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segunda-feira, setembro 17, 2007

Lula quer fazer sucessor em 2010

MADRI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na Espanha, em entrevista ao jornal "El País", que não pretende nunca deixar a política. Apesar de garantir mais uma vez que não pensa em se candidatar a um terceiro mandato, disse que quer chegar a 2010 com forças suficientes para fazer seu sucessor.
"Quero trabalhar para que em 2010 quem seja candidato a presidente possa me convidar para subir com ele aos palanques. Porque, quando os presidentes estão mal, ninguém quer citar seus nomes", afirmou. "Quero contribuir na eleição do meu sucessor. E, quando deixar a presidência, tenha certeza que não vou fazer nenhum comentário sobre o governo".
Lula negou a intenção de abandonar a política depois de deixar a presidência: "Não vou deixar a política porque a política está em mim há muitos anos. O que vai acontecer depois, falta muito tempo. É uma ilusão e eu não vivo com ilusões", disse. "Se estiver vivo em 2014, vou dar graças a Deus. O resto, vamos ver".
A entrevista foi feita na manhã de sábado, por cerca de 50 minutos, no hotel onde o presidente está hospedado. Lula foi questionado também como se sentia tendo três ministros do seu governo e parte da cúpula do PT acusado de corrupção. "Muito tranqüilo", disse o presidente. "Em primeiro lugar, porque estamos exercendo a democracia em sua plenitude. Houve uma denúncia, independentemente de eu estar ou não de acordo com ela, houve um processo dentro do Congresso Nacional, foi enviado ao Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal. Até agora ninguém foi absolvido e ninguém foi considerado culpado".
Indagado como achava que seus companheiros se sentiam sendo acusados, Lula afirmou que provavelmente se sentiam "incomodados". "Ninguém gosta de ser acusado. Sempre é desagradável. Mas assim funciona a democracia. E é bom que seja assim", disse. "Houve um tempo que as coisas no Brasil eram varridas para baixo do tapete. A imprensa não ficava sabendo, a polícia não investigava, a justiça não chegava. Agora, todo mundo, do mais humilde ao mais importante, tem que ter consciência de que na vida pública e na privada, tem que ter um comportamento respeitoso. Se errar, paga", afirmou.
O presidente admitiu que alguns de seus companheiros poderão ser condenados no final do processo. Ao ser indagado se o PT não tinha tratado de corrupção no último Congresso Nacional, ele garantiu que sim, e que ele mesmo tinha feito um discurso a respeito. "Eu fiz um discurso muito solidário aos meus companheiros, para que se defendam, que provem sua inocência. Têm o direito de prová-la. E se não provarem...", terminou, com reticências. Perguntado sobre o quê então aconteceria, respondeu: "Serão condenados".
Investimentos militares
O presidente disse que o Brasil deve investir em seu aparato militar para recuperar o setor do sucateamento a que foi submetido desde a década de 1970. Lula disse que o País comprará material bélico para suprir as deficiências para recomeçar a construir e aperfeiçoar usinas de armas e equipamento bélico.
Segundo ele, não é verdade a informação de que o Brasil aumentou em 50% os seus investimentos no Exército por conta da Venezuela e a iniciativa do presidente Hugo Chávez de comprar submarinos e helicópteros de guerra da Rússia. De acordo com o presidente brasileiro, o efetivo militar no País é pequeno, já que o número de convocados pelas Forças Armadas na reserva é o dobro do que está na ativa atualmente.
"Nos anos 1970, tínhamos empresas modernas que produziam blindados. Porém, tudo isso foi desmantelado. O Brasil tem que retomar tudo o que já possuiu antes. Para voltar a construir nossas fábricas de material bélico, temos que comprar".
Fonte: tribuna da Imprensa

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