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terça-feira, janeiro 02, 2024

José Luiz Datena, o grande enganador, ganhou carteirinha de ‘socialista’ no PSB

Publicado em 2 de janeiro de 2024 por Tribuna da Internet

Tabata Amaral, José Luiz Datena, Carlos Siqueira e Marcio França na filiação do apresentador ao PSB

Datena enrola todo mundo e nunca sai como candidato

Bernardo Mello Franco
O Globo

José Luiz Datena começou o ano no PSC, celebrou a Páscoa no PDT e vai passar o Natal no PSB. O apresentador nunca disputou uma eleição, mas já está no décimo partido. A cada troca de sigla, é bajulado por novos políticos de olho em sua popularidade na TV.

Nos últimos anos, o comunicador ensaiou se candidatar a presidente, vice-presidente, senador e prefeito de São Paulo. Agora promete concorrer a vice-prefeito na chapa da deputada Tabata Amaral.

NÃO DESISTIU – No ato de filiação, ele falou muito de si mesmo e pouco dos problemas paulistanos. “Eu não desisti da política. A política é que desistiu de mim”, gracejou, antes que alguém questionasse seu vaivém partidário.

Datena esteve no PT de Lula, no PP de Maluf e no PSL de Bolsonaro. Ao assinar a ficha do PSB, mostrou pouca afinidade com o ideário socialista. “Não há que ter luta de classes”, arriscou. Faltou ler o estatuto do partido, que menciona duas vezes o conceito marxista.

Diante dos novos correligionários, o apresentador forneceu uma amostra grátis de seu telepopulismo. “O dono do Brasil é o povo brasileiro”, proclamou. “Somos um país que deu certo por causa da miscigenação de raças”, prosseguiu. “Não precisa acreditar em Deus para ser honesto”, emendou.

RADICALIZAÇÃO – Ele também pontificou contra o extremismo e a “imbecilidade da radicalização”. Nem parecia o personagem dócil que ia tomar cafezinho no Alvorada enquanto Bolsonaro atacava o Judiciário e ameaçava desrespeitar o resultado da eleição.

Datena é um expoente do sensacionalismo na TV. Vive de narrar incêndios, enchentes, chacinas e perseguições policiais. Seu ofício é transformar as tragédias de cada dia em pontos na guerra da audiência.

Quando a cidade vai bem, o programa vai mal. Se não fosse uma farsa, sua aposta na política seria uma contradição. Cumprindo o que promete no palanque, ele ficaria sem assunto para faturar na telinha. A festa do PSB para receber Datena é mais um retrato da nossa barafunda partidária. No Brasil, a extrema direita manda no Partido Liberal e o fisiologismo domina o Partido Progressista. Ninguém deveria se espantar com um sensacionalista no Partido Socialista.

O que está em jogo é a sobrevivência do regime de governo na Argentina e no Brasil


Sindicatos e diferentes organizações argentinas foram às ruas protestar nesta quarta-feira contra o 'decretaço' imposto pelo governo de Javier Milei na semana passada

Protestos mostram como a Argentina está hoje dividida

Merval Pereira
O Globo

Muito mais dramaticamente na Argentina do que entre nós, dois governos eleitos democraticamente enfrentam seus Congressos como marca da decadência do presidencialismo que, nos dois países, tem sofrido os percalços do populismo, seja de direita, seja de esquerda.

Não é preciso entrar no mérito das disputas para entender: o que está em jogo é a sobrevivência do sistema de governo vigente na Argentina e no Brasil. O extremista de direita Javier Milei foi eleito por uma maioria popular que, pelas pesquisas de opinião, já perdeu, num paradoxo perfeito da tragédia que los hermanos vivem.

É DE ASSUSTAR – Os mesmos que colocaram Milei no poder, acatando promessas alucinadas de passar a motoserra em tudo o que estivesse pela frente, hoje se assustam com a potência de seu corte. Lula — populista dito de esquerda, eleito por pequena maioria para livrar o país de um extremista de direita que ameaçou transformar nossa frágil democracia em retrógrada ditadura revolucionária — enfrenta uma máquina política ainda controlada pela direita e não consegue ampliar o apoio que recebeu nas urnas.

