Pedro do Coutto
Os vândalos radicais, bolsonaristas alucinados, na invasão e no rastro de destruição da sede dos Três Poderes, causaram um gigantesco prejuízo ao Brasil e à imagem do país no exterior, através da agressão à democracia, à sociedade brasileira e à própria economia nacional. Nunca havia acontecido episódio igual, desta vez incentivado pela omissão conivente do governador de Brasília, Ibaneis Rocha, pela atuação sombria e suspeita do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, e por uma frágil autodefesa do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os prejuízos foram enormes, porém, mais do que o resultado material, foi a repercussão moral do que aconteceu. Uma chuva de violência, omissões e a conivência de setores policiais da própria capital do país, que foram flagrados pela excelente reportagem da GloboNews, na tarde de domingo, fotografando e filmando os radicais em meio a sorrisos, em vez de combatê-los em nome da lei e da ordem.
INAÇÃO – Não se entende também a inação do ministro Múcio Monteiro em mover o Exército da capital, cujo Quartel General fica a poucos quilômetros da Praça dos Três Poderes, cenário da tragédia sem limites. As forças do Exército só entraram em ação às 20h, cinco horas após as invasões, para assegurar a remoção dos bárbaros que ainda permaneciam nas imediações do Congresso Nacional. As falhas do sistema de Segurança foram enormes.
Na edição de O Globo desta segunda-feira, Bernardo Mello Franco e Marlen Couto focalizaram nitidamente as mensagens transmitidas pelo WhatsApp e redes sociais da internet convocando terroristas apoiadores de Bolsonaro para organizarem a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. O ministro da Justiça, Flávio Dino, assegurou a prisão e punição de todos os culpados. Quatro ônibus já foram apreendidos. O governo Lula da Silva chegará aos financiadores.
SEM PROJETO – A repercussão internacional foi enorme, e os apoios foram enfáticos. Mas o episódio, sobretudo pelo seu tempo de duração, ficará na história como exemplo maior de subversão no Brasil. Os vândalos não tinham ou têm projeto. Queriam destruir por destruir, demonstrando a insanidade à qual o fanatismo conduz. No rastro dos escombros fica o imundo papel dos grupos que tentam assassinar a democracia brasileira.
Toda a tempestade desencadeada pelos irresponsáveis não destruiu apenas bens materiais, inclusive atingindo obras de artes valiosas. Foi de fato esbofeteado a nação brasileira. O Ministro José Múcio Monteiro deve se pronunciar a respeito dos episódios terríveis que ocorreram. Vamos aguardar suas palavras.
IDENTIFICAÇÃO – O economista Felipe Campelo, também especializado em matéria da internet, acentua que pelo telefone celular dos que participaram do vandalismo, será possível identificá-los com facilidade. Basta acessar a torre de comunicação da Praça dos Três Poderes e do acampamento que fica em frente ao QG do Exército.
Desde que o celular esteja ligado, a presença de quem o transporta é imediatamente registrada na torre de comunicação. Uma informação, portanto, importante a mais para a Polícia Federal realizar a identificação dos vândalos alucinados.
IMPOSTO DE RENDA – Reportagem de Flávia Kurotori, Folha de S.Paulo, revela oportunamente que os brasileiros e brasileiras começarão 2023 pagando mais Imposto de Renda. Trata-se do 27º ano seguido em que os recolhimentos antecipados na fonte não são reajustados como a lei determina pela inflação oficial do ano anterior. O último reajuste integral da tabela ocorreu em 1996.
Tal situação atinge frontalmente os assalariados do país. A última compensação legal que ficou abaixo do índice inflacionário de 2014, ocorreu em 2015 no governo Dilma Rousseff. A tabela do Imposto de Renda na fonte é altíssima. Basta dizer que os assalariados cujos vencimentos vão até R$ 4,6 mil por mês sofrem um desconto na fonte de 27%. Sem a compensação, todas as escalas salariais são atingidas a partir do salário de R$ 1900.