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domingo, janeiro 02, 2022
Vai passar ou piorar? Os cenários para a pandemia em 2022
A impunidade e a fantasia das narrativas
Entrevista - Fukuyama: "A decadência dos EUA vai aumentar nos próximos anos".
Neste ano novo, o país decidirá se quer democracia e se vai para pobreza crônica
Publicado em 1 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet
Vinicius Torres Freire
Folha
O ano novo será uma longa agonia. Antes que comece, o mais importante será saber como termina. Em primeiro lugar, o país decidirá se ainda quer democracia. As alternativas mais ou menos autoritárias já são evidentes, como uma autocracia com traços de militarismo, religião e política mafiosa, a depender da conjuntura.
Em segundo lugar, o novo governo decidirá se vai ao menos tentar a grande mudança necessária para que se evitem mais anos de pobreza, talvez pobreza crônica, o que deve ter consequências políticas graves.
SISTEMA APODRECIDO – Desde 2013 há sinais evidentes de revolta contra o sistema político apodrecido e fechado e com as mudanças socioeconômicas pouco profundas do regime de 1988.
Escreveu-se que o “novo governo decidirá” se vai tentar a grande mudança. Tendo o eleitor dado um mandato genérico para que se faça “alguma coisa”, estará nas mãos do novo governo decidir se vai propor o choque necessário, coisa de que a maioria do eleitorado não faz ideia.
Supondo que o governo tenha consciência do drama e capacidade técnica, quais serão as condições políticas de mudar? Não é apenas questão de acordão no Congresso. Há ilusões sociais, mito de volta aos “bons tempos” e resistência forte a mudanças –ricos entrincheirados mesmo contra “reformas” (liberais).
MUITAS MUDANÇAS – A desarticulação social e política é grande. Que forças podem apoiar um programa de mudança tão grande e imediato? Um novo governo sensato qualquer terá, sim, de fazer mudanças que criem o básico de uma economia de mercado funcional, até para tornar possível novos modos de intervenção do Estado.
Isso quer dizer fazer uma reforma tributária que dê cabo das distorções que levam ao uso improdutivo de capital e trabalho. Quer dizer abertura comercial. Quer dizer mudanças adicionais que facilitem o investimento privado.
A mudança exige também dar um sinal crível de que o endividamento relativo do governo (relação dívida/PIB) vá se estabilizar. Se o leitor acha que o governo pode continuar a se endividar sem limite e pagar a taxa de juros que quiser, convenientes (sem fazer a explodir a inflação), por favor mande cartas para a redação com o argumento.
GASTOS PÚBLICOS – A mudança implica conter gastos ineficientes com funcionalismo. Implica mais impostos sobre ricos, de modo que paguem para conter o endividamento, em vez de ganhar juros com isso, e que se recupere alguma capacidade de investimento público.
Implica remanejar gastos sociais (mais nisso, menos naquilo). Implica obter dinheiro para urgências (miséria aumentada, um plano de educação infantil, reforma do SUS). De início, não vai sobrar mais nada para “o social” – se tanto.
Tudo isso tem de ser proposto logo de cara e exige grande acordo. Desconversa, hesitação e procrastinação vão fazer com que o governo perca o ímpeto, que o PIB se arraste, que a insatisfação com mais empobrecimento ferva: crise feia.
EMBALO NA ECONOMIA – Um plano de mudanças grande e crível, por outro lado, pode dar um embalo de curto prazo na economia. O país pode crescer um biênio a 3% ao ano só pela mudança de expectativa –a julgar pelas contas dos economistas, há recursos ociosos bastantes para tanto. Com mudanças andando, dá para crescer mais, no médio prazo, afora desastres no mundo lá fora.
O grande acordo vai muito além da conversa de politólogos sobre coalizões parlamentares ou de “vices confiáveis”; vai além das ilusões da esquerda e seu redistributivismo primário. É preciso enfim cooptar frações da elite, dessa elite em boa parte colaboracionista, que faz qualquer negócio, como o bolsonarismo, e que faz de conta que quer “reformas”.
Vai ser uma agonia.
Celebrado no mundo inteiro, Celso Furtado foi impedido de impulsionar o progresso do país
Publicado em 1 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet
José Carlos Werneck
Se o Brasil tivesse seguido as diretrizes de Celso Furtado, estaria hoje em uma posição de vanguarda no cenário internacional e, principalmente, os brasileiros viveriam em melhores condições. Furtado foi considerado um dos sucessos de John Maynard Keynes, defendendo a necessidade de uma participação ativa do Estado para dinamizar a economia e alcançar uma melhor distribuição, reduzindo a desigualdade social, que até hoje continua a desafiar políticos e economistas.
Este notável homem público formou-se em Direito e depois, em 1947, foi para a Inglaterra e se especializou em Economia na London School of Economics. Retornando ao Brasil, foi trabalhar na Fundação Getúlio Vargas. Em seguida, transferiu-se para Santiago do Chile, onde trabalhou na recém-criada Comissão Econômica para a América Latina (Cepal).
