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terça-feira, maio 02, 2023

1 Fim de acordo sobre grãos entre Rússia e Ucrânia pode impactar inflação no Brasil, dizem especialistas




De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, a Ucrânia exportou cereais no valor de US$ 27,8 bilhões em 2021

Iniciativa do Mar Negro para a circulação de cereais foi assinada em julho do ano passado e pode terminar em 18 de maio

Por Pedro Zanatta e Bruno Torquato

O acordo que permite a exportação de grãos pelo Mar Negro, firmado entre Rússia e Ucrânia pode estar com os dias contados. Na última semana, a Rússia informou, por meio de carta, que pode encerrar o tratado alegando que a Ucrânia e países do Ocidente não estariam cumprindo os termos.

Especialistas avaliam que o eventual encerramento do acordo traz preocupação para o cenário global de insegurança alimentar e deve elevar o preço dos grãos e cereais, pressionando a inflação de diversos países, incluindo o Brasil.

“Em suma, afeta o Brasil porque, se não houver a renovação, o preço da soja vai subir, assim como o preço do trigo. Por um lado, ganham os produtores de soja do país, uma vez que deve haver a busca da soja como substituição pelo girassol, mas, do ponto de vista do consumidor, significa um encarecimento de alimentos que utilizam o trigo”, diz Vinícius Vieira, professor de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas – FGV.

Na lista de exigências, Moscou pede que o Russian Agricultural Bank – banco estatal regulamentado pelo Banco da Rússia – seja reintegrado ao sistema de comunicações financeiras, o Swift, e que sejam retomadas as permissões para o acesso a máquinas agrícolas, assim como autorizações para serviços de manutenção relacionados com o equipamento.

Além disso, o país liderado por Vladimir Putin pede ainda o fim das restrições no acesso aos portos marítimos e o reestabelecimento da conduta de amônio entre Tolyatti (Rússia) e Odessa, paralisado desde o ano passado, como também o fim do bloqueio das contas bancárias de empresas russas ligadas à produção e ao transporte de alimentos e fertilizantes.

Na quinta-feira (27), o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que somente a implementação total pode salvar o acordo do colapso. A declaração reafirmou a insatisfação de Moscou com um acordo que visa evitar uma crise alimentar global.

A iniciativa do Mar Negro para a circulação de cereais foi assinada em julho do ano passado entre Ucrânia e Rússia, sob a intervenção diplomática da Turquia. O acordo estabeleceu prazo de 120 dias, renovável pelo mesmo período, desde que ambas as partes estejam em concordância.

Já em março deste ano, a Rússia prolongou a vigência do tratado por 60 dias, pois, segundo Moscou, só foi cumprida “metade do acordo”.

“Sabemos que os representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) fazem determinados esforços, mas nem sempre têm resultados. Tal como aconteceu antes, a segunda metade do acordo não funcionou. As condições não são cumpridas”, disse a diplomacia de Moscou na ocasião.

“A Rússia tem sempre uma postura muito acusativa de que o acordo não seria feito pela Ucrânia. Não vejo evidência para tanto, claramente ela quer enfraquecer a Ucrânia e vai usar a não renovação dele, em potencial, para jogar, mais uma vez, uma consequência deletéria da guerra no colo do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky”, explica Vieira.

Implicações para o Brasil

As perspectivas para o Brasil, caso o acordo termine, não são boas. Quem acredita nessa visão mais pessimista é Ricardo Mello, economista e especialista em gestão de negócios.

“Tivemos uma inflação de alimentos importante em 2022, esse ano começou a cair, mas caso haja o fim do acordo, a tendência é que as commodities tenham elevação no preço, impactando diretamente na inflação brasileira”, disse.

Para ele, esse seria outro fator para o Banco Central (BC) não reduzir a taxa de juros no Brasil, que atualmente é motivo de atritos entre a autoridade monetária e o governo federal.

Nesse cenário, Ricardo exemplifica que os preços dos pães, do macarrão e outros itens da cesta-básica podem aumentar. O outro cenário de manutenção do acordo não terá impactos no Brasil, de acordo com o economista.

