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sexta-feira, novembro 16, 2007

Reduto da família de Renan triplica os convênios com a União

MATHEUS PICHONELLI
da Agência Folha
SÍLVIA FREIRE
da Agência Folha, em Maceió


Em seu primeiro ano sob o comando de Renan Calheiros Filho (PMDB), o município de Murici --uma das 12 cidades alagoanas investigadas pela Polícia Federal por fraudes em licitações e execuções de obras com recursos federais-- praticamente triplicou o número de convênios assinados com órgãos da União em relação ao ano anterior.
Em 2005, quando Renan Filho assumiu a Prefeitura de Murici e seu pai, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi eleito presidente do Senado, a prefeitura assinou 16 convênios com órgãos federais, que somavam R$ 5,8 milhões (desse montante, R$ 4,6 milhões foram liberados). Em 2004, foram feitos seis convênios entre a Prefeitura de Murici e órgãos federais, para os quais foram liberados R$ 1,8 milhão. Nessa época, o município já era gerido por um parente do senador, Remi Calheiros (PMDB), seu irmão.
Em 2006, Murici assinou 14 contratos com órgãos da União, somando R$ 5,9 milhões (R$ 1,78 milhão foi liberado).
Os números, com base no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal), estão disponíveis no site da CGU (Controladoria Geral da União).
A Operação Carranca, realizada pela PF no início da semana, prendeu 21 pessoas suspeitas de fraudes em obras em 12 municípios de Alagoas.
Segundo a PF, a maioria das obras conveniadas em Murici era realizada pela Lacerda Engenharia Ltda. O dono da empreiteira, Ronaldo Lacerda, é um dos presos pela PF.
Murici possui 25.968 habitantes, segundo o IBGE. Para efeito de comparação, Boca da Mata, cidade alagoana que tem praticamente o mesmo número de habitantes de Murici (25.145), assinou oito convênios com o governo federal no mesmo ano. Os acordos somaram R$ 639 mil.
O prefeito de Murici, Renan Calheiros Filho, não foi encontrado ontem para comentar os números. A reportagem tenta entrevistá-lo desde o início da Operação Carranca.
Na prefeitura, onde agentes federais cumpriram mandado de busca e apreensão no início da semana, ninguém atendeu as ligações da reportagem durante a tarde. O prefeito também não foi encontrado pelo telefone de sua residência.
No escritório do PMDB, ninguém quis se pronunciar a respeito do levantamento.
Fonte: Folha Online

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