Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Sempre que se cogita da retomada do crescimento econômico através de medidas de contenção de gastos do governo, ocupa a pole-position a questão da Previdência Social. Unem-se conservadores, neoliberais, tecnocratas, malandros e até alguns ingênuos, entre outros espécimes dessa lamentável fauna, para concluir que dá prejuízo pagar mesmo o mínimo a aposentados e pensionistas, sejam antigos servidores públicos ou ex-trabalhadores das empresas privadas, urbanos ou camponeses.
Surgem então, como no mar, ondas de indignação e de protestos contra o aumento dos salários dos benefícios concedidos a quantos trabalham e trabalharam a vida inteira, clamando-se pela diminuição e até a supressão daquilo a que fazem e fizeram jus. A Previdência Social, dizem, tem que dar lucro, senão deixa de se inserir nesse admirável mundo novo onde prevalece o lucro sobre a justiça social.
Na ante-sala do segundo governo Lula vivemos outro desses momentos, até sob o risco da aproximação de vastos tsunamis sobre o litoral dos menos favorecidos, porque para eles a regra deve ser implacável: "Deu prejuízo, ou muda ou fecha". Tratam a Humanidade como se fosse uma empresa privada.
Pouco importa que a nação, conduzida pelo governo, possa gerar e auferir consideráveis lucros em outras atividades, como os impostos, as exportações, o aumento da produtividade e até os resultados de investimentos em saúde e educação.
Divide-se o Brasil em compartimentos estanques onde, se as elites compram aviões particulares e carrões de última geração, freqüentam os hotéis e os restaurantes mais luxuosos, cobrem as mulheres de jóias e viajam continuadamente pelo exterior, o problema e a vantagem são delas e não devem ser repartidos com a massa empobrecida, da qual pretendem retirar os últimos e minguados direitos.
Ignoram não apenas as leis fundamentais da economia e da física, nas quais prevalece, apesar de tudo, o sistema de vasos comunicantes. Se uma atividade dá prejuízo, outras dão lucro, ou podem dar, se bem administradas. A essa malta de egoístas e obtusos, não interessa a distribuição equânime dos benefícios da civilização e da cultura. Defendem o deles, importando menos as conseqüências para os demais.
Tome-se, como exemplo simplório, os bebês. Eles dão prejuízo. Precisam de fraldas, de mamadeiras, de remédios, de cuidados médicos e, acima de tudo, do carinho dos pais. Mas como dão prejuízo, deveriam passar fome, ser deixados nas lixeiras, abandonados à própria sorte? Mas, vale repetir, dão prejuízo...
Vale o mesmo para os aposentados. Para que tudo dê lucro, vamos matar os velhos? Negar-lhes o mínimo a que qualquer ser humano tem direito? Ou vamos negar a existência do direito natural, um dos pilares da Humanidade?
A Previdência Social não precisaria ser sustentável, mesmo se pudesse. Claro que más administrações, roubos, fraudes e sucedâneos acontecem, e precisam ser combatidos e extirpados. Mas pretender a preservação de benesses, prerrogativas e facilidades das elites à custa da maioria constitui crime de lesa-pátria.
Quando da primeira eleição do presidente Lula, em 2002, tudo era esperança. Afinal, pela primeira vez na História do Brasil, assumiria o poder não apenas um representante dos pobres e oprimidos, mas um dos próprios. À exceção de uns poucos iludidos, ninguém imaginava uma revolução. Confiava-se num processo de reformas, mesmo lento, gradual e longínquo, mas seguro. Um novo caminho a ser trilhado pela maioria.
Deu no que deu. Mais privilégios para a atividade especulativa, acima e além da atividade produtiva. Lucros fantásticos para os bancos e afins, que certas medidas eleitoreiras tomadas às vésperas das eleições para o segundo mandato já se desfazem. O eleitorado, em pequena maioria, demonstrou continuar acreditando, apesar das frustrações. Ou, ao menos, atentou para o perigo do que seria acreditar no adversário.
Pois não é que, decorrido menos de um mês da reeleição, cobre o horizonte do que sobrou da esperança a mais escura das nuvens da frustração? O que imagina a equipe econômica para promover a retomada do desenvolvimento?
Menos impostos para as elites, maiores encargos para os aposentados...
Fonte: Tribuna da Imprensa
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