Os dois, cada umà  sua maneira, usam as armas que têm para pressionar o Congresso e obter a aprovação de medidas que consideram indispensáveis para o prosseguimento de seus planos.

Embora Milei seja mais histriônico e ameace diretamente o Congresso com uma revolta popular caso não consiga a aprovação de seu “Omnibus”, o governo petista não deixa de ser mais agressivo na decisão de enviar ao Congresso uma Medida Provisória decretando justamente o contrário do que os parlamentares acabaram de decidir.

HADDAD AMACIA – Uma afronta tão grande não se vê há muito, embora adocicada pela fala educada e culta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, distante da oratória agressiva da extrema direita, tanto cá como na Argentina. O que buscam, na verdade, os Executivos dos dois países é uma saída para um impasse que parece inconciliável.

O populismo tem dado as regras no Brasil e na Argentina nos últimos anos. No Brasil, não houve governo eleito desde a redemocratização que não fosse populista, de direita — Collor, Bolsonaro — ou de esquerda — Lula, Dilma.

Até o Plano Real, que levou ao governo um intelectual social-democrata das mais nobres castas, que poderia não se eleger nem deputado federal na eleição em que virou presidente, tinha seu quê de populista, embora não tenha sido concebido com essa intenção. O fim da hiperinflação colocou dinheiro no bolso do povo.

VEIO DAS CINZAS – Na Argentina, o peronismo, de esquerda, de centro, de direita, vem dando as cartas, e Milei surgiu das cinzas desses governos decaídos para prometer a salvação, como um guru que promete a vida eterna levando seus seguidores à morte.

O presidencialismo, reforçado no Brasil por plebiscitos, atende à necessidade dos dois povos – de um pai dos pobres, o salvador da pátria.

Quando eleitos, com a força das urnas conseguiam controlar as massas. Lula chegou a ter 80% de popularidade e ridicularizava os que o rejeitavam: “Em que mundo vivem?” — perguntava, irônico, sem imaginar que estavam acossados sob o tacão populista do momento, que, do nada, virou o pêndulo em 2018.

AMBOS SEM FORÇA – O poder presidencial, no entanto, perdeu a força, lá como cá, com o advento das redes sociais, que soltaram ao mundo as feras contidas pelo poder dos sindicatos e do populismo.

Milei ameaça convocar plebiscito caso o Congresso não aprove suas leis. Já houve tempo em que o governo plebiscitário era uma carta na manga dos petistas, quando imaginavam controlar a escolha do povo.

Nem Milei parece ter mais força para impor suas vontades a uma população assustada — incapaz de entender que a motosserra cortaria também sua carne —, nem Lula tem condições de impor ao Congresso uma humilhação como a que propôs, restabelecendo o veto em matéria já decidida pelos parlamentares.


Com a barbárie do Hamas, o terrorismo atinge a perfeição em marketing político


Palestinos procuram feridos após ataque de Israel no campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza

Sem cessar-fogo, em breve só haverá escombros em Gaza

Luiz Felipe Pondé
Folha

Nada é menos criativo entre as atividades humanas neste ridículo século 21 do que a infeliz disciplina do marketing. Suas invenções mais recentes, como “gerente de felicidade” de uma empresa ou o conceito de “marca pessoal”, atestam a completa incapacidade criativa dessas ciências sociais aplicadas que são o marketing —não se engane, a ideia de um gerente de felicidade numa empresa é puro marketing de gestão.

Mas não quero falar dessas fake news no ambiente do trabalho neste século 21 sem futuro. Quero falar de algo menos inovador, mas que continua circulando pelo mundo corporativo, que é o “conceito de liderança”. As aspas se devem ao fato que a ideia de liderança não merece toda essa credencial da categoria de conceito. Imagine Kant ou Hegel se dedicando ao “conceito de liderança corporativa”.

E, na sequência, quero dizer de onde virá a verdadeira transfusão de sangue que dará a infeliz disciplina do marketing novos horizontes de criação no que se refere a liderança.

