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domingo, junho 05, 2022

Bolsonaro se equivoca ao dizer aos jovens eleitores que devem seguir a opinião dos pais


Pedro do Coutto

O presidente Jair Bolsonaro iniciou a sua campanha eleitoral nos horários da televisão através de um filmete que assisti na noite de sexta-feira na TV Globo e na GloboNews, no qual aparece reunido com jovens recomendando a eles que sigam as opiniões de seus pais.

Com isso, o objetivo é fazer com que, especialmente na classe média, os pais influenciem nos votos de filhos e filhas que, de acordo com a pesquisa do Datafolha, tendem muito a mais a votar no ex-presidente Lula. Foi exibido também um filmete, este institucional, produzido pelo governo, sobre o Auxílio-Brasil e a alimentação. Mas sobre isso falo adiante.

CONSERVADORISMO – A mensagem que o presidente da República tentou passar tem como objetivo motivar a juventude para que assuma um comportamento conservador na medida em que moldurem o seu pensamento ou moldurem as suas atitudes de acordo com a conduta materna ou paterna. Nada incomoda tanto a juventude quanto essa observação, seja ela procedente ou não, razoável ou não.

A juventude tem como característica a liberdade de pensamento e exatamente a libertação de restrições de suas famílias que pesam e incomodam o seu modo de ser. Isso de um lado. Além disso, as famílias se constituem de pais e mães, muitas vezes, e mesmo na classe média, as intenções de votos das mulheres (levantamento do Datafolha) é diferente das intenções de votos dos homens.

LIMITAÇÕES – Tanto assim, que entre os homens de classe média, Bolsonaro tem 41 pontos contra 35 pontos de Lula. Mas entre as mulheres do mesmo segmento social, Lula tem 52% e Bolsonaro 37%. Logo, há uma dúvida quanto à orientação familiar, no caso específico envolvendo o voto nas urnas de 2 de outubro. Inclusive incomoda os jovens exatamente as limitações impostas pelos pais.

Tenho a impressão que a orientação relativa à mensagem que Bolsonaro tenta passar partiu de um equívoco, possivelmente de um segmento militar, cuja visão é mais impositiva do que o comportamento das famílias civis. O militar, como é natural, baseia o seu comportamento na disciplina e na verticalidade dela. Na vida em geral, não acontece o que sucede nos quartéis. Por isso, acho que o filmete que começou a ser exibido fará Bolsonaro perder mais votos entre os jovens, sobretudo estudantes.

AUXÍLIO-BRASIL – Relativamente ao outro filmete ao qual me referi anteriormente, no início deste artigo, penso que ele apresenta uma contradição essencial; destaca a importância do Auxilio-Brasil numa tomada de câmera focalizando uma mesa na qual desponta uma refeição que apresenta em primeiro plano uma bela folha de alface.

Não é possível, na realidade, associar-se um auxílio mensal a 18 milhões de famílias, como define o projeto do governo, e uma mesa característica de uma classe média. Vale lembrar que a média brasileira é de quatro pessoas por família. Assim, R$ 400 podem no máximo matar a fome extrema por uma semana. O contraste colide com a lógica.

AMEAÇA  – Reportagem de João Pedro Pitombo e Marcela Lopes, Folha de S. Paulo de ontem, que acompanharam o presidente Jair Bolsonaro numa motociata na cidade de Umuarama, Paraná, revela que o presidente em determinado momento, no término do evento, ameaçou, referindo-se às eleições de outubro, em ir à guerra contra os inimigos internos.

Ele falou numa concentração para 113 mil habitantes no noroeste do Paraná onde entregou o trecho de uma estrada boiadeira. Após afirmar que seu governo enfrentou a pandemia e a corrupção, apontou como causa da disparada de preços dos alimentos e dos combustíveis, a guerra da Rússia contra a Ucrânia.

“A realidade é bastante dura para todos nós. Como se não bastassem esses problemas, nós todos temos também problemas internos no Brasil. Hoje, não são mais os ladrões de dinheiro público do país. Surgiu uma nova classe, a dos ladrões que querem roubar a nossa liberdade”, afirmou.

COMPROMISSO – Na sequência, Bolsonaro pediu aos seus eleitores que tenham mais interesse no assunto e disse que, se fosse preciso, o país iria à guerra. Além disso, disse que todos devem ter compromisso com o Brasil. “Todos nós temos que nos informar e estarmos preparados porque não podemos deixar que o Brasil siga o caminho de alguns outros países aqui na América do Sul”, acrescentou.
 
Para ameaçar ir à guerra, digo, Bolsonaro tem que contar com o apoio das Forças Armadas, pois sem elas, como é lógico, a guerra que projeta será impossível.  O discurso em Umuarama tem grande importância política e a palavra guerra, de fato, oculta uma outra expressão, a de golpe militar, caso ele perca as eleições, não há mais dúvida.

FGTS –  Vai até o dia 8 de junho para que trabalhadores que possuem saldo no FGTS possam usar uma fração de recursos financeiros para adquirir ações da Eletrobras, base do processo de privatização do comando da empresa. Como os trabalhadores e servidores das estatais não vão assumir funções executivas, é claro, a grande parcela de ações terá que ser assumida pelos investidores privados.

Mas um alerta importante: se os trabalhadores comprarem ações, somente poderão vendê-las em um ano. O valor de lançamento das ações ainda não foi fixado pela Eletrobras, o que não terá grande significado, pois o valor das ações será definido, como sempre, pelo mercado.

MANDATO –  Ainda que pareça incrível – mas Bruno Góis e Rafael Moraes Moura escreveram no O Globo de ontem – o presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira, retirou o deputado Márcio Macedo da Casa e devolveu o mandato a Valdevan Noventa que havia perdido o mandato por decisão do Tribunal Eleitoral.

Espantoso, pois Lira baseou-se num despacho liminar de um ministro do STF. Além disso, os motivos da cassação são diferentes e Lira os considerou conjugados. Sobretudo, o ato espanta porque os julgamentos de perdas de mandatos são diferentes.

ECONOMIA –  Num espaço que brilhantemente ocupa às sexta-feiras no O Globo, Flávia Oliveira, também comentarista da GloboNews, coloca a questão econômica brasileira, lembrando que o governo Bolsonaro chegará ao final do seu mandato como primeiro presidente em 28 anos a não oferecer ganho real ao salário mínimo.

O salário mínimo em 2022 perdeu para a inflação de 2021. O rendimento global dos trabalhadores brasileiros este ano é menor em 8% do valor registrado em 2021. Praticamente, 40%, acrescenta a jornalista, da força de trabalho do país ocupa postos de trabalho sem carteira assinada. Assim, as empresas e também eles próprios não recolhem para o INSS ou para o FGTS.

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