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sábado, fevereiro 01, 2020

A nova classe dos aposentados miseráveis

Por Paulo César Régis de Souza (*)


Temos três categorias distintas no Brasil, a classe rica, classe média e classe pobre. Nosso novo governo através do todo poderoso Ministro da Economia, Paulo Guedes, vai criar uma nova categoria “a classe dos aposentados miseráveis”.

Não tenho a expertise ou a esperteza Internacional de mercado financeiro do Sr. Guedes, no entanto, com uma conta simples de somar da pra entender que a conta dele é uma nota de três reais, ou seja, falsa.

Senão vejamos:
O regime hoje é de repartição simples, trabalhadores pagam 8% a 11% do salário até o teto e o empregador 20% sobre a folha.
1. 8 + 20 = 28%
2. 11+20 = 31%
Como deve ficar a conta do sábio Ministro da Economia? O regime será de capitalização, ou seja, poupança que você dará ao governo para fazer política fiscal.
8,5 % do trabalhador aumentar em 0,5% e o empregador baixaria de 20% para 8,5%. 
1. 8,5 + 8,5 = 17%
Se a Previdência está quebrada arrecadando de 28 a 31% como ficarão as aposentadorias e pensões à mercê dos maus pagadores que sonegam hoje mais de 30% das contribuições devidas a Previdência. 

Além disso, o governo, quer agravar a vida dos mais pobres:
– desvincular os benefícios assistenciais do salário mínimo e pagar meio salário como recomenda o FMI;
– acabar com o pagamento integral da pensão por morte; 
– fixar idade mínima de 65 para ambos, homens e mulheres;
– acabar com a acumulação de aposentadoria com pensão;

Basta ir no Chile e falar com os aposentados de lá, irremediavelmente frustrados com a capitalização lá implantada para os trabalhadores privados, mantida a repartição simples para os militares. A capitalização enriqueceu as seguradoras e empobreceu os que foram iludidos com o autofinanciamento e levou a penúria total os que não puderam contribuir. 
Aí está, senhores, o retrato da nova classe do aposentado miserável.

A pergunta que não quer calar:  por que encaminharam ao Congresso Nacional a Medida Provisória 871 desconstruindo o ideário de Eloy Chaves, que com seus erros e acertos nossa Previdência tornou-se modelo para outros países, a solidariedade da contribuição do trabalhador e do empregador, em dobro, levou a construção de um modelo com lógica de que não existiria benefícios sem contribuição e nem contribuição sem benefícios.

Chegamos a 60 milhões de segurados contribuintes, 30 milhões de benefícios urbanos e rurais. Criamos a Dataprev para cuidar da digitação, informatização na concessão e manutenção de benefícios e implantamos o CNIS, para reconhecimento automático dos direitos do segurado.

No art.124 da MP 871 anunciam que vão criar canais eletrônicos e digitais, substituindo o servidor por robôs, se o segurado tem dificuldades em falar com servidor humano, imagina com uma máquina.

O INSS perdeu quase 4 mil servidores em dois anos e outros 10 mil estão com abono de permanência e podem ir embora.

O TCU clamou pela reposição dos servidores, demonstrou que anos e anos de cultura previdenciária podem se perder, mas a insensibilidade do governo não permitiu concurso. Agora, insistem na mesma tese de não permitir concurso e criam no INSS uma “barragem de rejeitos” que pode explodir.

Precisamos de servidores. Não existe Previdência sem servidores. A Previdência é muito importante para ser tratada com desprezo.

No parágrafo segundo do mesmo artigo 124 determina que serão celebrados acordos de cooperação, na modalidade de adesão com órgãos da união, estados, municípios e DF para recepção de documentos para recebimento de benefícios.

Tentamos isso no passado com os Correios e foi uma lástima, com a perda de documentos, e total descaso com o INSS, não era a expertise deles.

Repudiamos totalmente os agravos assacados contra o INSS. Acabaram com o Ministério da Previdência, tiraram os auditores ficais e levaram a receita previdenciária para a Receita Federal; levaram os Procuradores para a AGU, desviando a dívida ativa para a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Agora tiraram os Médicos Peritos e levaram para o Ministério da Economia depois da anunciada criação de robôs, da digitalização robótica e da inteligência artificial, o último que sair do INSS pode apagar a luz.

