Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia
A Rússia denunciou esta sexta-feira os esforços ocidentais para incluir a Finlândia e a Suécia na Aliança Atlântica, e alertou para as graves consequências da adesão destes países à NATO, provocando uma rápida reação da diplomacia europeia.
"É óbvio que a entrada da Finlândia e na Suécia na NATO, que é antes de mais um bloco militar, teria graves consequências políticas e militares, o que exigira uma resposta do nosso país", afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, em conferência de imprensa.
A representante da diplomacia russa salientou que Moscovo está ciente dos "esforços direcionados da NATO e de alguns países membros do bloco, em primeiro lugar dos Estados Unidos, com vista a incluir na Aliança a Finlândia e a Suécia".
Na sequência da declaração russa, o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, recordou que todos os países são livres de decidir a sua política externa e alianças.
"Como sempre dizemos, consideramos que todos os estados membros são livres de escolher a sua política externa e de aliança", disse Borrell numa conferência de imprensa após a reunião extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, na qual foi aprovado um segundo pacote de sanções contra a Rússia por causa da invasão militar da Ucrânia.
Contudo, questionado por jornalistas, o chefe da diplomacia europeia recusou-se a comentar mais especificamente as palavras da porta-voz de Zakharova.
A diplomata russa saudou nomeadamente "a política de não-alinhamento militar do governo finlandês como um fator importante para garantir a segurança no norte da Europa e em todo o continente europeu", mas sublinhou a "interação prática" entre Helsínquia, Estocolmo e a NATO, que cresceu recentemente.
"Realizaram manobras da NATO, estes países ofereceram os seus territórios aos exercícios do bloco perto das fronteiras da Rússia, nos quais as forças dos Estados Unidos imitaram ataques com armas nucleares com um adversário dito equivalente", advertiu.
Zakharova afirmou que tanto a Finlândia como a Suécia confirmaram o princípio da indivisibilidade da segurança enquanto membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
"A escolha de formas de segurança para assegurar a defesa e segurança nacional é uma questão interna e soberana para cada Estado", apontou.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
Jornal de Notícias (PT)