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sexta-feira, setembro 14, 2007

Senadores decidem forçar saída de Renan

BRASÍLIA - Um grupo de dez senadores de seis partidos, até mesmo da base aliada, como o PSB e o PDT, reunidos ontem, decidiu não dar trégua ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). A ofensiva começa na terça-feira, em duas frentes que visam a boicotar e enfraquecer Renan, forçando a saída do cargo.
No plano político, será adotada uma "pauta seletiva mínima", como definiu o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), que significa votar apenas projetos de interesse da população e não do governo. Isso pode dificultar a vida da administração federal, que tem uma maioria frágil no Senado.
A decisão dos senadores de oposição e dissidentes da base aliada é de não aprovar créditos suplementares do Poder Executivo e analisar, caso a caso, projetos e medidas provisórias (MPs). Os senadores boicotarão também eventuais reuniões formais presididas por Renan, excluindo, portanto, as plenárias.
Enquanto o Conselho de Ética do Senado não julgar os processos que ainda existem contra ele, não participarão sequer de encontros do colégio de líderes, caso sejam convocados para definição de prioridades na pauta de votações.
O líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), disse que farão uma espécie de "operação-padrão" e, semanalmente, decidirão o que votar. "Vamos ser rigorosos e reforçar as atitudes para moralizar e dar transparência ao Senado", emendou Jereissati.
Além de senadores do PSDB, DEM e PSOL, integram o grupo suprapartidário os senadores Patrícia Saboya (PSB-CE), senadores Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) e Cristovam Buarque (PDT-DF). "Renan não tem condições de continuar presidente do Senado enquanto responde a processos no Conselho de Ética", disse o líder do DEM na Casa, José Agripino (RN), que denominou o grupo suprapartidário de "senadores alinhados com a ética". "Estamos demarcando o nosso território", afirmou.
Representações
Ficou acertado que o grupo exigirá urgência na indicação dos relatores para representações contra Renan. Na terça-feira, a primeira das outras três ações em andamento contra ele, que também pedem a cassação por quebra de decoro parlamentar, começa a ser discutida no Conselho de Ética.
Delas, apenas uma tem relator - o senador João Pedro (PT-AM). De acordo com a denúncia, Renan interveio para anular uma dívida de R$ 100 milhões da cervejaria Schincariol com a Previdência Social. A Schincariol e o presidente do Senado negam o esquema.
Há ainda acusações que relatam a existência de uma suposta sociedade secreta de Renan com o usineiro e ex-deputado João Lyra (PTB-AL) na compra de meios de comunicação social. Segundo Lyra, o senador do PMDB de Alagoas teria usado "laranjas" na operação. A mais recente trata das suspeitas do advogado Bruno Lins, que apontou Renan como beneficiário de um esquema de corrupção em ministérios controlados pelo PMDB.
Ainda no campo da ofensiva ética, os senadores decidiram tentar aprovar mudanças no Regimento Interno para prever o afastamento de comissões e da Mesa Diretora dos senadores que estiverem sob investigação do Conselho de Ética e Decoro.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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