Pedro do Coutto
O título desta matéria acentua qualidades reconhecidas a um extraordinário homem que percorreu o seu caminho como desejava, descobrindo e revelando sombras na Medicina, e ao mesmo tempo iluminando caminhos e consciências. Foi um grande amigo meu, assim como seus filhos Filipe e Daniel. A sua viagem surpreendeu a todos que o conheciam, mas a vida é marcada também por imprevistos e de pedras no caminho, conforme disse o poeta.
Uma dessas pedras mudou o seu destino e no momento em que escrevo tenho a certeza de que ela chegou há pouco ou está chegando ao paraíso, lugar que lhe cabe pelo bem que produziu na existência terrena. Seu desempenho representa uma herança de orgulho para a sua viúva, seus filhos, seus netos e sua neta que segue no rumo da Medicina, que ele em vida integrou, deixando exemplos de suas certezas e diagnósticos que salvaram tantas pessoas.
EXEMPLO – Pedro Campello constitui um exemplo de amizade, de fraternidade, de solidariedade, marcas com as quais incorporou em sua técnica e em seu espírito. Fiquei muito abalado com a sua morte e senti fortemente, lamentando a sua viagem antecipada.
Pedi, inclusive, à minha família, que adiasse por semanas a comemoração que tínhamos marcado para os próximos dias. Ficará para uma fase menos triste e mais alegre. Terei na memória sempre a lembrança de que fomos amigos. A sua presença fica incorporada à família que deixa e à minha própria lembrança de que fomos amigos fraternos.
O seu consultório era um ponto de encontro cordial e agradável, ao contrário de tantos outros que existem por aí. As hostilidades não são um problema de hoje, atravessam todas as épocas. Mas Pedro Campello sempre as rejeitou de modo permanente. Leva para a sua nova residência o bom humor e a confiança no ser humano. Confiança que foi a sua parceira nas décadas em que praticou a Medicina e forneceu resultados concretos aos seus inúmeros pacientes. Pacientes? Ele os tornou seus amigos.
HADDAD E OS JUROS – Na entrevista aos jornalistas na noite de terça-feira, logo após anunciar a volta dos impostos sobre a gasolina e o etanol, o ministro Fernando Haddad voltou a atacar o Banco Central pelos juros elevados da Selic, juros reais de 8% ao ano, os mais altos do mundo. Ao acentuar que a reoneração parcial da gasolina e do diesel eram importantes para a receita do governo este ano, o titular da Fazenda desfechou novo ataque contra o Banco Central ao assinalar que espera que os impostos sobre a gasolina e o etanol possam antecipar o calendário de redução dos juros da Selic que atingem o desenvolvimento da economia.
Juros reais são os resultantes da diferença entre a taxa aplicada e o índice de inflação do país medido pelo IBGE. Os juros reais que em 2022 foram de 3,75%, pois a inflação foi de dez pontos, agora em 2023 passam a ser de 8%, muito altos. Haddad baseou o seu ataque na ata do próprio Banco Central que manteve a Selic em 13,75%, índice anual que recai sobre R$ 6 trilhões, dívida interna do Brasil. Haddad acentuou também que o próprio Roberto Campos Neto, em entrevista ao Roda Viva da TV Cultura, disse que a remuneração dos combustíveis vai melhorar a parte fiscal e a política monetária.
O reajuste dos combustíveis é necessário para recomeçar a redução da taxa de juros sem prejudicar o emprego, o crescimento econômico e os reajustes salariais. Pouco antes da entrevista de Haddad, a Petrobras anunciou a redução de seus preços para as distribuidoras. Reportagem de Fernanda Trisotto, Renan Monteiro, Manuel Ventura e Bruno Rosa, O Globo de ontem, focaliza ampla e detalhadamente o assunto.
DESEMPREGO – De acordo com o IBGE, reportagem de Vítor da Costa, O Globo, o desemprego este ano caiu acentuadamente na medida em que foram preenchidos 3,9 milhões de postos de trabalho. Porém, o número de empregos informais subiu em escala ainda maior, o que leva a crer que um movimento substitui o outro.
No momento, 39% da mão-de-obra do país, cerca de 40 milhões de homens e mulheres, trabalham sem vínculo empregatício. E, sem vínculo empregatício, caem as receitas do INSS e do FGTS. De outro lado, o rendimento médio dos que trabalham passou a ser de R$ 2,7 mil, valor menor do que o de 2021, consequência da remuneração dos que trabalham não ter acompanhado o índice inflacionário.
RUY CASTRO NA ABL – Amanhã, sexta-feira, o jornalista e escritor Ruy Castro assume na Academia Brasileira de Letras a cadeira que foi ocupada por Sérgio Rouanet.
O ingresso de Ruy Castro na Casa de Machado de Assis constitui uma vitória não só para o Jornalismo, mas para a própria cultura brasileira.