Carlos Newton
Uma das frases mais conhecidas do grande filósofo, economista e jornalista Karl Marx na verdade não é dele, mas do genial pensador Friedrich Hegel, também alemão, e que foi um dos inspiradores das teorias que Marx viria a desenvolver junto com o amigo Friedrich Engels.
Criador do movimento do Idealismo Absoluto, Hegel era fascinado pela Revolução Francesa e pelas obras de Spinoza, Kant e Rousseau. Foi ele que criou a frase “a história repete-se sempre, pelo menos duas vezes”. Na abertura de seu famoso ensaio “18 de Brumário de Luís Bonaparte”, o jornalista Marx esticou a frase, adicionando: “a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.
O BRASIL CONFIRMA – Quase dois séculos depois, a política brasileira vem confirmar esses pensamentos de Hegel e Marx, com o corre-corre no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira, dia 7, para dar tratamento a fotos e vídeos que traziam a imagem do ex-deputado Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL e um dos ícones da corrupção brasileira.
Uma semana depois de ser recebido em audiência especial pelo presidente Jair Bolsonaro, para consolidar a adesão ao governo, o trêfego Costa Neto, que foi preso e cumpriu pena no mensalão, tornou-se convidado especial na posse da nova ministra da Secretaria de Governo, deputada Flávia Arruda (PL-DF), que vem a ser casada com José Roberto Arruda, o primeiro governador brasileiro a ser preso durante o mandato e condenado a mais de sete anos de cadeia, vejam bem como caiu a frequência do Planalto, que agora só falta recepcionar milicianos e chefes de facções.
A IMAGEM SUMIU – De acordo com as informações disponíveis no histórico da imagem, a foto foi feita às 11h16m42s desta terça-feira, dia 6, e ficou disponível no “Flickr” (site do Planalto) ao menos até as 16h40m46s, horário em que a Folha fez o download do material. À noite, no endereço que correspondia à cerimônia, aparecia a mensagem “Parece que a foto ou o vídeo que você está procurando não existe mais”.
E aí a História enfim se repete como farsa, exatamente como aconteceu na União Soviética, quando o ditador Josef Stalin, ao fazer o expurgo, foi mandando apagar as fotos dos líderes que caíam em desgraça.
Uma dessas fotos célebres mostra Nikolai Yezhov, Stalin, Trotsky e Lenin. O primeiro a sumir foi Yezhov, chefe da polícia secreta NKVD, anos depois foi apagado Trotsky. Por fim, desapareceu até Lenin, e só ficou o sanguinário Stalin, com a imagem rejuvenescida e colorizada.
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P.S. – É extraordinária a capacidade de Jair Bolsonaro fazer tudo errado. Dia após dia, ele vai emporcalhando não somente o prestígio do país, mas também a imagem dos brasileiros, sejam civis ou militares, que já viraram piada no exterior. Bolsonaro não sabe governar, todo mundo já percebeu isso. Assim, ele deveria renunciar e deixar o abacaxi no colo do vice Mourão, para que a gente possa readquirir um mínimo de esperança. (C.N.).