Somos brasileiros e não desistimos nunca. Não podemos aceitar a desconstrução da Previdência e o fim do INSS.

As mudanças têm que ser discutidas com a sociedade brasileira:
1- Reduzir de cinco anos para 180 dias o prazo para recebimento do salário maternidade;
2- Exigir 24 meses de carência para o auxílio reclusão;
3- Dar prazo de 180 dias para menor de 16 anos requerer pensão por morte;
4- Acabar com auxílio-doença para segurado recluso;
5- Estender o consignado para os benefícios assistenciais
6- Exigir comprovação de rural por meio de entidades do PRONATER.
7- Introduzir a decadência de 10 para concessão, indeferimento, cessação e revisão de benefício.

(*) Paulo César Régis de Souza é vice-presidente Executivo da Associação Nacional dos Servidores Púbicos, da Previdência e da Seguridade Social.
ANASPS

O que faz a senzala aplaudir a Casa Grande?

Por Ronaldo Medeiros (*)

O Brasil vive dias inimagináveis! Um retrocesso que marcará a vida dos brasileiros, principalmente os mais carentes, por décadas.
O atual projeto busca institucionalizar a Casa Grande e a Senzala que muitos acreditavam estar extintas pela Lei Áurea. O que mais assusta nesse cenário é a letargia dos que voltarão “aos troncos dos novos senhores de engenho”. E o castigo moderno não será o chicote muito menos o tronco, descobriram uma “nova fórmula” que escraviza não somente pela cor da pele, mas também pela condição social. O apartheid tupiniquim faz uso das redes sociais, ou melhor de fakes; da estrutura de órgãos de comunicação que deveriam ser imparciais; do poderio econômico e político para criar guetos. Juízes desobedecem às leis e criam suas próprias, atuam como “capitães do mato” e a punição para esses é a promoção com nomeação para Ministério, contendo promessas ainda mais atraentes, como a ida garantida para o Supremo Tribunal Federal.
Nada melhor para a realização desse feito do que caminhar pelas vias institucionais: realiza-se uma eleição, encarcera-se quem pode se contrapor a esse projeto nefasto, repete-se uma mentira milhões de vezes até que ela se “torne verdade”, a metamorfose dos fatos cria uma sociedade de zumbis que não consegue mais distinguir o que é verdade do que é inverídico. E nesse cenário ouvimos a velha e antiga canção “O Brasil necessita crescer” e para gerar empregos e renda é necessário “assassinar direitos”. Mas não dizem dessa forma, para isso utilizam uma linguagem elegante e enganosa: “Vamos reformar as leis trabalhistas e as da previdência social”; vendem a ideia que a solução é retirar “privilégios”, que modificar a CLT vai gerar mais emprego e renda, que temos que extinguir a Justiça do Trabalho, pois essa “garante os privilégios” para os trabalhadores e é contra os patrões, vamos eliminar as férias, o 13º salário, o fundo de garantia, pois tudo isso são regalias que impedem a nação de crescer. É o velho discurso verbalizado por “novas bocas” que pregam um “BRASIL acima de tudo e Deus acima de todos”. Esquecem que não são os Barnabés que aumentam o custo no Brasil, que fazem os juros da nossa pátria serem os maiores do mundo, que impedem os nossos produtos de serem competitivos, que possuem recessos, 60 dias de férias, auxílios, salários de 30, 40, 50, 60 mil reais ou até mais. Esses não necessitam das leis trabalhistas. A realidade nos mostra que essas reformas pregadas como “salvadoras” aumentará o desemprego, diminuirá a renda do trabalhador, aumentará a crise e o trabalho informal. Sem carteira assinada e proteção social a submissão à Casa Grande é ampliada.
Outro discurso que continua atual e virou moda é a Reforma da Previdência, segundo os interessados, sem ela não haverá, no futuro bem próximo, recurso para pagar aos aposentados, estes não receberão mais, pois a previdência quebra. Esquecem que a média per capita de pagamentos do regime geral é infimamente menor que as de outros regimes e esses com certeza não serão afetados, pois as corporações já estão atuando para a manutenção do status quo e historicamente conseguem ter suas pautas atendidas. Mas e os barnabés quem os defenderá? Esses serão os penalizados pelos que estão no “jardim do éden”. Se temos que reformar vamos iniciar pelos que mais ganham, pelos que possuem mais gordura, pois no Brasil a prática é cortar de quem só tem o osso. Claro que existem algumas distorções pontuais que devem ser corrigidas no regime geral, mas não dessa forma.
