Publicado em 1 de outubro de 2022 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
O debate promovido pela TV Globo não alterou as colocações de Lula da Silva e Jair Bolsonaro na disputa para as urnas de domingo. Embora bem conduzido por William Bonner, o Padre Kelmon surgiu do passado e prejudicou a sequência das opiniões; querendo ajudar Bolsonaro, acabou que a sua imagem desfocou a do atual presidente da República.
Na minha impressão, se for realizada uma pesquisa pelo Datafolha ou pelo Ipec sobre a participante que refletiu a pior imagem no debate, certamente recairá uma percentagem alta apontando para o Padre Kelmon em todos os sentidos e em praticamente todas as suas colocações. Gerou maciça antipatia e que respingou em seu verdadeiro candidato, Jair Bolsonaro.
POSICIONAMENTO – Este aspecto da questão foi debatido na manhã de ontem por comentaristas da GloboNews, entre os quais Valdo Cruz, traçando o perfil representado pelo padre da Igreja Ortodoxa, como ele próprio se apresenta. Suas posições são de um passadismo ululante, para lembrar a expressão do meu saudoso amigo Nélson Rodrigues.
Assim, ao invés de somar, acho que ele tirou votos preciosos de Bolsonaro, e que podem contribuir amanhã para que a eleição presidencial decida imediatamente após a coleta dos votos.
A pesquisa do Datafolha apontou 50% dos votos válidos para Lula contra 36 pontos para Bolsonaro. Neste panorama, a rigor, Lula estaria dependendo de um voto somente para obter vitória no primeiro turno.
EMBALO – Tenho a impressão pelo arremate da maratona, que Lula deve subir no anoitecer de hoje, sábado, até o amanhecer de amanhã, domingo, mais uns dois ou três pontos. Isso porque está mais embalado para o final do confronto e também porque os segmentos de menor renda deixam para decidir na véspera da eleição.
Lula apresenta um predomínio substancial entre os que recebem por mês até dois salários mínimos. Nesta classe, ele tem 59% contra 27%. O Datafolha focalizou a faixa de renda de até dois salários mínimos. Ainda não incluiu, o que talvez esteja fazendo hoje, a faixa de dois a cinco salários mínimos.
Isso é fundamental para completar a pesquisa. Além desse aspecto, existem outros em que eleitores e eleitoras não responderam exatamente às perguntas dos pesquisadores, como no caso dos que recebem Auxílio Brasil e entre os evangélicos.
VINCULAÇÕES – Não responderam com exatidão em face de vinculações existentes entre verbas oficiais e a sua aplicação nos respectivos setores. Mas essa é outra questão. O essencial é que o destino está lançado. Não há mais tempo para recuos de alto porte no plano federal.
Sobre a corrida eleitoral com a divisão por segmentos, no O Globo, a reportagem é de Marlen Couto. Na Folha de S. Paulo, de Igor Gielow. Marlen Couto focaliza a divisão das tendências por segmento de renda, mas falta a faixa de dois a cinco pisos salariais É possível que na última pesquisa o Datafolha se refira ao setor, o que poderá eliminar dúvidas quanto ao desfecho final dos números das urnas.
ATAQUES – Reportagem de Matheus Vargas, Folha de S. Paulo de ontem, destaca que o presidente da República usou a sua transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quinta-feira para atacar o ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “patife”, “moleque” e disse que por suas atitudes deve ser arguida a sua suspensão.
Bolsonaro atacou também a Folha de S. Paulo pela publicação de matéria sobre a quebra de sigilo bancário do tenente-coronel Mauro César, seu ajudante de ordens, em face de suspeitas levantadas pela Polícia Federal sobre participação em transações financeiras.
ENDIVIDAMENTO – Na edição de quinta-feira de O Globo, excelente reportagem de Gabriel Shinohara, ilumina com nitidez o quadro social que verdadeiramente envolve a sociedade brasileira, pois o endividamento está atingindo 53% da população com reflexos na queda de consumo, inclusive de alimentos.
A matéria deve ter desagradado setores do IBGE que traçam panoramas otimistas para o desempenho do Produto Interno Bruto e também a fantasiosa deflação cujos cálculos estão restritos de um mês sobre aquele que o antecedeu, e não sobre o início do período de 12 meses em que o custo de vida é calculado.