“Porque a manutenção é esperada, o mercado já precificou que o acordo será mantido. Então não melhora nem piora”, disse.

Ele pontuou ainda que a manutenção do acordo é boa tanto para a Rússia, quanto para a Ucrânia. “Entendo que deve ser renovado apesar da tensão maior na guerra. O acordo é muito importante, ele foi importante para segurança alimentar mundial, mas é mais para os dois porque boa parte do que eles exportam são os grãos”, afirmou.

Segundo Ricardo, a Ucrânia, por exemplo, exportou mais de 25 milhões de toneladas de grãos pelo Mar Negro, modalidade que representou 80% do caminho feito pelas exportações ucranianas.

Ele também não vislumbra que o G7 irá influenciar no término do acordo. “Eles querem pressionar a Rússia acabar com a guerra por meio de sanções, mas, no caso desses dois produtos, os outros países entendem a importância e seria prejudicial que esses grãos não fossem importados”, acredita.

Importância e relevância

Firmada no ano passado, o acordo desbloqueou três portos ucranianos no Mar Negro cinco meses após a invasão da Rússia e foi projetada para aliviar uma crise alimentar global.

Ele permite a exportação de 5 milhões de toneladas de cereais da Ucrânia por mês, por meio de um corredor seguro no Mar Negro, ou seja, no local vigora um cessar-fogo entre ambos os países em guerra.

Entre os principais pontos do tratado estão:

    Os navios ucranianos guiarão a entrada e saída de navios carregados de grãos por um corredor em águas portuárias minadas no Mar Negro;

    No total, 5 milhões de toneladas de grãos podem ser movidas por mês;

    A Rússia aceitará uma trégua enquanto os embarques forem feitos através de três portos ucranianos, incluindo Odessa, e em torno de quaisquer navios afetados pela transferência;

    A Turquia inspecionará os navios para aliviar os temores da Rússia de que eles possam transportar armas contrabandeadas e estabelecer um centro conjunto de coordenação em Istambul para atuar em caso de conflito.

A Ucrânia normalmente fornece cerca de 45 milhões de toneladas métricas de grãos para o mercado global todos os anos e é o maior exportador mundial de óleo de girassol. Juntamente com a Rússia, foi responsável por cerca de um quarto das exportações globais de trigo em 2019.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, a Ucrânia exportou cereais no valor de US$ 27,8 bilhões (R$ 144,4 bilhões) em 2021.

O declínio das exportações ucranianas e a situação global causada pela guerra afetam os preços globais dos alimentos.

Vinícius Vieira, lembra que a Ucrânia exporta 30% menos grãos do que costumava exportar antes do conflito. Deste montante, 26% vão para os países de renda média elevada e 27% vão, de fato, para países de renda média baixa e países da África subsaariana.

Insegurança alimentar

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, um órgão da ONU, alerta que até 47 milhões de pessoas podem ter “insegurança alimentar aguda” por conta da guerra.

A ONU estima que a redução dos preços dos alimentos básicos como resultado da negociação entre os países impediu indiretamente que cerca de 100 milhões de pessoas caíssem na pobreza extrema.

Larissa Wachholz, especialista do núcleo de Ásia do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), lembra ainda que antes mesmo do início do conflito, o mundo já passava por uma situação complicada quando se trata do comércio de grãos e cereais.

A especialista cita a peste suína que atingiu a China e comprometeu metade da produção suína do país. Após o fim da doença, os chineses retomaram a criação dos animais com novos moldes mais profissionalizados e industrializados,

“Ao recriar esse plantel, eles usaram modelos mais profissionalizados e industrializados de criação em larga escala, o que mudou a forma de alimentação desse animais e, por conta disso, exigiu-se maior demanda por grãos”, disse.

Logo em seguida, o mundo foi surpreendido pela pandemia que bagunçou as cadeias globais de comércio e, consequentemente, do transporte de grãos.