Constitucionalmente, a previdência está inserida na Seguridade Social juntamente com a saúde e assistência e esse tripé não é deficitário. A CPI no senado já provou, já abriu as contas e não ouvi contestação sobre os números apresentados, pelo contrário, querem modificar a Constituição Federal visando modificar o conceito atual.
Nossa legislação favorece aos que não querem pagar, criando isenções, REFIS e outras formas que beneficiam aos maus pagadores e dessa forma encobrem os verdadeiros culpados pela sangria dos recursos que poderiam estar retribuindo o trabalho e a contribuição, pagando melhores aposentadorias e pensões para a sociedade.
Onde estão os recursos da Previdência Social? O sistema atual foi criado no século passado, na década de 60, com a junção de diversos institutos de aposentadorias por categorias existentes. Como exemplos posso citar o Instituto de Aposentadoria dos Comerciários – IAPC, o Instituto de Aposentadoria dos Estivadores e Transporte de Cargas – IAPTEC e o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários – IAPB, esses e outros se fundiram formando o INPS e posteriormente o INSS, o regime adotado foi o de repartição simples, também conhecido como “regime orçamentário”, mais justo e criando um pacto entre gerações. Na essência esse regime não previa a formação de caixa, mas uma pergunta se faz necessária: onde estão os recursos daqueles que contribuíram nas décadas de 60, 70, 80…? Construção de Brasília, usinas nucleares, pontes, desvio, corrupção? Alguém já foi punido ou transferem a conta para o Barnabé? Claro, no Brasil a maior fatia da conta vai para quem menos tem, se invertendo a lógica.
O que mais assusta é o modelo de previdência que o Ministro Paulo Guedes quer implementar no Brasil, o modelo chileno, capitalizado, diferente do nosso e que vem causando vários problemas ao Chile. Só para ilustrar, a média de aposentadoria de lá é de 1/3 do recebido pelo trabalhador na ativa, sem contribuição de empresários e do governo, somente do trabalhador. Atualmente tem sido alvo de protestos e críticas e o governo neoliberal do Presidente Sebastián Piñera estuda reformas para que o massacre aos aposentados seja menor.
O modelo chileno de Previdência na verdade foi privatizado (capitalizado), existe uma espécie de poupança do trabalhador, pois só quem contribui é o próprio, e se este ficar desempregado irá reduzir significativamente o que já é insignificante.
Se querem um “BRASIL acima de tudo e Deus acima de todos”, vamos reduzir a agiotagem oficial praticada pelos bancos com a cobrança de juros e taxas extorsivas, vamos reduzir os impostos para as empresas e trabalhadores, vamos reduzir a burocracia, taxar os lucros exorbitantes do sistema financeiro e que nunca atravessam crises, pois estes sim, necessitam de reformas imediatas, mas continuam sendo intocáveis. Se querem copiar, pelo menos vamos trazer para o Brasil o que está dando certo lá fora, vejam quanto é a taxa de juros no Chile e em outros países e importem.
Se listarmos os maiores devedores da Previdência Social, veremos que o sistema financeiro, o setor público e as grandes empresas representam mais de 70 por cento do total, estes recebem as benéficas de leis e parcelam seus débitos em centenas de parcelas. Na verdade, quem paga essas dívidas são os barnabés, com redução de aposentadorias e pensões e aumentando a idade para aposentadoria. Como perguntar não ofende, com a palavra o Presidente da Câmara dos deputados, o iluminado Rodrigo Maia, para nos informar em que país ele vive, quando afirma que um trabalhador pode tranquilamente trabalhar até os 80 anos, qual a sua fonte de dados para tão infeliz e mentirosa afirmação?
Cabe aos trabalhadores nesse momento vigiarem! Vejam em qual senador e deputado federal votaram, usem as redes sociais, cobrem e exijam o NÃO, e se votarem SIM a essas reformas que vão extinguir a previdência e a aposentadoria para os barnabés, por favor, anotem o nome deles e na próxima eleição lembrem-se, ou então continuem a aplaudir a casa grande.

