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domingo, junho 13, 2021

Diálogos de inquérito da PF comprovam que o governo privilegiou sua ‘mídia aliada’

Publicado em 13 de junho de 2021 por Tribuna da Internet

O ex-secretário de comunicação Fabio Wajngarten e o blogueiro Allan dos Santos Foto: Arquivo O Globo

Diálogos entre Wajngartes e Allan revelaram o esquema

Leandro Prazeres, Mariana Muniz e Paula Ferreira
O Globo

Mensagens de WhatsApp colhidas pela Polícia Federal ao longo do inquérito dos atos antidemocráticos revelam que Fabio Wajngarten, então chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo Bolsonaro, defendeu a liberação de verba publicitária da Caixa Econômica Federal para veículos de comunicação classificados por ele como “mídia aliada”.

Segundo relatório da PF, em abril de 2019 Wajngarten assumiu o comando da Secom e se aproximou do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, dono do site Terça Livre e amigo dos filhos do presidente.

FALSA APRESENTAÇÃO –  Naquela ocasião, Wajngarten se apresentou para Allan dos Santos dizendo ser um empresário de mídia “muito” próximo de executivos de emissoras de TV. Afirmou ainda que poderia aproximar o blogueiro desses veículos e que, naquela semana, já havia promovido encontros de parlamentares com a cúpula do SBT, da Band e que iria se encontrar com “bispos da Record”.

No diálogo, Wajngarten demonstrou preocupação com o atraso no pagamento de verbas de publicidade a quem classifica como “aliados”. Ele diz ter sido informado que a “Caixa”, em provável referência à Caixa Econômica Federal, estaria “devendo dinheiro” à Band e “RTV” (possível citação à Rede TV!), conforme demonstra o diálogo a seguir:

Fabio Wajngarten: “Caixa devendo dinheiro pra BAND, RTV”.

Allan dos Santos: “E como foi?”

 

Fabio Wanjgarten: “Os aliados estão furiosos”. “General sentou em cima e não paga nenhuma nota passada”. “Provocando iminentes tumores”

Allan dos Santos: “Desnecessário”

Fabio Wajngarten: “Totalmente desnecessário”.

O relatório da PF não identifica o “general” citado por Wajngarten, mas, à época das mensagens, a Secom era vinculada à Secretaria de Governo, chefiada pelo general Carlos Alberto Santos Cruz. O militar foi alvo de ataques de bolsonaristas e acabou sendo demitido pelo presidente.

RELAÇÃO COM A BAND – Wajngarten relatou que tentou aproximar Bolsonaro da cúpula da Band — e chegou até a fazer uma ligação por meio de videoconferência entre o presidente e Johnny Saad, dono do Grupo Bandeirantes, e Paulo Saad, vice-presidente da emissora.

Em seguida, Allan dos Santos avalia a Wajngarten que era preciso trazer “esses caras” para perto do governo, com o que o então chefe da Secom concordou, conforme demonstra o diálogo:

Allan dos Santos: “É preciso trazer esses caras pra perto, não afastá-los”.

Fabio Wajngarten: “Na hora convidei-os”. “Obvio”. “Ninguém está vendo”

BATER SEM PARAR – Em outro momento do diálogo, Allan dos Santos compartilhou um link de uma notícia sobre a decisão do Ministério Público que atua perante o Tribunal de Contas da União (TCU) de pedir à Corte que obrigue a Secom a distribuir verbas publicitárias do governo com base em critérios técnicos.

Naquele momento, em janeiro de 2020, o jornal Folha de S. Paulo revelara que Wajngarten mantinha contratos, por meio de sua empresa FW Comunicação e Marketing, com as emissoras Record e Band, que recebiam recursos da Secom.

Contrariado, Wajngarten respondeu: “Eles querem o retorno de 80% para a Globo. Vergonhoso”. Na sequência, o blogueiro bolsonarista sugeriu: “Bora bater sem parar”. O então chefe da Secom agradeceu.

CONTRAINFORMAÇÃO – Parte dessa estratégia da Secom de retaliar os que não são considerados “mídia aliada” envolvia um canal de contato com bolsonaristas no qual foi discutida até uma proposta de criação de um departamento de contrainformação.

Segundo as mensagens analisadas pela PF, Wajngarten criou um grupo de WhatsApp chamado “Mídia Pensante — SECOM” e adicionou Allan dos Santos. Um dos integrantes chegou a sugerir em uma mensagem:

“Fabio (Wajngarten), aquela ideia de comunicação estratégica e contrainformação. Na minha opinião, você deve criar um departamento para isso. Você já até concordou com a ideia. Vamos implementá-la?”. Wajngarten, sem titubear, respondeu: “Vamos implementar”.

SECRETARIA DE RADIODIFUSÃO – Em outra mensagem, enviada por Allan dos Santos a um contato chamado por ele de “Eduardo”, em provável referência ao deputado federal Eduardo Bolsonaro, ele diz: “Precisamos da Secom para implementar uma ação que desenhamos aqui”, afirma o blogueiro, que sugeriu a indicação de uma pessoa para assumir a Secretaria de Radiodifusão. “Seu pai disse que sim”, alertou Allan dos Santos.

Nessa mesma mensagem, Eduardo diz que tem o contato de Douglas Tavolaro, ex-executivo das emissoras Record e CNN. “O Douglas diz que a linha será da Record, que o que vem dos EUA é só o nome CNN”, afirma o filho do presidente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Essas armações não dão certo. Hoje, a CNN bate sem parar em Bolsonaro. (C.N.)


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