar que foi por mudança programática ou perseguição política. Primeiro deverá recorrer à Justiça local, depois aos Tribunais Regionais Eleitorais. Em seguida, ao TSE e, enfim, o STF. O processo anda em ritmo próprio. E o tempo político, como se sabe, passa mais rápido do que o jurídico.
O vaivém partidário ao sabor dos interesses locais apenas comprova o que já se sabe: a política no Brasil é uma anarquia só. A ambição pelo poder, qualquer que seja, leva os interessados a irem para cá e para lá, sem tomar conhecimento de programas ou estatutos dos partidos a que se filiam ou desfiliam. Os dirigentes das siglas também nada cobram dos candidatos. Sequer se preocupam em atrair brasileiros com ficha limpa e real preocupação com o bem-estar da comunidade ou do país.
É este jeito de ser pernicioso que a decisão do Supremo irá mudar - especialmente se se estender aos cargos majoritários (prefeitos, governadores, senadores e até presidente da República), interpretação que será conhecida na sessão de amanhã do Tribunal Superior Eleitoral. Mas por si só, não será suficiente.
Para mudar hábitos e impor uma nova cultura à vida político-partidária no Brasil é preciso, sim, que o Legislativo se debruce, definitivamente, sobre a pauta da reforma política. Defina com clareza o financiamento de campanhas, imponha limites às legendas de aluguel, decida-se pelo voto misto ou pelo distrital puro.
Não dá mais para aceitar que o Judiciário tome a si a tarefa que é de outro poder. O Legislativo, no caso da reforma política - para citar apenas um dos vários projetos que evita- é um poder acovardado, autocentrado, voltado para a manutenção do status quo, seja no âmbito municipal, estadual ou federal. Que a decisão do Supremo constranja seus integrantes. E os leve a fazer o que toda a sociedade cobra.
Fonte: JB Online

Justiça bloqueia bens de Jungmann

Brasília. A juíza Iolete Maria Fialho de Oliveira, da 16ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal, determinou ontem o bloqueio de bens móveis e financeiros do deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), do servidor Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Almir Freitas de Souza e do sócio-proprietário da empresa Agnelo Pacheco Criação e Propaganda, Agnelo de Carvalho Pacheco.
A decisão da Justiça foi uma resposta a um pedido cautelar feito pelo Ministério Público Federal.
A ação pede a anulação do contrato de publicidade firmado entre o Incra e a empresa de publicidade Agnelo Pacheco e o ressarcimento ao erário dos valores pagos indevidamente, quando Jungmann era ministro do Desenvolvimento Agrário.
Segundo o MP, o contrato, realizado em 2001, foi feito sob a rubrica de dispensa de licitação. Na época, o contrato vigente entre o Incra e a empresa Casablanca Comunicações e Marketing não foi renovado, uma vez que o mesmo continha irregularidades. O valor total do contrato com a Agnelo Pacheco, que subcontratou a empresa RRN Comunicação e Marketing, foi de R$ 2,3 milhões. (Folhapress)
Fonte: JB Online