(*) O autor foi superintendente do INSS, ex-deputado estadual, jornalista e professor.

App disponibiliza lista de devedores da União

Entre os serviços do app está a possibilidade de fotografar nota fiscal

O governo federal lança nesta semana um aplicativo para que os cidadãos possam consultar, pelo celular, as dívidas de empresas e pessoas físicas com a União. 
Será possível fotografar uma nota fiscal e descobrir se o estabelecimento deixou de pagar tributos, contribuições previdenciárias ou o FGTS de funcionários, e até localizar os devedores mais próximos por meio do GPS.

Informações sobre o app
O aplicativo está disponível para download em celulares com sistemas Android e iOS e reúne as informações de pessoas físicas e jurídicas inscritas na Dívida Ativa da União (DAU) e que não tomaram nenhuma providência para tentar regularizar a situação. São 5,5 mi de devedores nessas condições, com débitos que somam R$ 1,9 tri, segundo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

Vídeo: em Colação de Grau, Professora detona Governo Fascista de Bolsonaro e exalta Paulo Freire – ASSISTA

"Prepare o seu coração 'pras' coisas que eu vou contar. Paulo Freire. Paulo Freire, Paulo Freire", inicia seu discurso a Professora Miriam Bianca Amaral Ribeiro em sua Colação de Grau na UFG - Entre neste grupo  LULA contra BOZO - Somos PROGRESSISTAS POR UM BRASIL SOBERANO - #Lula2022

Bolsonaro diz ao STF que declaração sobre possibilidade de Greenwald “pegar cana” foi discurso político


Bolsonaro chamou Glenn de malandro, mas “sem ofensa”
Luiz Vassallo
Estadão
O presidente Jair Bolsonaro afirmou ao Supremo Tribunal Federal que sua declaração sobre a possibilidade de Glenn Greenwald ‘pegar uma cana’ foi um ‘discurso político, sem qualquer conteúdo ilícito’. A manifestação à Corte é uma resposta a uma interpelação Judicial oferecida pelo jornalista do The Intercept contra o presidente, após a fala, que ocorreu em julho de 2019.
Na ocasião, durante evento na Vila Militar, em Deodoro, no Rio, o presidente foi questionado sobre uma portaria do ministro da Justiça Sérgio Moro, que permitiu a deportação de estrangeiros considerados perigosos.  Ele negou que a medida tenha ligação com o jornalista americano, cujo site vem publicando supostos diálogos entre Sergio Moro e procuradores da Lava Jato em Curitiba, como Deltan Dallagnol.
“MALANDRO” – “Ele não vai embora. O ‘Green’ pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma ‘cana’ aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, afirmou. “Pelo que o Moro falou comigo, ele tem carta branca, né, eu teria feito um decreto. Tem que botar pra fora mesmo, quem não presta tem mandar embora. Não tem nada a ver com o caso desse Green-não-sei-o-quê aí (Glenn Greenwald), nada a ver com o caso dele. Tanto é que não se encaixa nessa portaria o crime que ele está cometendo. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, pra evitar um problema desse, né, casa com outro malandro ou não casa, ou adota criança no Brasil”, comentou Bolsonaro.
Ao Supremo, Glenn interpelou o presidente para que informe a que fato, investigação ou processo estava se referindo ao fazer a declaração. “As afirmações infamantes, homofóbicas e difamatórias sobre o ora Requerente foram atribuídas ao Requerido por diversos órgãos de imprensa, sendo necessário que o requerido esclareça se efetivamente foi o autor de tais afirmações, tendo a presente ação finalidade preparatória para o ajuizamento de ação penal”, afirmou.
RESPONSABILIZAÇÃO – Em resposta, Bolsonaro disse que ‘quanto à possível responsabilização penal do senhor Glenn Greenwald, gostaria de esclarecer, inicialmente, que, no âmbito federal, cabe à Polícia Federal, entendendo pertinente, investigar e apresentar suas conclusões acerca de fatos que possam configurar crime, sendo certo que se trata de órgão permanente de estado, regimentalmente vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, com independência funcional para cumprir seu papel institucional’.
“No mais, no que toca à Portaria 666/2019, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que dispõe, dentre outras medidas, sobre a deportação sumária de pessoa perigosa, fui taxativo em esclarecer que não tem qualquer relação com o senhor Glenn Greenwald, apontando dois fatos puramente objetivos: (i) o de ele ser casado; e (ii) ter filhos adotivos no Brasil”, disse.
SEM OFENSAS – O presidente conclui. “Dessa forma, estou tranquilo de que de minhas declarações não se pode inferir a imputação de qualquer crime, tampouco de ofender a honra alheia, motivo pelo qual não devo responder por quaisquer condutas”.
“Até porque, tratou-se de discurso político, sem qualquer conteúdo ilícito, o qual não se enquadra em qualquer conduta prevista no Código Penal, não autorizando, assim, a pretendida persecução criminal. Ademais, a referida declaração foi exteriorizada com base no direito constitucional fundamental de livre manifestação do pensamento”, diz.

