Publicado em 8 de abril de 2021 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
O ministro Marcelo Queiroga está realmente demonstrando não ser um homem de combate frontal, faltando-lhe dinamismo e disposição para enfrentar a forte onda da Covid-19, cuja velocidade tem aumentado a cada 24 horas, atingindo na noite de terça-feira a tragédia de 4200 mortes, uma parte das quais representou a absurda questão da falta de leitos de UTI.
Vejam os leitores a situação que nós brasileiros estamos enfrentando, com um temor que se amplia a cada momento e em que o número de contaminações e desfechos fatais avançam velozmente. Há duas semanas, os índices de contaminação haviam descido para 70 mil casos diários. De repente começou a se configurar a disparada e a média de infectados passou para uma escala diária de 89 mil, entre homens e mulheres.
MANCHETE – Inclusive, mantida uma contaminação dessa ordem, o número de mortes também subirá, uma vez que o percentual de falecimentos, como é lógico, encontra-se na percentagem de crescimento da infecção. A vertiginosa subida de contaminações foi ontem manchete principal das edições da Folha de São Paulo, do O Globo e do Estado de São Paulo.
O panorama é de alarme irrefutável. O medo está tomando conta da população, exceto os irresponsáveis que se reúnem em aglomerações. Já foi dito claramente que os instrumentos de combate ao coronavírus são a vacina, o distanciamento social e a permanência de cada um em sua residência.
O vírus ataca violentamente, basta ver que o total de mortes está a caminho de 350 mil casos fatais. O presidente Jair Bolsonaro não parece preocupado. Na edição de O Globo, Julia Lindner, Daniel Gullino e Rayanderson Guerra, focalizam a visita de Bolsonaro à cidade catarinense de Chapecó, quando ao lado do prefeito voltou a defender a ideia de tratamento precoce já rejeitada pelos cientistas e médicos de modo geral. O presidente da República não usou máscara, como demonstra a foto publicada.
SEM DISPOSIÇÃO – Eu disse no início deste artigo que o ministro Marcelo Queiroga não tem disposição de combate, não é um homem que se empenha a fundo na defesa do seu trabalho de ministro. Como cardiologista todas as pessoas falam muito bem dele. Mas como ministro da Saúde, para mim, francamente, é um desastre.
O ministro da Saúde tem que ser alguém que tenha a emoção do combate, a disposição de evitar o número cada vez maior de mortes e infecções como está ocorrendo. Alguém que utilize os jornais, as emissoras de TV e as redes sociais para dirigir apelos vigorosos a todos, chamando a atenção para o risco que corremos.
CONSEQUÊNCIAS – Uma contaminação diária de milhares de seres humanos representa em si um perigo enorme. Os hospitais não têm equipamentos para atender a todas as emergências e os médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem encontram-se em exaustão. Vejam todos as consequências de o governo Bolsonaro não ter agido imediatamente ao surgirem os primeiros casos.
Um número enorme de contaminações teria sido barrado. Os índices de mortes estariam pelo menos diminuídos à metade. Desastre completo do governo e agora também pela inaptidão completa do médico Marcelo Queiroga.