Policial feminina e comissário de menores estão entre os autores da morte de Valdenize Lima de Jesus
Marcelo Brandão
Com a prisão de seis pessoas, a polícia acredita ter elucidado o assassinato da garota de programa Valdenize Lima de Jesus, 23 anos, encontrada morta a tiros, numa via do Centro Industrial de Aratu (CIA), domingo pela manhã. Ela foi executada pela também prostituta Marcele Santos Cerqueira, 20, com uma arma emprestada pela sargento PM Doralice Alves Pereira, 29, apontada como co-autora do homicídio.
Também são acusados de co-autoria no assassinato, o comissário de menores Sued Lopes Cezimbra, 24, e o motorista de ônibus Cristian Boente Borges, 28, além da prostituta Ioná Leoni dos Santos, 21, e de Saulo Moisés Oliveira Monteiro, cliente da boate em que a vítima trabalhava. O motivo do crime seria uma desavença entre as duas garotas de programa. Marcele foi autuada em flagrante por homicídio, enquanto seus comparsas foram autuados por participação na morte, exceto Saulo, que deve ser indiciado em inquérito regular. A sargento PM vai responder ainda por porte ilegal de arma.
Valdenize foi executada com dois tiros na Via Ipitanga, na madrugada de domingo, pouco depois de deixar a boate de strip-tease Eros, no bairro da Pituba, onde trabalhava. Ela foi vista por volta das 4h, saindo da casa noturna com a sargento Doralice e o amigo Saulo Moisés Oliveira Monteiro, no Peugeot de placa JPM-1435, pertencente à policial. Para persuadir a vítima a acompanhá-los, os dois acusados convidaram-na para fazer um suposto programa.
Os três rumaram em direção à BR-324, sendo seguidos pelo Palio JNS-2841, dirigido pelo rodoviário Cristian. Viajavam no carro o comissário Sued e a garota de programa Iana Leoni dos Santos, 21, que também estavam na Boate Eros. Nas proximidades do Posto Fon-Fon, km 610 da rodovia, o Fiat interceptou a passagem do Peugeot. Portando uma pistola, o comissário passou para o carro da sargento e os dois veículos entraram no sistema viário do CIA, pela pista ao lado do Frigoríficos Matadouros Salvador (Frimasa).
O grupo parou na Via Ipitanga, atrás do Frimasa, numa área conhecida como ponto de “desova”. Marcele executou Valdenize com dois tiros, usando o revólver calibre 38 da sargento Doralice, por volta das 5h30. Os autores fugiram nos dois carros e o corpo da vítima foi encontrado por populares ao amanhecer.
A delegada Kyomi Pimentel, plantonista da Delegacia de Homicídios, presidiu o levantamento cadavérico e deu início às investigações. Agentes da DH prenderam a garota de programa Ioná, na Boate Eros, domingo à noite. Os policiais montaram campana à porta da casa noturna e terminaram detendo Marcele mais a sargento Doralice, quando as duas chegavam ao local no Peugeot da policial. A PM tinha em seu poder a arma usada no crime. Cristian foi preso em casa, na Rua Barão de Macaúbas, bairro do Barbalho, onde seu Palio também foi apreendido. Em seguida, o comissário Sued foi capturado em sua residência, em Pernambués, onde foi apreendida uma faca, um colete à prova de balas do Poder Judiciário, uma máscara tipo brucutu e dezenas de cápsulas de projéteis vazias.
***
Rixa começou há três meses
Marcele confessou ter atirado em Valdenize com a arma da sargento Doralice, coagida por Sued. Ele nega a acusação, mas não explicou porque participou da ação, assim como Cristian. Já Ioná e Saulo, homossexual assumido, alegaram desconhecer a intenção dos comparsas de matar a moça.Convencida do envolvimento dos seis no caso, a delegada Kyomi Pimentel, plantonista da Homicídios, acredita que eles planejaram o crime na boate e saíram juntos para executá-lo. Marcele negou manter um relacionamento amoroso com a sargento Doralice, como chegou a ser cogitado por policiais. Segundo ela, a PM e o comissário lhe cortejavam, mas nunca houve reciprocidade de sua parte.
Marcele contou que tinha brigado com Valdenize há cerca de três meses, na boate em que ambas trabalhavam. O desentendimento teria acontecido porque ela teve um relacionamento com um cunhado da vítima. Segundo a autora, no sábado, horas antes do crime, as duas voltaram a brigar no interior da casa noturna. Embora assuma a autoria dos disparos, a jovem alega ter combinado com os comparsas para apenas dar um susto na rival. Mas, ao chegar ao CIA, o comissário mudou de idéia e a obrigou a consumar o homicídio.
A sargento e Sued teriam ajudado a prostituta a matar a colega de trabalho porque teriam interesse em ganhar sua confiança para conseguir iniciar um romance com ela. Já a participação de Ioná e Saulo seria em função da amizade deles com a autora.
Fonte: Correio da Bahia
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