CEPAL E SUDENE – Em 1953 voltou ao Rio de Janeiro, convidado para presidir o Grupo Misto de Estudos criado a partir de um convênio celebrado entre a Cepal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE). Em outubro de 1955 retornou à sede da Cepal, em Santiago do Chile, para dirigir um estudo sobre a economia mexicana, o que acabou resultando em nova mudança, desta vez para a Cidade do México, em 1956.
No governo de Juscelino Kubitschek, quando houve grave crise decorrente da seca no Nordeste, Celso Furtado apresentou ao presidente da República os resultados dos estudos que vinha realizando e recebeu a incumbência de elaborar um plano de política econômica para aquela região.
Surgiu, assim, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Furtado foi seu primeiro superintendente e cumpriu o plano de JK, de jamais ocorrer nova seca com a região ao desamparo.
NO PLANEJAMENTO – Nos governos de Jânio Quadros e João Goulart, o economista foi mantido na Sudene, até ser nomeado ministro do Planejamento em 1962, incumbido de elaborar, em dois meses, um novo plano de política econômica, que foi divulgado oficialmente em 30 de dezembro com o nome de Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social.
A política econômica do governo Goulart baseou-se nas diretrizes traçadas pelo Plano Trienal, executado sob a direção de Celso Furtado e San Tiago Dantas, dois notáveis intelectuais brasileiros.
Em fins de junho, Furtado deixou o cargo de ministro e voltou a Recife para dedicar-se novamente à Sudene até 31 de março de 1964, quando eclodiu o movimento político-militar que depôs o presidente João Goulart e instaurou a ditadura no país.
CASSADO EM 1964 – Com a edição do Ato Institucional nº 1, Celso Furtado teve seu nome incluído na primeira lista de cassados. Em meados de abril embarcou no Rio de Janeiro para Santiago do Chile, a convite do Instituto Latino-Americano para Estudos de Desenvolvimento, ligado à Cepal.
Em setembro, mudou-se para New Haven, nos Estados Unidos, assumindo o cargo de pesquisador graduado do Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade de Yale.
Daí em diante, dedicou-se a atividades de ensino e pesquisa nas universidades de Yale, Harvard e Colúmbia, nos EUA, de Cambridge, na Inglaterra, e da Sorbonne, na França, onde assumiu a cátedra de professor efetivo a convite da Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Universidade de Paris.
Durante toda a década de 1970, dedicou-se intensamente a atividades acadêmicas e à publicação de livros sobre economia.
VOLTA AO BRASIL – Beneficiado pela anistia, em agosto de 1981 filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Três anos depois, participou intensamente da campanha de Tancredo Neves à Presidência, inclusive integrando a comissão que elaborou o plano de ação do governo.
Em março, com a morte de Tancredo Neves, foi indicado pelo presidente José Sarney para embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Europeia sediada em Bruxelas. Em fevereiro de 1986 substituiu o ministro Aluísio Pimenta na pasta da Cultura, onde permaneceu até agosto de 1988.
Fora do governo, voltou-se novamente para suas atividades literárias e acadêmicas.
RENOME MUNDIAL – Morando seis meses por ano no Rio de Janeiro e outros seis meses em Paris, Celso Furtado era considerado um dos maiores economistas do mundo e passou a integrar, como membro permanente, a Comissão de Desenvolvimento e Cultura da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1997, tornou-se membro do Comitê de Bioética da Unesco e no mesmo ano tomou posse na Academia Brasileira de Letras.
Como se vê, em nome de um anticomunismo infantil e inconsequente, desde o regime militar o Brasil tornou-se especialista em desperdiçar ideias brilhantes de homens de talento e competência, como Celso Furtado, que poderia ter colaborado de maneira mais efetiva para levar o país a um estágio de desenvolvimento que pudesse amenizar a discrepância de tentar a convivência pacífica entre a miséria absoluta e a riqueza total, algo impossível de existir e que explica a situação absurda que o país hoje atravessa, em termos de atraso econômico e criminalidade crescente.
Cúpula do PSB se irrita com intransigência do PT e abre negociação com PDT de Ciro
Vera Rosa
Estadão
Diante do impasse para fechar aliança com o PT em Estados definidos como “joias da coroa”, a cúpula do PSB decidiu fazer um movimento paralelo. Quer filiar o ex-governador Geraldo Alckmin, mas pode agora oferecê-lo como “dote” ao PDT de Ciro Gomes. Dirigentes do PSB procuraram o comando pedetista e marcaram um almoço para a próxima semana, em São Paulo, na tentativa de abrir novo canal de negociação.
Sem partido desde que deixou as fileiras tucanas, no último dia 15, Alckmin prefere entrar no PSB e ser vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, em 2022. Mas, como a cada semana surge um problema, tanto ele como os líderes da sigla saíram em busca de alternativas.
CANDIDATOS PRÓPRIOS – A ideia é dar um ultimato ao PT e mostrar que os socialistas não estão dispostos a abrir mão de candidaturas próprias em Estados como São Paulo e Rio Grande do Sul, por exemplo.
