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quinta-feira, janeiro 29, 2009

O problema é do sucessor...

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA – Bento XIV foi eleito Papa em 1740, perto dos setenta anos. Um daqueles frades fanáticos aproximou-se dele, olhos arregalados, anunciando que a Igreja seria destruída porque o anti-Cristo havia nascido no interior da Itália. O Sumo Pontífice não se assustou, indagando: “Que idade tem o anti-Cristo?”
O frade respondeu: “Três anos!”
Comentário de Bento XIV: “Então não preciso me preocupar. Vou deixar o problema para o meu sucessor...”
O episódio se conta a propósito da previsão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, feita ao presidente Lula, de que a crise econômica chegará ao seu clímax em 2012. Será problema para quem vier depois dele...
Afastando momentaneamente a hipótese do terceiro mandato e imaginando que Dilma Rousseff vai decolar como candidata, fica o Lula a salvo do pior, ainda que disposto a fazer tudo o que puder para minorar os efeitos da futura tragédia anunciada. Como é previdente, porém, marcou para terça-feira à noite demorado encontro com o governador José Serra, em São Paulo. Conversaram sobre a crise e as medidas que o governo anunciará nos próximos dias, projetadas para o futuro.
Só para completar a história: o menininho não era o anti-Cristo, Bento XIV ficou dezoito anos no trono de São Pedro, seu sucessor foi Clemente XIII e a Igreja não foi destruída.
Revolta e perplexidade
Um sentimento de revolta dominava as primeiras reuniões do Fórum Social Mundial, ontem, em Belém. Não houve palestra, conferência ou seminário onde os oradores não chamassem a atenção das platéias para o fato de que perto de dois trilhões de dólares estão sendo aplicados pelos governos do planeta inteiro para salvar as grandes empresas da bancarrota. Inclusive o Brasil, que anunciou cem bilhões de reais.
Quer dizer, recursos existem. Brotam do chão ou dos tesouros nacionais quando se trata de atender necessidades das elites, mesmo sob a alegação de que ajudando as empresas os governos estarão, indiretamente, preservando empregos. Na realidade não é bem assim, basta somar quantas demissões estão acontecendo no mundo. De qualquer forma, a perplexidade vai por conta da evidência de que dinheiro existe quando se trata de tentar salvar o neoliberalismo e o mercado. Por que as verdinhas e outras moedas não apareceram, por exemplo, para combater a fome, a miséria e a doença, anos atrás? Não teria sido difícil aplicar tamanho volume de recursos em favor dos mais necessitados...
Hoje, só sorriso
São previstos sorrisos meio sem graça nos encontros de hoje e amanhã entre os presidentes Lula, Chávez, Evo, Lugo e Correa, no Fórum Social Mundial. Brasil, Venezuela, Bolívia, Paraguai e Equador haviam preparado duras críticas aos Estados Unidos quando, quatro meses atrás, as respectivas chancelarias acertaram seu comparecimento à capital do Pará. De lá para cá, tudo mudou. Não contavam os referidos presidentes com o acirramento da crise econômica, que atinge países pobres, mas também atropela os ricos. Muito menos supunham a vitória de Barack Obama, que agora são obrigados a elogiar, ao contrário de George W. Bush, que pretendiam malhar. Os quatro “hermanos” recolherão os flaps, ainda mais depois do telefonema de Obama ao Lula.
No reverso da medalha, talvez aconteça uma conversa reservada entre os presidentes do Brasil e da Bolívia, porque a temperatura começa a subir outra vez nas relações entre os dois países. Vitorioso em recente plebiscito que lhe garante novo mandato, Evo Morales voltou a falar na defesa das riquezas naturais bolivianas “exploradas pelos imperialistas”. É assim que nos vê, como ficou óbvio na ocupação de usinas da Petrobras em seu território.
A esse respeito, nunca é demais fazer um bissexto reconhecimento público do ex-presidente Ernesto Geisel. Quando procurado com a sugestão de investimentos da Petrobras no gás boliviano, o tonitruante general deu um murro na mesa negou a possibilidade e ainda exclamou: “Vocês querem que eu acabe mandando o Exército atravessar a fronteira?”
A grande paulada
A grande paulada na moleira do governador Aécio Neves não foi a nomeação de Geraldo Alckmin para secretário de Desenvolvimento do governo José Serra. Veio ontem, quando o ex-governador concedeu sua primeira entrevista, posicionando-se contra a realização de prévias no ninho dos tucanos para saber quem será o candidato presidencial. Essa traição o Aécinho não esperava. Afinal, intrometeu-se nas eleições para a prefeitura de São Paulo, desagradou Serra ao apoiar Alckmin e saiu chamuscado com a vitória de Kassab. Tudo para contar com o agora novo secretário na primeira linha dos defensores das prévias. Não poderia imaginar o ex-futuro aliado defendendo um acordo de cúpula para selecionar o indicado, obviamente José Serra.
O governador mineiro está em férias, volta a Belo Horizonte na semana que vem. Tem gente achando que vem novidade por aí. Apesar das juras de amor entoadas ao presidente Lula por José Sarney e Michel Temer, futuros presidentes do Senado e da Câmara, a verdade é que o PMDB não parece confiável com relação ao apoio a Dilma Rousseff. Não será fácil absorver Aécio Neves e, mais difícil ainda, fazê-lo seu candidato ao palácio do Planalto. Mas impossível não é, em se tratando da luta pelo poder.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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