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sexta-feira, dezembro 02, 2022

Lula quer convidar Maduro para posse, mas Bolsonaro proibiu a entrada dele no Brasil

Publicado em 2 de dezembro de 2022 por Tribuna da Internet

Maduro afirma que Lula é "preso político" que sofreu "julgamento falso" |  Exame

Se Maduro vier, será que Bolsonaro mandará barrá-lo?

Janaína Figueiredo
O Globo

O modelo de convite que será enviado a líderes estrangeiros para participarem da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva está pronto e aprovado, confirmaram fontes do governo de transição. A lista será longa, e um dos presidentes que Lula pretende incluir está atualmente impedido de entrar no Brasil por uma portaria de 2019, assinada pelos então ministros da Justiça, Sergio Moro, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo: o venezuelano Nicolás Maduro.

A relação com a Venezuela vai mudar drasticamente com a volta de Lula ao poder. O autoproclamado governo interino de Juan Guaidó deixará de ser reconhecido como legítimo e, ciente disso, sua embaixadora no Brasil, Maria Teresa Belandria, já informou ao corpo diplomático estrangeiro em Brasília sua decisão de encerrar sua missão no país em 26 de dezembro.

ANTES DA POSSE – Belandria, reconhecida como embaixadora legítima da Venezuela em 2019, decidiu sair antes da posse de Lula, ainda como embaixadora, seguindo as regras do protocolo diplomático e por sua própria decisão, sem esperar uma ação do governo eleito.

Segundo O Globo apurou, a lista de venezuelanos proibidos de entrar no país pelo governo Bolsonaro inclui mais de 100 nomes, entre eles o de Maduro. Ela foi elaborada com base numa portaria ainda vigente: a Portaria Interministerial Número 7, de 19 de agosto de 2019, baseada, entre outros, em artigos da Constituição brasileira, resoluções da Organização dos Estados Americanos (OEA), do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e em declarações do extinto Grupo de Lima (criado em 2017 por 14 países para monitorar a crise em Caracas e, na prática, respaldar a oposição venezuelana).

O artigo 1º da portaria estabelece “o regramento para efetivação de impedimento de ingresso no país de altos funcionários do regime venezuelano, que, por seus atos, contrariam princípios e objetivos da Constituição Federal, atentando contra a democracia, a dignidade da pessoa humana e a prevalência dos direitos humanos”.

“ROL TAXATIVO” – A portaria informa, ainda, que ficaria a cargo do Itamaraty elaborar um “rol taxativo” das pessoas impedidas de entrar e encaminhá-la ao Ministério da Justiça. “As pessoas listadas no rol não poderão ingressar no território nacional”, diz o texto.

O assunto ainda não foi discutido em contatos entre o governo de transição e o Itamaraty, mas a decisão de convidar Maduro está tomada e o conflito deve surgir nos próximos dias. Fontes do governo de Jair Bolsonaro afirmaram que “a lista tem seus fundamentos e, para o atual governo, esses fundamentos não mudaram”.

A bom entendedor, poucas palavras. Se o governo Bolsonaro não retirar o nome de Maduro da lista — o que parece altamente improvável — o presidente venezuelano não poderá estar presente na posse de Lula. Poderia vir depois, se o governo eleito, uma vez no poder, anular a portaria.

HÁ PENETRAS – A famosa lista de 2019 já foi driblada por dirigentes chavistas recentemente, o que causou um profundo mal-estar no Itamaraty.

Em maio passado, María Iris Varela Rangel, vice-presidente da Assembleia Nacional e ex-ministra de Assuntos Penitenciários, acusada no âmbito da OEA de crimes de corrupção e violações dos direitos humanos — com base num relatório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos — não só entrou no Brasil como foi recebida por altas autoridades do Congresso Nacional, além de ter mantido encontros com integrantes de partidos políticos como PT e PSOL.

Varela Rangel está na lista elaborada em 2019, mas conseguiu entrar no Brasil com um passaporte diplomático, num voo com escala no Panamá. Dias depois, a dirigente chavista foi barrada no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Lula deve convidar as pessoas que lhe são chegadas e com as quais tem um histórico de bons relacionamentos. Se vai chamar Maduro, certamente não esquecerá de também convidar Rosemary Noronha, que durante mais de 20 anos foi bastante próxima ao futuro presidente e lhe prestou inestimáveis serviços. Como dizia Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe.  (C.N.)

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