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quarta-feira, junho 02, 2021

Nomeação de Pazuello representa uma afronta à opinião pública e também às Forças Armadas


O general Pazuello vai cuidar dos Estudos Estratégicos

Vicente Limongi Netto

Mais duas insanidades ultrajantes e irresponsáveis do irrecuperável Bolsonaro. Irresponsavelmente e sem fazer prévias avaliações, autorizou a realização da Copa América no Brasil. Ainda não-satisfeito, nomeou o subserviente general Eduardo Pazuello para exercer funções relevantes no governo, como responsável pela Secretaria dos Estudos Estratégicos do governo.

Na verdade, foi uma afronta à opinião pública e às Forças Armadas. Em respeito às normas disciplinares do Exército, o ex-ministro da Saúde deveria ser exemplarmente punido por participar de ato político com Bolsonaro.

CAXIAS DE LUTO – Ao agir assim, o mito de barro também expõe ao ridículo as valorosas Forças Armadas.  “O patrono do Exército, Duque de Caxias, está de luto”, lamentou o ex-presidente do Superior Tribunal Militar (STM), tenente-brigadeiro Sérgio Xavier Ferolla, em entrevista ao Estadão.

As duas decisões do debochado chefe da nação humilham o bom senso e agridem familiares dos já perto de 500 mil brasileiros mortos pela covid. #ansiadevômito.

UM LIVRO NOTÁVEL – O novo livro do professor Carlos Augusto Sanches, mestre e doutor em Educação, “Epopeia Italiana em Manaus”,  é essencial e importante para historiadores e público em geral desejosos em conhecer pormenores marcantes da colônia italiana no Amazonas e no Brasil. Recomenda-se que o livro de Sanches passe a ser encontrado, estudado e pesquisado  nas bibliotecas públicas e particulares.

Por rigorosa exigência histórica e sentimental. Sanches já merecia ser imortalizado pela Academia Amazonense de Letras.  Segundo o autor da magnífica obra, “A imigração italiana em Manaus tem sua essência nos movimentos migratórios condicionados a expansão do capitalismo europeu que direcionou para o continente americano e especificamente Manaus, foco do estudo”.

ERA DOS PIONEIROS – Relata Carlos Sanches que  as famílias italianas se estabeleceram nas atividades mercantis e profissionais na Amazônia. O próprio Sanches é da família Conte.

“Em Manaus, revela Sanches, as famílias Conte, Russo, Calderaro, Aronne, Celani, Biondi, Pelosi, Limongi, Cardelli, Desideri e Faraco”. Em Belém, prossegue o escritor, se estabeleceram as famílias Grisolia, Conte, Falesi, Verbicaro, Mileo, Calderaro, Florenzano, Vallinoto, Megale, Priante, Savino, Cerbino, Libonati e Tancredi”.

Na construção da sociedade amazônica também contribuíram muitos imigrantes com seu trabalho anônimo de engraxates, jornaleiros, verdureiros, carregadores, estivadores, ferreiros e vendedores ambulantes.

DE PORTA EM PORTA – Uns ofereciam seus serviços de porta em porta como consertos de sombrinhas e utensílios domésticos; outros tinham banca de engraxate próximo do terminal de trem ou no comércio, onde também consertavam sapatos”, prossegue Carlos Sanches:

“Na Amazônia predominaram os imigrantes vindos da Itália Meridional, de regiões como Calábria, Basilicata e Campânia. Ocorreu também emigração da Itália Setentrional, das províncias de Vêneto, Lombardia, Ligúria, Emilia Romagna,  da Itália Central e das províncias de Toscana e Lazio”.

Na página 147, Sanches lista famílias calabresas, lucanas e campanas, que chegaram até o início do século XX ao Pará e ao Amazonas, segundo região de origem e cidade de destino. Meu xará e avô paterno aparece na lista como o número 50: Limongi – Basilacata Potenza Maratea –  Manaus.

EMOÇÃO DO NETO – Tenho orgulho da odisseia vigorosa do meu avô. Desfrutamos de bons momentos e eu costumava ir na Sapataria Limongi, fundada por ele. Nossa família era numerosa e unida.

A emoção de neto com 76 anos de idade sugere que eu respire fundo para então prosseguir contando trechos do fascinante livro de Carlos Sanches.

Na foto da capa, aparecem Sanches e a mulher, Íris Paula da Silva Sanches, vestidos com trajes da época dos imigrantes italianos. E voltando à família do imigrante Conte: a senhora Filomena Conte casou-se com o senhor Jesus Benito Sanches. Tiveram 5 filhos, entre eles, o autor do livro.

Carlos Sanches sublinha que a história dos imigrantes italianos, continua sendo escrita através de seus descendentes. “Uma história de gente corajosa, amante do trabalho digno. Uma gente brava e gentil, ao mesmo tempo rude e carinhosa que ajudou com seu suor a forjar as bases da economia de Manaus”.

MANAUS ANTIGA – Outro personagem do livro é o advogado Délio Conte, filho do imigrante Domingos Conte, um dos grandes comerciantes no ramo de sapataria, a exemplo do imigrante Vicente Limongi, nas duas primeiras décadas do século passado. Délio recorda passagens de Manaus dos velhos tempos. Onde é a sede do Rio Negro Clube e a Praça da Saudade foi o Cemitério São José. Havia o Aeroporto de Ponta Pelada, de chão barrento.

Os bondes eram meios de transportes. Profissões daquela época eram carvoeiro, geleiro, açougueiro, peixeiro e vendedor de frutas. A graxa Amazônia foi inventada pelo pai dele, Domingos.

FAMÍLIA CABRAL – Délio falou de um rapaz chamado Cecílio Cabral, irmão de Bernardo Cabral. Conhecido como Caroço, que um dia foi beber no bairro de Flores, num quiosque no final da linha do bonde.

“Caroço tinha um físico avantajado e ocorreu um desentendimento com um policial que atirou e matou Caroço. Bernardo Cabral cursou Direito e se formou em advogado. Se tornou Delegado de Policia, exerceu vários cargos importantes e por fim foi Ministro da Justiça no Governo de Fernando Collor de Mello”.

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