Publicado em 8 de abril de 2021 por Tribuna da Internet
Vicente Nunes
Correio Braziliense
A velocidade com que o novo coronavírus está matando no Brasil pode levar o país a registrar, em 2021, o primeiro ano da História em que o número de mortes superou o de nascimentos. O alerta é feito pelo médico Miguel Nicolelis, em artigo publicado no Correio Braziliense.
Ele diz que, desde o início do ano, a diferença entre nascimentos e mortes vem caindo no país. Em fevereiro, por exemplo, foram registrados 200.034 nascimentos e 121.559 óbitos (por covid-19 e outras causas), resultando em uma diferença de 78.475 habitantes acrescentados à população.
AUMENTAM OS ÓBITOS – Em março, essa diferença caiu para 47.047 — foram 220.302 nascimentos e 173.255 mortes.
“Isso quer dizer que, se o número de mortes por covid-19 e outras causas continuar a subir, o Brasil pode viver o primeiro momento de sua História em que as mortes superaram os nascimentos de novos cidadãos. Tal tendência ilustra a magnitude profundamente épica do impacto da covid-19 no país”, assinala o médico.
Levantamento da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, aponta que, somente em abril, quase 100 mil brasileiros terão as vidas ceifadas pelo novo coronavírus. E o quadro tende a se agravar quanto mais tempo o governo demorar para pôr em prática um plano consistente de vacinação em massa.
PREVISÃO PARA ABRIL – Segundo o Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME, na sigla em inglês), da Universidade de Washington, o Brasil registrará 95.794 mil mortes por covid-19 no mês de abril. Com isso, o país deve chegara 421.353 mortes no dia 30 de abril. Pelo levantamento, no pior dos cenários, o Brasil pode chegar a 422.074 mortes; no melhor, a 418.950 óbitos. Até agora, são mais de 325 mil vidas perdidas.
Para Nicolelis, “dentro deste festival de horrores”, existe o consenso nos meios científicos de que o Brasil precisa tomar três medidas urgentes para tentar conter a crise sanitária. Primeiro, um lockdown nacional. Segundo, reduzir o trânsito de pessoas em trens, ônibus e aviões. Terceiro, vacinar entre 2 milhões e 3 milhões de pessoas por dia. Nada disso, porém, está no radar até agora.