Aumenta pressão por licensa

Fernando Exman
BRASÍLIA. Em tensa sessão, senadores da ala governista e da oposição iniciaram ontem um novo movimento para tentar convencer o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a licenciar-se do cargo até que seja absolvido de todas as denúncias que enfrenta. Exigiram que o colega deixasse a presidência a fim de preservar a já prejudicada imagem da instituição e as suas próprias reputações nos Estados. Ameaçaram novamente paralisar os trabalhos da Casa.
Renan rebateu a acusação de que teria mandado espionar os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO). Informou que abrirá uma sindicância interna e manterá afastado até a conclusão da investigação o ex-senador Francisco Escórcio, seu assessor que teria tentado operar o esquema de arapongagem. Os demais senadores consideraram a medida insuficiente. Renan argumentou então que, como ele próprio não queria ser alvo de prejulgamentos, não exoneraria de forma sumária o auxiliar.
O presidente do Senado voltou a ressaltar que não pedirá licença, pois assim estaria assumindo ser culpado.
- Não tenho o direito de recuar. Tenho um mandato a cumprir - declarou Renan. - Vou até o limite das minhas forças para defender a minha honra e provar a verdade.
Parlamentares influentes de PSDB, DEM, PT, PDT, PSB e PMDB decidiram ontem esperar até o dia 2 para que o Conselho de Ética do Senado julgue as duas representações contra Renan que já contam com relator. A primeira refere-se à denúncia de que o presidente do Senado teria tentado beneficiar a cervejaria Schincariol. A outra é sobre o envolvimento em suposto esquema de desvio de recursos públicos de ministérios controlados pelo PMDB. Se o prazo - estipulado pelos integrantes do conselho - não for cumprido, o grupo paralisará os trabalhos do plenário e comissões da Casa.
O grupo de senadores acusa Renan de usar o poder de presidente da Casa para adiar o julgamento. Impassível, Renan ouviu a maior parte dos ataques dos colegas sem reagir. O clima da sessão ficou tenso quando alguns senadores apartearam o discurso de defesa de Renan. O presidente do Senado disse que não queria transformar seu pronunciamento em debate, mas não conseguiu evitar o constrangimento. Cortou a palavra de Aloizio Mercadante e abandonou a tribuna (PT-SP) quando este pediu seu afastamento.
Em seguida, fez o mesmo com o senador Demóstenes Torres, líder da minoria na Casa. Durante o seu discurso, o parlamentar goiano pediu para a assessoria técnica da Casa reproduzir uma gravação que supostamente comprovaria a tentativa de Escórcio montar um esquema de espionagem. O senador Valter Pereira (PMDB-MS) saiu em defesa do correligionário.
- Senador Demóstenes Torres, depois de ouvir essa gravação, cabe uma pergunta: onde estamos? No Senado Federal ou em uma delegacia de polícia?
Renan aproveitou a deixa para culpar Torres pela crise: "É isso o que vossa excelência quer fazer com o Senado brasileiro?", perguntou o presidente da Casa durante a ríspida discussão com o senador do Democratas.
- Não. É o que vossa excelência fez com o Senado - respondeu Torres.
Fonte: JB Online

