Tribuna da Bahia Notícias-----------------------
O PMDB vive um dilema na política baiana: quer ocupar novos espaços sem o risco de perder os que já possui. Depois de conquistar o apoio do DEM para vencer com folga o segundo turno da eleição de prefeito de Salvador, não abre mão para o neoaliado da oportunidade de fazer o próximo presidente da Câmara Municipal. Mas na Assembleia Legislativa, por entender que o enfrentamento o colocaria em choque direto com o governo do Estado, limita-se ao jogo de bastidores para tentar emplacar na presidência o nome do deputado Elmar Nascimento (PR). O partido não toma uma decisão, como afiança seu presidente, Lúcio Vieira Lima, enquanto deputados se manifestam isoladamente pelo adversário de Marcelo Nilo (PSDB). Assim, preserva a ligação com o governo do Estado, a esta altura frágil, especialmente depois que o governador Jaques Wagner qualificou a candidatura de Elmar como oposicionista. Portanto, uma derrota de Nilo, ou mesmo a simples caracterização do apoio da legenda a Elmar, poderia precipitar o rompimento entre as duas grandes forças que ganharam o pleito estadual em 2006. O momento na Assembleia é de guerra de informações. Partidário de Elmar, o deputado João Carlos Bacelar (PTN) afirma que “Marcelo Nilo não vai perder, quem vai perder é o governador”, insinuando que o chamado “bloquinho”, formado por oito deputados governistas de quatro partidos diferentes, só votará em Nilo se receber uma secretaria de Estado. E conclui, com malícia: “Se o PP, que só tem cinco deputados, ganhou a Secretaria da Agricultura, por que eles, que são oito, não têm direito semelhante?” O “bloquinho” é integrado por deputados do PSL, PTB, PTdoB e PSDB, o que torna a especulação mais esquisita, uma vez que dele faz parte o presidente Marcelo Nilo, que é tucano, momentaneamente afastado dos embates do plenário em razão do cargo que ocupa. Por isso, o deputado Nelson Leal (PSL) apressa-se em desmentir: “Jamais atrelaríamos nossa posição a qualquer negociação de cargo, muito menos à eleição para presidente da Casa. Somos o bloco mais coerente do governo e entendemos que o governador tem de ficar à vontade para compor sua equipe”. (Por Luís Augusto Gomes )
Prevalece a guerra de números
Uma fonte da Assembleia próxima ao presidente assegurou ontem que “a pauta de Marcelo a partir de segunda-feira está fechada, ele só vai receber deputados para consolidar sua vitória”. Por sua vez, o deputado Jurandy Oliveira (PDT), um dos recordistas de permanência na Casa, com sete mandatos, assegura: “Marcelo terá 42 votos. Eu sei como funciona esse processo, pois também já fui candidato. Só restará a Elmar retirar seu nome, porque a derrota é certa”. Cálculos mais modestos indicam que Nilo terá pelo menos 35 dos 63 votos. Elmar Nascimento não acredita nesses números e assegura que estará na disputa no próximo dia 1º de fevereiro. “Não preciso de declarações públicas de presidentes de partidos. Eu disse que teria os votos do PMDB, e ontem (segunda-feira) já começaram as manifestações. Não sou candidato de partidos, mas de deputados”, afirmou, sem precisar dizer que seu próprio partido, o PR, não lhe fez até agora nenhum declaração de apoio e quatro de seus colegas de bancada foram a Wagner dizer que votarão em Nilo. Os 12 dias que faltam para a eleição serão de arrumação das chapas, que não serão completas, de ponta a ponta, porque a votação é por cargo. A maioria, possivelmente, será indicada por acordo, respeitando-se a proporcionalidade das bancadas. As disputas ocorrerão pela presidência, primeira vice e primeira secretaria, funções mais importantes da Mesa. A expectativa é de que, pela vice, se enfrentem Angelo Coronel (PR), ao lado de Nilo, e Rogério Andrade (DEM). Para a secretaria, pelo grupo de Elmar, o PMDB deverá indicar o nome, que não será o do atual ocupante do cargo, Luciano Simões, porque o partido é contra a reeleição.(Por Luís Augusto Gomes )
Partido dá prazo até 2 de fevereiro
Se, por um lado, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, defende que o cargo de presidente da Câmara Municipal é de seu partido, o PMDB, e que a renúncia do vereador peemedebista Alfredo Mangueira ao posto não tira a legenda do jogo na Casa, a sigla, no que diz respeito ao embate na Assembleia Legislativa, prefere agir com cautela. De acordo com o líder da bancada no parlamento, deputado estadual Leur Lomanto Jr., ao contrário do que foi anunciado pela imprensa de que os deputados peemedebistas teriam fechado uma espécie de acordo informal pelo voto em Elmar Nascimento (PR), até o momento nenhum posicionamento foi adotado pelo PMDB quanto ao assunto. “Estamos nutrindo a esperança de que até o dia dois (dia da eleição) o PT possa repensar suas decisões e quem sabe lançar um candidato que, de fato, represente a unidade, o que não é o caso do tucano Marcelo Nilo”, destacou, ressaltando que “em política nada é impossível”. Quanto aos rumores envolvendo o apoio ao republicano Elmar Nascimento, Leur deixando escapar nas entrelinhas que a possibilidade não está descartada, afirmou apenas que “a única certeza que temos é de que não apoiaremos Nilo, que, embora tenha assinado documento se comprometendo a não concorrer à reeleição, está em plena campanha”. Questionado ainda sobre rumores de que Elmar teria oferecido a primeira secretaria ao PMDB, o líder negou. “Isso não tem fundamento, mas é certo que independentemente do candidato, levando em consideração a proporcionalidade, nós iremos buscar o espaço que nos é de direito na Mesa Diretora”, assegurou. Contudo, informações de bastidores dão conta de que se manter neutro na briga seria uma estratégia orquestrada para não expor os 115 prefeitos eleitos a qualquer risco de retaliação por parte do governo. Fato este, que segundo fonte do PMDB por tabela iria prejudicar ainda mais a já prometida disputa de 2010.(Por Fernanda Chagas )
Fonte: Tribuna da Bahia
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