DISSE O CANALHA – Tenho poucos amigos, mas eles sempre me fornecem elementos para enxergar o mundo no seu pior.

Um deles, que atende pelo carinhoso codinome de “Canalha” — claro, descendente direto do canalha honesto do Nelson, hoje em extinção porque todos os canalhas fazem MBA em ESG — me chamou a atenção numa conversa recente para o fato que o personagem bíblico Moisés deveria ser o paradigma do líder quando as pessoas se colocam a questão do que seria a liderança no mundo corporativo — ou fora dele. Vejamos a hipótese de mais perto, agora, com a atenção que um conceito merece.

Antes de tudo, um reparo. Liderança é matéria política. Portanto, é poder, e, por consequência, é violência, apesar das mentiras de hoje em dia. O marketing de gestão fez da liderança uma conversa fiada corporativa, inclusive, atrapalhando a própria liderança no mundo corporativo.

NA HAPPY HOUR – Segundo essa infeliz disciplina, liderança é algo que deve desaguar em abraços corporativos e happy hours — com a lembrança de que a antiga função dessas happy hours, a saber, pegar a colega gostosa da empresa, está proibido pelo compliance que odeia o Eros.

A liderança é uma função mais próxima de um trágico que caminha sozinho pelo deserto, mesmo quando acompanhado. Já que falamos em deserto, vamos voltar a Moisés, o homem que liderou por 40 anos, no deserto do Sinai, um povo que acabara de sair de uma escravidão no Egito, segundo a Bíblia, por muito mais do que 40 anos. Como era a relação desse líder com seu “time”?

Esse povo só deu dor de cabeça para o homem que o libertou da escravidão no Egito. Ingratos, alguns chegaram mesmo a dizer que a vida na escravidão era melhor do que aquela liberdade toda. Evidente que no caso da narrativa bíblica, há um Deus em jogo e Moisés é um mero intermediário na realização da vontade desse Deus.

BEZERRO DE OURO – Enquanto Moisés se reunia com Deus no monte Sinai para pegar os dez mandamentos, que deveriam pautar a vida desse povo não mais escravo, alguns ao pé do monte inauguram um culto a um bezerro de ouro, o que leva Deus a ter que puni-los.

Fruto da impaciência, imediatez, pressa, preguiça, parte do povo está sempre pronto a trair Moisés e seu Deus.

Foi da mesma região geográfica, a terra prometida, que veio a grande disrupção na infeliz disciplina do marketing neste último ano. O grupo terrorista Hamas fez uma ação revolucionária de marketing dia 7 de outubro de 2023 que deu inúmeros frutos para seus criativos.

ACERTOU EM CHEIO – Ao chacinar, estuprar, humilhar pessoas de diferentes idades e sexos, o Hamas acertou em cheio.

Dias depois, Israel, tomado pela fúria da agressão sofrida, realizou exatamente o que os marketeiros terroristas queriam: fulminou Gaza e grande parte da sua população tentando resgatar reféns israelenses e matar terroristas. Com cada palestino morto, criança ou adulto, o Hamas vibrou e comprovou que o futuro do marketing está em ações agressivas, imorais e sangrentas.

Vem por aí mais um ano novo que promete. O terrorismo evoluiu e atingiu seu clímax em 2023: tornou-se pura ciência da comunicação. Hamas, um case de sucesso.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Excelente análise de Pondé. O marketing do Hamas realmente deu certo. Israel não poderia reagir destruindo a Faixa de Gaza, sem se importar com quem está morrendo nos escombros. Ao agir assim, adotou o estilo Hamas e se tornou tão horripilante quanto os terroristas. Israel caiu na armadilha montada pelo Hamas e sua imagem jamais será a mesma. (C.N.)


Trump e a eleição no Brasil




O que ocorrer com o americano em 2024 será apresentado como um espelho de Bolsonaro e seu grupo

Por Diogo Schelp (foto)

Deve-se sempre ministrar uma dose de ceticismo à ideia de que tendências políticas propagam-se como ondas através das fronteiras, com eleições em um país influenciando votações em outro. Em alguns casos, porém, essa influência pode existir, ainda que apenas pelo simbolismo ou pela imitação de estratégias de campanha.