Denuncismo

Jarbas Passarinho foi ministro, senador, governador e é escritor
O presidente Lula simplificou as acusações de improbidade administrativa e as proezas do valerioduto da "organização criminosa" que o íntegro procurador-geral Antonio Souza assim denominou, de mero denuncismo, ou paranóia de produção injustificada de libelos desprovidos de fundamentação. Ele tem o poder verbal de transformar a quadrilha do mensalão em vítima de uma oposição (onde está ela?) maldosa, principalmente quando se trata de José Dirceu que, de leninista, transformou-se em empresário, associado a capitalistas até internacionais. Nele - em reiteradas declarações - Lula disse não ver nenhum indício, simples que seja, que o incrimine, antecipando-se a possível julgamento pelo egrégio Supremo Tribunal Federal. Possível porque talvez o tempo que os advogados de defesa podem tomar legalmente conduza à prescrição dos crimes. Ao revés do Conselho de Ética da Câmara Federal, que por 13 votos a 1 considerou Dirceu o cérebro dirigente do aluguel dos deputados venais, que trocaram seus votos de aprovação ao governo pelo que Garret chamava de lixo do demônio, o que alguns preferem chamar de vil metal. Por isso foi cassado.
Num debate com Dante de Oliveira e o ex-ministro Bresser Pereira, no auditório da Folha de S. Paulo, faz um ano, tive ocasião de comparar uma apropriação falsa do mérito de haver abalado a ditadura, com um julgamento correto de um oposicionista ao ciclo dos militares. Dante expunha, como um grande conquistador, seu livro intitulado de As semanas que abalaram a ditadura, comemorando aniversário das Diretas Já. Ponderei que se tratando embora de uma considerável manifestação popular em favor das eleições diretas para presidente da República, a expressão "ditadura" era indevida. Desde outubro de 1978, o presidente Geisel viu aprovada a Emenda Constitucional nº11, de que fizera relator o senador José Sarney. Revogaram-se, então, todas as medidas de exceção, o AI-5 principalmente. Todas as liberdades fundamentais, civis e políticas foram restauradas.
Logo, o certo era reconhecer a fadiga do regime a que se somavam, incontestáveis, as ânsias populares por eleição direta do presidente na sucessão de João Figueiredo, que o PDS assegurara ao ganhar, ainda que por muito pequena margem no Colégio Eleitoral. Perdera, em 1982, as eleições federais e elegera Tancredo, em Minas; Montoro, em São Paulo; Brizola, no Rio; Pedro Simon, no Rio Grande do Sul, e mais seis governadores. No todo, conquistaram nove dos 10 maiores Estados da Federação, mas a representação das Assembléias estaduais compensaram a derrota no Colégio Eleitoral que, assim, ainda elegeria o sucessor do último general do ciclo militar, mas quem acabou eleito pelo "famigerado" Colégio foi Tancredo Neves.
Já o doutor Bresser Pereira fez uma comparação entre os 21 anos dos generais-presidentes e os 20 anos dos presidentes civis. Reconheceu que no ciclo militar a economia fora mais bem sucedida que nos 20 anos dos civis, mas que em compensação estes foram muito melhores no campo social. Lembrei-lhe apenas que, dias antes de Fernando Henrique - de quem ele fora ministro - deixar a Presidêcia da Repúlica, disse que o Funrural era o maior programa de renda mínima de todo o mundo, mas esqueceu-se de dizer que foi uma conquista do home do campo desde o governo Costa e Silva, com o primeiro Plano Básico da Previdência Rural. Admirei o julgamento honesto e imparcial do ministro Bresser Pereira.
Vejo, agora, o denuncismo que diz estar o governo atual recomeçando obras interrompidas pelos militares: a rodovia Transamazônica, as eclusas de Tucuruí e Angra 3. Ora, a Transamazônica foi inaugurada pelo presidente Médici. Sem haver sido asfaltada, posteriormente, e também no período dos civis, tornou-se intransitável no período dos aguaceiros. As eclusas nunca foram iniciadas no período militar. Estive num comício em Tucuruí, na comitiva do presidente Fernando Henrique, que prometeu atender a velha reivindicação dos paraenses, mas não pôde fazê-lo. Quanto à Angra 3, tem razão o denunciador da "herança militar".
[ 09/10/2007 ] 02:01
Fonte: JB Online

terça-feira, outubro 09, 2007

LULA E RENAN

Por SOARES 09/10/2007 às 18:06
Renan não tem feito outra coisa a não ser cavar a sua própria sepultura e a esta altura se torna num gigantesco incômodo para o governo. Por mais que o presidente Lula tenha o dom de permanecer imune às trapalhadas protagonizadas por seus aliados e por ele próprio , a crise no Senado chegou a uma situação limite...