Wachholz diz que durante a pandemia muitos países não conseguiram manter contratos internacionais de alimentos, enquanto outros aumentaram seu protecionismo.

“Já vínhamos de uma sequência turbulenta de eventos com impacto na cadeia de suprimentos. […] Combinado a isso ocorre o elemento da guerra da Ucrânia, um país que é um grande produtor de grãos. Então, a perspectiva de cancelamento desse acordo tem impacto de uma avaliação global de preocupação com a segurança alimentar do ponto de vista do fornecimento”.

Agência Brasil / CNN

Derrapadas de esquerdistas trazem recados para Lula - Editorial




Presidentes de Colômbia, Peru, Chile, Bolívia, Argentina e México enfrentam limites do populismo

Está previsto para hoje um pronunciamento do presidente colombiano, Gustavo Petro, em comemoração ao 1º de Maio. Mesmo que atraia milhares, o evento não mudará a realidade. Petro tem apenas 35% de aprovação e 54% de reprovação. Por diferentes motivos, governos de esquerda que assumiram o poder recentemente na América Latina — na Colômbia, no Peru, no Chile, na Bolívia, na Argentina e no México — vivem momentos de crise. Os exemplos servem de alerta para o Brasil, que trouxe de volta ao poder o esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva.

Eleito em 2022 com a promessa de unir o país, Petro governou por oito meses com apoio de uma coalizão ampla. Na última quarta-feira, ela veio abaixo quando ele exigiu a renúncia de seus ministros. Os indicados por partidos de centro e centro-direita deram lugar a representantes de legendas de esquerda. Incapaz de forjar apoio a sua proposta de reforma do setor de saúde, Petro decidiu dar uma guinada populista, que dificultará ainda mais a formação de maioria no Congresso. Aparentemente ciente disso, ele voltou a apostar na polarização como forma de recuperar o apoio das ruas.

No Peru, desde a queda e prisão do esquerdista Pedro Castillo pela tentativa de autogolpe em dezembro, impera a instabilidade. Dina Boluarte, a vice que assumiu no lugar dele, tem ignorado a opinião pública, favorável a eleições presidenciais imediatas. Dividiu o poder com figuras impopulares no Congresso e deixou o país num estado de convulsão permanente. Os protestos que tomaram conta das ruas nos últimos meses deixaram 39 mortos e mais de 1.300 feridos.

No Chile, o presidente Gabriel Boric apostou tudo numa nova Constituição repleta de concessões a movimentos identitários e grupos de interesse de toda sorte. Ela foi rejeitada em plebiscito, e seu governo perdeu o norte. Há pouco mais de uma semana, seguindo a gasta cartilha da esquerda, anunciou planos de criar uma estatal para explorar as reservas de lítio e novas regras para a operação de empresas privadas. No discurso, tudo em nome do povo. Na prática, essa política terá altos custos e resultados desastrosos para a economia mais avançada do continente.

A Bolívia, outro país que parecia ter alcançado estabilidade depois da vitória de Luis Arce nas eleições de 2020, sacramentando o retorno ao poder do partido de Evo Morales, volta a ser assombrada pela economia. Quem olha as previsões de inflação (4%) e crescimento do PIB (1,8%, o dobro do Brasil) não deve se iludir. O risco de crise cambial é considerável. O governo nega intenção de desvalorização, mas as reservas internacionais continuam caindo em alta velocidade. Em fevereiro, eram insuficientes para cobrir três meses de importações. Como a Bolívia chegou a esse ponto? Anos de hostilidade ao capital privado e política de câmbio fixo.

A crise cambial é realidade cotidiana na Argentina, onde dólar e inflação dispararam. Mesmo para o padrão local, a situação é calamitosa. O peronista Alberto Fernández continua pregando contra miséria e desigualdade, sem nunca ter deixado de adotar políticas que as causam. No México, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador (AMLO) atraiu protestos colossais contra uma reforma eleitoral que reduz espaço da oposição. Sua aprovação, embora ainda alta pelo desempenho econômico, sofreu um baque.

