Carlos Newton
De repente, não mais que de repente, diria Vinicius de Moraes, toda a mídia passou a demonstrar preocupação com a possibilidade de atos de vandalismo ou até confrontos em Brasília, em função da posse de Lula da Silva na Presidência da República. Foi preciso a Polícia Militar desmontar a bomba-relógio a num caminhão-tanque que transportava querosene de aviação, combustível altamente inflamável, e depois a Polícia Civil prender um dos participantes, que confessou o plano golpista.
Isso aconteceu no sábado, dia 24, e no domingo, dia 25. Se ainda estivesse conosco, o escritor inglês Charles Dickens (1812-1870), o mais popular da era vitoriana, diria que foi um milagre de Natal, sem a menor dúvida.
PROVAS MATERIAIS – Milagre ou não, o fato concreto é que no Dia de Natal a Polícia Civil do Distrito Federal prendeu o empresário paraense George Washington de Oliveira Sousa, e com ele foram encontradas outras cinco emulsões de explosivos, além de farta quantidade de armas e munições.
As provas eram tão consistentes que o empresário, que é registrado como colecionador, atirador ou caçador (CAC), preferiu confessar logo os crimes e revelou que estava na capital para participar do acampamento de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em frente ao Quartel-General do Exército, conhecido como Forte Apache.
Sousa disse, com todas as letras, que o plano era causar o caos em Brasília e “obrigar” Bolsonaro a usar o artigo 142, colocando as Forças Armadas na rua para repor a ordem pública, e baixar o estado de sítio, que fecha Legislativo e Judiciário, vejam que coincidência.
TENTARAM EXPLODIR – O mais grave foi a declaração do chefe da Polícia Civil, delegado Robson Cândido: “A informação que temos é de que eles tentaram acionar o explosivo”, disse, assinalando que, se o caminhão entrasse no pátio do aeroporto de Brasília, próximo a um avião com 200 pessoas, seria uma tragédia jamais vista, com enorme repercussão internacional.
Segundo o chefe da Polícia Civil, inicialmente o objetivo era colocar o artefato próximo a um poste para prejudicar a distribuição de energia elétrica em Brasília.
Depois o grupo resolveu colocar o objeto em uma caixa que foi colocada no caminhão com combustível de aviação, que ia em direção ao aeroporto.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – E ainda há quem leve na brincadeira esse incidente, quando é óbvio que se trata de um problema gravíssimo. E desta vez não dá para colocar a culpa em “black blocs”, a exemplo do quebra-quebra anterior. E com isso fica praticamente desfeito o plano golpista arquitetado por Bolsonaro e Braga Netto, que sonhava em ser um novo Castelo Branco, era só o que faltava. Agora, as Forças Armadas vão desistir definitivamente de Bolsonaro e Braga Netto, com toda certeza. E como diz o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, a Polícia Civil de Brasília está de parabéns. (C.N.)