Os campos de concentração do Brasil no início do século passado

Tumulto e confusão marcam aprovação da PEC da Previdência estadual

Tumulto e confusão marcam aprovação da PEC da Previdência estadual
Foto: Mari Leal/Bahia Notícias
A reforma da Previdência dos servidores públicos da Bahia foi votada nas últimas horas desta sexta-feira (31), sob muito tumulto, protesto e confusão na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Iniciada às 19h24, a sessão foi interrompida cerca de meia hora depois por conta de ovos jogados no plenário. Um deles chegou a atingir o presidente da Casa, Nelson Leal. Após esse primeiro incidente, Leal prometeu que votaria os dois turnos da matéria (leia aqui). 

Antes mesmo de a sessão ser retomada, os deputados foram surpreendidos por uma invasão dos policiais civis em portesto no plenário. O clima ficou ainda mais tenso. Houve troca de pontapés entre deputados e manifestantes, um deles chegou a sacar a arma em direção a um dos deputados (leia aqui), gritaria, palavras de ordem e uma tentativa frustada dos policiais militares que faziam a segurança de Casa de conter os manifestantes. Após uma maior investida dos manifestantes, que avançaram ainda mais no plenário, os deputados abandonaram o local e o pelotão de Operações Especiais da Polícia Militar (Choque) assumiu a segurança do local (leia aqui).

Logo depois, firmada a decisão unânime dos parlamentares de votar a matéria a qualquer custo,  a sessão foi retomada na sala da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com as portas fechadas, sem acesso sequer da imprensa. Aprovar a matéria após a ação dos manifestantes se transformou numa questão de honra para os parlametnares.

Do lado de fora, permanecia a tensão e os embates entre policiais civis e os policiais militares. A situação chegou ao limite do uso de gás de  pimenta. Diversas pessoas passaram mal, mas seguiram às manifestações. A todo tempo, gritos e palavras de ordem eram repetidos pelo grupo. A essa altura já estavam presentes na Assembleia o secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, e do comandate geral da PM, coronel Anselmo Brandão.

Por volta das 22h20, na sala da CCJ, foi encaminhada a votação e aprovado o primeiro turno da PEC159/2020. Imediatamente depois, foi iniciada a discussão para votação do segundo turno, também aprovado. A votação seguiu até, aproximadamente, 23h (leia aqui). Os manifestantes permaneceram isolados na região do plenário até a finalização da apreciação da proposta. Logo após, saíram em caminhada e se concentraram na recepção da Casa Legislativa. Categoria finalizou a manifestação prometendo greve. 