Como se vê, não faltam recados para Lula no continente.

O Globo

Corrupção, prevenção e desigualdade (XVIII)




A ineficiência do combate à corrupção com foco majoritário na repressão

Por Aldemario Araujo Castro* (foto)

Nesta série de textos abordarei, de forma sucinta, vários temas relacionados com um dos mais relevantes problemas da realidade brasileira: a corrupção sistêmica. Não é o maior dos nossos problemas (a extrema desigualdade socioeconômica ocupa esse posto). Também não é momentâneo ou transitório (está presente em todos os governos, sem exceção, desde que Cabral chegou por aqui). Não está circunscrito a um partido ou grupamento político (manifesta-se de forma ampla no espectro político-partidário). Não está presente somente no espaço público (a corrupção na seara privada é igualmente significativa). Não será extinta ou reduzida a níveis mínimos com cruzadas morais ou foco exclusivo na repressão (será preciso uma ação planejada, organizada e institucional em torno de uma série de medidas preventivas). Não obstante esses traços característicos, tenho uma forte convicção. A construção de uma sociedade democrática, justa, solidária e sustentável, centrada na dignidade da pessoa humana em suas múltiplas facetas e manifestações, exige um combate firme, consistente e eficiente a essa relevantíssima mazela do perverso cenário tupiniquim.

A ineficiência do combate à corrupção e problemas assemelhados com foco majoritário nas medidas repressivas pode ser demonstrada com relativa facilidade, não obstante a visão social amplamente disseminada em sentido contrário.

A consideração inicial a ser posta é de natureza geral. A repressão não ataca as causas profundas do problema. Qualquer intervenção social que não aborde as raízes das dificuldades simplesmente estabelece um acordo tácito para a persistência dos problemas. Afinal, a fonte dos fenômenos permanece ativa. Como alerta a sabedoria popular, a erva daninha continuará a brotar se não for erradicada desde a raiz.

A imagem das “bocas de fumo” que passam de mão em mão, de traficante para traficante, é muito emblemática. Retirar um chefe do tráfico de circulação não afeta o complexo processo de produção, comercialização e consumo das drogas ilícitas. Nesse sentido, quando se retira um corrupto de circulação abre-se espaço para a manutenção das práticas delituosas por outros atores com as mesmas inclinações criminosas. Ocorre, nesses casos, uma espécie de promoção nos meios da bandidagem de colarinho branco. Não raro, são dadas festas comemorativas com o adequado disfarce social, é claro.

Uma das mais tristes consequências do combate à corrupção e outros desvios focado em medidas repressivas são os revezes observados, depois de algum tempo, em vistosas e pirotécnicas operações policiais e judiciais.  As anulações, cancelamentos e arquivamentos de inquéritos e processos são verdadeiras duchas de água fria na expectativa generalizada de se fazer justiça (ou justiçamento) em relação aos degenerados morais que se alimentam de dinheiro sujo.

A lista de malogros em operações de combate à corrupção nos últimos tempos no Brasil é consideravelmente extensa. Vejamos alguns exemplos bem vistosos desses esforços frustrados.

1. Operação Castelo de Areia. Em 2009, a Polícia Federal realizou a operação para investigar crimes financeiros e de lavagem de dinheiro relacionados às negociações do Grupo Camargo Corrêa. Essa investigação mirou as atividades da empreiteira e se estendeu a políticos envolvidos em esquemas de corrupção. Em abril de 2011, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça anulou a operação. Alegou-se, estranhamente, para dizer o mínimo, que denúncias anônimas não poderiam ser usadas como base para investigações. Consta que a jurisprudência anterior da Corte havia permitido a realização de apurações de irregularidades com base em denúncias anônimas em mais de trinta ocasiões.