Em 2015, os venezuelanos foram às urnas para a difícil missão de derrotar o chavismo nas eleições legislativas. No dia do pleito, este colunista ouviu de eleitores em Caracas que eles se sentiram incentivados a sair de casa para votar por inspiração dos argentinos que, uma semana antes, haviam derrotado o kirchnerismo nas urnas.

Em 2016, Donald Trump ganhou a presidência explorando insatisfações do eleitorado americano semelhantes àquelas que levaram os britânicos a decidir pelo Brexit meses antes.

Lula e Jair Bolsonaro já demonstraram a intenção de reeditar, nas eleições municipais deste novo ano, a polarização da campanha presidencial de 2022. Eles acreditam serem capazes de eleger prefeitos graças à influência que exercem sobre seus apoiadores.

O discurso a gente já conhece. Pelo lado do petista, todos que estiverem associados a Bolsonaro serão colocados na categoria do mal absoluto. Pelo lado do bolsonarismo, haverá uma tentativa de replicar em nível municipal a ideia de que o “sistema” favorece a esquerda. É aí que Donald

Trump entra na campanha pelas prefeituras brasileiras.

Assim como ocorreu no período em que exerceram a presidência simultaneamente, o que quer que aconteça com o americano ao longo de 2024 será apresentado como um espelho de Bolsonaro e de seu grupo político.

Acusações mirabolantes de fraude eleitoral serão adaptadas à realidade brasileira. Decisões judiciais que impeçam Trump de disputar um segundo mandato, como as que já ocorreram em dois Estados, serão apresentadas como evidência de que, lá como aqui, a esquerda joga sujo para impedir que a direita governe.

Já eventuais sucessos de Trump durante a campanha serão usados para energizar o campo bolsonarista, mostrando que, se é possível enfrentar o tal “sistema” no país mais poderoso do mundo, o mesmo poderá ser feito nas cidades brasileiras.

Esse simbolismo já está sendo explorado nas comemorações bolsonaristas à eleição de Javier Milei, o novo presidente antissistema da Argentina. Com Trump, a comparação ganha um rosto mais conhecido e o timing perfeito. 

O Estado de São Paulo

Guerras e eleições nos EUA: análise dos grandes riscos que o mundo enfrenta em 2024




Uma possível vitória de Trump pode beneficiar os planos de Putin na guerra contra a Ucrânia

Disputa entre Trump e Biden e os resultados do conflito entre Rússia Ucrânia e na guerra de Israel são preocupações em todo mundo

Por Frida Ghitis

Cada ano é importante, cada ano é fundamental e cada ano traz surpresas — boas e ruins. Mas é impossível escapar à sensação de que o mundo está perto de um precipício e que em 2024 daremos um passo em frente, subvertendo a ordem mundial, ou um passo atrás, regressando a uma versão de “normalidade”.

O que 2024 trará?

“As previsões são difíceis, especialmente sobre o futuro”, diz um truísmo atribuído ao ex-jogador de beisebol Yogi Berra, ao físico ganhador do Prêmio Nobel Niels Bohr e muitos outros. A obviedade destaca quão incerto é o futuro — como aprendemos em 2020 — e quão frustrante pode ser a busca por respostas, dada a magnitude dos riscos.

Sem dúvida, as eleições nos Estados Unidos são hoje uma das preocupações dominantes em todo o mundo. Perdi a conta de quantas pessoas me disseram, durante viagens recentes, o quão preocupadas e perplexas estão com a possibilidade dos norte-americanos devolverem o ex-presidente Donald Trump à Casa Branca.

Na verdade, a revista “The Economist” declarou que “Donald Trump representa o maior perigo para o mundo em 2024”, descrevendo-o como uma sombra que paira sobre todos nós.

A eleição determinará se a presidência caótica de Trump, com seus traços autoritários, foi apenas um acaso da história dos EUA, ou se é a presidência de Joe Biden que não representa mais nada além de uma pausa de quatro anos na descida da América para o isolacionismo autoritário.

