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terça-feira, agosto 02, 2022

É possível 2.500 eleitores pesquisados (ou até menos…) atestarem a vontade de 156 milhões?

Publicado em 2 de agosto de 2022 por Tribuna da Internet

Sorriso Pensante-Ivan Cabral - charges e cartuns: Charge do dia: De olho nas pesquisas

Charge do Ivan Cabral (Sorriso Pensante)

Carlos Newton

Sem desconsiderar a importância das pesquisas para avaliar situações pontuais, no dia a dia, e até fazer previsibilidades, com suporte em supostos métodos matemáticos, torna-se cabível, sim, a indagação acerca de quais percentuais mínimos seriam razoáveis para garantir sua credibilidade.

A título de exemplo, tendo como referência que a possibilidade de um apostador da mega sena ser premiado sozinho, com um jogo simples, é de uma em 50 milhões. e que o risco de uma pessoa ser atingida por um raio é de um para um milhão, como é possível avalizar o resultado de uma pesquisa eleitoral, em universo restrito e multifacetado, seja pessoalmente ou até por meio de meras ligações telefônicas?

POSSÍVEIS EQUÍVOCOS – Nesse contexto, há de se admitir como razoável a discussão sobre ocorrerem equívocos nesses levantamentos baseados em grupos limitadíssimos e até precaríssimos de pesquisados, considerando as múltiplas e variáveis situações sociais, econômicas, culturais e regionais dos eleitores, residentes em regiões que diferem praticamente em tudo.

Mesmo as ações em bolsas de valores, no mundo inteiro, sobem e descem, diariamente, à revelia de previsões de milhares de especialistas, cujos erros e acertos se repetem, seguidamente, não obstante informações privilegiadas obtidas, com ganhos e até severas perdas para milhares de investidores, que, todavia, poderão ser recuperadas posteriormente.

Já o eleitor, influenciado por pesquisa eleitoral merecedora de dúvida, não terá o “day after” para rever o voto induzido.

GARANTIA IRREAL – Nesse quadro, é mais do que certo que essas pesquisas têm beneficiados e perdedores, já que seus resultados divulgados mensalmente têm garantia de acertos de 97% e até 98% (margem de erro de 3% ou 2%) – uma garantia improbabilíssima, mas que é acolhida, sem questionamento, por analistas e pela imensa maioria dos eleitores.

Esse silêncio sepulcral incomoda, porque fica parecendo que a opinião pública é formada por 100% de estúpidos, pois as entidades pesquisadoras não são infalíveis e não estão acima do bem e do mal.

Mesmo assim, seu trabalho acaba se transformando em verdadeira e antecipada propaganda eleitoral em favor de alguns candidatos, incentivando o famoso “voto útil”.

OUTRAS INFORMAÇÕES – Como sempre haverá ganhadores e perdedores, não seria demais que, além dos índices percentuais divulgados, elas prestassem informações complementares, como as a seguir relacionadas:

1 – Em um País com 156 milhões de eleitores, como justificar a escolha de apenas 1.000 ou 2.500 cidadãos para responderem ao questionário eleitoral?

2 – Por que uns são escolhidos e outros não? Quais critérios de conhecimento antecipado levaram à escolha desses poucos pesquisados pela empresa responsável pelo levantamento?

3 – Os eleitores pesquisados são sempre das mesmas cidades ou há rodízio de cidades e de número de pesquisados?

4 – O Brasil tem cerca de 5.500 municípios e as cidades pesquisadas não passam de 200. Por que a entidade pesquisadora não divulga os seus nomes e o número de eleitores ouvidos em cada uma delas? Seria pedir além do razoável?

5 – Qual a certeza da empresa pesquisadora de que o eleitor pesquisado não estaria blefando, escondendo sua verdadeira intenção eleitoral, comprometendo o objetivo da pesquisa? Teria ela algum percentual real sobre a avaliação da boa-fé do pesquisado? Qual a sua segurança?

Essas informações devem ser dadas em respeito à legislação eleitoral e à lei de acesso à informação. E como essas pesquisas influenciam no resultado das eleições, de não se esquecer também do inciso XXXIII do artigo 5º. da Constituição Federal.

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P.S. –
 O direito de acesso às informações públicas é uma das garantias constitucionais, pois a transparência ajuda na consolidação do estado democrático de direito. Mas quem se interessa? (C.N.)

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