2. Operação Satiagraha. Realizada pela Polícia Federal, com início por volta de 2004, contra o desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo o site CONJUR (conjur.com.br): “A 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça anulou todos os procedimentos decorrentes da Operação da Satiagraha da Polícia Federal, inclusive a condenação do banqueiro Daniel Dantas por corrupção ativa. Por três votos a dois, o STJ considerou que a atuação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na operação da PF violou os princípios constitucionais da impessoalidade, da legalidade e do devido processo legal. (…) O STJ também entendeu pela anulação por causa da contratação de investigadores particulares, pois não fazem parte do quadro da Polícia Federal (…) Os ministros também consideraram nula a ação controlada montada pela Polícia Federal, sob comando do delegado Protógenes, com autorização do juiz Fausto Martin de Sanctis, para provar uma suposta tentativa de suborno de um delegado da PF por Daniel Dantas”.

3. Operação Faktor (anteriormente denominada Operação Boi Barrica). A Policia Federal investigou uma suspeita de caixa dois na campanha eleitoral de 2006. Em 2011, “o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou as provas colhidas durante a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou suspeitas de crimes cometidos por integrantes da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Os ministros da 6ª Turma do STJ consideraram ilegais interceptações telefônicas feitas durante as investigações” (fonte: veja.abril.com.br).

4. Operação Caixa de Pandora. Em 2014, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios afirmou na inicial da ação penal pertinente: “a poderosa quadrilha integrada por tais indivíduos, vinculados pela união nos desígnios de cometer os mesmos crimes, implantou um sofisticado estratagema de corrupção, entranhando-se na estrutura administrativa e de governo com a finalidade de cometer crimes para financiar suas atividades ilícitas, conquistar e manter o poder político e enriquecer seus membros e aliados”. Os crimes teriam ocorrido entre o início de 2006 e abril de 2010. Em março de 2023, sentença da Justiça reconheceu a prescrição da ação por formação de quadrilha e beneficiou 20 réus (fonte: metropoles.com).

5. Operação Lava-Jato. Um conjunto de investigações realizado pela Polícia Federal envolvendo o cumprimento de mais de mil mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de condução coercitiva. Buscava apurar um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em propina, denominado Petrolão. Iniciada em março de 2014, contou com cerca de 80 fases operacionais durante as quais foram presas e condenadas mais de cem pessoas. Foi considerada a maior investigação de corrupção da história do Brasil.

Um aspecto, entre inúmeros outros, chama a atenção em relação à Operação Lava-Jato. Foi apresentada como uma consistente e implacável operação contra grandes esquemas de corrupção operados por políticos e empresários. Afirmava-se que depois de várias operações anteriores malogradas, a Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário aprenderam com os erros e tudo seria diferente rumo a um resultado final exitoso. Não foi bem isso que aconteceu.

Segundo a Folha de S. Paulo, em matéria jornalística de janeiro de 2022, das 45 sentenças expedidas de 2014 a 2018 pelo então Juiz Federal Sérgio Moro no âmbito da operação, 8 já tinham sido anuladas pelo STF (Superior Tribunal Federal) ou pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

As mais variadas motivações jurídicas foram (e são) invocadas para anular operações de combate à corrupção. Eis algumas delas: a) utilização de denúncias anônimas; b) incompetência; c) suspeição; d) provas obtidas por meios ilícitos e e) prescrição.

A sucessão de operações frustradas gera um poderoso reforço na sensação de injustiça e impunidade reinante no Brasil. Ademais, consideráveis gastos de recursos pecuniários estatais são contabilizados sem resultados práticos. No caso da Operação Lava-Jato estão sendo cogitadas reparações e indenizações para as pessoas físicas e empresas atingidas economicamente pelas investigações e processos. O site CONJUR (conjur.com.br) noticiou em abril de 2022: “As anulações de decisões da finada ‘lava jato’ e seus desdobramentos têm feito com que cresça um movimento de vítimas para pedir indenização pelos danos causados pela autodenominada força-tarefa. Em regra, tais ações devem ser movidas contra a União. (…) Diversas decisões da ‘lava jato’ vêm sendo revogadas por tribunais. O caso mais famoso é a anulação das condenações de Lula pelo Supremo Tribunal Federal”.

