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sexta-feira, setembro 21, 2007

Mesa aceita 4ª denúncia contra Renan

BRASÍLIA - Oito dias depois de se livrar de um processo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), será alvo de mais uma investigação. Por unanimidade, a Mesa Diretora do Senado decidiu ontem encaminhar ao Conselho de Ética a quarta denúncia contra o senador. Segundo depoimento prestado à Polícia Civil do Distrito Federal e à Polícia Federal (PF) pelo advogado Bruno Miranda Ribeiro, afilhado de casamento de Renan, o presidente do Senado e parlamentares do PMDB estariam envolvidos em um esquema de cobrança de propina nos ministérios comandados pelo partido.
O esquema beneficiaria o banco BMG e outras instituições interessadas em receber concessão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para operar com empréstimos consignados a aposentados da Previdência. O ex-sogro de Bruno, Luiz Garcia Coelho, amigo de Renan, é quem fazia a distribuição dos recursos.
A iniciativa de representar contra Renan Calheiros é do PSOL. A reunião da Mesa demorou cerca de uma hora e meia. Foi conduzida pelo primeiro vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC). Renan Calheiros deixou o Senado para aguardar em casa a decisão.
Tião leu o depoimento de Bruno à PF, no qual ele conta detalhes das operações realizadas nos ministérios do partido. Os seis senadores presentes opinaram que cabe ao Conselho e não à Mesa decidir se há ou não na denúncia procedimentos comprovados que caracterizem quebra de decoro parlamentar.
"Trata-se de uma investigação complexa", constatou o primeiro vice-presidente. O terceiro secretário, senador César Borges (DEM-BA), lembrou o quanto o Senado tem sido "vilipendiado" por contas das acusações contra seu presidente. "O mal é tanto que já pensam até na extinção da Casa", alegou.
Renan afirmou que mais uma representação não faz diferença. "Com a quarta, com a quinta, com a sexta (representação), eu sou inocente", alegou para reafirmar sua inocência. "Isso é uma coisa que não vai prosperar muito porque está diante da inocência de alguém", argumentou para perguntar em seguida: "como é que se tira um presidente do Senado que é inocente? Esta é a pergunta que o hoje se faz no Brasil".
Renan usou a mesma defesa nas três outras denúncias, inclusive na primeira em que foi absolvido por 40 votos secretos e seis abstenções. Nessa, a PF desmontou sua defesa, ao provar que ele não dispunha do rendimento declarado de R$ 1,9 milhão nos anos em que o lobista da Mendes Júnior Cláudio Gontijo entregou à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de três anos, recursos para suas despesas pessoais.
A segunda representação foi inicialmente arquivada pelo relator João Pedro (PT-AM). Diante da repercussão negativa da medida, ele mudou de idéia e agora vai pedir ao Conselho de Ética, na quarta-feira, que a deixe sobrestada, enquanto aguarda a Câmara decidir sobre o que fará com o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL).
Irmão de Renan, o deputado teria vendido à Schincariol uma fábrica de refrigerante por R$ 27 milhões, após o senador interceder na Receita Federal e no INSS para reduzir as multas impostas à empresa. A terceira representação é a mais documentada. Nela, o usineiro João Lyra acusa Renan de ter sido seu sócio na compra de um jornal diário e de duas emissoras de rádio em nome de laranjas.
O presidente do Conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), ainda não escolheu o colega que vai relatá-la. Sua demora em agir reforça a idéia de que estaria trabalhando para adiar ao máximo a duração das representações. A suspeita é de que, com isso, espera esvaziá-las no recesso do final do ano.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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