Jony Torres
Janelas fechadas, revestimento fumê e portas travadas. Nem mesmo com todos estes cuidados, os motoristas que trafegam pelos bairros do Rio Vermelho e Pituba se sentem tranqüilos, em função dos furtos e assaltos praticados em ruas e sinaleiras. Apesar dos crimes nem sempre chegarem ao conhecimento da polícia pela falta da prestação de queixa das vítimas, a percepção da população é de que a incidência está aumentando e vem sendo praticada principalmente por bandidos em motocicletas ou disfarçados de pedintes.
No boêmio e turístico Rio Vermelho, os assaltantes preferem agir à noite, devido à péssima iluminação em algumas ruas. Na sexta-feira passada, o estudante Marcos Oliveira perdeu R$90, celular e o relógio quando estava parado na sinaleira do cruzamento entre as ruas João Gomes e Vieira Lopes. “Foram dois caras em uma moto que encostou ao lado da minha porta. O carona bateu com a arma na janela que estava fechada e ele levou tudo antes mesmo do sinal abrir”, afirmou Oliveira, que não registrou queixa porque não perdeu os documentos.
Bem próximo ao local, na escura Rua Professor Almerindo Lopes, quem ficou no prejuízo foi o estudante Fernando Lima. No sábado à noite, ele deixou o carro estacionado e quando voltou pouco depois das 2h da manhã encontrou o vidro lateral quebrado. Os ladrões furtaram o equipamento de som e pequenos objetos deixados no porta-luvas. “Eu até tinha deixado dinheiro com o guardador, mas quando voltei não encontrei ninguém nem para me contar o que aconteceu”, afirmou Lima.
Nenhum dos dois casos foi registrado na 7ª Delegacia de Polícia Civil responsável pelo bairro, mas quem trabalha nas proximidades sabe que ocorrências iguais a esta são muito comuns. Na sinaleira em frente ao Colégio Estadual Manoel Devoto, o baleiro Carlos Alberto Santos já cansou de ver assaltos. “Eles tanto roubam quem está dentro dos carros como quem está parado esperando ônibus. Depois saem andando como se não tivesse ocorrido nada”, afirmou Santos. “A situação no Rio Vermelho, como em toda a cidade, não é de segurança total, mas se as pessoas não registram as queixas fica mais difícil ainda nosso trabalho”, afirmou a delegada Maria Dail Sá Barreto, titular da 7ªDP.
Na Pituba, os pontos mais perigosos segundo declarações dos moradores são as sinaleiras da Avenida Manoel Dias que ficam mais próximas do Nordeste de Amaralina, no Parque da Cidade e no cruzamento entre as ruas Rio Grande do Sul e Ceará, ao lado da Associação Atlética dos Servidores do Banco Central (Asbac). Na sinaleira da Ladeira da Santa Cruz e na saída do Parque da Cidade, os assaltos ocorrem principalmente à noite. “Eles ficam escondidos e só se aproximam quando a gente pára o carro. A polícia faz ronda, mas basta eles saírem que os bandidos voltam”, afirmou o engenheiro civil Marcelo Bastos, morador do bairro há 16 anos.
Golpe planejado - Na sinaleira próxima ao Posto Namorado, a enfermeira Milena Borges Monteiro foi vítima do que ela acredita ser um golpe planejado. Ela parou em uma sinaleira antes do posto e foi abordada por um garoto pedindo dinheiro para lavar o pára-brisa e notou que o pedinte olhava com insistência para o interior do carro e a bolsa que estava sobre o banco do carona. Mais adiante, quando parou novamente na sinaleira entre as ruas Rio Grande do Sul e Ceará, teve o vidro do veículo estourado com uma pedra e a bolsa roubada em questão de segundos.
O curioso para ela é que o ladrão nem olhou para seu veículo. Ele se aproximou rapidamente, quebrou o vidro e pegou a bolsa como se já soubesse previamente onde ela estaria. Ainda mais intrigante foi um chiclete grudado na porta onde o pedinte se escorou para pedir dinheiro. “Eu acho que eles são uma quadrilha. Um viu minha bolsa, colou o chiclete como sinal e o outro já veio na certa”. O fato foi registrado na 16ª delegacia onde este ano três irmãos foram presos por crimes semelhantes.
Nem mesmo quem anda a pé está a salvo dos bandidos. Depois de trabalhar na lanchonete do Posto Namorado, na Pituba, o supervisor Márcio Carvalho estava caminhando na Rua Rio Grande do Sul, em direção ao ponto de ônibus por volta das 22h, quando foi abordado por um motociclista. “Ele parou a moto do meu lado, tirou uma arma da jaqueta e pediu o celular. Entreguei para não perder a vida”, afirmou Carvalho, que afirma lembrar do ocorrido todos os dias em que usa o caminho para casa. Ele também não prestou queixa.
Fonte: Correio da Bahia
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