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terça-feira, janeiro 24, 2023

Henrique Meirelles contesta Lula e diz que o Banco Central precisa ser independente

Publicado em 24 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet

O presidente Lula e a jornalista Natuza Nery                              - Reprodução / Twitter

Lula foi grosseiro e ofendeu o atual presidente do BC

José Carlos Werneck

Em sua coluna no jornal “O Estado de S. Paulo”, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, comentou a recente entrevista concedida por Lula à GloboNews, na qual o presidente da República, citando o próprio Meirelles, criticou o Banco Central autônomo, taxa de juros e meta de inflação que, na opinião dele, estaria muito baixa.

Meirelles destacou que Lula, de uma forma indireta, fez um elogio à sua atuação no Banco Central durante seus dois primeiros mandatos, acrescentando que Lula sempre respeitou sua atuação independente em oito anos à frente do BC. No artigo, Meirelles falou sobre o Banco Central, a taxa de juros e a meta de inflação, ressaltando que os países mais importantes do mundo têm uma autoridade monetária independente

DIZ MEIRELLES – “No início do mandato, quando Lula me avisou que não seria possível aprovar a lei de independência do BC, eu disse: ‘Presidente, eu vou agir com independência. O senhor mantém a prerrogativa legal de me exonerar a qualquer momento. Isto não vai alterar minhas decisões’. Agi assim até 2011, ele respeitou, e o Brasil cresceu, gerou 11 milhões de empregos e tirou 50 milhões de pessoas da pobreza”, afirmou Meirelles no pontualíssimo texto, acrescentando:

“A independência formal do Banco Central, estabelecida em lei em 2021, é um avanço institucional. Os países mais relevantes do mundo têm uma autoridade monetária independente, para não sujeitar a política monetária, com implicações de curto e longo prazos, aos interesses imediatos naturais dos governantes. A lei tem consequências positivas na taxa de juros e na inflação porque dá segurança aos agentes econômicos de que não haverá interferência no BC.”

Destacou, ainda, que a taxa de juros está em 13,75% devido à insegurança dos mercados em relação à política fiscal nos últimos anos. “A gestão anterior rompeu o teto de gastos para promover uma gastança por motivos eleitoreiros – que não deu certo e alimentou a inflação. Ao Banco Central resta apenas elevar os juros para manter a inflação na meta”.

POLÍTICA IDEAL – “Como eu já disse, o ideal é que as políticas monetária e fiscal andem juntas. Nos últimos três anos, infelizmente, elas caminharam em direções opostas. Quando isso acontece, a política monetária tem de ser mais agressiva, com juros mais altos, o que diminui a atividade e o crescimento”, prosseguiu o ex-presidente do BC.

Sobre a inflação, afirmou que não há dúvida de que a política de Roberto Campos Neto está certa. “A meta de inflação de 3,25% para este ano está no nível correto para um país emergente como o Brasil. Em países avançados, esta meta fica na casa dos 2%. A meta de 3,25% é um desafio que exige esforços, mas não é impossível de atingir. Um país como o Brasil, com histórico de hiperinflação, não pode tergiversar, não pode deixar prosperar o argumento de que ‘um pouco mais de inflação não faz mal’, defendido por certas correntes econômicas. Faz mal, sim. A leniência com a inflação prejudica mais o cidadão de menor renda, corrói o consumo e cobra caro no crescimento e na geração de empregos à frente.”

Como podemos deduzir pelo excelente artigo de Meirelles, Lula estava muito equivocado e foi mesmo deselegante em suas críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e à independência do BC.

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