O que se viu nesse episódio da inserções é a mesma forma de atuar de Donald Trump: o método de tumultuar o processo eleitoral
Por Míriam Leitão (foto)
A crise das inserções é inventada. Ela não existe. Ontem, o governo passou o dia criando fumaça e espuma, mas quando se busca saber o que mesmo existe, encontra-se o nada.
O governo anunciou com ares de escândalo que faltavam inserções em rádios do Norte e Nordeste. Mas o fez de uma forma a parecer que a culpa era do TSE.
Como é esta rotina: as candidaturas preparam suas inserções e mandam para as emissoras e fiscalizam. Se há problemas eles recorrem à Procuradoria-Geral Eleitoral e ao TSE. Mas o tribunal não distribui conteúdo, não fiscaliza.
Algumas das emissoras entrevistadas pela imprensa disseram que não receberam o material em alguns dias. Ou então negaram a denúncia. Há falta de materialidade na denúncia apresentada ao TSE.
O presidente Bolsonaro disse, ao final do dia, que vai recorrer ao STF. Isso é um direito dele. Mas o que se viu nesse episódio é a mesma forma de atuar de Donald Trump: o método de tumultuar o processo eleitoral.
Bolsonaro continuará tentando tumultuar, se as pesquisas continuarem mostrando que ele está em desvantagem nesse final da reta final. Ele só aceita o resultado de ganhar. Mas isso quem vai dizer é o eleitor. A eleição de segundo turno está prevista na Constituição para o último domingo de outubro, portanto é nesse dia que iremos às urnas. O voto é um direito de cada pessoa, de cada cidadão e cidadã.
O Globo