Edson Luiz
Em um ano de investigação de fraudes que desencadeou a Operação Satiagraha, a área de inteligência da Polícia Federal fez 110 mil escutas telefônicas em torno de 40 telefones fixos e celulares. O volume corresponde a uma média de 300 interceptações diárias. O levantamento, realizado pela cúpula da PF, mostra que o número expressivo não é comum na corporação. A intenção agora é verificar se os grampos eram necessários e se foram feitos em pessoas que não estavam entre os alvos da apuração. Relatórios elaborados pela corregedoria-geral da instituição mostram que, além dos suspeitos investigados, jornalistas e advogados também figuraram entre as pessoas monitoradas.
A devassa nas escutas telefônicas foi uma forma adotada pela PF para evitar que as provas produzidas com os grampos se tornem inválidas pela defesa dos principais acusados. A partir do levantamento, o delegado Ricardo Saadi vai redirecionar a investigação da Operação Satiagraha. Até então, ele vinha trabalhando com o que foi apurado pelo seu colega Protógenes Queiroz, que foi afastado do caso pouco depois da deflagração da ação policial. Queiroz está sendo investigado em um inquérito aberto pela corregedoria-geral da PF que averigua os vazamentos ocorridos durante a operação.
O próximo passo que a superintendência da PF vai dar é a análise das interceptações de mensagens eletrônicas. Durante a Operação Satiagraha, foram realizadas monitoramentos em e-mails de todos os envolvidos e de instituições financeiras. Assim como os grampos telefônicos, a cúpula da Polícia Federal quer saber se em todos os casos houve autorização da Justiça. Para investigadores que trabalham no caso, não há indícios de que houve operações ilegais, mas isso só será definitivo após a conclusão da auditoria.
O levantamento sobre os grampos telefônicos foi feito no último ano de investigação da Operação Satiagraha, desencadeada em julho de 2008 pela Polícia Federal. A média de ligações interceptadas chegou a 300 diariamente, e o número de aparelhos grampeados variou entre 35 e 40 durante junho de 2007 e julho de 2008. Na análise de documentos, tomadas de depoimentos e exames em equipamentos apreendidos, a corregedoria da PF tem observado que, além dos alvos da ação policial, outras pessoas podem ter sido grampeadas indiretamente. Porém, os relatórios apontam que os diálogos colhidos não foram anexados à investigação.
Fonte: Correio Braziliense (DF)
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