Portanto, por inúmeras e consistentes razões, é imperioso rever essa preferência social generalizada pelas ações repressivas em favor de uma ênfase maior nas medidas preventivas a serem implementadas no árduo processo de combate à corrupção e desvios congêneres.

*Aldemario Araujo Castro é advogado, mestre em Direito e procurador da Fazenda Nacional.

Diário do Poder

Preparativos para a contraofensiva ucraniana estão “chegando ao fim”, diz ministro da Defesa




Soldados ucranianos disparam artilharia na linha de frente de Donetsk em 24 de abril de 2023.

As linhas de frente de Kiev contam com movimento de veículos e ataques de artilharia, com explosões regulares atingindo alvos russos vitais em áreas ocupadas

Por Nick Paton Walsh

A tão esperada contraofensiva da Ucrânia parece iminente – e a forma como cada lado está se preparando diz muito sobre sua prontidão.

As linhas de frente de Kiev estão repletas de movimento de veículos e ataques de artilharia, com explosões regulares atingindo alvos russos vitais em áreas ocupadas.

Seu ministro da Defesa disse que os preparativos estão “chegando ao fim” e o presidente Volodymyr Zelensky garantiu que uma contraofensiva “acontecerá”, enquanto hesita em qualquer data exata de início.

Pode já ter começado; pode ser semanas de distância. Não sabemos – e esse fato é uma forte medida do sucesso da Ucrânia no início.

Moscou, por outro lado, está no estágio de briga de bar na hora de fechar sua guerra. Depois de perder Kharkiv e Kherson, eles tiveram pelo menos sete meses para preparar o próximo alvo provável do ataque ucraniano: Zaporizhzhia.

Isso aconteceu, com vastas redes de defesa de trincheiras que podem ser vistas do espaço. Esse reconhecimento de sua enormidade não é necessariamente um elogio em 2023. Eles são grandes, sim, mas também são algo que qualquer um pode examinar no Google. Isso não é bom em uma era de foguetes precisos e avanços blindados rápidos.

Mas são as últimas 72 horas que talvez mais traíram a falta de prontidão da Rússia.

Primeiro, a aparente demissão do vice-ministro da Defesa responsável pela logística, Mikhail Mizintsev. O Ministério da Defesa russo não especificou sua demissão, apenas emitiu um decreto de que Aleksey Kuzmenkov agora tem seu emprego.

O “Açougueiro de Mariupol”, como Mizintsev é conhecido, certamente teve falhas suficientes na desastrosa guerra da Rússia para merecer sua demissão. Mas isso não satisfaz a pergunta: por que agora?

Ao remover ministros-chave momentos antes de seu exército enfrentar o contra-ataque da Ucrânia, Moscou envia uma mensagem de desordem.

E então há a nova rodada de críticas de Yevgeny Prigozhin. O senhor da guerra mercenário de Wagner escolheu o domingo (30) para dar outra longa entrevista na qual expôs a extensão dos problemas que seus mercenários enfrentam.

De acordo com o chefe de Wagner, seus combatentes estão com tão pouca munição que podem ter que se retirar de Bakhmut – a cidade estrategicamente sem importância que eles desperdiçaram milhares de vidas tentando tomar.

(Uma ressalva: Prigozhin não é a fonte mais confiável e fornece poucas evidências para o que ele diz. Mas esse tipo de discussão pública não é algo que Moscou encorajaria neste momento delicado).

A erosão dos suprimentos de munição da Rússia era conhecida há muito tempo, mas sugerir uma falha iminente logo antes da contraofensiva cheira a uma grande tentativa de transferir a culpa.

O resultado final é que as horas antes dos movimentos da Ucrânia estão diminuindo. A quantidade que sabemos sobre seu estado emocional, ou alvo, é quase zero. E a extensão da indecisão interna de Moscou, rivalidades e desunião só cresce.