A invasão foi classificada pelo líder governista, Rosemberg Pinto (PT), como "lamentável" (leia aqui) e pelo líder da oposição, Targino Machado (DEM), como "bárbarie", termo que ele atribui à sessão como um todo (leia aqui).

Após fim da sessão, os deputados deixaram a AL-BA escoltados em um ônibus do batalhão da tropa de choque da Polícia Militar.

Bahia Notícias

Raul Jungmann diz que crescente influência de milícias e facções ameaça a democracia


Jungmann aponta risco de ‘bancadas do crime’ na eleição
Gerson Camarotti
G1
O ex-ministro Raul Jungmann, que comandou as pastas da Segurança Pública e da Defesa, afirma que a influência cada vez maior de milícias e facções criminosas na política representa um risco à democracia.
Ao programa GloboNews Política, que vai ao ar às 21h30, Jungmann adverte que as milícias já financiam o que ele classificou de “bancadas do crime”. Em ano de eleições municipais, Jungmann ressaltou ainda que essa já é uma realidade no Rio de Janeiro, mas que começa a se espalhar pelo país.
RECURSOS E VOTOS – “Por que se dá isso? De um lado, as milícias têm recursos e votos para colocar à disposição do sistema político, dos políticos. E os políticos, que é o caso específico no Rio de Janeiro – mas também em outros estados – dão cobertura, blindam essas milícias para que elas continuem atuando”, disse Jungmann.
“No limite, as milícias representam um risco à democracia ao entrar na política. E, também, pelo fato de elegerem bancadas do crime. Para representar a população? Não. Mas, sim, para exercer a sua vontade, a sua preocupação que é exatamente de expandir seus lucros criminosos e defender as suas bases criminosas.”
MODUS OPERANDI – Jungmann ressalta ainda o modus operandi das milícias para controlar os votos. “Vamos ao coração das trevas: a milícias controla o território. Controlando o território ela controla o voto. Isso quer dizer que ela pode eleger aliados dela, ou então, vai eleger os seus representantes”, diz.
“Forma-se, então, uma bancada do crime dentro de um Legislativo, seja municipal, seja estadual ou mesmo com representantes no Congresso Nacional.”
RISCOS – O ex-ministro da Segurança Pública ainda apontou riscos para essa relação entre políticos e milícias. “Se a milícia dá votos para alguns políticos e recursos, os políticos dão cobertura para as atividades. A partir daí, a milícia e seus representantes vão se espalhando pelos outros órgãos. Porque a milícia e a bancada do crime não vão indicar apenas para Segurança Pública. Vão indicar para o Executivo, para o Judiciário, para o Ministério Público e assim por diante.”
Jungmann alerta ainda que os poderes não estão se articulando para enfrentar esse sistema paralelo das milícias. “Então, isso cria uma situação em que você fortalece um sistema paralelo dentro do próprio Estado. E isso representa uma ameaça para a democracia que tem que ser enfrentada. Mas para isso é preciso articulação [de] Judiciário, Ministério Público, governo federal, governo estadual e município. O que infelizmente, não tem acontecido até aqui.”
EXPANSÃO PELO PAÍS – O ex-ministro ainda faz uma advertência aos eleitores. “Nós temos que saber em quem estamos votando. E eu diria que esses são os fatores fundamentais para enfrentar essa metástase que hoje nós estamos vivendo – que é a expansão das milícias em todo o país”, concluiu.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 –  Durante anos o poder público se omitiu diante do crescimento desenfreado das milícias e das facções criminosas, sobretudo no Rio de Janeiro
. As comunidades acuadas, sem defesa e atenção dos órgãos competentes, ficam subjugadas ao comando paralelo. Além disso, a forte ligação de policiais com os grupos, entre outros servidores, torna o desmembramento ainda mais difícil. E o governo, por enquanto, assiste pasmo e em seu gerúndio habitual, repete “vamos estar tomando as providências”. Conversa decorada como em um call center. (Marcelo Copelli)

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