Eduardo Cucolo
Folha
A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) antecipou de 12 para 11 de agosto a participação dele na rodada de encontros com candidatos à Presidência promovida pela Fiesp (federação das indústrias de São Paulo).
Com isso, o evento será realizado no mesmo dia em que serão lidos dois manifestos contra os ataques que ele tem feito às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral. A Fiesp participa de uma das iniciativas.
DISCUTIR PRIORIDADES – A entidade tem realizado encontros com os presidenciáveis para discutir as “diretrizes prioritárias” para o governo federal nos próximos quatro anos. O ex-presidente Lula (PT), por exemplo, estará na sede da federação no dia 9.
Já participaram do encontro Ciro Gomes (PDT), Luiz Felipe D´Ávila (Novo) e Simone Tebet (MDB) – ela, nesta segunda-feira (1º).
A campanha do presidente não apresentou justificativa para a mudança de data. Na semana passada, Bolsonaro afirmou que o manifesto pela democracia endossado pela entidade é claramente contra ele. “Uma nota política eleitoral que nasceu lamentavelmente na Fiesp em São Paulo. Se não tivesse o viés político nessa nota, eu assinaria”, afirmou.
JANTAR COM EMPRESÁRIOS – O presidente também tem entre os compromissos do dia em São Paulo um jantar com empresários organizado pelo grupo Esfera Brasil.
De acordo com a coluna Painel, da Folha, Bolsonaro deve ser convidado na Fiesp a assinar o manifesto em defesa da democracia encabeçado pela instituição, como já fizeram outros presidenciáveis.
Os encontros com candidatos estão sendo realizados na sede da Fiesp, e os políticos foram convidados a participar de um diálogo com diretores, conselheiros, sindicatos e associados das entidades sobre propostas para o Brasil.
CRIOU UM CONTRAPONTO – Com os dois encontros, o presidente cria uma espécie de contraponto ao evento de divulgação da “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito”, que nasceu a partir de um grupo de ex-alunos da Faculdade de Direito da USP e será lido no Largo de São Francisco. Esse texto já conta com mais de 500 mil assinaturas.
O manifesto será lido em 11 de agosto, após a divulgação de um segundo documento, organizado por empresariais e associações, intitulado “Em Defesa da Democracia e da Justiça”.
As iniciativas pró-democracia ganharam força após o presidente realizar, em 18 de julho, encontro com embaixadores lotados em Brasília para expor mentiras acerca das urnas e do processo eleitoral, repetindo argumentos já descartados após sua exposição em uma live no ano passado.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – No Brasil, todo dia tem Piada do Ano. Pedir para Bolsonaro assinar um manifesto que foi feito contra ele é realmente uma piada sensacional. E como a Fiesp é presidida hoje pelo empresário lulista Josué Gomes, filho de José Alencar, eleito vice-presidente na chapa de Lula em 2002 e 2006, tudo está permitido. (C.N.)