A resposta terá graves repercussões em todo o mundo.

Uma segunda presidência de Trump quase certamente seria mais extrema em diversas frentes. O ex-presidente prometeu usar o Departamento de Justiça para buscar vingança contra seus oponentes políticos, minando as instituições dos EUA, minando a democracia e flertando com a ditadura.

Essas ações fortaleceriam aqueles que afirmam que a democracia de estilo ocidental é um sistema falido, fortalecendo o bloco emergente de autocracias antiocidentais — Rússia, China, Irã e Coreia do Norte — uma equipe de tiranos que procuram desafiar a influência global do Ocidente à medida que, todos fortemente armados, ameaçam os seus vizinhos.

Trump falou o suficiente para que os aliados e adversários dos EUA entendessem os riscos – ou potenciais, dependendo da sua perspectiva – de um segundo mandato. E os seus pronunciamentos levaram os aliados da América a questionar até que ponto Washington estaria empenhado na sua defesa se ele regressasse ao cargo.

O ex-presidente já declarou que encerraria a guerra na Ucrânia em 24 horas. Ele questionou se os EUA deveriam defender a Coreia do Sul e aludiu a países como Japão e Coreia do Sul obtendo armas nucleares para se defenderem.

Os comentários sobre a Ucrânia sem dúvida chamaram a atenção do presidente russo, Vladimir Putin, o autocrata que Trump não gosta de criticar e até elogiar, ao cercar a Ucrânia.

O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse que Putin não ficará satisfeito com uma vitória limitada na Ucrânia, “especialmente não antes das eleições americanas, que podem apresentar-lhe um cenário muito mais favorável”.

Por outras palavras, Putin continuará atacando, esperando que uma vitória de Trump em novembro puxe o tapete ao apoio de Washington a Kiev, ajudando a Rússia a obter a vitória total sobre a Ucrânia.

Como países anteriormente sob o domínio de Moscou e outros avisaram, se a Rússia vencer na Ucrânia, Putin poderia ver um caminho para recuperar outras partes do antigo império soviético, talvez tentando conquistar a pequena Moldávia e até mesmo a Estados bálticos que são agora membros da Otan.

A Otan deveria defender todos os seus membros, mas Trump já lançou dúvidas sobre se os EUA ajudariam um aliado em apuros. Apesar da recente aprovação bipartidária de um projeto de lei que proibiria um presidente de retirar unilateralmente os EUA da Otan sem a aprovação do Congresso, o presidente teria ampla liberdade para responder aos desafios militares globais.

Vemos isto quase diariamente durante as crises de hoje, quando Biden enviou navios de guerra dos EUA para o Mediterrâneo e o Mar Vermelho num esforço para impedir a expansão da guerra entre Israel e o Hamas – um conflito que já ameaça tornar-se regional – ou enviou repetidamente mensagens prometendo apoio a Taiwan como um aviso à China, cujo líder apenas repetiu a sua promessa de reunificar a ilha.

Se os EUA recuarem enquanto Putin promove os seus objetivos neo-imperialistas, a China poderá ficar tentada a tentar tomar Taiwan e intimidar ainda mais os seus vizinhos. A própria perspectiva de uma China encorajada representaria um golpe nos esforços de não proliferação nuclear.

Também provocaria tremores globais de volatilidade. O fim da Pax Americana, por mais imperfeito que seja, impulsionaria mais potências de médio porte a pegar em armas contra os seus rivais.

E, no entanto, Trump pode não ganhar as eleições. Se Biden for reeleito, as chances de restaurar a estabilidade global são muito maiores. Mas eles estão longe de estar seguros.

Na verdade, os EUA são apenas um entre dezenas de países definidos para realizar eleições, incluindo nações importantes como México, Índia, Indonésia, Rússia e Reino Unido. O resultado de alguns é pré-determinado. As eleições na Rússia, por exemplo, são uma farsa. Mas outros poderão sinalizar novos rumos nos próximos anos.

