Guilherme Seto
Folha
O economista Henrique Meirelles diz que o impacto econômico de Jair Bolsonaro (PL) eventualmente não reconhecer o resultado das eleições caso não saia vitorioso deve ser praticamente inexistente. O ex-presidente do Banco Central e ex-ministro declarou apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na semana passada.
Para Meirelles, o precedente nos Estados Unidos com Donald Trump, que não reconheceu a derrota para Joe Biden e falou em fraudes eleitorais sem apresentar provas, mostra que os efeitos de atitudes do tipo não costumam ter repercussão no médio prazo em termos econômicos.
É UM DIREITO – “Aconteceu nos Estados Unidos, inédito lá também, o Donald Trump não reconheceu a vitória do Biden. Tudo bem, direito dele, não reconhece. Reclamar e não reconhecer, tá bom, tudo bem, sem problemas, o Trump também não reconheceu”, afirma Meirelles ao Painel.
Ele foi ouvido por empresários durante jantar no restaurante Carat, em São Paulo, na terça-feira (27). O evento foi organizado pelos empresários Rafael Prado e Vinícius Trapani, da Confraria SP, que também compareceram.
Meirelles pondera, contudo, que a reação de Bolsonaro pode ter efeito econômico se gerar movimentação de rua significativa.
OUTRAS HIPÓTESES – “Se houver conflito, pode prejudicar um pouco. Depende da capacidade de mobilização real. Se tiver guerra civil na rua é outra coisa”, afirma.
No encontro, o economista disse que não vê espaço para expansão da dívida pública para aumentar a capacidade de investimento em 2023, o que tem sido debatido pelos aliados de Lula.
“O Risco Brasil está elevado, e se a dívida começa a subir muito, sobe a taxa de juros, sobe o risco, é um problema. Acho que a solução é o contrário, cortar despesas desnecessárias e abrir espaço para investir e trazer capital privado para investir através de licitações”, disse o ex-ministro.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Meirelles tem razão em defender o teto de gastos e a responsabilidade fiscal. Se depender de Lula ou Bolsonaro, a dívida pública vai explodir novamente, sem a menor dúvida. Mas quem se interessa? (C.N.)