Nas conversas, acenam com a hipótese de montar uma federação e casar de papel passado com o PDT, o PV e a Rede até as eleições de 2026. Fundadora da Rede, a ex-ministra Marina Silva, que amargou derrotas na últimas três disputas presidenciais, tem se aproximado de Ciro, embora deteste o marqueteiro da campanha, João Santana, autor de agressiva estratégia contra ela em um passado não muito distante.
O movimento do PSB é visto com ceticismo pelos petistas, para quem tudo não passa de um jogo de cena do grupo do presidente do partido, Carlos Siqueira, para valorizar o passe. Siqueira tem dado declarações duras desde o último encontro com Lula, há 11 dias.
PT INDEFINIDO – O presidente do PSB disse, por exemplo, que o PT precisa decidir se seu objetivo é “formar uma frente ampla” para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) e eleger Lula ou se é “disputar os governos nos Estados” e tratar como adversário quem pode ser seu principal aliado.
“Esse negócio do PSB com o PT não tem como dar certo, mesmo porque Lula, com 46% (das intenções de voto), acha que já está com a mão na taça”, disse ao Estadão o presidente do PDT, Carlos Lupi. “Nós vamos conversar. Acho que o PSB tem muito mais afinidades com o PDT.”
Não está claro, ainda, qual papel Alckmin desempenharia em um arranjo assim. Motivo: há, nos bastidores, forte pressão da bancada de deputados federais do PDT para que Ciro desista da candidatura à sucessão de Bolsonaro, caso não consiga decolar até março. O ex-ministro enfrenta dificuldades para se mostrar competitivo no pelotão da terceira via, principalmente depois da entrada do ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) no páreo presidencial.
‘INDESISTÍVEL’ A portas fechadas, parlamentares do PDT observam que, ao invés de ter candidato próprio ao Planalto, o partido deveria privilegiar a distribuição de recursos para os concorrentes à Câmara. O tamanho da bancada influencia na divisão do fundo eleitoral entre as legendas.
“Eu não sei o que o PSB vai querer, mas Ciro não desiste e eu também sou ‘indesistível’. Para não ter mais esse tititi, quero deixar claro: não estamos gastando esse dinheiro todo com o João Santana para nada”, afirmou Lupi.
Para frear o aumento das especulações sobre a retirada de Ciro, principalmente após a operação da Polícia Federal que o alvejou, a cúpula do PDT decidiu criar um fato político.
LEMBRAR BRIZOLA – Em uma estratégia antecipada, o partido fará o pré-lançamento da candidatura de Ciro, em Brasília, no dia 21 de janeiro de 2022. No ato, o PDT vai apresentar a nova marca da campanha, que pretende transformar o estilo brigão e explosivo do ex-ministro em ativo eleitoral.
Um dia depois, em 22 de janeiro, o partido homenageará o ex-governador Leonel Brizola, que completaria 100 anos na data.
O PDT precisa de um palanque forte para Ciro em São Paulo e também está conversando com Guilherme Boulos, do PSOL, partido que sempre se opôs a Alckmin. Pode apoiá-lo na disputa ao Palácio dos Bandeirantes.
CIRO E ALCKMIN – O ex-governador e Ciro, por sua vez, se dão muito bem e têm uma afinidade regional: os dois são de Pindamonhangaba, cidade do interior paulista. Uma aliança para que Alckmin seja vice nessa chapa, porém, é considerada difícil.
O ex-tucano também já foi convidado para se filiar ao Solidariedade, ao PSD do ex-ministro Gilberto Kassab, ao União Brasil e ao próprio PDT, mas continua preferindo o PSB. Só que os embaraços para a formação da federação de partidos com o PT – um casamento que precisa durar no mínimo quatro anos – têm atrapalhado o avanço das negociações.
Ao oferecer Alckmin como vice de Lula, o PSB exigiu o apoio do PT a seus candidatos aos governos de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Acre. Os petistas não aceitam esse acordo.
DISPUTA PAULISTA – Os dirigentes do PT avaliam que, pela primeira vez, o partido tem chances de derrotar o PSDB na corrida ao Bandeirantes, com Fernando Haddad. Irritada com as exigências do grupo de Siqueira, a direção petista também decidiu esticar a corda e lançar o senador Humberto Costa ao governo de Pernambuco.
“O Brasil não pode ficar submisso a vontades pessoais”, argumentou o ex-governador de São Paulo Márcio França, amigo de Alckmin e pré-candidato do PSB ao Bandeirantes. Na prática, a aliança entre o PT e o PSB para montar a dobradinha dos sonhos de Lula tem sido comparada agora a um jogo de estratégia.
Trata-se de uma batalha na qual todos querem conquistar territórios. “Mas precisamos encaixar as engrenagens partidárias”, avisou França. Como se vê, 2022 bate à porta e a nova temporada, na política, ainda é de muitas incertezas.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como dizia Machado de Assis, a confusão é geral. Por enquanto, está tudo no ar, em matéria de coalizões. (C.N.)
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