Uma coisa que sabemos é que ninguém vive para sempre. Principais figuras mundiais — Biden, Trump, o líder supremo iraniano Ali Khamanei — estão na casa dos 70 e 80 anos. Khamenei estava doente em 2022, mas seu gabinete negava os relatórios. Não sabemos quem irá sucedê-lo, quão radical será o seu sucessor, ou como os iranianos responderão quando chegar o momento.

Não esqueçamos que 2024 certamente também trará boas surpresas. Não sabemos o quê (são surpresas!), mas há uma probabilidade considerável de que os problemas possam ser resolvidos para melhor.

Geralmente não sou pessimista quanto ao futuro. Hoje, os EUA estão em boas mãos. A economia está indo muito bem. O Ocidente, apesar dos seus desafios, está unido. As pessoas em todos os lugares preferem a liberdade à escravidão.

Muitos cenários sombrios têm um outro lado, um resultado potencialmente feliz. Grande parte depende das pessoas que tomam as decisões, desde os eleitores aos líderes mundiais. E inúmeras pessoas em todo o planeta estão trabalhando para garantir um futuro melhor.

A própria noção de que estamos à beira do precipício pode motivar-nos a dar um passo para trás, para nos afastarmos do abismo, e seguirmos em direção a um caminho mais pacífico e promissor.

CNN

O Brasil está seguindo em frente e deixa a era Bolsonaro para trás


Bolsonaro tornou-se inelegível para alegria de grande parte da sociedade

Marcelo Copelli

No início de 2023, o atual presidente da República, Lula da Silva, chegava ao seu terceiro mandato com a promessa de cuidar das pessoas e dedicar-se à reconstrução do Brasil após uma gestão de devastação promovida pelo mandatário anterior derrotado nas urnas.

Em uma derradeira tentativa de impedir o caminhar democrático, bolsonaristas invadiram e depredaram Praça dos Três Poderes, o Supremo e o Congresso, ratificando que a polarização ainda haveria de perdurar ao longo dos próximos meses. Ao mesmo tempo, o que se observou foi o gradual apagamento da imagem e das articulações políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro, até mesmo em virtude dos processos e das decisões judiciais que o tornaram inelegível por alguns anos, durante os quais, para o bem de muitos, estará impedido de concorrer ao Planalto ou a outros cargos políticos.

POLARIZAÇÃO – Ainda que novas ações tenham sido registradas no tabuleiro político, o bolsonarismo mostra que ainda sobrevive e se motiva por aspirações nas próximas jogadas. Em tradução simultânea, o extremismo e a polarização não foram riscados do plano atual, apenas se movimentam de outra forma.

Isso, entretanto, não se tornou obstáculo para que Lula obtivesse vitórias, a exemplo  da recente reforma tributária, o “arcabouço fiscal” e a consequente subida do rating da dívida brasileira. Agora, em 2024, após um ano do início do seu novo mandato, Lula estará na mira de novos balanços e avaliações, diante de um cenário que ainda avalia conquistas e derrotas, promessas cumpridas e outras que ainda estão por se concretizar. Mas o país segue  em frente, a cada dia deixando as más lembranças da gestão anterior e de seu representante maior no passado.


A partir desta segunda-feira, somente pesquisas eleitorais registradas no TSE poderão ser divulgadas


Por Redação

A partir desta segunda-feira, somente pesquisas eleitorais registradas no TSE poderão ser divulgadas
Foto: Reprodução/TSE

Passa a valer a partir desta segunda-feira (1º) a legislação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que regulamenta a divulgação de pesquisas eleitorais realizadas no país. De acordo com a Resolução nº 23.600/2019, “a partir de 1º de janeiro do ano da eleição, as entidades e as empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou às candidatas e aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle), até 5 (cinco) dias antes da divulgação”. 

 

A resolução também prevê critérios que o contratante destas pesquisas deverá seguir, entre eles, a obrigatoriedade de informar o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ); bem como discriminar o valor e origem dos recursos despendidos na pesquisa, mesmo que tenha sido realizada com recursos próprios.  

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