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sábado, janeiro 21, 2023

Os verdadeiros três poderes do governo




O governo está sempre ou ameaçando alguém, ou comprando o apoio de alguém por meio da distribuição de benesses, ou mentindo. 

Por Robert Higgs (foto)

As elites políticas têm três maneiras básicas de manter a população submissa e dócil aos seus mandos e desmandos: subornar, ameaçar e mentir.

Absolutamente qualquer coisa que o governo faz é uma variante dessas três ações básicas. O governo está sempre ou ameaçando alguém, ou comprando o apoio de alguém por meio da distribuição de benesses, ou mentindo.

Logo, mesmo que o estado fosse drasticamente reduzido (como desejam os minarquistas), todas as atividades do governo ainda assim poderiam ser executadas por apenas três ministérios: o Ministério dos Policiais e Soldados (encarregado das ameaças); o Ministério do Papai Noel (encarregado dos subornos); e o Ministério do Delírio (encarregado das mentiras).

No entanto, se tão drástica e visível simplificação ocorresse, a eficácia das mentiras seria substantivamente diminuída. Seria um desserviço público descarregar tamanha carga de sinceridades sobre o povo. O povo não está preparado para aguentar tamanho realismo. O grande T.S. Eliot já dizia que "a humanidade simplesmente não consegue suportar um excesso de realidade."

SAM - Suborna, Ameaça, Mentira

A maior parte de tudo aquilo que o governo ostensivamente faz para demonstrar algum propósito valioso equivale a formas específicas de suborno.

Exemplos: auxílios aos pobres, aos doentes, aos aposentados, aos empresários milionários, aos agropecuaristas, à classe artística, às indústrias nacionais que enfrentam a concorrência dos importados, aos universitários ricos e pobres, aos idosos, aos funcionários públicos, e às pessoas que sofrem discriminação étnica ou racial.

Além disso, ele também promete proteger a nação contra perigosas forças estrangeiras e extraterrestres; controlar o clima e o nível dos oceanos; criar um ambiente mais limpo e saudável; subsidiar pesquisas científicas ou tecnológicas; criar cada vez mais empregos na máquina pública.

Tudo isso são formas de suborno. O governo compra a lealdade das pessoas repassando a elas uma fatia de todo o dinheiro que ele pilhou da população por meio de impostos.

E o governo coleta esses impostos recorrendo a ameaças, como a de que você será preso caso não entregue metade da sua renda ao governo. E será morto caso tente oferecer resistência à prisão.

E as ameaças são sustentadas por mentiras, como a de que é um "dever cívico" do cidadão entregar metade da sua renda ao governo, e que "impostos são o preço da civilização".

A complexidade organizacional do estado e o fato de sua existência ser cuidadosamente coberta e protegida por um véu ideológico e pragmático — no que os intelectuais pró-estado exercem uma função de suprema importância — impedem que o público em geral perceba o que de fato está acontecendo.

Se o público ao menos se desse conta do logro, pode ser que ele tornasse mais recalcitrante em aquiescer com todos os éditos do governo e com todas as suas demandas por tributos. Isso seria como jogar areia em toda a engrenagem estatal de opressão e esbulho, a qual funciona hoje muito bem azeitada.

Desafio

Como um exercício, convido o leitor a testar essa hipótese SAM (subornar, ameaçar, mentir): veja se você consegue descobrir alguma atividade governamental, qualquer uma, que não se encaixe em pelo menos uma dessas três rubricas.

Instituto Mises

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