Publicado em 24 de junho de 2021 por Tribuna da Internet
Carlos Newton
Para encontrar um jeitinho de viver melhor, os brasileiros precisam estar sempre à espera de notícias boas, que possam funcionar como uma injeção de otimismo. Foi o que aconteceu nesta quarta-feira, quando a internet começou a informar que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, havia pedido demissão.
Era uma notícia há muito esperada por quem ama a natureza e fica chocado com a facilidade que madeireiros e grileiros encontram na sua sanha de derrubar as preciosas árvores ou simplesmente destruí-las pelo fogo, para invadir impunemente aquele território sagrado, floresta adentro.
IMPUNIDADE – Fica claro que não existe nada funcionando direito na Amazônia, onde nem mesmo as reservas indígenas são respeitadas e os garimpeiros se encarregam de poluir aqueles rios maravilhosos e até agora intocáveis.
De repente, Ricardo Salles pediu demissão e isso seria um sinal de que tudo iria melhorar. Negativo. É apenas mais uma fake news produzida nos porões do gabinete do ódio, porque na verdade Salles foi demitido pelo presidente Bolsonaro, que no mesmo ato nomeou o novo ministro, que vem a ser Joaquim Álvaro Pereira Leite, que já faz parte da equipe de Salles desde 2019.
Plantador de café em São Paulo, foi conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB) por mais de 20 anos, uma circunstância que em nada o enobrece, pois o empresariado rural brasileiro costuma ter um pé na senzala, no mau sentido da exploração de seus trabalhadores. Especialmente quando se sabe que a família do ministro tenta tomar na justiça uma fatia de área indígena em São Paulo, vejam bem com quem estamos nos metendo.
PROMOVIDO POR MERECIDO – Em tradução simultânea, Joaquim Leite é um dos membros da quadrilha que hoje comanda o Ministério do Meio Ambiente, onde foi admitido em julho de 2019 como Diretor do Departamento de Florestas. Sua atuação foi tão eficiente na destruição ambiental que em menos de um ano, em abril de 2020, foi promovido para a Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais, cargo que ocupava até o momento.
Ou seja, nada mudou na gestão ambiental do governo Bolsonaro. O Brasil, que desde o governo Dilma Rousseff já vinha sendo considerado um “anão diplomático”, dá mais um passo para se tornar um ”pária diplomático”, no linguajar grosseiro daquele aprendiz de diplomata que se tornou chanceler indevidamente e precisa cair no esquecimento o mais rápido possível.