CNN

Concurso do IBGE deve ter mais de 3 mil vagas com salários de até R$ 9 mil

 

Serão 1.848 postos para ensino médio e 1.196 para nível superior

Por O Tempo Publicado em 2 de maio de 2023 | 09h25 - Atualizado em 2 de maio de 2023 | 09h25


IBGE - Foto: Divulgação
IBGE — Foto: Divulgação


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) solicitou a abertura de um concurso público para 3.044 vagas neste ano. Serão 1.848 postos para ensino médio e 1.196 para nível superior. Recentemente, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, anunciou que o Instituto estaria contemplado no pacote de autorizações do governo. 

A remuneração inicial para as vagas de ensino médio é de R$ 3.677,27 para o cargo de técnico em informações geográficas e estatísticas. Já para o nível superior, há disponível os cargos de analista em planejamento, gestão e infraestrutura em informações geográficas e estatísticas (588), tecnologista em informações geográficas e estatísticas (597) e pesquisador em informações geográficas e estatísticas (11). Analistas e pesquisadores têm as remunerações iniciais de R$ 8.488,47 e R$ 9.389,06. 

O último concurso do IBGE foi realizado em 2015, com apenas 600 vagas. Este longo período sem processo seletivo resultou numa situação de emergência para repor vagas de servidores que já estão se aposentando. 


Além de Minas e do Distrito Federal, há vagas para os Estados do Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, , Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Santa Catarina.


Ainda não há informações sobre datas e taxas para inscrições do concurso.

Salário mínimo deveria ser de R$ 6.575 para cobrir despesas básicas da família

 

Segundo o Dieese, cálculo considera gastos fundamentais com alimentação, moradia, vestuário, educação, higiene, transporte, lazer e previdência de uma família de quatro pessoas

Por O Tempo Publicado em 1 de maio de 2023 | 18h17 - Atualizado em 2 de maio de 2023 | 09h24

Cesta básica em BH custa 53% do salário mínimo - Foto: IDEME/Divulgação
Cesta básica em BH custa 53% do salário mínimo — Foto: IDEME/Divulgação


O novo salário mínimo no valor de R$ 1.320,00, que entrou em vigor nesta segunda-feira (1/05), está longe de conseguir arcar com todas as despesas básicas do brasileiro. O último levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que o mínimo deveria ser de R$ 6.575,30, ou seja, quase cinco vezes a mais do valor pago neste ano. 


O cálculo considera despesas básicas com alimentação, moradia, vestuário, educação, higiene, transporte, lazer e previdência de uma família de quatro pessoas. Os itens são garantidos pela Constituição Federal de 1988.


O novo salário mínimo é aplicável a todas trabalhadoras e todos os trabalhadores do setor público e privado, como também para as aposentadorias e pensões. Segundo o Dieese, a inflação acaba corroendo essa renda mínima no Brasil. Só para comprar uma cesta básica em Belo Horizonte, que está em R$ 654,5, segundo o Dieese, o trabalhador gastaria 53,6% do atual salário mínimo. 

https://www.otempo.com.br/

Dino pede apuração sobre possível prática abusiva do Google contra PL das Fake News


Por Redação

Flávio Dino
Foto: Sérgio Lima/Poder360

O ministro da Justiça, Flávio Dino, utilizou suas redes sociais, nesta segunda-feira (1), para comunicar que irá pedir uma apuração sobre uma possível prática abusiva do Google contra o projeto de lei que estabelece regras de combate às fake news.

 

De acordo com o g1, o ministro repostou um conteúdo que dizia que o Google estaria utilizando a própria plataforma para atacar o PL das fake news e que o Twitter estaria deslogando contas de pessoas para atrapalhar. Na página inicial do buscador, aparece a mensagem: "O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil". Clicando no texto, o usuário é levado para uma página com um artigo contra o projeto de lei.

 

Dino afirmou que o assunto será enviado à Secretaria Nacional do Consumidor, órgão do Ministério da Justiça. "Estou encaminhando o assunto à análise da Secretaria Nacional do Consumidor, órgão do Ministério da Justiça, à vista da possibilidade de configuração de práticas abusivas das empresas", escreveu o ministro.

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