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sábado, janeiro 21, 2023

Golpe abortado

 

Frei Betto
17/01/2023


Ao des­truir os pa­lá­cios dos três po­deres no do­mingo, 8 de ja­neiro, em Bra­sília, os ter­ro­ristas bol­so­na­ristas mos­traram as caras e as garras. Trum­pistas mi­mé­ticos, re­pro­du­ziram aqui em di­men­sões mais am­plas o van­da­lismo ocor­rido no Ca­pi­tólio, em Washington, há dois anos, numa de­mons­tração cabal de que seu lema é “di­ta­dura sim, de­mo­cracia não!”

A se­gu­rança fa­lhou por cum­pli­ci­dade do go­ver­nador de Bra­sília, Iba­neis Rocha, e seu se­cre­tário de Se­gu­rança, o ex-mi­nistro da Jus­tiça An­derson Torres. A Po­lícia Mi­litar da ca­pital fe­deral, res­pon­sável pela de­fesa do pa­trimônio na­ci­onal, fa­ci­litou a ação dos cri­mi­nosos e só prendeu al­guns vân­dalos após Lula de­cretar in­ter­venção fe­deral na se­gu­rança pú­blica de Bra­sília.

As Forças Ar­madas se omi­tiram, em evi­dente pos­tura de apoio tá­cito ao ter­ro­rismo. Aliás, as “in­cu­ba­doras de ter­ro­ristas”, como bem qua­li­ficou o mi­nistro da Jus­tiça, Flávio Dino ao se re­ferir aos acam­pa­mentos bol­so­na­ristas di­ante de quar­téis, afinal cho­caram o ovo da ser­pente.

A Jus­tiça bra­si­leira co­meteu o grave erro de, nos pri­mór­dios da re­de­mo­cra­ti­zação do país, em me­ados de 1980, não punir com rigor os as­sas­sinos e tor­tu­ra­dores a ser­viço da di­ta­dura mi­litar que se apossou do país du­rante 21 anos (1964-1985). Ti­vesse se­guido o exemplo da Ar­gen­tina, do Uru­guai e do Chile, o Brasil teria se­pa­rado o joio do trigo. Porém, um re­curso es­drú­xulo, a “anistia re­cí­proca”, im­pede que haja pu­nição a quem, em nome e a soldo do Es­tado, tor­turou, matou, se­ques­trou e fez de­sa­pa­recer opo­si­tores do re­gime mi­litar.

Bol­so­naro, cuja tra­je­tória fa­mi­liar é com­pro­va­da­mente vin­cu­lada às mi­lí­cias, como o de­monstra o livro “O ne­gócio do Jair – a his­tória proi­bida do clã Bol­so­naro”, de Ju­liana Dal Piva (Zahar), a tudo as­sistiu de seu ca­ma­rote em Miami. Na mesma ci­dade se en­con­trava de fé­rias An­derson Torres, agora de­mi­tido do go­verno do Dis­trito Fe­deral.

Fe­liz­mente se abortou o golpe pela ação enér­gica de Lula, do mi­nistro da Jus­tiça Flávio Dino e do mi­nistro Ale­xandre de Mo­raes, do Su­premo Tri­bunal Fe­deral. A turba en­san­de­cida foi ex­pulsa dos pa­lá­cios da Re­pú­blica e presos três cen­tenas de vân­dalos. Resta agora des­co­brir e punir quem fi­nan­ciou as ca­ra­vanas ter­ro­ristas a Bra­sília e por que as Forças Ar­madas se man­ti­veram em gri­tante si­lêncio.

Frente ao au­to­ri­ta­rismo só há um an­tí­doto: mais de­mo­cracia. E isso sig­ni­fica re­forçar a par­ti­ci­pação po­pular no go­verno Lula. A go­ver­na­bi­li­dade não pode de­pender apenas das tra­ta­tivas par­la­men­tares e da anuência das Forças Ar­madas. É im­pres­cin­dível que a sua prin­cipal sus­ten­tação seja o povo po­li­ti­zado e or­ga­ni­zado.

Não é com o teto de gastos que o go­verno Lula deve se pre­o­cupar. É com o chão firme da mo­bi­li­zação po­pular.

https://correiocidadania.com.br/2-uncategorised/15343-golpe-abortado

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