Publicado em 18 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet
Matheus Teixeira e Renato Machado
Folha
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quarta-feira (18) a atuação do Banco Central, questionando o atual patamar dos juros e classificando a autonomia da autoridade monetária como uma “bobagem”. Além disso, ele considerou exagerada a atual meta de inflação a ser perseguida pela autarquia.
Para Lula, a meta de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo, obriga o BC a implementar um arrocho econômico por meio da elevação dos juros em um momento em que o Brasil precisa crescer.
AUTONOMIA DO BC – “Nesse país, se brigou muito para ter um BC independente, que ia melhorar o quê? Eu posso te dizer com a minha experiência: é uma bobagem achar que o presidente de um BC independente vai fazer mais do que fez o BC quando o presidente [da República] era quem indicava”, afirmou Lula.
“Eu duvido que esse presidente do BC [Roberto Campos Neto] seja mais independente do que foi o [Henrique] Meirelles. Eu duvido. Por que, com o BC independente, a inflação está do jeito que está e o juros está do jeito que está?”, questionou.
Henrique Meirelles foi presidente do Banco Central durante os dois primeiros mandatos de Lula, entre 2003 e 2010. No entanto, o BC brasileiro não chega a ser independente, e sim autônomo. O Congresso Nacional aprovou em 2021 a autonomia do banco, uma medida que busca reduzir a ingerência política sobre a instituição. Uma das principais medidas é que o presidente do BC e seu diretores passaram a ter mandato fixo, de quatro anos.
SEM INDEPENDÊNCIA – A independência seria um passo além. Ela ocorre quando os bancos centrais têm poder para definir, eles próprios, suas metas e objetivos, além de terem liberdade operacional para definir como atuarão para atingi-las.
Lula na sequência também criticou a meta de inflação atual, argumentando que o percentual acaba barrando o crescimento econômico brasileiro.
“Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7%. Quando faz isso, é preciso arrochar mais a economia para atingir aquele 3,7%. Por que precisava fazer 3,7%? Por que não faz 4,5%, como fizemos [nos mandatos anteriores]? A economia brasileira precisa voltar a crescer”, afirmou o presidente.
TRÊS VOTANTES – A meta de inflação é definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que tem três votantes. Durante o governo Bolsonaro, as cadeiras eram ocupadas pelo ministro da Economia, pelo secretário especial de Tesouro e Orçamento da pasta e pelo presidente do BC.
Assim como já havia feito anteriormente, Lula usou os resultados de seus dois primeiros governos para afirmar que não é contra a responsabilidade fiscal e pediu, com base nisso, para as pessoas não exigirem esse compromisso dele. Também sinalizou que é preciso “fazer política fiscal, dar garantia que a gente não vai gastar mais que a gente ganha”.
No entanto, também ressaltou que é necessário cumprir as obrigações com o social. “Não peçam para mim seriedade fiscal. O que eu quero é que as pessoas que pedem estabilidade fiscal tenham responsabilidade social. Assumam compromisso com o social, porque não é possível esse país ter gente na fila do osso para pegar carne, ter 30% de pessoas passando fome”, afirmou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula da Silva é o tipo de presidente que não pode falar muito, igual a Jair Bolsonaro. Ambos os dois, como se diz popularmente, têm enorme capacidade de dizer asneiras. Essa entrevista, fora da agenda, foi arranjada por dona Janja, nova amiga íntima da apresentadora Natuza Nery, da GloboNews. A nova primeira-dama adora aparecer e pensa estar ajudando o maridão ao expô-lo na mídia. O resultado é uma crise após a outra. Agora, Lula ofendeu gratuitamente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que vem fazendo excelente trabalho, numa fase de alta inflação mundial. É lamentável. (C.N.)