Renan tenta se amparar em Lula: seu fim está próximo
LULA E RENAN Renan Calheiros somente permaneceu na presidência do Senado porque Lula quis. E Lula quis Renan na presidência porque acha que a aprovação da CPMF no Senado- seu principal objetivo no momento - se já é complicada com ele , seria muito mais complicada em meio a uma crise provocada pelo seu afastamento e pela incerteza do que viria depois. Por isto, Lula colocou todas as fichas na permanência de Renan, e ordenou que a tropa de choque petista no Senado se colocasse ao lado da tropa de choque renanzista para que , unidas,possibilitassem a absolvição do senador no primeiro processo por falta de decoro. O problema é que no acordo entre petistas e renanzistas estava combinado o afastamento de Renan no período em que a CPMF fosse discutida e votada no Senado. Renan não só descumpriu o acordo, como com suas atitudes, aumentou o clima de tensão em que o Senado tem vivido desde maio. No início da crise, o Planalto encarava este imbróglio como mais um episódio de uma disputa partidária pelo comando do Congresso entre governo e oposição do que como um problema ético e moral, com repercussões em toda a sociedade brasileira . Por isto, Lula , aparentemente adotando uma postura de neutralidade, jogava todas as fichas na permanência de Renan no comando..Sabia que seu afastamento, por cassação ou renúncia significaria um novo processo eleitoral, no qual os acordos internos poderiam escapar do controle do Planalto e serem desfavoráveis aos seus interesses, favorecendo a ascensão ao poder do Senado de um nome da oposição, ou de um outro nome que, mesmo em tese pertencente aos quadros da aliança governista , poderia não ser tão fiel às determinações do Planalto quanto Renan tem sido. Entretanto, o crescimento da crise com o acúmulo de denúncias contra o presidente do Senado forçaram o comando do Planalto mudar de tática e a dar sustentação a Renan somente o tempo necessário a aprovação da CPMF. Neste sentido, a bancada petista no senado agiu como o fiel da balança e foi a principal responsável, com as seis abstenções , na permanência do senador alagoano.O que o governo não esperava é que a absolvição de Renan provocasse tão grande sentimento de indignação na opinião pública, e que o próprio Renan , com suas atitudes arrogantes e arbitrárias, fizesse com que este sentimento aumentasse cada vez mais. Ao invés de assumir uma atitude mais humilde e contemporizadora, o presidente do Senado, talvez inebriado pelo resultado do julgamento na sessão secreta, não só não cumpriu o suposto acordo com os petistas, se negando a se licenciar e permanecendo na presidência, como continuou a praticar toda sorte de arbitrariedades e atitudes de puro terror que vão fazendo com que perca o apoio até de senadores que ha pouco se colocavam do seu lado. O afastamento dos senadores Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos da Comissão de Constituição e Justiça do Senado foi mais uma manobra tresloucada, pois se tratam de dois políticos históricos do PMDB, considerados por muitos como reservas morais da política brasileira. Os senadores foram sumariamente afastados da CCJ e substituídos por membros da tropa de choque de Renan, o que trouxe aos dois senadores a solidariedade de muitos e aumentou o sentimento de revolta contra Renan.. O motivo alegado pelo líder do PMDB de que os dois senadores eram votos contrários à aprovação da CPMF não conseguiu resistir à evidência de que se tratava de mais uma manobra de Renan, cujo principal propósito era o de facilitar naquela comissão uma tramitação favorável a ele dos processos que se encontram no Conselho de Ética. Em seguida, a denúncia de que o presidente do senado comandaria um esquema de espionagem contra seus próprios colegas com o objetivo de montar dossiês contra eles.Segundo o senador goiano Demóstenes Torres, na mira de Renan estariam o senador Marconi Perillo, além do próprio Demóstenes. Tais denúncias levaram a bancada do DEM à decisão de apresentar a quinta representação por quebra de decoro contra o presidente do Senado. O fato é que por tudo isto e por muito mais Renan não tem feito outra coisa a não ser cavar a sua própria sepultura e a esta altura se torna num gigantesco incômodo para o governo. Por mais que o presidente Lula tenha o dom de permanecer imune às trapalhadas protagonizadas por seus aliados e por ele próprio , a crise no Senado chegou a uma situação limite, a partir do qual quem mais tem a perder é o próprio governo e a figura do presidente. Portanto, a lógica indica que Lula só estará disposto a sustentar Renan no curto período necessário à aprovação da CPMF.Depois , não haverá forças que consigam sustentar uma figura tão enlameada e tão desmoralizada na presidência do Senado. 090907
Email:: fasoares15@bol.com.br

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